Proposta de aula - Comentário sobre capítulos específicos do Discurso sobre a primeira década de Tito Lívio de Nicolau Maquiavel

Tipo de documento:Discurso

Área de estudo:Filosofia

Documento 1

A inquietação principal de Maquiavel, em toda a sua obra é, “como fazer reinar a ordem? Como instaurar um Estado estável?” Como diz Francisco Weffort, para Maquiavel: “A ordem, produto necessário da política, não é natural, nem a materialização de uma vontade extraterrena, e tampouco resulta do jogo de dados do acaso. Ao contrário, a ordem tem um imperativo: deve ser construída pelos homens para se evitar o caos e a barbárie e, uma vez alcançada, ela não será definitiva, pois há sempre, em seu germe, o seu trabalho em negativo, isto é, a ameaça de que seja desfeita” (Weffort, 2000, p. No “Príncipe”, grande parte das preocupações do autor concentra-se na criação do Estado. Neste próximo livro que vamos apresentar hoje “Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio”, Maquiavel busca entender como se mantém um Estado, como um Estado é capaz de manter a ordem.

Nesta segunda obra, vemos um Maquiavel menos maquiavélico, digamos assim, pois coloca o povo — e não o governante — como figura central de sua análise. Nesta apresentação, vamos analisar alguns trechos da obra, especialmente a introdução, partes dos capítulos 4, 5 e 58. Parte III - Apresentação e análise dos capítulos A introdução da obra é uma carta a Zenóbio Buondelmonti e Cosmo Ruccellai dois amigos de Florença. Isto é uma decisão incomum para a época2. Neste período os historiadores tinham a posição de “amigos do rei”, eram fiéis aos seus feitos e muitos narravam uma história a partir de uma perspectiva favorável ao poder. Também, como podemos ver neste trecho, o autor expressa seu profundo desgosto pela forma como vinha sendo tratado pelos sucessivos governos de Florença Seja porque assim me parece estar fugindo ao costume comum dos que escrevem, que consiste em optar por endereçar suas obras sempre a algum príncipe e, cegos pela ambição e pela ganância, louvar neste todas as virtuosas qualidades enquanto deveriam censurá-lo por tudo o que têm de vituperável.

Maquiavel, a partir de seu estudo da história, acredita que há traços humanos que não mudam “[os humanos] são ingratos, volúveis, simuladores, covardes ante os perigos, ávidos de lucro” (O príncipe, cap. XVIII). Esses vícios fazem parte da natureza humana e levam ao conflito e à anarquia. Como não conseguimos domar esta natureza humana, a história se repete sempre, o que pode variar, é o tempo que dura o convívio harmonioso entre os homens antes dos períodos de caos. É para isso que serve o poder, para poder enfrentar o conflito e estabelecer a ordem. Assim, o povo também é salvaguarda da liberdade porque é ela que permite pressionar as elites para que as demandas do povo sejam transformadas em direitos. Quando este equilíbrio é estabelecido, a ordem é mantida.

No capítulo LVIII “O povo é mais sábio e constante que o príncipe”, Maquiavel contesta a idéia de que a multidão ou o povo é inconstante ou irracional. O autor busca provar que todos os defeitos da multidão são também defeitos dos homens e também dos príncipes. Qualquer um está sujeito a errar quando não há “freio que modere as paixões”, ou seja, tanto o povo quanto o príncipe, quando têm poder sem freios são tiranos. É fácil perceber que doença mais séria é aquela que exige um remédio mais grave. Quando o povo se entrega ao furor das grandes comoções, não são os seus excessos que tememos; não se teme o mal presente, mas os seus futuros resultados.

Tem-se medo que surja um tirano, trazido pelas desordens. Sob o governo de um mau príncipe, é o contrário: é o mal presente que faz tremer. A esperança se dirige para o futuro, e os homens esperam que dos excessos cometidos possa nascer a liberdade. Vol.

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