PREVENÇÃO DO SUICIDIO EM POLICIAIS MILITARES

Tipo de documento:Artigo acadêmico

Área de estudo:Psicologia

Documento 1

Apresentou-se também algumas linhas gerais que auxiliam o entendimento deste problema, remetendo-se às fases do comportamento suicida, perpassando-se também pelos mitos que envolvem este fenômeno social, e apresentando-se os fatores de risco e fatores de proteção para o suicídio. Por fim, demonstrou-se a alta ocorrência de atos suicidas nas organizações policiais para, em seguida, apresentar-se algumas maneiras pelas quais a corporação da policia militar podem abordar o tema para com os policiais que estão apresentando traços do comportamento suicida. Ao final, concluiu-se que o primeiro atendimento deve ser realizado pelo comandante em um local reservado e com diálogos francos que demonstrem interesse genuíno na solução do problema, em que haja empatia e que sejam evitados julgamentos ou desprezo do sofrimento sofrido pelo policial em comportamento suicida.

Palavras-chave: saúde mental; polícia militar; suicídio; prevenção. INTRODUÇÃO O tema relativo ao suicídio é ainda considerado um tabu a ser ultrapassado na sociedade. As taxas de mortes por causas externas sofreram um incremento de 28% no mesmo período. A taxa nacional de mortalidade por suicídio era estimada em 3,3 por 100 mil para a população geral em 1980, chegando a 5,1 por 100 mil habitantes no ano de 2011 (SIM/MS). O Brasil ocupa hoje a oitava posição no ranking dos países das Américas em número de suicídios. Nas corporações policiais o contexto é ainda mais grave, pois existem peculiaridades que influenciam na prática deste ato por seus agentes. As estatísticas de mortalidade policial em decorrência de ato suicida corroboram com esta afirmação, daí a necessidade de o tema ser amplamente debatido, entendido e assimilado, em especial pelos gestores dessas instituições.

Não se deve fazer o problema parecer trivial, todavia. Isto porque jamais se deve menosprezar o sentimento alheio, por mais pequeno que possa parecer o problema. É fundamental que haja empatia para com o suicida, pois cada pessoa sabe como determinada situação a afeta. A este respeito, o Ministério da Saúde publicou: O contato inicial é muito importante. Frequentemente, ele ocorre numa clínica, casa ou espaço público, onde pode ser difícil ter uma conversa particular. Variados estudos realizados ao redor do mundo constatam maiores taxas de suicídio dentre agentes da segurança pública quando comparadas com as taxas da população em geral. A este respeito, Miranda (2016, p. traz dados da PM do Estado do Rio de Janeiro: Quanto à relação entre o suicídio e as características ocupacionais, estudos anglosaxônicos afirmam que policiais fazem parte do grupo de alto risco.

Kate (2008), por exemplo, compara as taxas de suicídio da polícia de São Francisco com a população geral, em 10 anos (1987-1997). A taxa de suicídio da população geral, segundo a autora, chegou a 21 por 100. O contexto acima apresentado se reproduz em todo território nacional, deixando evidente a necessidade de as corporações policiais, em especial as polícias militares, estudarem, compreenderem, e trabalharem o tema atinente ao suicídio em âmbito interno, conscientizando policiais acerca do problema. A natureza da atividade policial possui características que causam impacto na sua subjetividade e saúde psíquica: o alto nível de estresse da atividade policial, exposição constante à violência e a incidentes trágicos, que podem conduzir a transtornos mentais graves como depressão, estresse pós-traumático, etc, e também o acesso ao meio letal que aumenta o risco em situações de crise.

Na Polícia Militar do Piauí, o índice de suicídio no período de 2008 a 2018, evidenciou a necessidade de elaboração dessa cartilha para conscientização da relevância do problema, para orientação a familiares quando da percepção de sinais de comprometimento psíquico do policial e atitudes necessárias, para a importância das intervenções especializadas no acolhimento e acompanhamento do policial. Alguns cuidados são necessários com o uso e manejo do material de trabalho do policial militar, principalmente se este policial estiver em estado de adoecimento psicológico, por ser um meio letal e de fácil acesso. O estudo, com coautoria de cinco psicólogos da Polícia Militar e de pesquisadores da Uerj de diferentes áreas, investiga fatores que levam ao suicídio de policiais e inova ao propor um plano de prevenção do comportamento suicida – com ações que incluem desde palestras até um treinamento para os profissionais de saúde da PM fluminense.

Entre elas, estão as questões socioculturais – o tabu em torno do fenômeno; a proteção ao familiar da vítima (a preservação do direito ao seguro de vida) e a existência de preconceito ao policial militar diagnosticado com problemas emocionais e psiquiátricos", afirma o livro. Com base nos dados, os pesquisadores estimaram o risco relativo das mortes por suicídio de PMs (homens e mulheres) em comparação ao da população geral do Estado entre 2000 e 2005. Concluíram que o risco relativo de morte de PMs por suicídio foi quase 4 vezes superior ao da população geral. A Polícia Militar fluminense tem histórico de ações violentas, com envolvimento de policiais militares em casos emblemáticos como a tortura e morte do pedreiro Amarildo de Souza, em 2013.

Pesquisas realizadas ao longo dos últimos anos mostram que PMs do Rio matam muito. Esses fatores incluem: rotina de agressões verbais e físicas (perseguições/amedrontamento, abuso de autoridade, xingamentos, insultos, humilhações); insatisfação com a PM, no que concerne a escala de trabalho, infraestrutura, treinamento, falta de reconhecimento profissional, falta de oportunidades de ascensão na carreira e desvalorização pela sociedade; indicadores de depressão variados e problemas de saúde física. Vemos uma interface de tensão entre o mundo do trabalho, onde o policial está sujeito a relações abusivas, e o mundo fora do trabalho, onde o policial doente reproduz relações violentas. Tudo isso num contexto em que o policial tem acesso a uma arma, o que facilita qualquer ato violento.

Outros profissionais também têm problemas no trabalho. Mas não têm uma arma na cintura", analisa Dayse Miranda, coordenadora da pesquisa e organizadora do livro. Esses sinais jamais devem ser ignorados ou negligenciados. Acredito que é importante que a gente leve informação para que as pessoas possam falar a respeito disso. A gente não precisa ter peso para falar sobre prevenção ao suicídio entre os policiais militares, porque a gente está falando de vida. O policial militar pode evitar ser suicida da seguinte maneira: com bons padrões familiares; bom relacionamento com familiares e senso de responsabilidade com a família; apoio familiar;Ter crianças em casa; personalidade e estilo cognitivo; boas habilidades/ relações sociais; confiança em si mesmo, em suas conquistas e sua situação atual; capacidade de procurar ajuda quando surgem dificuldades; ausência de transtorno mental.

O tema ainda é considerado assunto proibido na sociedade, principalmente pela crença de que mencioná-lo pode estimular as pessoas a cometerem o ato. Foram ainda apresentados os tipos de suicídio, definidos por Durkheim (2011, p. que se dividem em suicídio egoísta, suicídio altruísta e suicídio anômico, de acordo com as peculiaridades que ensejam a ocorrência. Apresentou-se também as fases do suicídio, que compreendem a ideação (pensamento), tentativa e, por fim, consecução. Constatou-se, no Brasil e mundialmente, a maior incidência de comportamento suicida em servidores das forças policiais, quando comparados com as demais profissões. Evidenciou-se que, além dos fatores pessoais que podem influenciar alguém a cometer suicídio, as polícias possuem alguns aspectos organizacionais que podem influir neste comportamento, destacando-se: a) a estrutura organizacional; b) o papel de polícia e a cultura policial; c) o isolamento social; d) a imagem pública negativa; e) o stress e; f) o acesso à arma.

Encerrou-se o trabalho sugerindo aos comandantes a discussão do tema em reuniões ordinárias com os demais comandantes e chefes de seções, bem como a formulação de parcerias com outras entidades interessadas para que sejam disponibilizados anualmente palestras e seminários acerca da problemática, buscando à desmistificação do suicídio e objetivando sempre a sua prevenção, com ênfase no suicídio policial militar. ABSTRACT The general objective of this study is to present actions and approaches to be taken by the military police corporation when identifying traces of suicidal behavior in any of the policemen. Therefore, through the deductive method and bibliographic analysis, the phenomenon of suicide, which integrates human existence in society, was studied, bringing general aspects about how suicide presents itself in the current world context, focusing on suicide policeman.

Some general guidelines were also presented that help to understand this problem, referring to the phases of suicidal behavior, also going through the myths surrounding this social phenomenon, and presenting the risk factors and protective factors for suicide. Finally, it was demonstrated the high occurrence of suicidal acts in police organizations and then presented some ways in which the military police corporation can address the issue to the police who are showing traces of suicidal behavior. Organização Mundial da Saúde. Genebra, 2000. Cartilha Suicídio – Informando para Viver, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) – http://www. abp. org. Manter a arma desmuniciada e guardada em cofres; 2. Evitar deixar a arma exposta em cima de móveis(mesa, cama, cadeira); 3. O familiar que perceber o policial militar com problemas psicológicos, que possui arma de fogo, deverá comunicar ao comandante do mesmo; 4.

O policial militar em acompanhamento psicológico, fica proibido o porte e uso de arma de fogo, sendo esta entregue ao seu batalhão de origem; 5. Encaminhar o policial para acompanhamento e avaliação no CAIS/PMPI; 6.

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