PRECEPTORIA: DEFINIÇÃO DAS ATRIBUIÇÕES, PERFIL E VÍNCULO DENTRO DOS PROGRAMAS DE ESTÁGIO DE GRADUAÇÃO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DO MUNICÍPIO DE POÇOS DE CALDAS

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Medicina

Documento 1

Ao nosso facilitador Daniel Freire Nordi, pelos conhecimentos divididos, que somados, renderam frutos. E agradeço aos colegas, pela companhia desta linda caminhada. Amigos para uma vida toda. RESUMO O objetivo deste trabalho é mostrar a experiência vivenciada a partir do curso de Pós Graduação em Preceptoria no Sistema Único de Saúde (SUS) e a implantação do Projeto de Intervenção, este realizado como fechamento do ciclo de estudos. O curso, realizado pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês no biênio 2019-2020, no Município de Poços de Caldas – MG, é aplicado aos profissionais que atuam como preceptores nos serviços de saúde pública, recebendo os alunos da graduação das Instituições de Ensino Superior do município.

Keywords: SUS Preceptorship. Active Methodology. Undergraduate Health Internship. Intervention Project. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Maquete do município de Poços de Caldas 14 Figura 2 – Espiral construtivista: identificando problemas 16 Figura 3 - Apresentação do PI no I Encontro Nacional do Projeto DGPSUS 17 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS COVID-19 Corona Vírus Disease – 2019 GPRS Gestão de Programas de Residência em Saúde do SUS IEP Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa IES Instituição de Ensino Superior LDB Lei de Diretrizes e Bases NS Nova Síntese PI Projeto de Intervenção PSUS Preceptores no SUS QAs Questões de Aprendizagem SP Situação-Problema / Síntese Provisória SUS Sistema Único de Saúde TBL Team Based Learning TCP Trabalho de Conclusão de Projeto SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 8 2 DESENVOLVIMENTO 10 2.

A formação profissional passou a um contexto mais generalista dentro do que rege a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), acarretando na substituição dos currículos até então vigentes por novos modelos com perfil mais assistencial, o que tem solicitado às Instituições de Ensino Superior (IES) a promoção de uma formação mais adequada para atender os desafios da realidade populacional brasileira2. Assim, os programas de estágio e residência nas instituições de saúde surgem para atender um componente curricular obrigatório que visa cumprir com o processo de ensino aprendizagem fundamentado na prática do exercício profissional, em espaços onde há a interação com profissionais atuantes na área e que passam a colaborar com os seus conhecimentos e experiências na formação desses novos profissionais3.

Neste consenso, as IES, o SUS e os Programas de Especialização formam uma tríade que vai aproximar os discentes dos cursos de graduação com os profissionais já em atuação no SUS, de forma que aqueles apliquem os conhecimentos adquiridos ao longo do curso com o desenvolvimento da prática, adquirindo competências e habilidades. Neste contexto, surge o preceptor como uma atividade de real importância na formação do futuro profissional da área de saúde, contribuindo sobremaneira enquanto um facilitador na transição entre a graduação e a prática profissional do discente, tecendo o papel de orientador, suportador, professor e auxilio para o compartilhamento de experiências, preocupando-se sobretudo em formar uma competência clínica no discente, aliando os aspectos relacionados à aprendizagem e à aquisição de habilidades e competências que vão diferenciar a atuação do futuro profissional.

O preceptor tem, portanto, a função de reduzir o distanciamento entre a teoria e a prática4. Interessante, pensei. Feliz pela decisão de realizar um novo curso e com as expectativas afloradas por conta da sua importância e utilidade no momento profissional em que me encontro, inicio o curso descobrindo que não teria um professor, mas sim um facilitador que logo no primeiro dia nos presenteou com uma atividade bem dinâmica para divisão dos grupos. Tivemos o grupo Diversidade que tinha como tarefa trabalhar situações problemas a partir das metodologias Ativas de Aprendizagem. O Team Based Learning (TBL), aprendizagem baseada em equipes, uma forma de aprendizagem colaborativa e finalmente, o Grupo Afinidade, que foi definido a partir de nossas afinidades de formação e área de atuação, no meu caso profissional de saúde do serviço público.

Foi através desse último que criamos o nosso Projeto de Intervenção para o município. As metodologias ativas aplicadas no curso de preceptoria do SUS levaram à formação de um pensamento crítico com relação ao papel e desempenho do profissional preceptor e a importância da sua atuação junto aos estudantes dos cursos de graduação em estágio na Atenção Primária do município. Uma vez percebido que não havia um direcionamento claro com relação ao papel, ao espaço e aos resultados que poderiam ser alcançados com a preceptoria, julgou-se oportuno debatê-lo. Os grupos que se formaram durante o curso utilizaram diferentes ferramentas a fim de abordar os problemas, desafios, abrangência do papel e vínculos relacionados à atuação do preceptor, o que culminou na elaboração do problema central que deu origem ao PI.

Não teria como falar do Projeto de Intervenção sem falar um pouco sobre algumas estratégias que nos prepararam para construí-lo. Eu não conhecia nada a respeito de Metodologias Ativas, ao conhecer, desacreditei, por parecer ser tudo muito livre e disperso. A maioria das viagens realizadas foram a partir de filmes selecionados pelo nosso facilitador. Com eles pudemos refletir, reavaliar preconceitos por meio de histórias. Foi possível reconhecer os valores através da vida dos personagens, ora me identificando, ora me opondo, sempre buscando correlacionar com as situações de aprendizagem. Assim foi possível reconhecer, nas viagens educacionais, vários valores que embasavam diferentes práticas em educação e saúde, algumas que se aproximavam ao que estávamos vendo, e outras que se distanciavam muito.

As viagens auxiliaram no entendimento das questões teóricas do curso, tornando o processo ensino-aprendizagem agradável, compreensível e possível de ser associado com a nossa prática e com a vida. Revela-se também um instrumento estratégico e democrático capaz de intervir positivamente para a participação integral dos envolvidos. No nosso caso, realizamos essa atividade representando os personagens envolvidos na situação da preceptoria, tivemos gestores da Secretaria de Saúde, representante das instituições de ensino superior e claro, os preceptores. Outra atividade muito dinâmica foi a Cartografia do Território, onde pudemos caracterizar o nosso território fisicamente e socialmente para ler o que fazer na intervenção. A Figura 1 representa uma maquete representativa do município de Poços de Caldas, feita pelo grupo, incluindo a relação entre os setores de saúde e educação.

Figura 1 – Maquete do município de Poços de Caldas Fonte: registro da autora, elaborado na oficina técnica As diferentes formas de avaliação são elementos centrais do processo de ensino aprendizagem de qualquer programa educacional, e devem ser bem planejadas e implementadas. No próximo item descrevo a elaboração do Projeto de Intervenção e as oficinas técnicas realizadas com os atores envolvidos da especialização, profissionais gestores, representantes das Instituições de Ensino Superior e profissionais dos serviços de saúde, visando debater e contribuir de forma contundente, sobre o problema do PI. A elaboração do Projeto de Intervenção e as Oficinas No Projeto de Intervenção tínhamos um problema de onde partiam os questionamentos para que se desenhasse o plano de ação.

Na sua elaboração, se fazia necessário levantar as causas e não só o problema, tratado como uma consequência. Escolhemos uma causa através dos indicadores que criamos. A Figura 2 apresenta o levantamento do problema para a implantação do PI, baseado nas metodologias ativas, base metodológica do curso de especialização. Ele define a implantação, como e quando deve acontecer. O trabalho foi dividido entre as pessoas do grupo para realização individual das partes e algumas reuniões foram marcadas para melhor organização do mesmo, até que sucedeu a pandemia do corona vírus, ou Covid-19, impedindo que os encontros presenciais da pós-graduação acontecessem. Esse fato nos limitou a encontros virtuais, mas possibilitou o nosso retorno ao trabalho e desenvolvimento do PI.

Plano Operacional do Projeto de Intervenção: Com a finalidade de se consolidar o papel do preceptor, foi proposta a criação de espaços qualificados ao debate, aqui denominados "oficinas". Tais oficinas foram compostas pelos diversos atores representantes da gestão pública da saúde, das instituições de ensino e dos preceptores. A segunda etapa do plano operacional trata-se da própria operacionalização do mesmo, que passou por algumas adaptações necessárias ao longo da preparação Nessa etapa foram colocadas em prática as seguintes ações: - Realização de 4 oficinas com periodicidade mensal e com duração de duas horas cada; - Encontro final para elaboração do documento com a definição do papel do preceptor no município de Poços de Caldas.

Esse é o conteúdo do nosso Projeto de Intervenção como foi elaborado. Como anteriormente citado, as restrições de circulação e a necessidade de isolamento impostos devido a pandemia nos limitou muito e adaptações foram necessárias. Nossos convidados se dividiram entre profissionais da área da saúde, da educação e da gestão do município. As oficinas foram reduzidas para 3 no total, sendo a terceira já para elaboração do documento. Ficou evidente mais uma vez, que a falta de comunicação e objetivos comuns entre as esferas que envolvem o estágio trazem prejuízos aos alunos, profissionais e, principalmente, para os usuários do SUS. O compilado das duas oficinas foi enviado aos convidados por e-mail para que na terceira e última oficina o documento final fosse elaborado.

Nesse último encontro surgiu ainda o assunto referente as gratificações e contrapartidas dos preceptores, quem se responsabiliza, as leis trabalhistas e cada caso dentro dos conselhos profissionais. Na sequência, apresento o documento produzido após as oficinas, onde se chegou a um consenso sobre a definição do papel do preceptor nos serviços de saúde do município de Poços de Caldas. Preceptoria: definição das atribuições, perfil e vínculo dentro dos programas de estágio de graduação na atenção primária do município de Poços de Caldas Introdução O município de Poços de Caldas deu um primeiro passo para o processo de melhoria da relação ensino e serviço, ao pactuar com o Ministério da Saúde e o Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa a oferta de dois cursos de pós-graduação para profissionais da saúde e da educação.

Trata-se de atividade com recente destaque, à medida que se modificam paradigmas da atividade educacional, com tendência à adoção de metodologias ativas de ensino. O preceptor de campo é o indivíduo que acolhe os alunos, orientando-os na prática e atuando diretamente com eles. Esse profissional deve estar inserido na rede assistencial em que atua profissionalmente, possuindo vínculo com uma equipe multiprofissional e com os usuários de serviços de saúde nos três níveis de atenção, realizando atendimentos e procedimentos. Para tanto, é desejável que o profissional possua formação adequada em preceptoria. Legalmente, deve ter formação de nível superior na mesma área de atuação de seus alunos. Salientamos que a elaboração do contrato organizativo de ação pública ensino-saúde (COAPES) pode auxiliar grandemente nas questões legais do exercício da preceptoria em nosso município, tendo em vista que visa fortalecer o processo de integração entre ensino, serviço e comunidade para os cursos da área da saúde também no âmbito da graduação.

Considerando que para estas definições é necessário um intenso envolvimento entre as Instituições de Ensino Superior, os gestores de saúde e os preceptores com negociação de papéis, responsabilidades, recursos e contrapartidas, este documento propõe um panorama inicial das questões relacionadas à atividade de preceptoria no município de Poços de Caldas. Para este projeto, as assinaturas constantes no documento foram omitidas para preservar a identidade dos participantes. Análise dos resultados Como resultado, o PI permitiu a definição das atribuições, perfis e vínculos do preceptor dentro dos programas de estágio de graduação na Atenção Primária do município de Poços de Caldas, MG, antes, uma atividade sem definição para a realidade municipal, o que ocasionava distorções quanto ao campo de atuação e atividades a serem realizadas.

O entendimento de que criar espaços democráticos a fim de incentivar o debate entre todos os atores envolvidos na preceptoria, ajuda a consolidar o papel do preceptor dentro das instituições, reforçando os laços que as unem e principalmente, servido de suporte para o aprimoramento do conhecimento dos futuros profissionais da área da saúde. Saio dela mais madura, mais consciente do meu papel e mais desejosa de enfrentar os desafios da preceptoria no ambiente em que exerço a profissão que amo, buscando de alguma forma contribuir para o bem da humanidade. REFERÊNCIAS 1. Oliveira FD de. Preceptoria na estratégia saúde da família: o olhar dos profissionais de saúde [dissertação]. Florianópolis]: Universidade Federal do Rio Grande do Norte; 2014. Maceió]: Universidade Federal de Alagoas; 2018.

p. Botti SH de O, Rego S. Preceptor, Supervisor, Tutor e Mentor: Quais são Seus Papéis? Revista Brasileira de Educação Médica [Internet]. acesso 23 ago 2020]; 32(3):363-373. br/portal2-repositorio/File/napecco/Metodologias/Metodologias%20Ativas%20na%20Promocao%20da%20Formacao. pdf. Mitre SM, Siqueira-Batista R, Girardi-de-Mendonça JM, Morais-Pinto NM de, Meirelles C de AB, Pinto-Porto C, Moreira T, et al. Metodologias ativas de ensino-aprendizagem na formação profissional em saúde: debates atuais. Ciência e Saúde Coletiva [Internet]. scielo. br/pdf/icse/v21n61/1807-5762-icse-1807-576220160316. pdf. Borges M de C, Miranda CH, Santana R de C, Bollela VR. Avaliação formativa e feedback como ferramenta de aprendizado na formação de profissionais da saúde.

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