Os fatores que podem levar ao sucesso escolar de alunos surdos

Tipo de documento:Artigo cientifíco

Área de estudo:Pedagogia

Documento 1

Palavras-chave: Surdez, Inclusão, Sucesso 1. Introdução O sucesso escolar é desejo comum de famílias e docentes, ainda mais quando falamos de sujeitos surdos que tem peculiaridades na sua forma de aprender, comunidade e idioma. Essas diferenciações interferem no desenvolvimento, aquisição de linguagem e escolarização destes jovens. O presente estudo pretende pontuar estas nuances e tem por objetivo apontar as possíveis causas do sucesso escolar de alunos surdos, para tanto será feito um levantamento da legislação vigente sobre a educação de surdos no Brasil, além de apontar o papel da família nesta empreitada, também será discutido os caminhos que a inclusão de sujeitos surdos têm tomado no nosso país, além é claro de procurar compreender de que forma os professores e suas respectivas formações podem interferir na escolarização de sucesso dos sujeitos surdos.

Este estudo tem sua justificativa baseada na importância de se compreender quais as possíveis causas dos casos de sucesso escolar destes alunos, a fim de se conseguir comunicar estas práticas e cada vez mais alcançar resultados satisfatórios na trajetória escolar dos discentes surdos. Desta forma, para a legislação brasileira, Surda é a pessoa que “por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras” (BRASIL, 2005, art. Logo, o idioma e a comunidade surda são de muita importância para qualquer sujeito surdo que se reconhece nesta identidade. Este mesmo decreto, também se ocupa dos temas educacionais, garantindo o acesso de Surdos à educação bilíngue e a formação de professores capacitados para o atendimento desta clientela, partindo do princípio que o acesso a uma educação de qualidade pode mudar a trajetória desses estudantes e que ter ao seu alcance uma língua que lhes seja mais natural, a LIBRAS, pode ser possível uma maximização das chances de sucesso (BRASIL, 2005).

A LIBRAS foi reconhecida no Brasil por meio da Lei nº 10. que posteriormente foi regulamentada pelo Decreto 5. Tal regramento, nos deixa claro a importância da inclusão para a sociedade contemporânea: Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos (. ONU, 1994, p. A declaração da ONU, (ONU, 1994), além de procurar garantir os direitos educacionais e a inclusão das pessoas com necessidades educacionais especiais, também visou a construção de uma sociedade mais igualitária e empática, onde todos poderiam compartilhar suas experiências e vivências, promovendo o crescimento humano da sociedade como um todo. Sendo assim, todos poderiam ganhar com a inclusão, já que as lições aprendidas no cotidiano de um ambiente plural poderiam marcar a vida de todos os sujeitos.

A Lei de Diretrizes e Bases da educação brasileira - LDB - sendo promulgada poucos anos depois do início destas discussões pela inclusão, detalha como deve ser tal atendimento no contexto educacional brasileiro. Uma educação bilíngue, assegurada pelo Decreto n° 5626 de 22 de dezembro de 2005, (BRASIL, 2005), tendo por primazia que a LIBRAS será a primeira língua do surdo e o português a segunda, contribui para o desenvolvimento pleno, já que o acesso à linguagem é primordial para o aprendizado. A noção de que a comunidade surda, assim como a LIBRAS, trazem um diferencial para o sujeito surdo que deve ser observado nos cenários que ele transita e a percepção de que uma educação bilíngue, LIBRAS E Português, é o melhor caminho para a escolarização do surdo, têm sido ideias defendidas por inúmeros autores, que comprovam em suas obras tais caminhos para a educação de qualidade para o sujeito surdo (QUADROS, 1997.

SKLIAR, 1998. SOARES, 1999). O PAPEL DA FAMÍLIA Além das leis que respaldam a educação e a inclusão social dos surdos, o núcleo familiar tem uma importância fundamental na trajetória escolar desses indivíduos, seja em uma trajetória com sucesso ou insucesso. Negrelli e Marcon corroboram com a ideia (2006), afirmam que a família deve ter pressa para aprender a LIBRAS, já que segundo os autores ter em casa um ambiente de entendimento e compartilhamento de experiências é fundamental não somente para melhorar a comunicação, mas também para facilitar a interação entre os pares. Sendo assim, podemos perceber que se uma família persistir com o sentimento de luto, sem aceitar a real condição do sujeito surdo e se negar em aprender a LIBRAS, o futuro aluno, pode ter uma realidade escolar que não contribua para com a aprendizagem, por mais que as leis tenham avançado garantindo direitos ou que os especialistas e professores se esforcem, a família é crucial neste processo.

Negrelli e Marcon (2006), também afirmam que a família que se envolve com a Língua Brasileira de Sinais e com a comunidade surda, apoiando o surdo no seu crescimento físico e intelectual, podem passar uma mensagem muito clara para a sociedade de que um mundo bilíngue é possível. Além é claro, de contribuir para um convívio saudável e agradável, não somente no núcleo familiar, mas também em todos os espaços que o surdo e sua família frequentarem. Já que é esta família que irá apresentar o surdo para a escola, se ela mesma não acreditar no seu potencial de aprendizagem, não é a escola que conseguirá convencê-lo do contrário. Um exemplo do oralismo descrito por Campos (2008) é o caso de Mariana de Lima Isaac Leandro Campos, surda profunda desde nascença, foi oralizada desde muito jovem e como na sua cidade, Ribeirão Preto/SP, não tinha escola de surdos, ela cresceu estudando em uma escola de ouvintes, tentando ser uma ouvinte mesmo sem ouvir, apesar do esforço da sua família, colegas e fonoaudióloga, ela sempre se sentiu incompleta e enfrentou muitas dificuldades até conhecer a LIBRAS.

Dificuldades e trajetória que foram compartilhadas no primeiro capítulo da sua dissertação de Mestrado: (. sempre fico perdida nessa roda por não acompanhar o conteúdo das falas, e também as pessoas esqueciam que eu era surda e falavam sem me olhar como se eu não estivesse ali. Eu me sentia como uma estátua que não pudesse fazer nada. Eu me sentia mal, inferior, subalterna e deficiente (CAMPOS, 2008, P. Para Ribeiro and Silva (2017, p. também o bilinguismo abre portas para o sujeito surdo: A abordagem educacional bilíngue parece ser o caminho ideal de respeito a essas especificidades, pois o bilinguismo envolve uma concepção de desenvolvimento, de linguagem e de cultura surda que entende os processos de escolarização do surdo, a partir da sua particularidade linguística (e seus desdobramentos).

Logo, segundo as autoras, que corroboram com a experiência da Mariana, a língua materna do surdo deve ser a LIBRAS, que deve aprender também como segunda língua o português, de maneira a se instrumentalizar para viver no mundo ouvinte e buscar seus direitos. Sempre amparado pela comunidade surda que irá lhe proporcionar o apoio e o sentimento de pertencimento, tão importante para a espécie humana. Mas não é qualquer tipo de inclusão que pode beneficiar os sujeitos surdos, além de grandes investimentos financeiros e o cumprimento das leis já citadas é necessário que o surdo tenha contato com seus pares surdos para desenvolver, principalmente quando criança a sua fluência em LIBRAS, só incluir a criança em uma escola ouvinte com o auxílio de uma intérprete não é o suficiente, já que ela mesma ainda não conhece a LIBRAS.

Antes de se planejar e implementar atos de currículo ditos inclusivos, é preciso construir cenários educacionais verdadeiramente acolhedores, possibilitadores de um prática educativa de competência aprovada, confiáveis, coletivamente constituídos e intercríticos. Deste modo é necessário pensar como garantir ao outro os instrumentos de poder para conquistar aprendizagens dignas e não apenas habitar de forma humilhante um cenário de um conhecimento que dificilmente conquistarão [. É importante ressaltar, como bem faz o referido autor, que somente compartilhar o mesmo espaço, surdos e ouvintes, não é garantia que a inclusão está ocorrendo, como vimos, o sujeito surdo precisa de muito mais, de se sentir pertencente ao espaço também, mas se depois de tudo isso a aprendizagem com qualidade não ocorrer, da mesma forma não estará existindo a inclusão verdadeira.

Segundo Quadros (2003, p. apud Ribeiro and Silva, 2017, p. O Decreto 5. BRASIL, 2005) foi determinante para o ganho de qualidade quando se fala na inclusão de alunos surdos no ensino regular e formação de professores, o mesmo determinou ser obrigatório a disciplina de LIBRAS nos cursos que formam professores e fonoaudiólogos, além de ser também colocado como uma disciplina optativa para os outros cursos. Tal iniciativa veio para suprir a necessidade de professores que compreendessem os alunos e também para a formação de intérpretes para dar conta do processo de inclusão destes sujeitos a partir do reconhecimento da LIBRAS. Dessa forma as escolas puderam começar a contar com profissionais mais preparados para o processo de inclusão. Apesar desta formação inicial de LIBRAS que os profissionais terão ainda na graduação, cabe lembrar que o intérprete de LIBRAS é primordial para o processo de inclusão, já que o professor irá dar conta do conteúdo específico que está lecionando, enquanto que o intérprete será o elo de ligação entre os alunos surdos e todos os ouvintes.

Instituições escolares que por séculos foram predominantemente de uma língua só, não se transformam rapidamente em bilíngues, não é somente o olhar para com o sujeito surdo que deve se modificar, mas prioritariamente, o olhar para com as escolas. A formação de professores e o papel do docente frente ao desafio da educação de qualidade dos alunos surdos e seu consequente sucesso escolar é de extrema importância, já que assim como o aluno os professores também são protagonistas na escola, a estes sujeitos cabe a missão de avançar em qualidade na educação. CONCLUSÃO Com o presente estudo foi possível perceber a interligação entre diferentes fatores que podem fazer a diferença rumo ao sucesso na escolarização dos sujeitos surdos.

Esta interligação demonstrou que a existência de todos eles na realidade de um educando pode aumentar e muito as suas possibilidades de sucesso. As leis avançaram muito, quando falamos em educação de surdos nas últimas décadas, desde o reconhecimento da LIBRAS, passando pelo decreto que obriga a inserção do idioma nos cursos de formação de professores e as renovações da LDB, com vistas a dar conta deste direito a uma educação de qualidade para todos. de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei no 10. de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras. Disponível em < http://www. planalto. gov. br/ccivil_03/LEIS/2002/L10436. htm> Acesso em fevereiro de 2019. Ministério da Educação. Lei 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

CULTURA SURDA: POSSÍVEL SOBREVIVÊNCIA NO CAMPO DA INCLUSÃO NA ESCOLA REGULAR? Dissertação (Dissertação em Educação) - UFSC. Florianópolis, 2008, 222p. Disponível em < https://repositorio. ufsc. br/bitstream/handle/123456789/91426/259181. F. A inserção da criança surda em classe de crianças ouvintes: focalizando a organização do trabalho pedagógico. In: REUNIÃO ANUAL DA ANPED, 23, 2000, Caxambú. Anais Caxambú:ANPED, 2000. LAKATOS, Eva Maria. jan. abr. Disponível em <http://periodicos. uem. br/ojs/index. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. QUADROS, Ronice Muller de. SCHMIEDT, Magali L. P. Ideias para ensinar português para alunos surdos. RIBEIRO, Camila Brito and SILVA, Daniele Nunes Henrique. Trajetórias Escolares de Surdos: Entre Práticas Pedagógicas e Processos de Desenvolvimento Bicultural. Psic. Teor. e Pesq. Educação do Surdo no Brasil.

Campinas: Autores associados, 1999.

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