OS CONTOS DE FADAS NA CLÍNICA PSICANALÍTICA INFANTIL

Tipo de documento:Artigo acadêmico

Área de estudo:Psicologia

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Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços). RESUMO- Este estudo teve como objetivo compreender as contribuições dos contos de fadas para a clínica psicanalítica do infante. Para tal, o caminho metodológico escolhido foi uma revisão bibliográfica a partir de produções sobre o tema nas bases de dados Google Acadêmico e Scielo. Assim, o estudo dividiu-se em dois momentos: aspectos gerais sobre a psicanálise infantil e reflexões sobre os contos de fadas e a clínica. Como resultados, percebeu-se que os contos contribuem no desenvolvimento global do indivíduo. Os autores psicanalíticos, têm importante interesse em articular seus pressupostos com as representações humanas nas artes, como cinema, literatura, artes plásticas, dentre outras. No caso contos de fadas infantis há um caráter comum nos personagens, que refletem aspectos dos indivíduos reais.

Os enredos, possibilitam às crianças simplificar temas humanos de difícil elaboração, como a reação frente às perdas ou ainda sua capacidade de enfrentamento dos desafios da vida adulta. Por esta razão, este artigo teve como objetivo compreender melhor a clínica psicanalítica do infante, a partir dos estudos sobre os contos de fadas. Para tal, o caminho metodológico escolhido foi uma revisão bibliográfica, tendo em vista que a releitura de autores consagrados, bem como artigos com evidências na prática analítica de crianças podem fornecer uma apreensão rápida sobre como o tema vem sendo abordado pela literatura da área. Este artigo ainda hoje serve de modelo para alguns analistas (FREUD, 1909). Freud não se deteve a este grupo no que tange à prática clínica, porém estruturou toda sua teoria com adultos a partir do desenvolvimento infantil.

Na gênese da Psicanálise do infante, as mais notáveis analistas foram Hermine Von Hug-Helmuth, que embora pioneira é pouco comentada na literatura, Anna Freud e Melanie Klein, que publicaram seus primeiros trabalhos a partir da década de 1920. Cumpre ressaltar que Hug-Helmuth foi quem introduziu a importância da atividade lúdica e dos desenhos para crianças (CALZAVARRA, 2012). Camaroti (2010) esclarece que, na concepção original da prática analítica com crianças, Freud considerava fundamental e caminho para cura, uma certa confluência entre os papeis de pai e analista. Para os autores, a demanda analítica, na contemporaneidade, surge como consequência de uma falha da cultura, por exigir padrões fora do limite da criança e por um não atendimento aos ideais e expectativas paternos.

Neste sentido, “na escuta analítica são esses ‘pontos de falhas’ que constituem uma resposta à alienação que recobre o ideal, preservando a condição subjetiva daquela criança” (LEITÃO e CACCIARI, 2017, p. É importante, sobretudo, considerar o paradoxo da análise infantil, que embora considere a autonomia e o desejo da criança, não se pode negar um aspecto da sua dependência paterna. Isso porque, o encaminhamento vem do outro, em geral, família, escola ou órgãos legais. Igualmente, não se pode ignorar que a demanda da família reflete um desejo de um filho que possa ser “consertado” pela terapia. Além de auxiliar na aprendizagem e letramento, de uma forma lúdica e simbólica, as histórias infantis contribuem para a assimilação de conteúdos e na significação de sua experiência educacional.

Neste sentido, as histórias ajudam as crianças a atribuir ao mundo um sentido, dentro de um contexto interacional entre seu psiquismo e o ambiente. Por atuarem no campo simbólico, os livros com situações simuladas, auxiliam a criança a desenvolverem habilidades emocionais e relacionais (BARROS, 2014). A criatividade e curiosidade são características próprias das crianças, e isso estabelece sua relação com os contos: O importante é termos claro que a criança é garimpeira, está sempre buscando pepitas no meio do cascalho numeroso que lhe é servido pela vida. A relação da infância com as histórias fantásticas é antiga e sólida, o que nos leva à convicção de que esta ficção é preciosa para as mentes jovens (CORSO e CORSO, 2006, p. Neste sentido, todas as histórias seguem um roteiro básico: durante algum tempo o vilão desfruta de vantagem sobre o herói.

O leitor é convidado a fazer uma reflexão moral sobre as vantagens de uma vida criminosa e conclui que esta não vale a pena (BETTELHEIM, 2002). O autor, assim, define a função dos contos de fadas pelo viés analítico: Para dominar os problemas psicológicos do crescimento – superar decepções narcisistas, dilemas edípicos, rivalidades fraternas, ser capaz de abandonar dependências infantis; obter um sentimento de individualidade e de autovalorização, e um sentido de obrigação moral - a criança necessita entender o que está se passando dentro de seu eu inconsciente (BETTELHEIM, 2002, p. Schneider e Torossian (2009) esclarecem que a tradição oral de narrar os contos de fadas pelas gerações é uma prática que se sustenta desde o século II a. C.

Tudo muda, mas dilemas como as dificuldades de crescer, de aprender a amar, de construir uma identidade feminina ou masculina possuem elementos que através dos tempos conseguem apoiar-se em alguns contos de fadas centenários (FERREIRA e LEMOS, 2013, p. Cumpre observar a importância da fantasia para o desenvolvimento, pois seria a ficção um modelo capaz de suscitar vivências únicas que despertam para conteúdos da vida ordinária humana. Neste sentido a fantasia media o seu mundo interno e a realidade. Os personagens dos contos auxiliam no desenvolvimento afetivo e as fantasias, além de nutrirem o psiquismo, dominam as angústias e são fonte realizadora dos desejos. Ademais, a fantasia se equipara aos sonhos ou ao Inconsciente de modo geral, pois não segue um tempo ou uma lógica pré-estabelecidos (FERREIRA e LEMOS, 2013).

Assim, as crianças podem se interessar por narrativas inventadas ou pelas narrativas de um livro, tendo maior possibilidade de envolver o real e o imaginário (FALCONI e FARAGO, 2015, p. Moraes e Baracati (2015) também por meio de uma revisão bibliográfica, explanaram que as histórias escolhidas pelos ouvintes ou leitores, comumente apresentam tramas, cujos conflitos se assemelham aos seus próprios dilemas internos. Além da sua capacidade catártica, os contos, quando usados nas sessões de análise infantil mediam o mundo externo e interno, e podem prevenir a ocorrência de uma defesa patológica. Lima (2010), em sua pesquisa de mestrado observou possíveis contribuições dos contos como método de intervenção para crianças com dificuldades de simbolização, a partir da clínica psicanalítica.

A autora explica que essa deficiência ocorre, mormente, quando a criança não consegue usar a palavra ou o pensamento para elaborar seus sentimentos. Vale ressaltar que os estudos indicaram melhora na ansiedade, no manejo do medo, na capacidade de vinculação e simbolização. A criança em contato e na liberdade do uso da fantasia fortalece suas defesas, organiza seu estado emocional e psicológico. Por meio da história vivencia, de forma leve, a vida como ela é de fato: com coisas boas e ruins, bondade e maldade, heróis e vilãos, vitórias e perdas. REFERÊNCIAS ARIÈS, P. História social da criança e da família. A clínica psicanalítica com crianças: da adaptação à solução em referência ao sintoma / Maria Gláucia Pires Calzavara.

UFMG/FaE, 2012 CAMAROTTI, Maria do Carmo. O nascimento da psicanálise de criança: uma história para contar.  Reverso,  Belo Horizonte ,  v.  n. FALCONI, I. M. FARAGO, A. C. Contos de Fadas: Origem e contribuição para o desenvolvimento da criança. v. LEITAO, Iagor Brum; CACCIARI, Marcella Bastos. A demanda clínica da criança: uma psicanálise possível.  Estilos clin.   São Paulo ,  v. Dissertação de mestrado). Universidade do Vale dos Sinos. São Leopoldo, 2010. Disnponível em: http://www. repositorio.   São Paulo ,  v.  n.  p. v-vi,  June  2007.   Available from <http://www. n.   SCHNEIDER, Raquel Elisabete Finger; TOROSSIAN, Sandra Djambolakdijan. Contos de fadas: de sua origem à clínica contemporânea DOI 10. P. v15n2p132. php/psicologiaemrevista/article/view/P. v15n2p132/873>. Acesso em: 28 mar. ZATTI, Cleonice; KERN, Cristina Dariano.

A importância dos contos de fadas como instrumento de trabalho para a psicoterapia infantil. br/diaphora/ojs/index. php/diaphora/article/view/60>. Acesso em: 29 Mar.

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