Observação etnográfica sobre a religião Wicca

Tipo de documento:Projeto de Pesquisa

Área de estudo:Antropologia

Documento 1

Quando seus fundamentos vieram à público, a Wicca não foi caracterizada como religião, mas como arte (do inglês craft) e conhecimento esotérico (CORDOVIL, 2017). No entanto, muitos de seus seguidores a caracterizam como religião, a relacionando com a palavra religare, que significa reconexão (TV CULTURA, 2019). As três principais vertentes da Wicca são a Gardneriana - do fundador da Wicca -, a Alexandrina e a Diânica, esta última tendo sido criada pelo movimento feminista. No Brasil, chegou em torno da década de 1980 através do mercado místico e esotérico, sendo Paulo Coelho e seu romance Brida (1990) um grande popularizador da tradição. Em 1998, ano que marcou a Wicca no Brasil (BEZERRA, 2012), o primeiro Encontro Anual de Bruxos, em São Paulo acontecia (CORDOVIL, 2014).

” (CERIDWEN, 2003:25). Além disso, princípios básicos incluem o respeito total à vida - embora não haja princípios de vegetarianismo, como no hinduísmo, por exemplo -, crença na reencarnação e na Grande Teia Universal - o princípio de interconexão total entre atos individuais e o universo - e celebração dos ciclos da natureza (BEZERRA, 2012). INICIAÇÃO O Chamado da Deusa é o processo pelo qual um adepto se inicia na religião. Há a crença de que o sujeito desperta para a Wicca através de um sinal, como a leitura de um livro ou convite, por exemplo. O processo ocorre, explica a professora Karina Ártemis Afrodite (TV CULTURA, 2019), porque o indivíduo já interpretava o mundo da mesma maneira que a Wicca.

Esta é uma das características mais atrativas para mulheres na religião. De acordo com Andréa Osório (2004), a Wicca opera uma inversão valorativa: As características femininas são as mesmas de sociedades patriarcais, porém o valor atribuído a elas não é negativo. No caso do neopaganismo, as mulheres que o procuram o fazem buscando uma reformulação identitária que mantenha as conquistas femininas adquiridas na contemporaneidade. A Wicca, como já visto, tem uma vertente fundada pelo movimento feminista, tendo como principais líderes a bruxa norte-americana Starhawk - autora de um dos textos básicos da tradição - e Zusanna Budapest (ANEXO C). A Wicca Diânica mistura elementos da Wicca Gardneriana - símbolos, rituais e ênfase à magia - com as causas do feminismo, e no caso de Budapest, do feminismo radical (BEZERRA, 2012).

PERCEPÇÕES Os praticantes, conforme observado, são em sua maioria brancos, ainda que o Brasil seja um país multirracial. Isto se deve, talvez, à profunda desigualdade social presente na nação e à forma elitizada pela qual os conhecimentos Wicca são transmitidos: por livros. Outra possível razão são as origens europeias da religião, que podem atrair membros devido à ideia de ancestralidade. Percebe-se que, entre memes2 e frases de efeito, as receitas de magias são distribuídas nas redes sociais3 com naturalidade. Dessa forma, o conhecimento é repassado de forma mais democrática que através de livros, agindo talvez para amenizar as desigualdades comentadas acima. Cada coven, grupo ou etnia pode adaptar os rituais para suas próprias realidades. ANEXOS ANEXO A Figura 1. Deusa Lua e Deus Cornífero Wiccanianos.

FONTE: Google. Figura 2. Athame e Cálice representando O Grande Casamento. FONTE: Google REFERÊNCIAS BEZERRA, Karina Oliveira. Wicca no Brasil: Adesão e permanência dos adeptos na Região Metropolitana do Recife. Recife, 2012. Dissertação de Mestrado em Ciências da Religião. openedition. o rg/rccs/6410> __________. Sexualidade, Espiritualidade e Conjugalidades na Wicca Brasileira. IN: Religião & Sociedade, 37:1. Rio de Janeiro, 2017. Disponível em: <https://www. youtube. com/watch?v=UOemyhlqUbw&t=365s> Acesso em: Outubro/2020.

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