O POTENCIAL DA MÚSICA COMO MOTIVADOR PARA A ESCOLARIZAÇÃO EM EJA: discussões a partir da vivência discente do pesquisador.

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Música

Documento 1

Orientado por NOME DO ORIENTADOR. SÃO PAULO 2019 “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Paulo Freire) DEDICATÓRIA • “А minha amada e incansável esposa NOME DA ESPOSSA, por estar sempre ao meu lado, por não desistir de mim nos melhores e piores momentos da vida, por me suportar e cuidar de mim, por ser mãe e esposa numa dimensão extraordinariamente incrível, por ser a primeira professora a me alfabetizar de verdade quando não tive condições de frequentar uma unidade de ensino básico regular na época, por me ensinar a ler e a escrever corretamente as minhas primeiras oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas, num inesquecível curso de caligrafia que ela mesmo elaborou e que deixou saudades enormes, por ser o meu grande amor e companheira todos esses anos entre outras que a torna cada vez mais linda e digna, pois eu sei bem o quanto lhe custou estar comigo e me auxiliar até aqui”.

• “Ao meu amado Filho NOME DO FILHO, por acreditar no seu velho pai e ser o conselheiro excepcional de todas as horas, por chorar comigo muitas vezes pelas madrugadas e nos momentos de dificuldades quando não enxergava mais a luz, me mostrar o caminho de volta a esperança e fé em Jesus e me ajudar a superar a dor e vencer as intempéries da vida, por me salvar muitas vezes citando apenas uma frase: Pai, você é e sempre será o meu Herói”. Agradecimentos Sumário 1 INTRODUÇÃO 9 2 Objetivos 10 2. Em seguida, discutem-se alguns pressupostos do ensino de música, buscando enfatizar o potencial motivador desse tipo de linguagem entre os alunos da Educação de Jovens e Adultos. Por fim, discute-se o ensino de música como agente de motivação e fortalecimento de vínculos e autoestima na EJA, buscado a discussão entre diferentes autores com as memórias do pesquisador, que experimentou, enquanto aluno, esses atributos da música no ensino.

Objetivos 2. Objetivo geral. Discutir, a partir das memórias discentes do pesquisador, a importância do ensino de música na modalidade EJA, tendo em vista seu potencial motivador e de valorização de diferentes conhecimentos entre os alunos. Um panorama sobre a EJA e seus alunos. A modalidade EJA _Educação de Jovens e Adultos_ instituiu-se, no Brasil, para garantir o acesso de pessoas que fracassaram na escolarização formal ou que não tiverem acesso a ela, de modo que deve atender quem não concluiu os estudos na chamada idade escolar. As Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental e Médio estabeleceu que a EJA seja encarada como “ uma modalidade da educação básica nas etapas do ensino fundamental e médio, que usufrui de uma especificidade própria que, como tal, deveria receber um tratamento consequente” (BRASIL, 2000 p.

Enfatizando essa distinção em razão das especificidades da modalidade, em 2002, formulou-se o parecer que apresenta as Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos, construído junto à comunidade educacional brasileira, através de várias audiências públicas, encontros e eventos, com a participação de representantes dos órgãos normativos e executivos dos sistemas, entidades educacionais, associações científicas e profissionais da sociedade civil (BRASIL, 2000, p. Assim, entende-se que essa modalidade de ensino foi estabelecida para reparar a divida histórica para com as pessoas que, por razões familiares, pela falta de acesso ou vagas em escolas, condições adversas de permanecia nas instituições de ensino, dentre outros, foram excluídos do direito a escolarização formal na idade adequada. Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos (BRASIL, 2000) sobre a exclusão de um segmento da população do direito a escolarização, afirma: Suas raízes são de ordem histórico-social.

No Brasil, esta realidade resulta do caráter subalterno atribuído pelas elites dirigentes à educação escolar de negros escravizados, índios reduzidos, caboclos migrantes e trabalhadores braçais, entre outros. Impedidos da plena cidadania, os descendentes destes grupos ainda hoje sofrem as consequências desta realidade histórica (. Fazer a reparação desta realidade, dívida inscrita em nossa história social e na vida de tantos indivíduos, é um imperativo e um dos fins da EJA porque reconhece o advento para todos deste princípio de igualdade. p. as pesquisas indicam que sujeitos que têm oportunidade de vivenciar situações de leitura e escrita cotidianamente em suas vivências pessoais diárias antes da chamada idade escolar não apresentam, estatisticamente, problemas de aprendizagem deste conteúdo. Dentre os que não têm estas vivências concentra-se o maior índice de não aprendizagem (Schwartz, 2012, p.

As causas para o afastamento das salas de aula ou pelo não ingresso a escolarização formal são varias, geralmente vinculadas a miséria, as desigualdades sociais ou de gênero. Não frequentaram a escola na infância e juventude ou o fizeram por pouco tempo por motivos reincidentes: ajudar no sustento da família, dificuldades de acesso a escola devido a dificuldades de locomoção, necessidade de cuidar de familiares e da casa e, as vezes, casamento (especialmente para as mulheres, que retornam a sala de aula após a viuvez, separação ou independência financeira de seu cônjuge) (BORGES, 2013). Sendo múltiplos os motivos que os afastaram da educação formal, múltiplos também são as motivações que os fazem buscar a EJA, na tentativa por resgatarem o direto subjetivo que lhes foi negado na infância e juventude.

Tomar de empréstimo as práticas do ensino regular não garante que essa reparação seja, de fato, alcançada junto a essas pessoas. Mas a função reparadora deve ser vista, ao mesmo tempo, como uma oportunidade concreta de presença de jovens e adultos na escola e uma alternativa viável em função das especificidades sócio- culturais destes segmentos para os quais se espera uma efetiva atuação das políticas sociais. É por isso que a EJA necessita ser pensada como um modelo pedagógico próprio a fim de criar situações pedagógicas e satisfazer necessidades de aprendizagem de jovens e adultos. BRASIL, 2002, p. Já a função qualificadora da EJA, que visa preparar o aluno para a vida cotidiana e para o mundo do trabalho, inserindo-o nas práticas sociais de maneira que ele possa garantir seus direitos básicos e cumprir seus deveres junto à sociedade.

O homem é um ser que age conforme os padrões culturais do grupo social á que pertence; a escola, por sua vez, deve ser um agente de transformação para que agregue conhecimentos em um processo de aprendizagem a fim de capacitá-lo a lutar pelo seu lugar na sociedade. No entanto, Bragio (2013) atenta que são comuns propostas de ensino em que se considerem exclusivamente os objetivos e os conteúdos programáticos de cada área do conhecimento, desconsiderando o sujeito aprendiz com sua bagagem de vivência e conhecimentos. Algumas dessas ações acabam por infantilizar o aluno, na medida em que se utilizam as mesmas atividades das usadas no ensino fundamental, ou ainda, reduzem esse aluno a uma espécie de ser deficiente, que carece de alguma propriedade fundamental do “adulto normal”, estigmatizando-o.

Esta perspectiva costuma estar acompanhada de uma visão de aprendizagem mecanicista e cumulativa, que prima pela memória e pela reprodução nas práticas escolares e desconsidera tanto o processo de construção do conhecimento como as histórias pessoais dos sujeitos envolvidos no processo educativo. Essa forma de ensino, pautada em práticas que já não obtiveram sucesso na vida escolar anterior desse aluno, acabam por perpetuar esse fracasso ou levam a evasão dessas pessoas as escola. A música acompanha a formação do individuo desde a infância, sendo um importante constituidor da identidade desses estudantes, que se identificam com o ato de apreciar a musica. Segundo Barros (1973, p. a música “é a única linguagem universal que os homens possuem e entendem e ela melhora e consagra em intercâmbios artísticos, individuais ou coletivos, cada vez mais íntimos e frequentes (BARROS, 1973, p.

Pode-se dizer que A música não só fornece uma experiência estética, mas também facilita o processo de aprendizagem, como instrumento para tornar a escola um lugar mais alegre e receptivo, por ser um bem cultural e faz com que o aluno se torne mais crítico. A educação deve ser vista como um processo amplo, que está sempre em movimento, seu progresso depende de muitas variáveis para que seja o mais abrangente possível, pois se sabe que as pessoas possuem maneiras diferentes de aprender, desta forma, o que é atraente para um aluno pode não ser para outro. a educação de nossa sensibilidade musical deveria ser um dos objetivos da educação. Os conhecimentos da ciência são importantes. Eles nos dão poder.

Mas eles não mudam o jeito de ser das pessoas. A música, ao contrário, não dá poder algum. Em 2002, o pesquisador retomou os estudos em escola municipal, na esperança de cursar o ensino básico (o antigo “fundamental I”) e aprimorar sua escrita, sua competência leitora e aumentar suas chances na vida, frente às dificuldades que o limitavam pela falta de escolaridade. Após, conclui seu ensino fundamental através de supletivo à noite. Foi durante essa experiência, como aluno no supletivo, que uma professora propôs, para a turma, a realização de um trabalho referente à Carta do Chefe Seattle, solicitando a elaboração de um resumo. O pesquisador, apoiado pelos colegas, sugeriu a execução da tarefa através da composição de uma musica sobre o tema.

O fato de a professora em questão aceitar a proposta da turma, além de demonstrar a vontade de fazer uso do estado de espírito dos alunos, dispostos a participar ativamente da construção do conhecimento, esta de acordo com autores que defendem o potencial da música enquanto linguagem válida. Assim, ao transmitir ideias e emoções, ela expressa também cultura. Nesta perspectiva corrobora Godoy (2009), para quem o conhecimento, quando é construído através de sensações, fica mais fácil de ser internalizado e entendido. O ensino precisa ter um caráter inovador pautado no uso de alternativas que extrapolem as praticas tradicionais da copia e da repetição. Então como uma alternativa, enriquecedora do trabalho em sala de aula, tem-se a música como um recurso pedagógico de suma importância no processo de aprendizagem.

O êxito da atividade proposta pelos alunos à professora, ainda no supletivo, contagiou as turmas de 5. Infelizmente a maioria das metodologias e materiais para a educação na EJA desconsidera essa especificidade, pois são meras adaptações do que é elaborado com foco no público infantil. Nesse sentido é necessário identificar essas diferenças para adequar os materiais ao ensino de música na EJA de forma a beneficiar o perfil dos estudantes adultos bem como motivá-los ao desenvolvimento. É preciso utilizar os pontos fortes dos estudantes adultos, dando-lhes as técnicas de estudos apropriadas para que os mesmos desenvolvam autonomia e mantenham-se motivados em seus estudos. Prosseguindo na tentativa de concluir sua escolarização, o pesquisador deparou-se com algo, infelizmente, corriqueiro nas instituições de ensino: a violência, o bullying, as agressões.

No caso, a hostilidade de alunos contra um professor, o que entristeceu a maioria dos alunos da antiga formação e fortemente o pesquisador, que mais uma vez, por conta disso e de questões pessoais, afasta-se do ensino. Assim, se as praticas escolares podem deixar marcas dolorosas nos sujeitos, quando felizes e oportunas, podem conduzir escolhas e revelar aptidões. A motivação intrínseca é a propensão de a pessoa se comprometer em seus próprios interesses e exercitar as suas próprias capacidades, e, ao fazer isso, a pessoa busca e domina desafios em um nível ótimo. A motivação intrínseca surge espontaneamente das necessidades psicológicas e das curiosidades pessoais. Quando são intrinsecamente motivadas, as pessoas agem sem interesse, “apenas pelo prazer de fazer”, e também pelo senso de desafio que uma determina atividade lhes proporciona (REEVE, 2011, p.

Para os estudantes adultos, a motivação para aprender música se dá por diferentes razões, mas, grande parte dos alunos chegam nas aulas com essa motivação. Através das experiências vividas pelo autor dessa escrita, buscou-se reforçar o potencial da música como linguagem alternativa, através da qual esses adultos e jovens podem externalizar seus conhecimentos, sem perder de vista o aprimoramento das habilidades demandadas pela educação mais formal. Portanto, esse trabalho defende a inclusão da música na rotina da EJA, pois não é a arte pela arte, mas a arte como vibração benéfica,compassada, harmoniosa, divertida, lúdica, risonha. Tirar o peso da exclusão da educação de jovens e adultos e colocar, também através da música, da ludicidade bem pensada e planejada para esses alunos, despertar novamente a humanidade no sentido mais claro da palavra, já que a escolarização contemporânea ainda é cruel com aqueles que não se enquadram nas praticas escolares regulares.

Referências ALVES, R. Educação dos Sentidos. SMED/POA. Porto Alegre:2013. Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: arte / Secretaria de Educação Fundamental. IN: Educação de Jovens e Adultos, Letramento e Formação de Professores. Educação e Realidade Porto Alegre – v. n. jul/dez 2004. DIAS, A. FERREIRA, M. Como usar a música na sala de aula. ª ed. São Paulo: Contexto, 2010. FERREIRA, D. DOS R. A Influência Da Linguagem Musical Na Educação Infantil. In: jornada do HISTEDBR, 7, 2007, Campo Grande.  Anais da VII Jornada do HISTEDBR – História, Sociedade e Educação no Brasil, Campo Grande, 2007. FONSECA, M. – Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009. p. Disponível em http://www. ufrgs. br/cursopgdr. In: International Journal of Teaching and Learning in Higher Education. REEVE, J.

Motivação e emoção. ª Ed. Rio de Janeiro. SÁ-SILVA, J. ALMEIDA, C. e GUINDANI, J. Pesquisa Documental: pistas teóricas e metodológicas. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais Ano I - Número I - Julho de 2009 www. WEIGEL, A. Brincando de música. Porto Alegre RS, Kuarup,1988.

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