O movimento simbolista e suas expressões no Brasil

Tipo de documento:Redação

Área de estudo:Literatura

Documento 1

É preciso sentir, por vezes, que um autor e uma obra podem ser e não ser alguma coisa, sendo duas coisas opostas simultaneamente, - porque as obras vivas constituem uma tensão incessante entre os contrastes do espírito e da sensibilidade (CANDIDO, 2000, p. Tais indicações nos ajudam a conceber a interpretação da poesia de forma dialética, acolhendo semelhanças e diferenças entre os autores citados, bem como episódios de conformidade ou divergência com as escolas em que se inserem. Para Candido, a acuidade do leitor é essencial nesse processo, em que pesem a intuição e as subjetividades de seu olhar: O leitor será tanto mais crítico, sob este aspecto, quanto mais for capaz de ver, num escritor, o seu escritor, que vê como ninguém mais e opõe, com mais ou menos discrepância, ao que os outros vêem.

Por isso, a crítica viva usa largamente a intuição, aceitando e procurando exprimir as sugestões trazidas pela leitura. Delas sairá afinal o juízo, que não é julgamento puro e simples, mas avaliação, - reconhecimento e definição de valor (CANDIDO, 2000, p. Nesse caso, em seu modo etéreo de poetizar, Cruz e Souza também deixa sob a névoa do simbolismo a sugestão dessa porta celestial, ao transformar a sentença final em pergunta (Que chaveiro do Céu possui as chaves/ Para abrir-nos as portas do Mistério?!). Essa atitude mais evasiva do que afirmativa dá conta de uma existência sobre a qual não há certezas. Nesse aspecto, a poesia Simbolista, a princípio defasada para a linguagem atual, se mostra valorosa ao abrir caminho para autores que seriam referência posteriormente, ao possibilitar que a poesia se coloque não mais no lado da exaltação do belo, mas na escuta da subjetividade e suas inquietações.

Participante do mesmo movimento, Alphonsus de Guimaraens também tem na temática o predomínio da ideia de morte, mas, diferentemente de Cruz e Souza, sua visão é muito mais de pesar pela brevidade da vida. O poema que segue, de sua autoria, é “Cantem outros a clara cor virente”: Cantem outros a clara cor virente Do bosque em flor e a luz do dia eterno… Envoltos nos clarões fulvos do oriente, Cantem a primavera: eu canto o inverno. Já na poética de Guimaraens prevalecem ideias de profundidade, descenso, ligadas à simbologia lunar, do feminino, da noite, da natureza. O sujeito-lírico em Guimaraens se encaminha para a decadência contínua, seja pela voracidade do tempo, seja pelo desencanto com a vida. Assim, suas poesias carregam imagens Lunares, próprias do Regime Noturno.

Apresentando inovações temáticas e de estilo, Augusto dos Anjos, assim como os demais poetas analisados, enfatiza a morte, utilizando-se de um vocabulário rebuscado e científico. A presença de uma dimensão cósmica, permeada pela angústia moral e o pessimismo se destaca. Da transcendência que se não realiza. Da luz que não chegou a ser lampejo. E é em suma, o subconsciente aí formidando Da Natureza que parou, chorando, No rudimentarismo do Desejo! No âmbito literário, as representações da vida nas metrópoles se expressam poeticamente em discursos e imagens carregadas de movimento, intensidade, anonimato, brevidade, próprios da passagem do século XIX para o XX, como se observa no clássico de Baudelaire “A uma passante”. Identidades sociais e o imaginário das cidades modernas são caracterizados emblematicamente pelo poeta francês.

Traços dessa poética das ruas se irá verificar na obra de Augusto dos Anjos. Mandou chamar o médico: — Diga trinta e três. — Trinta e três… trinta e três… trinta e três… — Respire. — O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado. — Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax? — Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

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