O animismo nas obras de Guimarães Rosa e Mia Couto

Tipo de documento:Questões e Exercícios

Área de estudo:Literatura

Documento 1

Introdução Mia Couto é autor de uma extensa obra em que se sobressaem o lirismo e o engajamento, em especial com as questões de sua terra natal, Moçambique. Nascido a 5 de julho de 1955, em Beira, Antônio Emílio Leite Couto é filho de um jornalista e poeta português. O apelido “Mia” teria sido atribuído ao autor devido à predileção por gatos. Com mais de 30 títulos publicados em poesia e prosa, Mia Couto recebeu o Prêmio Camões de Literatura, em 2013. Em 2014, foi agraciado com o Prêmio Neustadt Internacional, concedido pela Universidade de Oklahoma, considerado o Nobel Americano da Literatura. a literatura nos ajuda a sermos seres humanos melhores. O escritor “é aquele que é capaz de engravidar os outros de sentimento e de encantamento”. As obras rosianas exploram os grandes espaços do interior do Brasil, mais precisamente o sertão fértil localizado entre Minas Gerais e o Sul da Bahia.

Nessa imensidão, de um país ainda não totalmente dominado pela mão do homem nos anos 50 e 60, a vastidão se torna a principal metáfora: “lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos” (ROSA, 2001, p. Neste espaço sertanejo, Rosa desenvolve tramas em que a natureza demonstra ser muito mais do que o cenário, um agente de sentido. Com pouco, estava-se no centro, no meio de um mar todo (ROSA, 1988, p. grifo nosso). Ao escrever que “o sertão é de noite”, Rosa coloca este universo em uma posição à parte, como que separado do que se conhece no mundo concreto e afirmativo, no Dia, que em linhas gerais pode remeter à forma organizacional da vida em sociedade, ao regime instituído. Evoca a simbologia do que está oculto, do que é temível, do que por muito tempo representou os países periféricos que vieram a ser explorados a partir de adjetivos de barbárie que se coloca como desculpa para essa apropriação.

Essa potência do que está oculto se revela mais uma vez no texto de Mia Couto, que apresenta a noite em uma narrativa mítica: Antigamente, não havia senão noite e Deus pastoreava as estrelas no céu. A Noite só se atrevia a aproximar-se quando o Sol, cansado, se ia deitar. Com o Dia, os homens esqueceram-se dos tempos infinitos em que todas as estrelas brilhavam de igual felicidade. E esqueceram a lição da Noite que sempre tinha sido rainha sem nunca ter que reinar (COUTO, 2012, p. grifos nossos). Utilizamos o grifo para facilitar os apontamentos deste trecho, onde várias passagens dão conta da recorrência da noite como metáfora para uma questão central: as oposições no campo de poder entre colonizador e colonizado.

Lisboa: Editorial Caminho, 2005. COUTO, Mia. A confissão da leoa. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. MICHELETTI, Everton Fernando. Noites do Sertão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988. p.

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