MELHORAR O QUE JÁ ESCREVI E COMPLEMENTAR

Tipo de documento:Projeto de Pesquisa

Área de estudo:Comunicações

Documento 1

Castro (2003) denomina “literatura de testemunho” este tipo de texto e esclarece que ela se manifesta em dois gêneros textuais predominantes: cartas ou diários. É importante destacar que, apesar de estes conhecidos relatos de viagem terem sido aceitos oficialmente como fonte documental, os historiadores polemizam se, na contemporaneidade, devem ser entendidos como tais. Schemes (2013) ressalta que, para um relato de viagem ser considerado documento, se faz necessário situar cada deslocamento com o contexto histórico imediato em que está inserido. Outro aspecto importante é buscar compreender a trajetória do viajante e o conhecimento prévio que ele tem do lugar de destino. Já Junqueira (2011) reconhece os relatos de viajantes como corpus documental, mas pondera que são pouco definidos e que é necessário considerarmos em qual etapa da viagem o relato foi escrito; fator que determina diferenças no resultado final.

Também consideramos que, em um estudo que busca perceber como os jovens lidam com os processos da memória, as fanpages produzidas por eles merecem ser objeto de pesquisa acadêmica. Adotamos a definição do Estatuto da Juventude para fazer o recorte do corpus primário (2013, p. “São consideradas jovens as pessoas com idade entre 15 (quinze) e 29 (vinte e nove) anos de idade”. Consideramos, como critério, a idade em que as viajantes se encontravam quando iniciaram suas viagens. Obedecendo a estes parâmetros, em outubro de 2016, foi feita uma ampla pesquisa na ferramenta de busca do Facebook, disponibilizada no alto da página da referida rede social e representada por uma lupa. comentários foram feitos durante o período de seis meses, uma quantidade que dificultaria a análise no curto período de um mestrado, buscou-se, sem sucesso, uma ferramenta que mostrasse as postagens mais comentadas de cada viajante.

Optamos, portanto, por analisarmos postagens das quatro viajantes que apresentem grande número de interações em três momentos: janeiro (início do período da pesquisa), março (meio da análise) e final de junho ( final do período de análise estipulado). Por ser um estudo de gênero, apesar de as viajantes também terem homens como seguidores, apenas os comentários das internautas mulheres serão analisados. Esta delimitação atende, em especial, a um dos objetivos específicos desta investigação: analisar empoderamento feminino e a construção de si. Nenhuma ferramenta foi encontrada para nos auxiliar a verificar a quantidade de comentários femininos nas páginas. O capítulo 3 apresentará discussões teóricas sobreo Facebook e suas fanpages como espaço para a narrativa de memórias e está organizado em quatro seções: Facebook – Histórico e características relacionadas à memória; Rastros digitais e vestígios de memória; Fanpages e fãs e consumo das memórias pelos fãs.

As discussões teóricas desse capítulo são a base para a análise interpretativa das postagens das fanpages das quatro viajantes, a fim de responder às perguntas de pesquisa. No capítulo 4, as páginas das quatrojovens viajantes serão analisadas à luz das teorias. Justificativa O interesse desta pesquisadora em acompanhar as fanpages das viajantes iniciou em 2013, ou seja, antes do mestrado. O principal foco de interesse era acerca de como mulheres sozinhas conseguiam alcançar tão longas distâncias com pouco ou nenhum recurso financeiro. No capítulo 2 serão apresentadas discussões teóricas sobre categorias e relatos de viagem e mulheres viajantes, em quatro seções: 1. Breve Histórico de turismo (deslocamentos históricos, convencional e backpacker); 2. Relatos de viagem; 3. Turista ou mochileira e 4.

Mulheres viajando “sozinhas” –Empoderamento e construção de si. Para este debate serão utilizados teóricos como Aoqui (2005) e Ferrara (1999). O último tópico do segundo capítulo traz uma discussão acerca das mulheres que viajam sozinhas. Iniciaremos com uma contextualização acerca de como a viagem solo ainda é “proibida” para as mulheres. Para tal utilizaremos Bordieu (2003) e o seu conceito “dominação masculina”. Também neste tópico discutiremos empoderamento feminino e o conceito de construção de si, trazido por Alain Touraine ( 2010). Para tal, contaremos com as contribuições teóricas de Palácios (2010), Palfrey e Gasser (2011), dentre outros autores. Apesar de estarem no Facebook, são nas fanpages (páginas para fãs), especificamente, que as viajantes estudadas escrevem os textos sobre suas viagens. Por esta razão, o último tópico do capítulo 2 traz esta temática, com o seguinte questionamento: ao não travar a plataforma para que anônimos criem suas páginas de fãs, estaria o Facebook interessado e aberto à possibilidade que pessoas comuns ganhem fama e tornem-se marcas? Uma reflexão que esta definição inicialmente suscita, nesta investigação, é que a partir do momento em que uma pessoa não famosa constrói uma página e passa a ter seguidores, ela ganha, ainda que “sem querer”, o status de celebridade.

O comportamento adotado pelos seguidores das fanpages investigadas possibilita o levantamento desta hipótese. Para refletir sobre esta questão, traremos Monteiro e Barros (2010). Segundo Pennycook (2006) e Moita Lopes (2009), a pesquisa, numa perspectiva crítica, vê os sujeitos como heterogêneos, sócio-históricos e políticos, constituídos pelos diferentes discursos existentes na sociedade em que vivem. As relações entre os diferentes sujeitos da pesquisa, pesquisadores e pesquisados, precisam ser apresentados em constante processo de problematização do conhecimento produzido, tendo em vista o grande desafio de empoderamento de diferentes saberes por todos os envolvidos. Assim, uma pesquisa na perspectiva crítica considera os conceitos de alteridade, historicidade dos sujeitos para compreensão das contradições e transformação das situações de desigualdade social. Para análise das manifestações discursivas, a metodologia escolhida é a Análise do Discurso que tem como base teórico-metodológica os estudos de Bakhtin, nos quais conceitos como “enunciados”, “sujeito”, “dialogismo”, “discurso” e “gêneros do discurso” são centrais.

Segundo Brait (2006),as categorias a serem investigadas surgem das relativas regularidades dos dados, que são percebidos durante o percurso da pesquisa. No caso desta pesquisa, as viajantes interagem por meio de suas fanpages do Facebook com seus fãs, apresentando seus diários de viagem, em circunstâncias únicas, num determinado espaço-tempo. No entanto, mesmo que cada situação enunciativa seja única, na Análise do Discurso, o pesquisador precisa buscar certa regularidade, mesmo com um olhar singular para o dado. Segundo Ponzio: resulta óbvio que o conhecimento deva ser necessariamente conhecimento do geral, procedendo por conceitos, por classificações, por montagem, sobre a base de conjuntos, de gêneros, nos quais o singular, de um modo ou de outro, reaparece sob a forma de indivíduo identificado pelo pertencimento a este ou àquele conjunto.

” (PONZIO, 2010, p. Em outras palavras, a Análise do Discurso estabelece relações gerais e singulares entre as diferentes categorias presentes nos dados. Os resultados preliminares apontam para: as viajantes são turistas de categoria “mochileira”, compreendida como um modo alternativo de viagem, estilo de vida, que pode ser assumido por qualquer pessoa; há traços de empoderamento e construção de si nas manifestações discursivas das viajantes, pois elas se apresentam como atrizes de suas vidas , agindo de modo a eliminar dicotomias , meio a tensão de forças centrífugas e centrípedas de seus discursos; os seus diários de viagens, como postagens, podem ser consideradas narrativas de memórias, que permitem reforço de pertencimento e adesão dos fãs à fanpage. e a formação de fãs se dá pela identificação com destes com os sentidos apresentados sobre temas e estilo de vida, adesão ao discurso das viajantes e de suas ações no mundo.

Palavras-chave: turismo; narrativa de memória; análise do discurso; suporte midiático. Abstract This work aims to analyze Facebook as a new memory platform, with a primary corpus of four Brazilian travelers' fanpages over six months of the year 2016. Specifically, this dissertation intends to analyze the concepts "backpacker" and "tourist" For new travel arrangements; Recognize traits of post-feminism in the fanpages of the four travelers; Contextualize the memory narratives and discuss how they encourage the formation of fans in this media. Pâmela Marangoni 1. Frescura 1000 Destinos 1. Kivia Costa 1. Kiviagem 1. Dwanne de Almeida 1. Relatos de viagem 2. Mochileiro x Turista 2. Mulheres viajando “sozinhas” - Um debate sobre empoderamento feminino e construção de si 3. Facebook e Fanpage 3. Facebook – Histórico e narrativas de memória 3. Empoderamento feminino e construção de si 4,2,3 Diário de Viagem como narrativa de memória 4.

Formação de fãs na fanpage 4. Viajante Dwanne (Por uma vida sem arrependimentos) 4. Turista ou mochileira 4. Empoderamento feminino e construção de si 4,3,3 Diário de Viagem como narrativa de memória 4. Segundo Sondagem ao Consumidor acerca do crescimento do interesse do brasileiro em viajar, realizada pelo Ministério do Turismo e Fundação Getúlio Vargas (2017)9 em sete capitais do Brasil, a intenção de viagem, entre todas as faixas de renda, de janeiro a junho de 2017, cresceu de 19,1% para 22,7%, na comparação com o mesmo período do ano passado. Uma boa parte das pessoas pesquisadas pretende viajar de avião: 50,8%. Para a hospedagem os hotéis e pousadas lideram a acomodação escolhida, com 45,3% das indicações, ou seja, ligeiramente menor que o apurado em 2016, que contava com 50,1%.

Contudo, a referida pesquisa não contemplou um significativo número de pessoas que viajam ou pretendem viajar com pouquíssimo ou nenhum recurso, mas contando com meios alternativos, tais como caronas, hospedagem em casas de desconhecidos, alimentação barata, dentre outros, tampouco realizou recorte de gênero. Para aferir um número de pessoas que este universo pode abranger, mesmo de forma relativa, acessamos no dia 18 de agosto o site Mochileiros10, considerado a principal plataforma brasileira desse perfil de viajantes, até este período havia 387. Ao cursar a disciplina de Memória Social, no primeiro semestre de 2016, foi determinada a escolha de quatro fanpages do Facebook como corpus primário da pesquisa,depois de nos apropriamos do conceito de diário como narrativa de memória. Investigaremos como são apresentadas essas narrativas emblogs e redes sociais, uma vez que, nestas páginas, as viajantes relatam alguma das vivências de viagem, com fotos, e, muitas vezes,conseguem apoio financeiro direto ou indireto dos seus seguidores ou fãs14.

A lacuna apresentada na pesquisa do Ministério do Turismo, a saber: a indefinição do perfil de viajante e de seus gêneros, confirmou a necessidade de realizar um recorte de gênero, uma vez que envolve questões de empoderamento feminino, a superação do medo de viajar desacompanhada de homens e com poucos recursos (inclusive pelas mulheres seguidoras das fanpages), enfrentamento dos preconceitos reforçados pela “dominação masculina”, conforme Bourdieu, que cmo veremos, comparecem na mídia e em diferentes setores da sociedade. Segundo Bourdieu (2003), a dominação masculina apresenta-se comouma violência simbólica que ocorre por meio de estruturas sociais e de atividades produtivas e reprodutivas, com base em uma divisão sexual do trabalho. Este processo de socialização, segundo ele, contribui para abnegação e resignação femininas, pois apresenta a construção social dos gêneros como naturalizada, não apenas como princípio, mas também como representação da realidade.

Lemos (2009), em sua dissertação em Comunicação e Semiótica na PUC-SP, investigou como a organização pela internet permite aos grupos ciberfeministas novas construções do discurso feminista. Foram investigadas as atuações de grupos como as Old Boys Network (Alemanha), VNS Matrix (Austrália) e da artista brasileira Helga Stein como fenômenos sociais e manifestações dos novos discursos feministas sob viés das teorias da comunicação, com base em Donna Haraway (1984), Mark Dery (1995) e Lúcia Santaella (2003 e 2008). Santos (2014), em sua dissertação em Linguística Aplicada pela UFRJ, realizou um estudo de abordagem crítico-discursiva, com base na Análise Crítica do Discurso, de Norman Faircloug, do diário de viagem escrito por Maria Graham, na primeira metade do século XIX, e mais particularmente por este ser um texto de autoria feminina em que são figuradas outras mulheres e discutido seu próprio gênero.

Henriques (2014), em sua tese em Memória Social na UFRJ, analisou as relações entre memória e internet, tendo como foco principal a discussão sobre como os jovens de 15 a 25 anos lidam com as questões de lembrança e esquecimento na rede mundial de computadores, a partir de análise de conteúdo postado num grupo do Facebook. Este trabalho se diferencia dos trabalhos acima apresentados por estar inserido na Análise do Discurso como metodologia de análise dos enunciados, no campo da Comunicação, e nos estudos de construção de si de Touraine (2007) e de narrativas de memórias de Pollack (1989), e de outros teóricos. Categorias de viagem e mulheres viajantes, 3. Facebook e Fanpage e 4. Análise de dados. O primeiro capítulo apresenta a metodologia utilizada para a investigação, a contextualização da pesquisa, a discussão das categorias de análise, a descrição dos procedimentos de coleta e seleção de dados e a análise e discussão de postagens de quatro viajantes no período de seis meses de 2016.

O capítulo 2 discutirá as categorias de turismo – convencional e backpackers, relatos de viagem com um viés de gênero, tipos de viajantes e uma discussão sobre as mulheres viajantes, construção de si e empoderamento feminino. As discussões deste capítulo vão subsidiar a análise e discussão dos dados no capítulo 4 para respondermos às perguntas de pesquisa. A escolha da metodologia Esta investigação pretende pesquisar o Facebook como uma nova plataforma de narrativa de memórias, por meio das manifestações discursivas de quatro fanpages de mulheres viajantes. Para tanto, a metodologia escolhida foi a Análise do Discurso, com base nos estudos de Bakhtin e no paradigma crítico de pesquisa. Segundo Pennycook (2006) e Moita Lopes (2009), a pesquisa, numa perspectiva crítica, vê os sujeitos como heterogêneos, sócio-históricos e políticos, constituídos pelos diferentes discursos existentes na sociedade em que vivem.

As relações entre os diferentes sujeitos da pesquisa, pesquisadores e pesquisados, precisam ser apresentados em constante processo de problematização do conhecimento produzido, tendo em vista o grande desafio de empoderamento de diferentes saberes por todos os envolvidos. Tanto as viajantes, seus fãs e a pesquisadora são os sujeitos de ações discursivas, em relações dialógicas e entrelaçadas num determinado discurso. Com base nestas considerações que justificamos a escolha da metodologia. Análise do Discurso Conforme discutido no tópico anterior, esta pesquisa tem como perspectiva teórico-metodológica a Análise do Discurso. Esta perspectiva não pode ser considerada um modelo rígido de pesquisa (Amorim, 2004, p. mas sim um modo de análise que tem como parâmetros as discussões de Bakhtin e o Círculo e podem orientar as análises de produções discursivas contemporâneas Segundo Amorim (2004), as produções discursivas são estudo da esfera de atividade humana, em que se dão as interações discursivas em foco; a descrição dos papéis assumidos pelos participantes da interação discursiva; o estudo da relação espaço-tempo dos enunciados; o estudo do horizonte temático-valorativo dos enunciados; a análise das relações dialógicas que apontam para a presença de assimilação de discursos, contradições, apagamentos e reconstrução de sentidos (temas) e significação.

Neste capítulo, em outras seções, há o detalhamento e discussão das categorias de análise de dados. Detalhamento da viagem exploratória O objetivo desta seção é a compreensão do olhar desta pesquisadora para a sua investigação, sobre o contexto dos enunciados produzidos nos “diários de viagem” nas fanpages. Segundo Rohling (2014) o estudo na perspectiva da AD leva em consideração a relação dialógica constituída entre o pesquisador e o objeto de pesquisa, pois os discursos são realizados por sujeitos sócio-historicamente constituídos. Ainda conforme a autora, tal relação não é neutra e nem pré-definida, pois o pesquisador é permeado por seu horizonte valorativo, em consequência de suas escolhas durante o processo de pesquisa. Conforme discutido na introdução, esta pesquisadora, antes do mestrado, fazia parte do conjunto de fãs das fanpages estudadas.

Para a imersão no tema, foi realizada a viagem “sozinha” durante cinquenta dias, com pouco dinheiro, por uma longa distância, de Corumbá a Bogotá. Sabendo dos perigos da estrada, as roupas escolhidas foram mais simples, sem adereços, maquiagem e cabelo preso. A estrada por si proporciona isto; não há muito tempo para dedicar-se à beleza, pois o desejo maior é viver as experiências dos locais. As experiências e pessoas no caminho mudaram a percepção desta pesquisadora sobre o mundo. Shirli (argentina), Daniela (uruguaia), Ana (brasileira) e tantas outras mulheres resolveram sair do caminho pré-estabelecido. As postagens, em sua maioria, são acompanhadas de fotos dos lugares que a viajante visita, assim como das pessoas que a hospedam durante seu percurso. Com certa frequência, também são postados vídeos de momentos em que a mochileira desfruta suas viagens.

Frases motivacionais são costumeiramente utilizadas. A página produzida por Pâmela Marangoni pode ser acessada por meio do seguinte endereço: https://www. facebook. são seguidores. A viajante disponibiliza na página a informação pública que a fanpage curtiu outras sete páginas, todas de viagem em estilo mochilão. A publicação fixada no topo da página, em 31 de agosto de 2017, é datada do dia 09 de março de 2017 e traz Pâmela comemorando o dia em que ela completou um ano de viagem de bicicleta. A seguir a transcrição de um pequeno trecho da postagem: UM ANO DE BICICRÉTA PELO MUNDÃO!  Eitalasqueira! 😄 E não é que eu passei da primeira semana.  :o kkk Vou confessar uma coisa pra vcs. As três primeiras avaliações visíveis na página da viajante serão reproduzidas a seguir, sem correções ortográficas: Ellen Lopes avaliou 100 Frescura e 1000 Destinos — 5 estrela 21 de junho ·  Pamella, você é uma inspiração! Eu tenho muita vontade de largar tudo e sair viajando.

Esse ano consegui realizar um sonho e arranjei um trabalho de 2 meses na Itália, mas pra mim não é o bastante! Queria muito saber como começo, do que preciso, estou estudando muito pra isso, você poderia me ajudar? Minha primeira pergunta de milhões kkkkkkk : Você fala alguma língua além do portugues ?Beijos, continue assim! Você é um ser de luz!!!! Não deixe os nãos te abalarem e siga sempre com essa felicidade e alegria de viver!!!! José Pedro Alcausa avaliou 100 Frescura e 1000 Destinos — 5 estrela 17 de fevereiro ·  Sem palvras pra dizer oq vc faz!! eu vou começar a viajar desse jeito daq a dois messes, e to me preparando pra isso. e eu só tenho uma pergunta (rs) fora a bicicleta equipada minimanete pra viagens desse tipo.

fora isso, oqvcnao largaria mão mesmo pra poder viajar assim? gratidão irmã Axé pra vc Karla Cristina avaliou 100 Frescura e 1000 Destinos — 5 estrela 29 de maio ·  Que em breve eu possa fazer a minha cicloviagem. Inspiração para a vida. Kivia tem ao menos um irmão, o qual apresentou em uma postagem descontraída que a mostra pedindo carona com ele. Um hábito que ela possui desde criança em companhia da mãe, conforme revelou em outra postagem. Outros detalhes da vida privada da viajante são trazidos para a fanpageem algumas postagens tais como: queria ser astronauta quando era criança, desejo que revela quando traz a foto de uma cápsula e que tem medo de assombração, o que conta quando está fazendo um passeio pela Transilvânia.

Também, por meio da página, é possível saber que a jovem já passou por cirurgias, informação divulgada quando ela está com receio de ir para a Rússia por causa do frio extremo. Kiviagem A página produzida por Kivia Mendonça Costa pode ser acessada por meio do seguinte endereço: https://www. pessoas curtiram a página, das quais 14. são seguidores. A viajante disponibiliza a possibilidade do diálogo direto do seguidor com ela por meio da ferramenta Messenger. Na página, não consta a informação pública acerca das fanpages por ela curtidas. Não sabemos afirmar se a jovem ocultou esta informação ou se, de fato, não segue nenhuma outra página. meio das postagens foi possível traçar um breve perfil sobre a viajante.

No post do dia 12 de fevereir,sabemos que a jovem tem uma irmã e foi criada apenas pela mãe, que nem sempre ficava em casa. a partir da postagem de 14 de março). Outra informação é que Dwanne iniciou suas viagens em 2013. Por meio de uma postagem do dia 14 de agosto, período em que se comemora o Dia dos Pais, Dwanne desabafa não ter sido criada pelo pai. facebook. com/PorUmaVidaSemArrependimentos/. Na parte dedicada à apresentação da página, intitulada “Sobre’, logo na página inicial da fanpage (sem necessidade de clicar em link para redirecionamento) a jovem disponibiliza as seguintes informações: um telefone celular para contato eo endereço do seu Instagram. Ainda neste espaço, onsta a informação que a jovem responde normalmente em um dia às mensagens que os seguidores deixam no Messenger (ferramenta de conversa direta disponibilizada pelo Facebook).

A página é classificada como site de locais e viagem. Escrito em cima da foto consta: “Jornada da Dw "dû", que viaja o Brasil de carona, fazendo amigos, trocando histórias por solida. ” Também neste espaço,está o link “Enviar mensagem”, o qual abre uma caixa de diálogo direto com a viajante. Na foto de perfil atual, há uma ilustração de uma garota pequena e loira com uma grande mochila e uma placa indicando vários destinos e o nome da página “Por uma vida sem Arrependimentos”. A página foi por ela classificada como site de locais e viagem. No total, em consulta realizada no dia 31 de agosto de 2017, 5. Meu maior desafio nessa jornada é fazer tudo isso sem que a principal moeda de troca seja o dinheiro, e já são dois anos trocando historias por solidariedade.

A quem possa me receber eu ofereço tudo que tenho, historias emocionantes, engraçadas e inspiradoras. Entrego minha jornada e tudo que aprendi. Chama ai Na fanpage, é possível encontrar um espaço destinado à publicações de visitantes, nele consta visíveis e diversas publicações com conteúdos diversos: oferta de ajuda, pessoas divulgando suas próprias páginas, dentre outros temas. A página é classificada com 5 estrelas a partir de uma avaliação feitas por um seguidor. Na parte dedicada à apresentação da página, intitulada Sobre, logo na página inicial da fanpages (sem necessidade de clicar em link para redirecionamento) a jovem disponibiliza os seguintes dados: o endereço do seu instagram (aplicativos de fotos). Ainda neste espaço consta a informação que a jovem responde normalmente em um dia às mensagens que os seguidores deixam no Messenger (ferramenta de conversa direta disponibilizada pelo Facebook).

A página é classificada como site de locais e viagem. Ao clicarmos em “Ver tudo”, na parte dedicada ao ‘Sobre”, somos redirecionados para outra página que traz as seguintes informações: um link do Messenger para abrir um canal de diálogo com a viajante, o endereço do Instagram. No espaço chamado sobre está escrito: “Carimbando o passaporte e colecionando boas memórias sempre que possível. são seguidores. Não consta na página a informação pública de páginas que ela curte. O Facebook não oferece a possibilidade de verificar se, de fato, ela não segue nenhuma página ou esta informação está ocultada. A fanpage de Gabriela, em relação às demais investigadas, é a única a apresentar o link ‘Cadastre-se”, logo abaixo da foto de capa.

Ao clicar, o seguidor é direcionado para um blog produzido pela viajante. Gabi sua lindaaa, continue essa pessoa feliz”. Diana Durão em 20 de julho. “Adoro a sua página, os seus posts, os vídeos, ler as legendas. parece que estamos tb viajando com você!! Não sei como vim parar à página mas não vou largar mais!!  Tb sou apaixonada das viagens!! Bjs desde Lisboa - Portugal Parte inferior do formulário Gabriela, ao contrário de Dwanne e Pâmela, abaixo da sua foto de capa, configurou a página para trazer uma seção chamada “Em destaque para você”. Os destaques por ela escolhidos são uma foto dela em alguma paisagem, o print do depoimento de uma seguidora da página. Para tanto, com o uso do aplicativo, pretende-se usar palavras-chaves relacionadas às categorias de discussão.

Os comentários também serão objeto de investigação para alcançarmos um dos objetivos específicos: discutir como as narrativas de memórias incentivam a formação de fãs neste suporte midiático e suas repercussões entre as seguidoras quando postagens com mensagens feministas são divulgadas. Levando em consideração que, conforme o relatório gerado pelo Netvizz, 10. comentários foram feitos durante o período de seis meses, uma quantidade que dificultaria a análise no curto período de um mestrado, buscou-se, sem sucesso, uma ferramenta que mostrasse as postagens mais comentadas de cada viajante. Optamos, portanto, por analisarmos postagens das quatro viajantes que apresentem grande número de interações em três momentos: janeiro (início do período da pesquisa), março (meio da análise) e final de junho (final do período de análise estipulado).

Pâmela e mais três amigas viajam de Porto Velho a Manaus, a bordo de uma caçamba de uma caminhonete modelo S10, pegando carona com 5 policiais. Reflexões sobre chegar aos 30 anos e relato de experiência na comunidade Aracari, a caminho da Colômbia, com Francisca, mãe de quatro crianças, e um menino de 10 anos que as ensinaram pescar. Kívia 07. Kívia apresenta reflexões sobre a diversidade enorme de países e lugares para conhecer e que as pessoas podem viajar para onde suas consciências e desejos a levarem, não ela ou quaisquer outras pessoas. Kívia apresenta a satisfação de provar um picolé de massa, sabor açaí, custando 1 real. Dwanne 07. Dwanne relata como chegou a uma pseudoecovila, sítio de permacultura em Morro de São Paulo, suas experiências sustentáveis, suas sensações e as pessoas com quem aprendeu muitas coisas novas e importantes.

Dwanne dialoga e reflete com fãs sobre o peso que a escolha de uma vida solitária de viajante acarreta a ela e suas escolhas como mulher. Dwanne relata o seu problema com dente do siso em sua viagem para o carnaval em Recife e agradece as doações para ajudá-la nesta situação. Dwanne apresenta a foto com a mãe, na primeira despedida, descreve suas características e a relação das duas. Gabi relata a dor de ir embora de Cabo San Juan, na Colômbia, onde moraria a vida toda, com um homem lindo, alto que lave, cozinhe, pesque e mate mosquito. Quadro 1 - Descrição das postagens selecionadas Fonte: Elaborado pela autora (2017) A partir de algumas destas postagens foram selecionados os comentários. Categorias de Análise As categorias de Análise do Discurso, utilizadas na investigação, serão discutidas e descritas nesta seção.

As categorias de análise foram escolhidas com base nos dados selecionados e nas perguntas de pesquisa. As categorias são: enunciado, discurso, tema, significação, escolhas lexicais, gênero do discurso “diário de viagem” e dialogismo (heteroglossia e polifonia). • Tema e significação. Quadro 2- Categorias de discussão e análise Fonte: Elaborado pela autora (2017) A seguir, discussão das categorias de análise. Enunciado, discurso, tema, significação e escolhas lexicais Enunciado, discurso, tema e significação são alguns dos conceitos-chave da Análise do Discurso (Bakhtin e o círculo) e das relações dialógicas, porque os sujeitos interagem usando enunciados, recorrendo aos signos lingüísticos, cujos temas e significações são construídos num dado contexto sócio-histórico. Na interação, os interlocutores recorrem a signos, que, nesta perspectiva, são sempre ideológicos, pois são marcados por uma avaliação social de seu tema (sentido) e da sua significação, por isso as escolhas lexicais não são aleatórias numa interação discursiva (Voloshinov, 1929).

Segundo Bakhtin (2010), a língua e a produção da linguagem, assim como a produção de enunciados, não têm a sua produção e reprodução de forma isolada, pois integra parte da vida, assim como a vida integra os enunciados. Assim, a materialidade do texto, conseguinte do discurso, por meio de suas formas linguísticas, e os elementos extralingüísticos são inseparáveis e ocorrem em dois níveis de significação, articulados dialeticamente, que são o tema (sentido) e a significação. Segundo Flores e Teixeira (2008, p. ao discutir Voloshinov (1929): O tema é o “sentido da enunciação completa”, sendo único e, individual, não reiterável: “ele se apresenta como expressão de uma situação histórica concreta que deu origem à enunciação”.

Para se contemplar o tema, não basta a análise morfológica ou sintática, é preciso também a dos elementos verbais da situação. Já a significação é o aparato técnico da realização do tema, constituída de “elementos da enunciação que são reiteráveis e idênticos cada vez que são repetidos” Em outras palavras, o tema tem relação com o sentido da enunciação, cujo caráter do enunciado é único e irreprodutível, “(. A seguir discuto o gênero do discurso “diário de viagem”. Gênero do discurso “diário de viagem” Conforme discutido na seção anterior, os sujeitos interagem por meio de enunciados, dialogando entre si e com outros textos que vieram antes ou que suscitarão respostas no futuro (Bakhtin, 1997).

Segundo Brait (2000, p. “qualquer enunciado fatalmente fará parte de um gênero”, constituídos e em ação em diferentes e determinadas esferas de atividade humana. Segundo Bakhtin (1997), os gêneros são “tipos relativamente estáveis de enunciados” em número infinito, que se materializam no uso, como práticas sociais que regulam o que será dito, as expectativas do enunciador e do seu interlocutor,e se atualizam numa dada situação enunciativa. No caso, do “diário de viagem’ nas fanpages, os viajantes (escritores) são como celebridades que escrevem para os seus fãs (seguidores da página do Facebook). O “diário de viagem” é um gênero discursivo que se situa no domínio social da comunicação voltado à documentação e memorização de ações humanas, cujo aspecto tipológico dominante se baseia na ação discursiva de “relatar” (Dolz, Noverraz e Schneuwly, 2006).

Assim,“relatar” consiste na representação pelo discurso de experiências vividas situadas no tempo. A seguir, é apresentado um exemplo de “diário de viagem”, como postagem, na fanpage Kiviagem do Facebook: Figura 1 - Exemplo de postagem na fanpage Kiviagem, acessada em 10/09/2017 Fonte: Imagem gerada pela autora (print da página) Neste exemplo, a viajante Kívia realizou a postagem de seu“diário de viagem” em sua fanpage Kiviagem em 2 de julho de 2017. No quadro a seguir, há a análise desta postagem, nas três dimensões do gênero discursivo: conteúdo temático, forma composicional e estilo. O enunciado/texto é organizado como um relato, em prosa e em períodos e parágrafos, situado no tempo. O texto verbal é acompanhado de fotografia. Muitas vezes, o diário de viagem pode ser acompanhado de vídeo.

Estilo Aspectos gramaticais, escolhas lexicais, registro linguistico, tipo frasal, características de conjunto particular de tipo textual, marcas de pessoa do discurso. • Uso de verbos no pretérito perfeito e mais perfeito “almoçávamos”, “sentira”. O autor também afirma que todo enunciado é social, por não se dirigir somente a um destinatário imediato, cuja presença é percebida mais ou menos conscientemente, mas também a um superdestinatário. A identidade deste destinatário, segundo o autor, varia de grupo social para grupo social. Neste sentido, dialogismo consiste na percepção de alteridade e a relação dialética entre eu-outro e a posição de responsividade ativa assumida pelos interlocutores. Os conceitos de heteroglossia e polifonia são complementares ao conceito de dialogismo. Para Voloshinov (1929), a heteroglossia consiste na coexistência, no confronto ou no conflito entre diferentes vozes.

Como podem ser caracterizadas mulheres das fanpages na modalidade de viagem que elas realizam?; 2. Podem ser identificadas estratégias de empoderamento feminino e construção de si nas postagens destas páginas? Quais? A seguir, um breve histórico de turismo. Breve Histórico de Turismo; deslocamentos históricos, turismo convencional e backpacker A presente dissertação analisa, conforme apresentado na Introdução,as manifestações discursivas de quatro jovens mulheres em fanpages de Facebook que, com mochila nas costas, viajam pelo mundo, conhecendo lugares e contando algumas das suas experiências. Nesta pesquisa, turismo convencional é compreendido como o ato de viajar com destino, roteiro, meio de transporte, hospedagem, custos e atividades pré-definidos. A categoria backpacker é compreendida como o ato de viajar de modo mais livre, com pouco dinheiro. No século XVII, surge outro interesse dos viajantes nesses territórios: a compreensão do mundo natural ede sua própria existência.

Estes viajantes, em sua maioria cientistas e/ou aventureiros, buscavam conhecer a fauna, flora, comportamentos e costumes destes territórios e povos e o Brasil, por sua biodiversidade, tornou-se um dos principais roteiros (Figueiredo e Ruschmann, 2004). Romano (2013) nos traz outro importante exemplo de contextualização histórica. Segundo ele, as pessoas sempre viajaram, como consta em textos (imaginários ou supostamente verossímeis, da Antiguidade), como a Odisseia, de Homero, ou as Histórias, de Heródoto. Entretanto, ao contrário das viagens das jovens estudadas, esses deslocamentos ocorridos no passado eram motivados principalmente por fins práticos, tais como razões de Estado, religião, dentre outros. Na época, ele organizou uma viagem de trem entre as cidades inglesas Leicester e Loughborough para levar pessoas a um congresso sobre dependência em alcoolismo.

Segundo Filho (2005), no período, o pastor foi ridicularizado por proporcionar a trabalhadores desprestigiados que chegassem a lugares antes visitados apenas pela elite econômica. Traçando um paralelo com os tempos atuais, um exemplo recente ilustra o incômodo que pessoas de baixa renda causam quando ocupam espaços antes restritos à elite, como, por exemplo, aeroportos. Em 5 de fevereiro de 2014, a professora universitária Rosa Marina Meyer postou uma foto de um homem de bermuda e regata no seu perfil no Facebook com o comentário: “aeroporto ou rodoviária?”. A postagem recebeu diversas opiniões de pessoas que também criticavam a presença de passageiros, supostamente, vestidos de forma inadequada, como se se tratasse de turistas de baixa renda. Os primeiros albergues foram estabelecidos nos anos 1920 na Alemanha.

Em 1985, já haviam se espalhado por 55 países. Dos albergues aos hostels na contemporaneidade, os backpackpers, em geral, optam por esta modalidade econômica de hospedagem, na qual várias pessoas dormem no mesmo quarto. Não foi possível obter o número de hostels disponíveis no mundo. Um dado que pode trazer uma dimensão da realidade foi encontrado na maior plataforma online de pesquisa de hospedagem compartilhada: o Hostelworld. É importante destacar que, apesar de estes conhecidos relatos de viagem terem sido aceitos oficialmente como fontes documentais, isso não é consensual entre os historiadores. Schemes (2013) ressalta que para um relato de viagem ser considerado documento, se faz necessário situar cada viagem em sua relação direta com o contexto histórico em que está inserido. Outro aspecto importante é buscar compreender a trajetória do viajante e o conhecimento prévio do lugar de destino.

Junqueira (2011) reconhece os relatos de viajantes como corpus documental, mas pondera que são pouco definidos e que é necessário considerarmos em qual etapa da viagem o relato foi escrito; fator que traz importantes influências quanto ao que é apresentado. Independente de seu conteúdo ser considerado oficial, é certo que esses relatos ajudaram a “des-cobrir” um mundo ainda “in-coberto” para o resto do mundo, assim influenciando a visão acerca dele. Segundo Sarlo (2007), o uso de objetos históricos, o “dever de memória‟, induz uma relação afetiva com o passado, pouco compatível com o distanciamento que é ofício do historiador. Perazzo (2015) defende que as narrativas orais não são menos verdadeiras, nem menos ficcionais do que histórias oficiais uma vez que cada sujeito narra a sua história a partir da sua subjetividade.

A autora alerta que trazer a primeira pessoa do relato para a ciência exige novos métodos para análise e interpretação de relatos de memória. Para que nós, pesquisadores, não sejamos reféns das intenções do narrador, é preciso que se constitua um método de interpretação desses dados, pautado no conhecimento das formas como se dão as narrativas, das escolhas que o narrador pode fazer para selecionar o que contar, advindos da compreensão da cultura, da memória e do imaginário desse sujeito”. PERAZZO, 2015, p. Mochileiros mais experientes narravam suas peripécias aos menos experientes em um tom relativamente paternal, como em programas de televisão com atores em situações perigosas estampando a mensagem: somos profissionais, não tentem reproduzir os feitos em casa.

Esse discurso é ao mesmo tempo preventivo, visando o bem-estar alheio, e também uma forma de segregar o prestígio: é perigoso e não recomendo aos outros, mas eu já fiz isso. Certas peripécias são reservadas aos “verdadeiros” mochileiros Outra prática de validar os relatos de viagem são as fotografias. A viagem e seus acontecimentos, como os relatos de viajantes, precisam de provas, e a fotografia as produz com mais rapidez do que a descrição textual. Além de registrar o momento, a imagem participa ativamente das impressões dos turistas sobre os locais por onde passam. Segundo Ferrara (1999, p. Os lugares visitados, sob a égide da sociedade de consumo, tornam-se mercantilizados, produtos a serem consumidos. Nesse sentido, pela lógica do mercado, tem-se a premissa de que quanto mais exclusivo mais valorado.

Sendo assim, viajar constitui uma atividade que “não é comum a todos, mas destina-se apenas aos privilegiados que podem virar turistas” (FERRARA, 1999, p. Figueiredo (2010) atribui esta tensão entre os conceitos ao poder econômico. Eles não se fixam em lugar algum. A potencialidade para o movimento implica uma não fixação de tempo e de espaço. Além de conceituar backpackers, muitos estudiosos estabelecem comparações entre o que é ser mochileiro (também chamado por alguns apenas de viajantes) ou turista. Interessante perceber essa aparente necessidade de categorização, a qual é compartilhada entre os pesquisadores e os próprios viajantes. Pensando no sujeito viajante, uma característica apontada por Ferrara (1999) é que, de forma geral, ele é movido primeiramente por um sentimento de liberdade, de vontade, por um desejo de ir em busca do “dessemelhante” (FERRARA, 1999, p.

Assim, os turistas backpackers leem os mesmos guias, frequentam os mesmos meios de hospedagem e visitam as mesmas atrações. AOQUI, 2005, p. Essa colocação de Aoqui (2005) diverge da necessidade de autenticidade pontuada por Cidade (2012), já que ressalta a “massificação” dentro do próprio movimento mochileiro. A aventura para os mochileiros começa no planejamento da viagem. Esse planejamento é feito de forma meticulosa, cuidadosa e visa conseguir a maior quantidade de informações possíveis. Rapidamente, surgiu no Twitter#viajosola, adotada pelas usuárias da rede social para defender o direito de mulheres viajarem entremulheres ou totalmente desacompanhadas e também em relação ao questionamento que não estavam sozinhas, pois uma fazia companhia a outra. Também, surgiu a campanha da Anistia Internacional #NiUnaMenos, que culminou, desde então, em diversas ações, em toda América Latina, pelos direitos das mulheres de terem sua integridade física e psicológica respeitada, em qualquer situação ou circunstância.

Figura 03 – Campanha “Ni una a menos” da Anistia Internacional Fonte: Anistia Internacional (2016)18 Estes fatos aliados às discussões suscitadas sobre o direito das mulheres poderem ser e estar como, quando e onde quiserem, culminaramno debate sobre empoderamento feminino. Segundo o Glossário da Universidade de Valência19, empoderamento; termo cunhado na IV Conferência Mundial das Mulheres de Beijing (Pequim) em 1995, para se referir ao aumento da participação das mulheres na tomada de decisões e acesso ao poder. Atualmente, esta expressão considera outra dimensão: a tomada de consciência do poder que, individual ou coletivamente, ostentam as mulheres e que tem a ver com a recuperação de sua própria dignidade como pessoas. Isto quer dizer que, embora haja um movimento heterogêneo de mudanças sociais e culturais agindo como forças centrífugas, há forças centrípedas de homogeneização do discurso e resistente às transformações.

Deste modo, as mulheres vão assumir características das forças em conflitos, construindo-se mulheres centrípedas e/ou centrífugas. Por exemplo, as mulheres viajantes podem, imbuídas de forças centrífugas, dissonar das vozes dominantes, ao viajarem “sozinha”, impregnadas de valores sociais de conservação da ordem de dominação masculina, de não respeitar a sua dignidade sema presença de um homem como acompanhante. De outro modo, por meio de forças centrípedas, podem ceder e/ou manifestar ações, voltados à reprodução e homogeneização desse discurso, quando, por exemplo, assume uma postura de não mostrar-se atraente ou vaidosa a fim de não chamar atenção masculina, por exemplo. Nesta investigação, vamos discutir as manifestações de quatro mulheres viajantes, em suas fanpages , e verificar se há traços de empoderamento e movimentos de “construção de si”, nas palavras e ações relatadas, em suas viagens.

Infelizmente, a ferramenta online não traz o dado acerca de quantas páginas abordando esta temática existem na referida rede social. Para contextualizar o leitor no panorama em que está inserido o nosso objeto de estudo, iremos brevemente conceituar e historicizar o Facebook. Buffardi e Campbell (2008) conceituam a ferramenta como um website que interliga páginas de perfil dos seus utilizadores, permitindo que os mesmos se envolvam em três tipos de atividades: publicar informação pessoal relevante numa página individual com o seu perfil, ligar- se a outros utilizadores, criar listas de amigos e interagir com outros utilizadores. Em sua página oficial, a seguinte definição é trazida: “A missão do Facebook é dar às pessoas o poder de compartilhar informações e fazer do mundo um lugar mais aberto e conectado”.

facebook. Continuando a sua expansão, em 2006, o Facebook autorizava o acesso de mais de 22. redes de organizações comerciais (Zywica e Danowski, 2008). Nesse mesmo ano, com o alargamento da concessão de utilização a qualquer indivíduo com um endereço de e-mail válido e com idade superior a 13 anos, ocorre a última grande expansão do Facebook. Como apresentado no capítulo anterior, os viajantes do passado e da atualidade se valem da escrita para registro de suas experiências de viagens. Segundo Palácios (2010, p. O autor cita, como exemplos, livros, conversas e contato com relatos, cartas e diários de viagens publicados. Ao pensarmos as fanpages das viajantes, pode-se verificar que as postagens das jovens, relatando seu dia-a-dia de viagem, apresentam implicações como as definidas por Halbwachs (1990).

Elas demonstram características das memórias individuais de suas viagens, dos fatos que vivenciam na estrada, assim como são coletivas por estarem em diálogo com os seguidores das páginas, bem como com os indivíduos que encontram em seus percursos. Ainda a partir de Halbwachs (1990), podemos dizer que as viajantes, por meio de suas postagens no Facebook, colaboram para a composição da memória social de seus seguidores. Um fã da página qu, nunca tenha ido à Colômbia por exemplo, terá parte do seu imaginário sobre o país formado a partir do que dizem as viajantes em seus relatos. Segundo ela, assim como ocorre com as nossas lembranças, nem sempre os rastros são os que queremos guardar, mas o que restou de vestígios de uma determinada ação.

Para a autora, a memória vive uma tensão entre presença e ausência desses rastros, visto que a presença indica a preservação da memória e a ausência dá lugar ao processo deesquecimento. Além da discutir quão enquadradas estão as memórias sociais disponíveis no Facebook, outro aspecto que este rastro contemporâneo da memória social nos traz é quanto à sua durabilidade, ou seja, a sua perenidade. Quão efêmero são estes rastros? Quanto ao destino e à perenidade das nossas narrativas de memória nas plataformas online, Canavilhas (2004) expõe a fragilidade do suporte midiático em que agora estão as nossas memórias. Ele pondera, por exemplo, que enquanto o papel possui a durabilidade de séculos, caso bem conservado, os formatos digitais tornam-se obsoletos em 10 ou 20 anos.

O comportamento adotado pelos seguidores das fanpages investigadas possibilita o levantamento desta hipótese. Antes, traremos um breve histórico sobre o surgimento das primeiras comunidades de fãs, o que ocorreu na década de 1930. O primeiro suporte em que eles surgiram foram as colunas de revistas, onde os fãs discutiam a respeito de seus produtos preferidos e apoiavam os produtos midiáticos do período. Segundo Monteiro (2007), com a explosão da Internet, tais práticas que, antes ocorriam como trocas de cartas ou debates em fã-clubes, migraram para as redes. Monteiro e Barros (2010) entendem o fã como aquele sujeito que quer estar informado sobre a vida de seu ídolo, que acompanha seus passos, suas apresentações, aparições públicas, estar ciente da agenda de lançamentos e nutre um sentimento de identificação com o ídolo.

Outro aspecto apontado por (Monteiro, 2007) é a de “criação de novos conteúdos” como fanfics, desenhos, animações. Poderíamos supor preliminarmente, que o novo conteúdo criado seriam as viagens que, inspirados ou orientados pelas viajantes, os leitores vêm a fazer após terem acesso ao conteúdo das páginas. Posteriormente, alguns fãs também resolvem criar as suas próprias páginas de viagens. Ainda segundo Monteiro (2007) os fãs também podem manipular o próprio corpo para se expressar (através de camisetas personalizadas, itens similares aos já empregados pela sua celebridade de devoção, além de utilizar os artistas como inspiração para cortes de cabelo, maquiagens e tatuagens). Assim, por meio da discussão dos teóricos, é possível caracterizar os fãs como seguidores das páginas das viajantes, então as viajantes podem ser uma celebridade.

Podemos dizer que estes são exemplos de capital simbólico das viajantes. Ainda considerando Bordieu, surge mais uma pergunta: quais seriam os habitus adotados pelas produtoras das páginas estudadas? Analisando as postagens podem-se perceber várias semelhanças entre as duasviajantes, entendendo de que forma elas “jogam” no campo em que escolheram viver: a estrada, sem ou com pouco dinheiro. As jovens costumeiramente avisam qual o próximo destino que irão visitar com certa antecedência e assim, na maioria das vezes, conseguem “pouso”. Nem sempre pedem hospedagem explicitamente e, ainda assim, conseguem lugar para ficar. As viajantes estudadas, exceto Gabriela Valverde, adotam visual “descolado” e geralmente pouco apegado à vaidade: cabelos pouco arrumados e nenhuma maquiagem. Esse é um recurso ao alcance de praticamente todos, conforme Palácios (2010), a comunicação rizomática , ou seja que erradia na rede, e a liberação do polo emissor multiplicaram os lugares de memória em rede, tornando cada usuário um potencial produtor de memórias, de testemunhos.

É importante afirmar que, em variadas dimensões de abrangência, todas as pessoas podem produzir relatos de viagens virtuais no Facebook, mas nem todas atingem um elevado grau de notoriedade, já que estas memórias precisam ser consumidas pelos usuários da plataforma. Nesse sentido, avaliando essa estreita interação entre o real e virtual, a simultaneidade da produção dos relatos e o evento acontecido, e o universo colaborativo, tudo proporcionado pelo espaço que é o Facebook, podemos acreditar que essas memórias apresentadas, mesmo em se tratando da vida de uma viajante em específico, pertencem a múltiplas autorias. Assim como os antigos e heroicos exploradores ao retornarem para suas cidades de origem, prestavam contas aos patrocinadores, com seus relatos e objetos recolhidos, nossas heroínas contemporâneas, com suas mochilas e um pouco (às vezes nenhum) de dinheiro, precisam fazer o mesmo com os seguidores que atribuem prestígio as suas fanpages.

É adequado considerarmos que mutuamente viajantes e espectadores se influenciam, esses buscando relatos emocionantes, ideias, dicas etc. Capítulo 4 – Análise e Discussão dos Dados Neste capítulo, serão analisados e discutidos os dados desta investigação, conforme apresentado no capítulo 3. O corpus da pesquisa são as postagens de fanpages do Facebook de quatro viajantes e comentários relativos algumas destas, no período de janeiro a junho de 2016. A fim de responder as perguntas de pesquisa, relacionadas às postagens de cada uma das viajantes e alguns comentários de fãs/seguidores, este capítulo se organizará em quatro seções e quatro subseções da seguinte forma: • 4. Viajante Pâmela: 4. Turista ou mochileira; 4. Empoderamento feminino e construção de si; 4. Diário de viagem como narrativa de memórias; 4.

Formação de fãs na fanpage. Viajante Gabriela: 4. Turista ou mochileira; 4. Em sua viagem ao México, teve a companhia de Giselly e Michele, que tiveram que aprender a pedalar. A seguir apresento uma linha do tempo das viagens realizadas entre janeiro e julho de 2016. Data Local 11 /01/2016 Fronteira Brasil X Bolívia 12 /01/2016 Corumbá, MS, Brasil. La Paz, Bolívia 28/01/2016 Santa Cruz de La Siera, Bolívia 02/02/2016 Balneário de Los Hérvores –Bolívia 03/02/2016 Maracaju, MS, Brasil 09/02/2016 Bonito, MS, Brasil 12/02/2016 Aquidauama , MS, Brasil 11/03/2016 Miranda (Pantanal), MS, Brasil 13/03/2016 Piraputanga , MS, Brasil 16/03/2016 Campo Grande, MS, Brasil (casa) 23/03/2016 Corguinho, MS, Brasil 24/03/2016 Rio Negro do Mato Grosso, MS, Brasil 27/03/2016 Cachoeira do Rio do Peixe, MS, Brasil. Rio Negro de Mato Grosso, MS, Brasil 21/04/2016 Estrada próxima a Maracaju, MS, Brasil 26/04/2016 Rio Verde, MS, Brasil 30/04/2016 Cáceres , MT, Brasil 02/05/2016 Barra do Bugres, MT, Brasil 03/05/2016 Tangará da Serra, MT, Brasil 05/05/2016 Sapezaí , MT, Brasil 11/05/2016 Ariquemes , RO, Brasil 13/05/2016 Porto velho , RO, Brasil 18/05/2016 Manacapuru , AM, Brasil 23/05/2016 Comunidade Aracari , AM, Brasil 30/05/2016 Manaus, AM, Brasil 14/06/2016 Brasília, aeroporto, rumo a Campo Grande (MS) 27/06/2016 Cidade do México Quadro: 4 - Linha do tempo – Pâmela Fonte: Elaborado pela autora Estas datas e locais foram aferidos por meio de leitura e levantamento de várias postagens, neste período.

A quarta categoria de postagem mais encontrada em sua fanpage trata de postagens motivacionais, em especial, relacionadas às viagens, buscando inspirar as pessoas a fazer o mesmo que ela ou a buscarem suas respostas. Ela fez 14 postagens destas no primeiro semestre de 2016. Em quinto lugar, com 14 postagens, Pâmela traz fotos com legendas curtas sobre sua viagem, tais como: uma estrada difícil que teve que encarar, consertando bicicleta, animal morto que encontrou na estrada, entre outras. A seguir, a discussão dos dados selecionados. Turista ou mochileira Este tópico procura responder a pergunta: Como podem ser caracterizadas as mulheres das fanpages na modalidade de viagem que elas realizam? Segundo linha de tempo das viagens de Pâmela, a postagem abaixo foi realizada quando a viajante estava em Corguinho (MS).

Também, a falta de sorrisos das pessoas pode ocorrer pelo fato de, na condição de “mochileira”, viajarem pedindo “favores” ou “gentilezas” aos moradores locais, visto que uma certa hostilidade não ocorreria com um turista convencional que teria pagado por um pacote. Outro sentido de Pâmela que vai ao encontro das discussões de Falcão (2015) sobre ser mochileira tem relação com a valorização da escrita e a satisfação pela superação de algumas dificuldades. As dificuldades relatadas em seu diário de viagem representam motivo de orgulho a viajante. Ou seja, Pâmela escreve aos seus fãs sobre o prazer de encontrar à disposição algo que, geralmente, não tem disponibilidade pela modalidade de viagem que exerce. Assim, o sentido apresentado por Pâmela é que ela é uma viajante mochileira, deste modo, não tem sempre estes “prazeres” à disposição, por isso esta postagem se mostra como algo, possivelmente, inusitado a ser relatado em seu diário de viagem.

” No caso, o “souvenir” da viagem, segundo o relato de Pâmela, são os roxos do corpo. Esta postagem relata o trajeto das viajantes para Manaus como uma experiência satisfatória. O sentido de satisfação é aferido pelos enunciados: “Chegando lá, lindas, felizes e sorridentes, não deixando transparecer que estávamos com dor até na última vértebra, e eles resolveram nos levar até Manaus! ” ; “Paramos para tomar banho num rio na beira da estrada e foi MUITO BOM. Eles já estavam tão parceiros que amarraram até uma corda pra gente não ser arrastada pela correnteza.  :)”; “Kkkkkkkkkkk”.   Nestes enunciados, a viajante apresenta o sentido de sentir-se mais poderosa, ao pedalar e ser a condutora de sua mobilidade, do que quando pega carona, na estrada. Estes enunciados de Pâmela, em seu diário de viagem, estão em consonância a dimensão do conceito de empoderamento (UNIV.

DE VALÊNCIA, s/d)21 que consiste na “tomada de consciência do poder que, individual ou coletivamente, ostentam as mulheres e que tem a ver com a recuperação de sua própria dignidade como pessoas”. No enunciado, “. Agora sinto uma espécie de ‘vai lá!’ ‘caramba é uma mulher! ‘ ‘força você consegue!’. Diário de viagem como narrativa de memória Este tópico procura responder a pergunta: “Estas postagens das fanpages das viajantes podem ser consideradas narrativas de memória? Por quê?”. A fanpage da viajante Pâmela se constitui, em sua grande parte, por postagens que se caracterizam por ser do gênero discursivo diário de viagem, cuja intenção é relatar, cotidianamente, experiências de suas viagens e suas reflexões sobre o estilo de vida viajante.

Deste modo, nas postagens de Pâmela, e posteriormente das demais viajantes, a discussão é se estas experiências compartilhadas podem ser consideradas narrativas de memória. O diário de viagem, a seguir, foi postado em 21/04/2016, quando Pâmela se encontrava próxima da cidade de Maracaju (MS), voltando para casa de carona. Quadro 8 - Postagem de Pâmela – 21/04/2016 Nesta postagem, Pâmela relata uma situação em que ela teria se livrado de ser vítima de um acidente, quando um caminhão, a qual ela teria dispensado carona, tombou na estrada. A vida é tão frágil. Tão única. Tão rápida. Nem sei o que dizer.  Desculpem :/”. ”; “Vc precisa de tudo isso que está carregando?”; “Por que estás a realizar em alguns!!! desejos!!! (. ” A relação que Pâmela busca com seus fãs/seguidores é dialógica, mesmo que a responsividade destes, nos comentários, seja restrita aos próprios sentidos (temas) e interesses.

Isso quer dizer que a maior parte dos comentários que tratam de ciclismo é de homens e os de mulheres referem-se à condição de Pâmela como mulher ou preocupação com a sua pessoa. Os comentários, assim, demonstram a polifonia dos diferentes discursos, o que é demonstrado pela seletividade dos fãs ao comentarem a postagem. Segundo Monteiro e Barros (2010), o fã é aquele sujeito que admira as ações de uma pessoa que considera ídolo, procura estar informado sobre a vida dele, que acompanha seus passos, suas apresentações, aparições públicas, agenda e nutre um sentimento de identificação com o ídolo. São Paulo, SP, Brasil 19/03/2016 Bom Despacho, MG, Brasil (em casa) 31/03/2016 Manaus, AM, Brasil 08/04/2016 Santa Elena de Uairén , Bolívar , Venezuela 11/04/2016 Isla Margarita, Venezuela 16/04/2016 Juan Griego, Venezuela 18/04/2016 Choroní , Aragua, Venezuela 29/04/2016 Parque Nacional Morrocoy, Tucacas, Yaracuy , Venezuela.

Los Juanes, Chichiriviche, Venezuela 05/05/2016 Deserto de Medanos de Coro, Venezuela 08/05/2016 Santa Fé, Sucre, Venezuela. Parque Nacional Mochima, Guanta, Arizoátegui, Venezuela 02/06/2016 Araya, Venezuela 04/06/2016 Caracas, Venezuela 07/06/2016 San Rafael de Mucuchies, Venezuela 13/06/2016 Bom Despacho, MG, Brasil (planejando novo destino, Cuba) Quadro: 9 - Linha do tempo – Kívia Fonte: Elaborado pela autora Estas datas e locais foram aferidos por meio de leitura e levantamento de várias postagens, neste período. Destas postagens, algumas foram selecionadas, por seu conteúdo temático responderem ou problematizarem as perguntas de pesquisa. Também, foram selecionados alguns comentários destas postagens para discutir a formação de fãs na fanpage. A primeira postagem, dia 22 de janeiro, traz a afirmação de Kívia que ainda é raro mulheres darem carona e ainda mais raro encontrar mulheres que tenham pegado muitas caronas.

Em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, traz uma reflexão sobre o ser mulher que nos remete a Touraine. Ela diz: “. não é uma guerra contra os homens. Esta é uma guerra com os homens contra o machismo”. Ainda dentro deste tema, a postagem do dia 02 de abril traz a viajante defendendo, por meio de uma hashtag que viajar não é coisa de rico. A seguir, a discussão dos dados selecionados. Turista ou mochileira Segundo a linha de tempo das viagens de Kívia, a postagem abaixo foi realizada quando a viajante estava em Manaus (AM) e postou este diário de viagem. Nesta postagem, foram aferidas as categorias, por meio da análise do conteúdo temático e das escolhas lexicais, atitude mochileira e item encontrado em lugares visitados.

Esta postagem é realizada na passagem da viajante por Manaus (AM), antes da viagem que realizou pela Venezuela. Além disso, o sentido de Kívia se aproxima da discussão de Ferrara (1999) de que o viajante, nesta modalidade de viagem, é movido primeiramente por um sentimento de liberdade, vontade e desejo da busca ao “dessemelhante”. Este sentido se revela pelos caminhos que escolheu seguir, a fim de encontrar “uma das cascatas mais phodas do país [Venezuela]”.   Mediante estas analises e discussões, com base nas discussões de Falcão (2015) e Ferrara (1999), pode ser considerado o sentido de Kivia, evidente no seu discurso e materializado nos enunciados, de que se caracteriza como uma viajante de categoria “mochileira”. A discussão do relato do diário de viagem de Kívia, com base nos teóricos, vai ao encontro da seguinte construção de significação: Viajar não é privilégio de rico, mas uma atitude de quem busca diferentes experiências em lugares incríveis, movida pelo desejo de liberdade na busca de vivências diferentes.

Assim, esta significação, que parte do discurso de Kívia e materializado pelos enunciados, caminha na direção de considerar que ser um viajante do tipo mochileiro pode ser um estilo de vida, como conceituado por Falcão (2015). O sentido de Kívia vai ao encontro do conceito de empoderamento feminino (UNIV. DE VALÊNCIA, s/d) quanto à tomada de consciência do poder das mulheres, individual ou coletivamente, sobre as suas próprias decisões. Este movimento discursivo de Kivia consiste na compreensão, baseada em Touraine (2007), de que as mulheres são atrizes de suas próprias ações e que, para suprimir o discurso machista, é preciso reunificar as dicotomias quanto aos lugares impostos às mulheres como público e privado. Na postagem a seguir, Kívia está às vésperas de seu aniversário de 30 anos, na cidade de Los Juanes, Venezuela, em 01 de maio de 2016.

Em seu diário de viagem, a viajante realiza reflexões sobre os diferentes sentidos no discurso sobre o papel da mulher de trinta anos e suas escolhas. Diário de viagem como narrativa de memória O diário de viagem de Kívia é do dia 08/04/2016, quando a viajante estava em Santa Elena de Uairén, Venezuela. O relato a seguir é sobre as primeiras 30 horas de estadia de Kívia na Venezuela. Quadro 14 – Postagem de 08/04/2016 Este texto se organiza como uma narrativa de experiência, cuja estrutura apresenta um conjunto de ações nas quais se entrelaçam quem relata (Kívia), os agentes que participam dos fatos (ela, Hon, caminhoneiros na ida, indígenas, caminhoneiros e rapazes do caminhão de cerveja, na volta), onde (Santa Elena de Uairén e Cachoeira Jaspe, na Venezuela) e na data citada anteriormente.

As ações relatadas, como rastros de memória de Kívia, foram: inflação na Venezuela, evidenciada pela desvalorização do bolívar; quarto dividido com coreano que conheceu no dia anterior; carona, aguardada por mais de uma hora, com direito à mantinha no banco e pão molhado com canela; cachoeira no meio de aldeia indígena que estava quase seca; banho nos filetes de água que sobraram; paredão de rocha impressionante; soneca na pedra; na volta, carona no caminhão de cerveja, que foi oferecida e bebida por eles geladinha. Neste diário de viagem, Kívia compartilha, subjetivamente, as impressões sobre as primeiras horas, na segunda vez em que esteve na Venezuela, e os momentos felizes que passou na sua ida à Cachoeira Jaspe. Nos comentários dos homens, um deles é uma crítica à própria viajante, com uma responsabilização a ela pelo ocorrido, e o outro de admiração às ações dela.

Na polifonia dos comentários, os de Raquel e Danielle apresentam sentidos voltados à noção de empoderamento, conforme discutimos, de a mulher ser atriz e sujeito de suas vidas e contra as dicotomias impostas que se relacionam ao papel da mulher, por meio dos enunciados: “[. a culpa é dos que nos faltam com respeito! E não deixemos de viver a vida por causa deles. ”; “ Vc faz algo em tentar, de alguma forma, denunciá-lo, Melhor ainda, em manter-se firme em não aceitar um pré-julgamento [. De modo diferente, os comentários de Nair, Wanessa e Giselly validam e concordam com o que foi apresentado por Kívia, mas com sentidos voltados ao agradecimento ou preocupação sobre o ocorrido, sem uma réplica mais detalhada sobre o que foi relatado.

No início 2016, ela chegou a Valença, na Bahia. No quadro a seguir, há uma linha do tempo dos locais onde esteve no período de janeiro a junho de 2016. Ela fez um trajeto do Sudeste, passando pelo Nordeste e, depois, para o Norte do Brasil. Data Local 05/01/2016 Valença, BA, Brasil 07/01/2016 Morro de São Paulo, BA, Brasil 19/01/2016 Salvador, BA, Brasil 26/01/2016 Maceió, AL, Brasil 05/02/2016 Recife, PE, Brasil 12/02/2016 Olinda, PE, Brasil 17/02/2016 Ilha Carlito, AL, Brasil 19/02/2016 Maceió , AL, Brasil 23/03/2016 Caruaru, PE, Brasil 28/03/2016 Bonito, PE, Brasil 07/04/2016 Vicência, PE, Brasil 08/04/2016 Porto de Galinhas, PE, Brasil 12/04/2016 João Pessoa, PB, Brasil 15/04/2016 Cabedelo , PB, Brasil 20/042016 Brasília 06/05/2016 Manaus, AM, Brasil, até 15 de agosto, depois Porto Velho, RO, Brasil. Quadro: 15 - Linha do tempo – Dwanne Fonte: Elaborado pela autora Estas datas e locais foram aferidos por meio de leitura e levantamento de várias postagens, neste período.

Dwanne traz postagens que mostram e brincam com as paisagens das viagens, dizendo, por exemplo, que a pose é de turista, mas que precisou passar “perrengues” para estar em Porto de Galinhas no dia 8 de abril Ela volta a brincar sobre o tema no dia 16 de abril intitulando “Pra nois que ta na moda”. O texto de autoria não divulgada traz a afirmação que ela parece diva, mas come cuscuz. Também, ela conta fatos do seu dia a dia viajando, faz desabafos sentimentais, relembra o passado. Por fim, em 15 postagens, ela agradece pessoas que a hospedaram, deram carona, pagaram um passeio, os remédios que precisava para um problema no seu siso. A seguir, a discussão dos dados selecionados. Esta diferenciação relaciona-se com que Sontag (2003) vem discutir sobre o limite tênue entre a turista convencional e “mochileira”.

Segundo o autor, mesmo que os “mochileiros” sejam considerados mais “livres” do consumo, é possível, pela foto e postagem de Dwanne (em outras, inclusive), vê-la em locais conhecidos da moda. Deste modo, o sentido que a viajante Dwanne vem apresentar em seu discurso, materializado neste enunciado, é o de que o mochileiro pode visitar locais badalados e que a diferença é o modo alternativo de chegar e usufruir destas viagens, seja por autonomia, seja por baixos custos. Dwanne, ainda, estimula interações com seus fãs, por meio dos enunciados: “Ta super fácil me achar.  ”; “Quem já veio aqui? ”; “Quem quer curtir?”. Este sentido vai ao encontro da discussão de Falcão (2015), quando caracteriza esta categoria de turismo pela possibilidade de ir e vir, com liberdade para a mobilidade e sem fixação de tempo e de espaço, sendo os “mochileiros” “donos do próprio desejo”.

Também, segundo Falcão (2015) , e em consonância com o sentido de Dwanne, ser mochileiro está para além de questões econômicas, configurando-se como um estilo de vida, uma prática de ócio nas sociedades contemporâneas. Então, com base nas discussões teóricas de Ferrara (1999), Sontag (2003) e Falcão (2015) e nos sentidos de Dwanne sobre a modalidade de turismo que pratica, a viajante pratica a modalidade de turismo como “mochileira”, cuja a significação pode ser construída da seguinte forma: ser mochileiro pode ser um estilo de vida, por meio do qual os viajantes podem praticar o ócio, visitando lugares alternativos ou badalados, motivados pela liberdade de mobilidade e por serem donos do próprio desejo; também, a prática de relatar experiências de viagens pelos viajantes desta modalidade de turismo, em especial as dificuldades, seria uma forma de divulgar este estilo de vida e fomentar esperança, em meio a um mundo em crise.

Empoderamento e construção de si A viajante Dwanne realizou 33 postagens, cuja categoria aferida é o empoderamento, no período de janeiro a junho de 2016. A postagem, a seguir, foi realizada em 28 de março de 2016, quando Dwanne estava em Bonito (PE). Também, com base em Touraine (2007), Dwanne, quanto à violência física e psicológica contra as mulhesre, atua para não permitir ser vitimizada e se coloca como sujeito central que consolida suas funções sociais e históricas com vitalidade e força, para construir-se sem intimidação e reunificando as dicotomias. Diário de viagem como narrativa de memória O diário de viagem de Dwanne foi postado em 07 de janeiro de 2016, quando Dwanne esteve em Morro de São Paulo. Neste relato, a categoria aferida, por meio da análise do conteúdo temático, é a declaração de amor à viagem e tudo que estilo de vida proporciona.

Quadro 18 – Postagem em 07/01/2016 O diário de viagem de Dwanne trata do relato da realização de desejo de conhecer lugares sustentáveis. Neste caso, o lugar onde ela esteve foi uma pseudoecovila, um sítio de permacultura, de Morro de São Paulo na data citada. É direcionado às fãs mulheres, como evidenciado no destinatário da mensagem, “couchsurfing das minas”, e no assunto “Tá rolando a hashtag #maisamorentrenos, em que mulheres se propõe a ajudar outras mulheres”. Estas hashtags, na rede, possibilitam a organização de uma corrente de postagens, nas quais as pessoas vão relatando experiências, ou apresentando seus sentidos sobre o tem suscitado. Neste caso, a postagem apresenta oito coisas que Dwanne gostaria de fazer pelas fãs que a recebessem em sua cidade.

A postagem de Dwanne é dialógica, pois demonstra sua percepção de alteridade na relação dialética entre ela e suas interlocutoras e a posição de responsividade ativa assumida pelas fãs, todas mulheres, à corrente da viajante. A caracterização destas fãs vai ao encontro da conceituação de Monteiro e Barros (2010), visto que buscam estar informadas sobre a vida de Dwanne, acompanhando seus passos e nutrindo um sentimento de identificação com o ídolo. Huacachina, Peru 07/05/2016 Lima, Peru 08/05/2016 Huaraz, Peru 13/05/2016 Huanchaco, Peru 15/05/2016 Lima, Peru 28/05/2016 Tour pela Selva Amazônica peruana 01/06/2016 Bogotá, Colômbia 07/06/2016 Cartagena, Colômbia 11/06/2016 Santa Marta, Colômbia 15/06/2016 San Andres , Colômbia 23/06/2016 Providência, Colômbia 26/06/2016 Medelín, Colômbia 01/07/2016 San Antonio de Cali, Colômbia 07/07/2016 Volta para casa em Salvador, BA Quadro: 19 - Linha do tempo – Gabriela Fonte: Elaborado pela autora Estas datas e locais foram aferidos por meio de leitura e levantamento de várias postagens, neste período.

Destas postagens, algumas foram selecionadas, por seu conteúdo temático responderem ou problematizarem as perguntas de pesquisa. Também, foram selecionados alguns comentários destas postagens para discutir a formação de fãs na fanpage. De 1 de janeiro a 30 de junho de 2016, 409 postagens foram categorizadas na página da viajante Gabriela, com base na análise de seu conteúdo temático, trazendo 18 categorias, distribuídas da seguinte forma em ordem decrescente: divulgação de destinos (100), selfies (71), publipost (41), encontros pelo mundo (31), diário (28), interação com o público (25), dicas (24), mochileira (17), estética (13), postagens motivacionais (13), comidas (11), divulgação outras redes (11), fama (9), agradecimento (5), Tinder (3) , vida pessoal (3), divulgando outro viajante (3) e empoderamento feminino (1). Esclarecemos que em algumas postagens encaixaram-se em duas ou mais categorias, resultando um número maior do que o indicado pelo aplicativo Netvizz.

Quadro 20 – Postagem de 20/04/2016 Nesta postagem, a viajante Gabriela apresenta reflexões sobre os sentidos atribuídos por pessoas que não praticam esta modalidade de viagem sobre estilo de roupa, visual e hábitos de higiene, levantando as palavras mais usadas para caracterizar o “mochileiro”, como “hippie”, “roupa suja”, “roupa surrada”, “cabelo despenteado”. Para tanto, utiliza as escolhas lexicais “definição boba” para caracterizar este modo de caracterizar o “mochileiro” e questionar este discurso de preconceito. Também, para refutar este sentido sobre o viajante mochileiro, ela utiliza argumento de exemplificação, usando os enunciados: “Eu, por exemplo, não abro mão dos meus vestidinhos coloridos (se eu chegar na Colombia, adeus calça jeans! Haha ), da minha supernecessaire, dos meus 3 biquinis. ” A viajante Gabriela apresenta alguns sentidos sobre ser “mochileiro”, por meio dos enunciados: 1.

“mochileiro tem esse nome pq carrega uma mochila”; 2. Figura 8 – Postagem de 15/04/2016 Fonte: Print gerado pela autora – 17/09/2017 Nesta postagem, em seu diário de viagem, Gabriela apresenta sentido de situação inusitada a uma viajante mochileira, por meio dos enunciados: “To postando essa foto só pq fiquei a cara da riqueza! Hahaha Nas minhas mochiladas eu não tenho muitos momentos ‘toma aqui um roupão pra esquentar’”. O sentido de inusitado se dá pelas escolhas lexicais “cara da riqueza” que se apresenta como o oposto ao sentido que a viajante atribui ao papel da mochileira, O sentido apresentado por Gabriela, nesta postagem, tem relação com a discussão de Loker-Murphy e Pearce apud Oliveira (2005), que viajantes mochileiros viajam com pouco dinheiro e pouca bagagem. Então, com base nas discussões teóricas de Loker-Murphy e Pearce o apud Oliveira (2005), Figueiredo e Ruschmann (2004) e Aoqui (2005) e nos sentidos de Gabriela sobre a modalidade de turismo, a viajante pratica a modalidade de turismo como “mochileira”, cuja a significação pode ser construída da seguinte forma: O turista “mochileiro” se caracteriza pelo viajante levar mochila, com poucos pertences, hospedagem, meio de transportes e atividades alternativas; Pode ser uma modalidade econômica , o que não restringe pessoas abastadas aderirem ao estilo “mochileiro” de viagem; o conceito de “mochileiro” tem se ampliado e , atualmente, há uma linha tênue entre a definição de “turista tradicional” e “mochileiro”, do ponto de vista mercadológico, visto que lêem as mesmas publicações, visitam os mesmo lugares e freqüentam os mesmos meios de hospedagem.

Empoderamento e construção de si A viajante Gabriela não tem muitas postagens em que dialogue com fãs sobre empoderamento feminino. A postagem, em seu diário de viagem, a seguir foi realizada em 20/04/2016, quando ela estava no Atacama, Chile. Quadro 21 - Postagem de 07/02/2016 Este diário de viagem foi postado um pouco mais de um mês antes do retorno de Gabriela ao Brasil. Nele, Gabriela realiza uma retrospectiva dos lugares por quais passou e o trabalho no navio de cruzeiro. Este texto se organiza como um relato, porque se organiza como uma narrativa de experiência, cuja estrutura apresenta um conjunto de ações no qual se entrelaçam quem relata (Gabriela), os agentes que participam dos fatos (ela, os turistas, os colegas de navio, a mãe), onde (vários locais, onde o navio aportou) e quando (por cinco meses).

As ações relatadas, como rastros de memória de Gabriela são: ações passadas, como estadia em diversos países e continentes; ações no presente, como quantidades de horas trabalhadas no mar e em terra, atendimento aos turistas e nova colega de quarto, comprar lembranças aos “mais chegados”, postar fotos e relatos nas redes sociais e realizar passeio nos locais aportados; ações futuras, mais um mês no navio, estadias em São Paulo, Foz de Iguaçu e Rio de Janeiro, A subjetividade do relato em seu diário de viagem é aferida pelo uso de primeira pessoa, modalizações apreciativas, por meio de escolhas lexicais de adjetivos, advérbios interjeições e frases exclamativas, como nos enunciados: “Hahaha Que saudade da Bahia! E do Rio, e de Sampa.

Hahaha”; “Nesses 5 meses eu vivi taaaanta coisa!”; “Nem todo dia é tranquilo e muito menos bom, mas pra mim, é um dia a menos e amanha sempre pode ser diferente, tanto pior quanto melhor”. Além disso, o criação de novo produto é a indicação de viagem ao local que é replicada com a marcação de pessoas nos comentários, como fizeram Ângela e Carine. Na relação de Gabriela e seus fãs a força que impulsiona o diálogo é a centrípeda, porque há um movimento de acordo sobre o que é relatado e os interesses que procuram, visto que não há conflito de sentidos apresentados, aparentemente, nem de interesses. A seguir, as considerações finais deste trabalho. Considerações Finais A análise de discurso, com base na fundamentação teórica, possibilitou a aferir resultados preliminares que serão apresentados na sequência.

Um dos objetivos específicos desta investigação foi problematizar os conceitos “mochileira” e “turista” para as novas modalidades de viagem. Outro objetivo específico buscado nesta investigação foi o de tentar reconhecer uma posição de empoderamento feminino e conhecimento de si nas fanpages das quatro viajantes ou não, por meio da análise do discurso. Este objetivo específico se deve à necessidade de pensar as viajantes como sujeitos sociais, constituídos nas relações sócio-históricas e culturais. Deste modo, pensar nas viajantes, em sua condição de mulheres, também por diversos casos de julgamento e violência de viajantes desacompanhadas de homens, foram analisadas as postagens que traziam empoderamento como categoria do conteúdo temático dos diários de viagem. O resultado preliminar da análise dos sentidos (temas) dos enunciados foi que as viajantes buscam assumir o papel social de mulheres- atrizes de suas vidas, pois, por meio das suas palavras e das suas ações, atuam, mesmo que de forma não explícita, na supressão da dominação masculina.

Este movimento ocorre na tensão discursiva de forças centrífugas e centrípedas, com a eliminação de dicotomias e reunificação da vida social, como nas relações entre público/privado, sozinha/acompanhada de um homem, solteira/casada, entre outras. Na rede surgem, a cada dia, cada vez mais maneiras de monitorar, classificar, tipificar e mensurar essas interações. Assim, há ônus e bônus correlatos: o rastro contemporâneo da memória social nos traz o paradoxo quanto à sua durabilidade, à sua perenidade e à preservação da individualidade dos usuários, sejam eles produtores de fanpages ou seus seguidores. Por outro lado, temos acesso a informações instantaneamente, sem intermediações ou pagamentos formais. Também nos perguntamos: qual o valor agregado ou despendido nas interações? Qual memória será esquecida ou preservada? A busca por estas respostas nos parece ainda um desafio, uma vez que estamos tratando de um fenômeno recente, no qual todos que se conectam na rede saem afetados pelas narrativas que ali encontram, mesmo quando não estão procurando por elas.

Por fim, é importante ressaltarmos que a estreita interação entre o real e o virtual, a simultaneidade entre a produção dos relatos, seu consumo e o evento acontecido, bem como o fomento ao universo colaborativo, são algumas das características que o Facebook modela. Outro aspecto importante para citarmos é que o vínculo econômico entre as viajantes e seus seguidores não é o financeiro, mas sim a produção de bens, serviços e sua circulação. Viajantes e seguidores se influenciam mutuamente: enquanto os fãs das páginas buscam relatos emocionantes, ideias e dicas para cumprirem sua meta de felicidade, seus desejos de viagem, as criadoras das fanpages necessitam viabilizar a produção de suas memórias enquanto viajam para levantar fundos ou outro tipo de auxílio.

Elas também precisam responder aos questionamentos constantes dos leitores quanto às diversas questões relacionadas a um mochilão. Referências Bibliográficas AMORIM, M. O pesquisador e seu outro: Bakhtin nas ciências humanas. São Paulo: Martins Fontes, 1997. O discurso no Romance. In: Bakhtin, M. Questões de Literatura e de Estética: a teoria do romance. São Paulo: UNESP/ HUCITEC, 1998. Org. Bakhtin: Outros Conceitos chave. São Paulo: Contexto, 2006, p. PCN’s Gênero e Ensino de Língua: faces discursivas da textualidade. In: ROJO, R. Disponível em: <www. dadosefatos. turism. gv. br/sondagens-conjunturais/sondagem-d-consumidor> Acesso 31 jan. jul 2008. CAMINHA, Pero Vaz de. CARTA. IN: Castro, S. A Carta de Pero Vaz de Caminha. Belo Horizonte: UFMG/Faculdade deFilosofia e Ciências Humanas, 2013. DOLZ, J. NOVERRAZ,M.

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