Juventude, criminalidade

Tipo de documento:Discurso

Área de estudo:Psicologia

Documento 1

Segundo o jornal O Globo, em 2012 houve um aumento de 14,3%, em relação a 2011, no número de apreensões de crianças e adolescentes por crimes como vandalismo, desacato, tráfico, lesão corporal, furto, roubo e homicídio. Número preocupante quando comparado a taxa de apreensão de adultos durante o mesmo período: 5,8%. No subtítulo da notícia o jornalista choca: para cada adulto preso, mais de dois menores são apreendidos. Soares (2005) esclarece que o tráfico de armas e drogas é uma crescente dinâmica social nas grandes cidades brasileiras. Hoje, a violência social revela um fenômeno contemporâneo de grande proporção e os jovens em conflito com a lei são vistos como os principais protagonistas desta problemática (BOCCA, 2009). Afetos também são decantados como o que confere cor e sabor às experiências e como o cenário dos dramas existenciais propriamente humanos, em que se embatem sentimentos sórdidos e sublimes no percurso do desenvolvimento ontogenético (WORTMEYER et al.

Vygotsky destaca que, se os processos afetivos estão conectados a outras funções psicológicas e ao desenvolvimento da consciência como um todo, o lugar social que a criança ocupa no contexto das suas relações, suas experiências culturais e interações sociais constituem fatores indispensáveis para se compreender a dinâmica e o desenvolvimento desses processos, entre os quais se destacam a personalidade e a linguagem, que constitui uma conquista do sujeito: maior controle sobre si mesmo, sobre sua própria conduta (GOMES, 2013). Vygotsky entende que as mudanças devidas à idade podem produzir-se de modo violento, crítico, mas também gradual e lentamente. As relações com outras pessoas são o principal fundamento ontológico do desenvolvimento, sendo que as crises, quando emergem, são fenômenos que envolvem a personalidade em seu todo (TOASSA, 2009).

O comportamento dos “menores marginalizados” foi pensado como parte da doutrina intrínseca de um posicionamento diante do sistema sociopolítico e econômico de que participam, uma forma de adaptação aos valores sociais dominantes e de desenvolvimento de “estratégias de sobrevivência” (MALVASI, 2011). Esta invisibilidade é precoce, em casa, pela experiência da rejeição, e se agrava sob o acúmulo de manifestações sucessivas de abandono, desprezo e indiferença, culminando na estigmatização (SOARES, 2005). Enquanto a pobreza é um desdobramento das relações históricas e estruturais de oposição entre os interesses de classes, portanto, um fenômeno econômico que se configura na questão social derivada das relações capital x trabalho, a “exclusão social” se caracteriza por um conjunto de fenômenos que se configuram no campo alargado das relações sociais contemporâneas: o desemprego estrutural, a precarização do trabalho, a desqualificação social, a desagregação identitária, a desumanização do outro, a anulação da alteridade, a população de rua, a fome, a violência, a falta de acesso a bens e serviços, à segurança, à justiça e à cidadania, entre outras (LOPES, 2006).

Lopes (2006), afirma que a importância do debate brasileiro acerca dos processos de exclusão hoje em voga é exposta quando considerado que, se as condições que configuram a pobreza confirmam a dimensão de sujeito do pobre na razão do controle de sua participação na economia, na “exclusão social”, mais que controlar ou negar o acesso ao trabalho ou ao consumo, controla e nega-se a própria condição de “sujeiticidade (o que faz o ser humano ser sujeito) do indivíduo”. Os jovens envolvidos com tráfico de drogas constituem-se na tensão com esta realidade objetiva (FEFFERMANN, 2007). A vulnerabilidade destes jovens está relacionada a idade, por terem sido aviltados em seus direitos, e sofrer efeitos desta violência, ou ainda, por não ter opção de trabalho no mercado legal.

Ao fazê-lo, saltará da sombra em que desaparecera e se tornará visível. A arma será o passaporte para a visibilidade. SOARES, 2005, p. Barros e Aranha (2010), citam um trecho de "Juventudes, Subjetivações e Violências" que diz que numa perspectiva transformadora, as políticas para a infância e a juventude devem sair do marco imposto: vitimização/criminalização; voluntariado/encarceramento e o famigerado binômio prevenção/repressão. Romper com a internalização subjetiva da cultura punitiva é dar um passo adiante, mas o fundamental é olhar à frente, tendo em vista a incorporação da potência juvenil como protagonista da construção de uma outra história. OLIVEIRA, Maruza B. Os Adolescentes Infratores do Rio de Janeiro e as Instituições que os “Ressocializam”. A Perpetuação do Descaso.

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, ano 15, n. Ciênc. Saúde UNIPAR, Umuarama, ano 13, n. maio/ago. FEFFERMANN, Marisa. A Rota do Tráfico de Drogas: Os Trabalhadores Ilegais e Invisíveis/Visíveis. Exclusão Social" e Controle Social: Estratégias Contemporâneas de Redução da Sujeiticidade. Psicologia & Sociedade; ano 18, n. mai. ago. MALVASI, Paulo Artur. com. br/sociedade/atlas-da-violencia-2017-negros-e-jovens-sao-as-maiores-vitimas>. Acesso em 04 Nov. OLIVEIRA, Rafael. A Redução da Maioridade Penal. URIBE, Gustavo. Cresce Participação de Crianças e Adolescentes em Crimes. Disponível em: <https://oglobo. globo. com/brasil/cresce-participacao-de-criancas-adolescentes-em-crimes-8234349>.

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