HISTÓRIA DA PSICOLOGIA: RUMOS E PERCURSOS

Tipo de documento:Resumo

Área de estudo:Psicologia

Documento 1

Há a corrente internalista que limita a psicologia ao estudo das mudanças metodológicas, conceituais e intelectuais; há também o pensamento externalista vinculando esta ciência a questões sociais, políticas e culturais. O autor argumenta que ambos os fatores compõem o objeto diante do qual a psicologia se debruça. Sempre com uma didática esclarecedora e livre de prolixidade, este texto explana que se por um lado as pesquisas da psicologia visam o debate conceitual e metodológico da academia, por outro apresenta em sua essência a necessidade de entender a forma como os interesses e as práticas sociais orientam o saber cientifico. A subjetividade é a experiência baseada no “eu”, o autor demonstra as ocorrências desta vivência nos períodos históricos.

Partindo do pensamento de Foucault, onde a história das técnicas de si busca compreender as relações dos indivíduos consigo mesmos, Ferreira expõe as diferentes visões desde a idade antiga. Ferreira narra a oposição filosófica que nasce a partir de Descartes, enquanto o racionalismo cartesiano acreditava que o conhecimento advém do espírito, sendo a relação entre espírito e corpo a fonte das paixões que nos conduzem aos erros, o empirismo de Locke, Hume e Berkeley argumentava que todo conhecimento se origina na experiência. O filósofo alemão Kant resolve esta questão, defendendo que as experiências sem um fator a priori são vazias, não formam conhecimento, e a razão sem a vivência se torna desgovernada, sem sentido.

Ou seja, a experiência e a razão se complementam, necessitam uma da outra. Os estudos psicológicos, propriamente ditos, aparecem no século XIX com base na fisiologia e tendo como objeto as sensações. Este objeto substitui o “sujeito transcendental” da filosofia kantiana, assim, a psicologia surge como ciência, analisando as sensações e as experiências. Ferreira demonstra a história do conceito de individuo que surge na idade média, na busca de um Deus interior, se torna um indivíduo submisso ao poder do estado na modernidade, e com os avanços tecnológicos e sociais se transforma em sujeito como cada indivíduo é fonte de poder. O texto faz um histórico da infância, que começa a ser analisada a partir do período medieval, quando se diminui a mortalidade infantil e aparecem os padres que passam a educar em condições precárias; na modernidade, este fator evolui, surgem os pensamentos pedagógicos como o de Rousseau, as crianças são separadas por idade; em um movimento seguinte, aparece a escola seriada, evolutiva e com pedagogia própria, pois pensadores como Dewey escrevem sobre a forma de se educar.

Outro aspecto tratado no presente capítulo é a loucura, começando a ser analisado do renascimento em diante. O enclausuramento destas pessoas se inicia de forma punitiva, eram retiradas da sociedade juntamente com aqueles que não se enquadravam no padrão social. Em um segundo momento, o louco passa a ser visto como doente e é internado para tratamento. Outros pensamentos argumentam que há na concepção humana uma ideia inata, e este conhecimento inicial também deveriam compor o aparato estudado por este campo de pesquisa. O termo psicologia surge ainda na antiguidade, estando presente na filosofia aristotélica que designava o estudo dos seres que tem alma, ou seja, a análise dos seres vivos, posto que para Aristóteles os vegetais possuíam alma vegetativa, os animais possuíam alma vegetativa e sensitiva, e os humanos tinham alma vegetativa, sensitiva e racional, ou seja todos os seres vivos eram dotados de alma.

Também como uma disciplina introdutória às ciências, o novo ramo de pesquisa encontra sustentação no raciocínio escolástico caracterizado pela sistematização dedutiva, pelo formalismo lógico e pela rigorosidade conceitual referente à controvérsia filosófica, doutrinal e religiosa. Superada a visão aristotélica, há a compreensão de que o objeto da psicologia é a alma, suas influências no ser humano e o comportamento do homem. O texto expõe as discussões filosóficas que envolveram a questão da alma e do surgimento da psicologia enquanto ciência. Observa-se que a didática utilizada, neste referido capítulo, propicia a imediata identificação histórica e territorial dos acontecimentos relatados; sendo relevante também mencionar que a linguagem simples, porém criteriosa e culta, torna este texto de fácil compreensão, sem desrespeitar o rigor da pesquisa e da redação acadêmica.

Os conflitos metodológicos e filosóficos que marcam os períodos históricos demonstram uma diversidade de contribuições que a psicologia oferece às demais ciências mesmo antes de seu nascimento como o entendimento da alma, do comportamento e dos valores humanos. O texto traz em sua parte final um descritivo dos diversos debates que envolveram a questão da dicotomia entre alma e corpo. Demonstrando que esta discussão abordou também a relação entre religião e ciência, o autor cita vários pensadores como Foucault e Leibniz que argumentaram sobre este tema. Vidal expõe as diversas visões filosóficas, religiosas e científicas para traçar um histórico sobre a questão que envolve o objeto de estudo da psicologia desde a sua fundação e sobre o entendimento da composição humana.

A fim de comprovar que os índios possuíam alma e poderiam ser catequizados, os religiosos descrevem características e ações do povo indígena que demonstram a existência da capacidade de pensar, de agir como uma evidência de haver uma alma coordenando aquele corpo. A autora descreve a criação das escolas jesuítas e as ideias que servem de alicerce para esta educação. Partindo do princípio empírico de que o homem nasce como uma tabula rasa, vazia de conhecimentos, e são as vivências que direcionam e formam a personalidade do indivíduo, estes religiosos assumem a educação das crianças indígenas a fim de catequiza-las e evangelizar. Massimi relata que a ausência de universidade no Brasil imposta pela metrópole portuguesa impõe duas alternativas aos jovens brasileiros: viajar para estudar em universidades no exterior normalmente Coimbra, Paris e outras; ou ser autodidata.

A primeira alternativa foi escolhida por alguns jovens que possuíam famílias abastadas, porém estudantes se tornaram intelectuais sendo autodidatas e conhecendo a realidade nacional. Desta forma, criou-se a psicofísica respondendo aos vetos Kantianos e servindo como um sonho para os psicólogos se considerarem efetivamente pesquisadores das sensações e dos estímulos humanos. O autor deixa a questão se estas teorias realmente respondem aos vetos do filósofo alemão, porém descreve os avanços que as mesmas proporcionaram para esta área do conhecimento.

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