Formação do Estado de Israel e o papel da onu

Tipo de documento:Monografia

Área de estudo:História

Documento 1

Com apoio do(a) Prof(a). Dr(a)/Me(a) ______________________________________. São Paulo 2020 2 FICHA CATALOGRÁFICA Para elaboração da ficha catalográfica acesse o site da Instituição: Serviços – Biblioteca – Ficha catalográfica. FICHA DE AVALIAÇÃO NOME DO ALUNO TÍTULO DO TRABALHO Aprovado em: __/__/__ BANCA EXAMINADORA _____________________ __/__/___ Prof. Nome do Professor Universidade Paulista – UNIP _____________________ __/__/___ Prof. In this study, we will also reflect on the influence of Jewish exile in the current conflicts over Arab-Palestinian territory, which is a fundamental part of the history of this people, and religiously a 5 reason to care so much about Israeli territory, since for Jews these diasporas they are part of a divine reconstruction plan, even if there are controversies about this reason. Theodor Herzl was the founder of the Zionist movement, a nationalist idea that drove this decision to create an independent state for Jews in Palestinian territory, which preached about the existence of a biblical city called Canaan, the then territory of Israel.

Idea refuted by many anti-Semitists, Arabs, and other countries affected by the decision. This conflict continues today and has divided opinions for decades in countries around the world. The Charter of the United Nations and the Pact of the Society of Nations and the agreement of the Arab-Palestinian people with the countries of the Entente after the First World War that would guarantee Palestinian independence were broken in the creation of the State of Israel, which flourished numerous revolts in the Middle East, already hurt by the exaggerated influence of Western governments. br/teses/disponiveis/8/8131/tde-24052002-163759/publico/ TeseAuraGomes. pdf 2. unicamp. br/jspui/bitstream/REPOSIP/349739/1/Weiss_Barb araOdebrecht_D. pdf 3. wdl. org/pt/item/9204/​ ​LIVRO 8. conexaoisrael. org/120-anos-atras-o-primeiro-congresso-sionista/ 2017-08-29/joao 9. scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002007000 300005#back4 13. ​The Concept of Diaspora in Biblical Literature https://www.

teses. usp. br/teses/disponiveis/8/8131/tde-24052002-163759/pu blico/TeseAuraGomes. M 16. HERCENBERG, B. D. O exílio e o poder de Israel e do mundo. São Paulo: Paz e Terra, 1996. anpocs. com/images/stories/RBCS/27/rbcs27_05. pdf 20. Ver Balfour Declaration, 2 nov. Disponível em:. Acesso em: 21 de julho de 2014. PAPPÉ, Ilan (Ed. Nova Iorque: Routledge, 1999, p. Charter of the United Nations, 10 de dez. Disponível em: https://www. org/UNISPAL. NSF/0/07175DE9FA2DE563852568D3006 E10F3>. Acesso em: 28 de nov de 2020. General progress report and supplementary report of the United Nations Conciliation Commission for Palestine, 23 out. Disponível em: <https://unispal. Dentro deste cenário, o mundo conheceu o primeiro movimento nacionalista, o sionismo, ideia que move discussões desde 1882 acerca do pertencimento do território árabe, disputado pela Palestina (árabe) e Israel (judeu).

Passou-se a conhecer também conceitos como o antissemitismo, que de acordo com Aliança Internacional de Recordação do Holocausto é “fazer alegações mentirosas, desumanizantes, demonizadoras ou estereotipadas sobre os judeus em si ou o poder dos judeus como grupo” e também é "culpar os judeus por as ‘coisas darem errado’”. CONTINUAR: ONU E CONTEMPORANEIDADES* 10 2 - Exílios e diásporas Segundo Carl Evans em seu estudo ​The Concept of Diaspora in Biblical Literature​, a deportação dos judeus para território babilônico no século VI a. C conceituou a primeira diáspora judaica (EVANS, 2008: 1). Essa dispersão social no entanto, não foi efetiva no que diz respeito a cortar laços de origem, nem sequer enfraquecer suas ligações religiosas. Com efeito, o espaço físico alemão era alvo de constantes invasões e perseguições.

As primeiras referências que temos relativamente aos povos que habitavam o solo alemão datam de 44 a. C. e falam de um povo guerreiro a quem Júlio César e o seu historiador Tácito deram o nome de Germanos. Estes eram uma fusão de Godos, Vândalos e Bardos. SOUSA, M. Ainda de acordo com a autora, no final do século XI haviam muitas judiarias na Alemanha, e a partir do século XIV, após os terceiro e quarto concílios (1179 e 1215), os judeus passam a se esconder novamente, construindo muros e portões em suas judiarias. Segundo Topel, M. essas idas e vindas ficaram conhecidas pela expressão “conquista-expulsão-retorno”, e essa cultura diaspórica também tinha embasamento bíblico, o que convencia ainda mais o povo judeu de que a Palestina era seu territóio.

A própria Bíblia é uma longa história de abandono da terra-mãe. Fora isso, qualquer teoria não ecoaria nos mais diversos lugares onde encontravam-se o povo judeu naquela época, já que durante o período de perseguição na Europa Ocidental, foi intensa a imigração de judeus para os mais diversos países. “A influência do exílio na história israelita é muito forte e o aprendizado que ele deixa, difícil. Além do mais, o passado exílico de Israel exerce uma vigilância constante sobre seu futuro 13 relacionando inextricavelmente o passado mítico e o futuro messiânico. ” (Hercenberg, 1996). A DISPERSÃO E A PRIMEIRA LEVA DE JUDEUS À PALESTINA A imigração orientada de judeus europeus em direção à Palestina Otomana data de 1882 (alguns historiadores se referem a 1881).

Pinsky - Do Sionismo, em A Palestina e o Sionismo, p. Todavia, mesmo que a maioria dos judeus tenham imigrado para a Palestina em 1882, sempre existiram judeus naquele território, como diz Mucznik, Esther. “Assim na época em que o sionismo político envia para a Palestina as primeiras vagas de imigração, já lá existem, nunca deixaram de existir, comunidades judaicas nas quatro “cidades santas”: Jerusalém, Tiberíades, Safed, Hébron, testemunhas da continuidade da presença judaica na Palestina. No entanto, dois mil anos de vida comunitária intensa e de fervor religioso, de perseguições e de esperança de Retorno, de presença física na Palestina e de vagas de entusiasmo messiânico foram impotentes para transformar a aspiração em vontade política e a oração em realidade.

” (Mucznik, Esther. A imagem dos judeus como os "fora de lugar" foi além da questão das fronteiras nacionais e forneceu a chave para as percepções, então correntes, a respeito do lugar social dos judeus nas sociedades européias, inclusive entre as novas elites judaicas secularizadas. IMAGO, 1997) Em 1882, Leo Pinsker, um médico judeu de Odessa e precursor do sionismo, inspirou-se em Bauman para pictorizar um sentimento que então daria início a um movimento contra o antissemitismo: "para os vivos o judeu é um morto; para os nativos, um estranho e vagabundo; para os pobres e explorados, um milionário; para os patriotas, alguém sem pátria; para todas as classes, um concorrente odioso" Apud Bauman, op. cit. p. O antissemitismo europeu foi então produto de uma luta contra a ambivalência que os judeus representavam, que já entraram na modernidade carregando consigo a marca do "eterno judeu", construída pelo cristianismo com o intento de incluir porém segregar, ou seja, classificar o judaísmo como tolerável, mas somente ás vezes (PINSKER, L.

No Império Habsburgo, o kaiser José II promoveu, na década de 1780, um processo de normalização da situação do judeu, que tinha em vista transformá-lo em um súdito normal, passível de todos os deveres - e direitos - de um súdito do império. Aqui a emancipação foi vista como um passo necessário para o fortalecimento do Estado e do poder do monarca; mesmo assim, 17 pesadas restrições ainda atingiam os judeus. WAIZBORT, L, Ainda segundo o autor, mesmo que a Revolução Francesa tivesse estabelecido na França a igualdade de direitos, os judeus alemães ainda eram fortemente discriminados. Na Alemanha, os judeus só conseguiram igualdade de direitos com a conquista de Napoleão, que levou os ensinamentos da Revolução fronteira a fora.

E, assim os judeus conseguiam, por fim, mais evidente nas regiões próximas da França, uma emancipação mais latente. O 18 judeu não pode esquecer que o pão de cada dia dos direitos civis deve ser dado a ele. PINSKER. L. p. tradução minha) Em contrapartida, o sentimento antissemitista intensificava-se na medida em que os judeus, motivados pelo processo de emancipação, conquistaram mais direitos, no final do século XVIII, o que culminaria então nos grandes conflitos e demais acontecimentos drásticos nos séculos XIX e XX. Foi lá que formou-se em direito e mudou-se para Paris, quando tornou-se sionista. “E foi justamente em sua temporada em Paris que Herlz se tornou Sionista” (Gelvin, James L. O judeu acreditava piamente que a criação do Estado de Israel solucionaria o problema dos sucessivos exílios e massacres ao seu povo, e também que sua negação somente fortaleceria o desaparecimento dessa população.

“Patrocinem nosso esforço para que suas mãos não se manchem de sangue quando houver uma eclosão bárbara de ódio aos judeus”, dizia Herzl aos governantes, dentre eles o Kaiser alemão e o Sultão turco. Faingold, Reuven. op. cit. p. A partir de então, Herzl passou a construir uma rede de apoiadores, tentando contato até mesmo com declarados antissemitas, como foi o caso do von Plehve, grande líder de várias pogroms, e do ministro Witte. Além desses, o judeu conversou com o Papa, outros líderes influentes e com o então Secretário das Colônias Britânicas Em 1901, para centralizar as arrecadações de compra de terras do povo judeu, o Fundo Judaico foi criado, onde também ficou definido que a posse das terras seriam integralmente pertencentes aos judeus.

Mapa 1. ​ Palestina sob o Império Otomano (1517-1918). Fonte: Atlas of the Arab-Israeli Conflict, 7th edition - Sir Martin Gilbert apud SILVA, 2012, p. Para controlar uma população tão diversa, os Otomanos, além de uma consistente liderança e um exército massivo, desenvolveram um sistema administrativo flexível, conhecido por ​millet​, o qual contribuiu para a grande duração de seu Império. Sob este sistema, comunidades minoritárias étnico-religiosas adquiriram significativa autonomia local, o que lhes permitiu aplicar, em determinada medida, as suas próprias leis e coletar os seus próprios 22 tributos. O Império via-se, então, já no início do século XX, fragilizado, dependente e à mercê da ingerência europeia. Foi neste contexto que, ao iniciar a Primeira Guerra Mundial, em junho de 1914, os Otomanos decidiram apoiar as “Potências Centrais” – Áustria-Hungria, Alemanha e Itália – contra os “Aliados” – 23 Grã-Bretanha, França e Rússia -, os quais possuíam profundo interesse pela região do Oriente Médio.

O que veremos mais pra frente nesse estudo. Algumas lideranças árabes, como Sharif Hussein Bin Ali, o então emir de Mecca, aproveitaram para se rebelar contra o Império Otomano, passando a apoiar os Aliados na guerra. Essa atitude mostrava claramente a intenção destas lideranças de fundar, com a possível derrota dos Otomanos, um Estado árabe independente que compreendesse a península arábica, a “Grande Síria” (Líbano e Palestina) e as províncias do Iraque. cit. p. Depois que a guerra estourou no verão de 1914, os Aliados - Grã-Bretanha, França e Rússia - mantiveram muitas discussões sobre o futuro do Império Otomano, agora lutando ao lado da Alemanha e das Potências Centrais, e sua vasta extensão de território em o Oriente Médio, a Arábia e o centro-sul da Europa.

Em março de 1915, a Grã-Bretanha assinou um acordo secreto com a Rússia, cujos projetos sobre o território do império levaram os turcos a unir forças com a Alemanha e a Áustria-Hungria em 1914. Pelos seus termos, a Rússia anexaria a capital otomana de Constantinopla e manteria o controle de os Dardanelos (o estreito de importância crucial que conecta o Mar Negro ao Mediterrâneo) e a península de Gallipoli, o alvo de uma grande invasão militar Aliada iniciada em abril de 1915. Tudo isso é ilustrado no mapa: Mapa 1 ​- Acordo Sykes-Picot 26 Fonte: ​Encyclopædia Britannica, Inc. Entretanto, essa decisão não agradou a todos, como bem explícito por Lloyd George, em ​Memoirs of the Peace Conference​, Volume II. Assim, o país seria dividido em seções.

Não haveria mais Palestina. Canaã deveria ser desenhada e segregada. Por conseguinte o Império foi dissolvido e seus territórios foram divididos entre os Aliados, depois de 400 anos de sultanato, e foi em 1919 na Conferência da Paz de Paris, que novas fronteiras para o Oriente Médio foram designadas. Logo depois, com a criação da Liga das Nações, criou-se um sistema chamado Mandato, onde os países vencedores seriam responsáveis pelos seus territórios até que esses tivessem a capacidade de ser independentes. Para maiores detalhes sobre o Sistema de Mandato, ver artigo 22 da Covenant of the League of Nations, 19 abr. Disponível em:. Acesso em: 21 de julho de 2014. In: ABU-LUGHOD, Ibrahim (Ed. The transformation of Palestine: essays on the origin and development of the Arab Israeli Conflict​.

Evanston: Northwestern University Press, 1971, pp. Depois da Primeira Guerra Mundial, muitos países árabes foram conquistando suas independências, exceto a comunidade palestina. Silva (2012) afirma, nesse tocante, que quatro motivos levaram a esse desfecho: o primeiro seria o imperialismo das potências estrangeiras, mormente, da Grã-Bretanha, que dominaram a região no século XX e detonaram os direitos nacionais palestinos. Eram pequenas, contudo, as expectativas de que tal plano resultasse em uma designação justa e definitiva das fronteiras entre as duas entidades políticas, porque a população árabe era visualmente muito maior que a população judaica. Enquanto, aproximadamente, 1,250 judeus haveriam de residir no proposto Estado palestino, mais de 250 mil árabes, se tornariam residentes do Estado judaico (Ver, para maiores detalhes, ROYAL COMMISSION. Summary of the Report, 30 nov.

Disponível em:. Acesso em: 14 de junho de 2014. NSF/0/2FCA2C68106F11AB05256BCF007BF3CB>. Acesso em: 25 de nov. de 2020. Fonte: Palestinian Academic Society for the Study of International Affairs (PASSIA). Em virtude dos fatos mencionados quais inviabilizavam a criação de um Estado de maioria judaica na Palestina, a Comissão Peel Sugeriu em seu relatório, intercâmbio populacional e territorial entre as futuras comunidades para que se adaptassem, desta forma, às normas da partilha, assim escrito no relatório: “se [. Aqui, novamente, sugere-se que o povo britânico estaria disposto a ajudar a chegar a um acordo; e se um acordo puder ser feito para a transferência, voluntária ou não, de terra e população, o Parlamento deve ser solicitado a fazer uma subvenção para cobrir o custo do referido esquema (ROYAL, 1937, p.

O acordo da Comissão Peel, todavia, não prosseguiu. Outra comissão nomeada Woodhead tomaria posto e desfaria esses planos, constatando que não importasse os esforços feitos, o proposto Estado judeu possuiria uma população árabe de, no mínimo, 49%; um dos comissários até mesmo afirmou que uma partilha seria impossível (ABUNIMAH, 2006). Sem consenso entre os comissários, o plano de partilha foi, assim, por um grande tampo deixado de lado. Os embates entre palestinos e judeus, tornaram-se frequentes e cada vez mais intensos, e os ataques a cidadãos britânicos cometidos por 32 organizações judaicas também. Suas ações também não foram suficientes para impedir a criação de uma Comissão Especial das Nações Unidas para a 33 Palestina (UNSCOP, na sigla em inglês), composta por representantes de onze Estados membros (Austrália, Canadá, Checoslováquia, Guatemala, Holanda, Índia, Irã, Iugoslávia, Peru, Suécia e Uruguai), cujos atributos consistiam em investigar “todas as questões relevantes para o problema da Palestina e para recomendar soluções a serem consideradas pela Assembleia Geral em sua sessão ordinária em setembro de 1947” (UNITED NATIONS, 2008, p.

tradução minha). Os trabalhos de investigação dos membros da UNSCOP duraram pouco mais de dois meses e incluíram visitas a Palestina, a países árabes vizinhos e a acampamentos de refugiados judeus na Áustria e na Alemanha. Enquanto as organizações judaicas colaboraram com a Comissão em suas deliberações, os integrantes do Alto Comitê Árabe decidiram boicotá-la em protesto pela recusa da maioria dos países membros da ONU em discutir a independência da região e em separar as questões – distintas, a seu ver – da Palestina e dos judeus na Europa. Para as lideranças árabes, o direito “natural” de posse da população autóctone – árabe palestina − era evidente, não podendo, então, constituir-se num objeto de investigação. Não houve consenso, todavia, em relação à forma para atingir tais objetivos.

A Comissão propôs duas soluções distintas ao conflito territorial, nenhuma delas atendendo aos reiterados pedidos da comunidade árabe. A primeira, apoiada por sete de seus representantes, consistia na partilha da região entre um Estado palestino e outro judeu, com Jerusalém adquirindo status internacional sob a autoridade administrativa das Nações Unidas. Por conta dos limitados recursos naturais e o território, as três entidades deveriam formar uma união econômica (UNSCOP, 1947, capítulo VI, parte I. A segunda opção, apoiada por apenas três dos membros, consistia na criação de uma estrutura federada independente compreendendo um Estado palestino e outro judeu, tendo Jerusalém como sua capital (UNSCOP, 1947, capítulo VII, parte I. Fonte: Encyclopædia Britannica, 2008. Aos palestinos, que compunham dois terços da população – 1.

pessoas, segundo estimativas − e que possuíam a extensão maior da terra, caberiam o controle dos restantes 45% (ABUNIMAH, 2006). Esta divisão, além de 37 destituir a população autóctone de mais da metade de suas terras ancestrais, concedeu-lhe as porções menos férteis e menos produtivas. Os direitos exigidos por aqueles que viviam na região há séculos, e que seriam os mais afetados pela implantação da Resolução 181, haviam sido categoricamente, ignorados. Nenhuma das previsões dos comissários, todavia, se confirmou, como comprovam os acontecimentos subsequentes. A FORMAÇÃO DO ESTADO DE ISRAEL Ao passo que os judeus comemoravam a decisão, os árabes organizavam intensos protestos em toda a região. Nas semanas seguintes à aprovação da Resolução 181, prestes a criação do sonho messiânico do Estado de Israel e diante da imigração, cada vez mais densa, de judeus, a região testemunhou a erupção de uma verdadeira guerra civil, a qual gerou expressivo número de mortes e o deslocamento interno massivo de palestinos.

Essas situações serviram, segundo alguns nomes conhecidos da historiografia israelense “revisionista”, como pretexto para a implementação do projeto, há muito sendo debatido pelo movimento sionista, de formação de um Estado em parte – quando não no todo – da Palestina que fosse majoritariamente judaico, não só em sua estrutura sociopolítica, mas, sobretudo, em sua composição étnica (PAPPÉ, 2006). Os augúrios deste projeto estiveram presentes na aplicação de um amplo e detalhado plano de controle e expansão territoriais feito pelos líderes sionistas, chamado de “Plano Dalet” ou “Plano D” (KHALIDI, 1988; PAPPÉ, 2006). Os receios das lideranças sionistas, contudo, não se concretizaram. Os britânicos, embora possuíssem autoridade de jure sobre todo o território do Mandato, há meses vinham cedendo, de modo gradual, o seu poder de facto sobre várias regiões.

Ao descumprir com suas obrigações legais de manter a ordem pública e social da região, os britânicos permitiram o acirramento do conflito entre palestinos e judeus, que logo tornar-se-ia uma guerra civil. O fato de a Palestina ainda estar, à época, sob a proteção do Mandato britânico impediu, no entanto, qualquer ação militar por parte dos países árabes vizinhos à região. As lideranças sionistas, cientes dessa impossibilidade e da conivência britânica em relação ao conflito interno, aproveitaram-se para colocar em prática o seu plano de expansão territorial e criar, assim, um novo ​status quo na região que as forças militares árabes, em um futuro próximo, não seriam capazes de reverter. A guerra de 1948, como denomina-se o conflito, resultou na divisão – à força − da Palestina, qual majoritariamente, 78%, ficou sob posse israelense e o restante 22% − que compreendia as regiões de Jerusalém Oriental, da Cisjordânia e da Faixa de Gaza – sob controle da Transjordânia e do Egito, respectivamente.

Segundo SAND (2012, p. “a partilha recomendada pela Comissão Peel alocava ao Estado judaico uma área de aproximadamente 5 mil quilômetros quadrados, e o plano de repartição das Nações Unidas em 1947 concebeu o estabelecimento do Estado judaico em 14 mil quilômetros quadrados do Mandato da Palestina. Em contraste, as linhas do armistício de 1949 continham 21 mil quilômetros quadrados; hoje, [. Israel controla 28 mil quilômetros quadrados, uma área maior que o Mandato Britânico [. A Comissão de Conciliação estava incubida, desta forma, a resolver três pontos principais: a delimitação dos territórios de acordo com a partilha, que haviam sido alterados por conta do expansionismo militar israelense; a questão dos refugiados palestinos, piorada pelo fato de não poderem retornar aos seus lugares de origem; e o ​status quo de Jerusalém, ocupada tanto pelas forças militares israelenses como árabes.

Por intermédio de negociações exclusivas com os Estados árabes envolvidos (Egito, Transjordânia, Líbano e Síria) e Israel, feitas em abril de 1949, em Lausanne, na França, a Comissão de Conciliação obteve um protocolo no qual ambas as partes concordavam em usar os limites territoriais estabelecidos na Resolução 181 como a base para as discussões que começariam. Entretanto, os encontros mediados pela Comissão de Conciliação não tiveram o efeito consensual que se esperava. Ao passo que os Estados árabes impunham o abrupto retorno dos refugiados palestinos como condição para o avanço das negociações, Israel insistia em conversar, prioritariamente, sobre a questão territorial, ponto este que levou à inconclusão das negociações e prolongaram a indefinida situação geopolítica da região.

Em repetidos relatórios apresentados à Assembleia Geral, a Comissão de Conciliação reforçou que os seus esforços para fazer cumprir as disposições da referida resolução estava na verdade a mercê de mudanças estruturais nas atitudes de ambas partes (UNITED NATIONS, 2008). A formação do Estado de Israel, portanto, não somente delimitou fronteiras que protegeriam os judeus e cessariam seus exílios, mas também causou o mesmo, para os palestinos, que para eles, anteriormente, seria encarado como castigo divino, que mesmo sendo ressignificado e justificado pela religião, tirou vidas de muitos judeus nas suas inúmeras diásporas. Hoje, é o povo palestino que procura incansavelmente pelo seu lugar no mundo. CONSIDERAÇÕES FINAIS Passaram-se mais de seis décadas desde a aprovação da Resolução 181 da Assembleia Geral das Nações Unidas, entretanto a batalha territorial entre judeus e palestinos continua intensa, e muito distante de um fim que beneficie ambos os povos.

Nesses anos, a Palestina passou por diversas reviravoltas que moldaram, desordenadamente, sua geopolítica, o que, de certa forma, indefine o destino de seus nativos. Paulo Freire, em seu livro A pedagogia do Oprimido (1968), disse “Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor.

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