Espaços escolares: a invisibilidade de mulheres negras com nível superior neste ambiente

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Sociologia

Documento 1

Além disso, discutimos a importância da participação dos movimentos sociais no empoderamento das mulheres negras. É de fundamental importância analisar as relações entre raça, gênero, feminismo e racismo na vida de mulheres negras. Avaliamos de que forma o feminismo negro contribuiu e/ou contribui para o enfrentamento das opressões de gênero e raça. E, por fim, discutimos sobre a invisibilidade das mulheres negras no ambiente acadêmico, de que forma podemos reverter esse quadro para promovermos o entendimento que não é a cor da pele que define a posição social e intelectual do individuo na sociedade. Introdução As mulheres negras correspondem a aproximadamente 25% da população brasileira, porém, são a maioria nos postos de trabalho mais precários, nos serviços de limpeza e cuidados, muitas vezes reproduzindo os trabalhos domésticos.

É fundamental debatermos as convergências entre gênero, raça e racismo que vem sendo travado no feminismo nas últimas décadas (Biroli, 2015). Sociologicamente pode-se dizer que a raça é uma construção social, já que biologicamente a concepção de raça não se sustenta para discutir nossas diferenças enquanto indivíduos, porém na esfera social somos classificados pela raça e isso carrega significados simbólicos e estigmatizados, por exemplo, a raça é considerada um dos fatores determinantes no preenchimento das posições na estrutura de classes, bem como nos âmbitos políticos, sociais e econômicos (Crenshaw, 2002). É necessário começarmos a compreender que raça assim como gênero se constitui em relações de poder e, portanto determina tanto a vida de mulheres e homens brancos como a de homens e mulheres negros (Ribeiro, 1995).

O feminismo se originou a partir de um movimento de mulheres brancas. Pinto (2010), afirma que as percussoras do movimento feminista foram mulheres de classes média, formadas. Inicialmente, o termo gênero apareceu entre as feministas nos Estados Unidos da América, fazendo menção a sistematização social da correlação entre os sexos. “A palavra indicava uma rejeição ao determinismo biológico implícito no uso de termos como “sexo” ou “diferença sexual” (Scott, 2012)”. O gênero é um princípio organizador da economia política, pois ele está na base da divisão do trabalho produtivo remunerado e o trabalho reprodutivo e doméstico gratuito, sob a responsabilidade das mulheres. Além disso, atua na definição social das profissões com maior prestígio predominantemente masculinas, e atividades profissionais consideradas femininas, mal remuneradas.

A raça também está presente na estruturação econômica, ao condicionar os negros em atividades subalternas e informais, com baixos salários e pouco status social e garantir aos brancos a ocupação de atividades profissionais com maior prestígio social e com maior remuneração (Soares, 2012). Através desta luta, as mulheres têm alcançado importantes conquistas no âmbito social e político. A disputa das mulheres negras com as mulheres brancas da classe média, porta-vozes do feminismo, por espaços institucionais para o gênero na perspectiva da raça possibilitou às mulheres negras um processo de aprendizagem política e profissional que as qualificaram para batalhas mais complexas (Soares, 2012). Uma vez que o feminismo aborda de uma maneira geral a luta das mulheres, algumas vertentes surgiram fazendo um recorte mais específico para determinados grupos de mulheres.

Uma dessas vertentes é o feminismo negro, que surgiu através das especificidades vivenciadas pelas mulheres negras, que travam lutas também referentes à raça, que é um fator determinante para a vivência de opressões que não acontecem com as mulheres brancas. No ano de 1988, as mulheres negras finalmente construíram seu próprio movimento social, com fisionomia própria e caráter nacional. Sem o reconhecimento dessas violências, é impossível que aconteça o enfrentamento das opressões partindo das mulheres oprimidas. Parte III: A Invisibilidade das mulheres negras no ambiente acadêmico De acordo com Silva 2000, as mulheres negras possuem menor prestígio na esfera social lhes sendo atribuído um papel subserviente, que as colocam como inferiores às mulheres brancas e aos homens brancos e negros (Silva, 2000).

No primeiro caso, porque a mulher branca desde o tempo colonial possui uma dominação sobre as mulheres negras, além de serem vistas de forma diferente e alcançarem posições que a mulher negra tem inúmeras dificuldades para alcançar. Além disso, também são oprimidas por homens negros e brancos que dentro de uma sociedade machista, numa ideologia patriarcal e eurocêntrica, acreditam que tem maiores qualidades físicas, biológicas, intelectuais e de liderança para gerir a sua vida e a de outrem, sobretudo sobre as mulheres negras (Silva, 2000). O fato das mulheres negras ocuparem os níveis de pobreza mais altos do país está intrinsecamente relacionado com as oportunidades que são oferecidas a essas mulheres. A situação da mulher negra no Brasil é preocupante uma vez que apresenta um menor nível de escolaridade, trabalha muito mais, contudo seu rendimento é menor.

A mulher negra é submetida a uma pobreza e marginalidade que reforça o preconceito e agrega um sentimento de inferioridade que muitas vezes inibe uma reação contra a discriminação sofrida (Crisostomo, 2010). Ainda que as mulheres negras possuam escolaridade superior, elas são destinadas a ocuparem cargos de menor destaque. A ascensão das mulheres negras para chegarem a uma posição mais valorizada neste sistema é mais desafiadora. Além de ter que comprovar a competência profissional, ainda precisa lidar com o preconceito e a discriminação racial lhes exigindo maiores esforços para o reconhecimento da sua posição e respeito profissional. Uma vez que se tem visto um aumento no número de mulheres negras no ensino superior, porque elas ainda ocupam posições inferiores nos diversos setores da sociedade? Segundo dados do IPEA (2013), isso está relacionado ao fato do duplo preconceito que ainda permeia a sociedade brasileira: o de gênero, enquanto mulheres, e o de raça, por serem negras.

Mesmo escolarizadas, muitas ocuparão postos de trabalhos menos valorizados. As mulheres negras ainda são a maioria no trabalho informal e no serviço doméstico, estas são provenientes das camadas mais pobres da sociedade (IPEA, 2013). É digno de nota, que algumas dessas mulheres, mesmo indo de encontro às barreiras impostas pela sociedade, ingressam na universidade, logrando posição exímia no meio social, no entanto, continuam a enfrentar os desafios ainda existentes. Metodologia Trata-se de um estudo descritivo e explicativo a partir de artigos publicados nas seguintes bases de dados: Lilacs, MedLine, Scielo, Bireme e PubMed organizada com base em cinco etapas: identificação do problema; busca na literatura; avaliação e análise dos dados e apresentação da síntese do conhecimento. As mulheres negras, junto ao conjunto dos estudantes e trabalhadores, precisam enfrentar as reitorias, que mantém trabalho terceirizado, e são agentes da elitização da universidade, para exigir o fim da terceirização e a efetivação das trabalhadoras terceirizadas sem a necessidade de concurso público.

Para que a mulher negra possa sobreviver e superar essa invisibilidade é preciso o resgate da sua autoconfiança e autoestima, se fazendo necessário um esforço e despendimento de energias para serem vistas e ouvidas, diferentemente do que acontece com a mulher branca. Entendemos que é de fundamental importância proporcionar oportunidades para reflexões sobre esse tema e dar voz a essas questões para que possa se fazer ouvir e deixarmos de fazer de conta que está tudo certo. Essas são questões que possuem profundas raízes cultural e social sendo necessário levar esses debates para todos os seguimentos. A busca pela emancipação das mulheres negras deve ser construída levando-se em conta a complexidade da identidade social destas mulheres, que mesmo possuindo características em comum, ainda são plurais em outros quesitos.

Referências Bibliograficas: RIBEIRO, Matilde. Mulheres Negras Brasileiras: de Bertioga a Beijing. Estudos Feministas, 447 Nº2, 1995. AGUIAR, Márcio Mucedula. A construção das hierarquias sócias: classe, raça. BRABO, Tânia Suely Antonelli Marcelino. Direitos humanos na escola. Movimentos sociais e Crises Contemporâneas v. p. ASSIS, Camila Vieira da Silva. Rio de Janeiro: Takano Editora, v. p. CARNEIRO, Sueli. Mulheres em movimento. Estudos Avançados, v. SILVA, Eliane Borges da. Tecendo o fio, aparando as arestas: o movimento de mulheres negras e a construção do pensamento negro feminista. In:SIMPÓSIO INTERNACIONAL O DESAFIO DA DIFERENÇA: ARTICULANDO GÊNERO, RAÇA E CLASSE. SILVA, Tatiana Dias. Mulheres Negras, Pobreza e Desigualdades de Renda. n. SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. CRISOSTOMO, Maria Aparecida dos santos; REIGOTA, Marco Antonio dos Santos.

Professoras Universitárias Negras: Trajetórias e Narrativas. jun. RODRIGUES, Fabiana de Cássia, BRAGA Lucelma. As Contribuições de Florestan Fernandes na defesa da Escola Pública Brasileira (1980-1995). Movimentos Sociais e Crises Contemporâneas v. p. Processos de subjetivação em afro-brasileiros: anotações para um estudo. Psicologia: Teoria e Pesquisa, São Paulo, v. n. p. abr. IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada Dossiê mulheres negras: retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil. Brasília: Ipea, 2013.

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