ENTREVISTA

Sua faculdade era pública ou particular? Pública. Tem mais de uma graduação? Não, somente essa. Possui especializações, mestrado ou doutorado? Possuo uma pós-graduação. Sempre quis fazer química? Na verdade minhas primeiras opções eram na área da saúde: Enfermagem, Fisioterapia. Porém, tentei apenas uma vez e não consegui atingir a nota de corte. Como você escolhe seus livros didáticos usados em sala de aula? A coordenação da escola já me dão listas de livros pré-definidos para eu trabalhar e escolhem apenas um para que os alunos comprem no inicio do ano letivo. Como estabelece critérios para as escolhas destes? Os que eu uso para estudo, na preparação das aulas, escolho pelo autor que acho que explica melhor o conteúdo a ser repassado naquele dia.

E os livros que são passados para os alunos comprarem no inicio do ano letivo, quando cheguei na escola, já havia sido decidido. Você adota livros que você escolhe? Ou que a escola onde trabalha, é que determina? Ou ambas as situações? A escola dar uma lista pré-definida para mim e uma lista definida para os alunos. Para trabalhar com o livro – em sala de aula - você se limita a fazer só o que os autores pedem? Ou vai mais além? Ou ambas as situações? Gosto muito de fazer “experiências”, é algo que os alunos adoram e que noto aprenderem muito mais. No outro dia os pais foram chamados e ficaram ao lado do filho porque de acordo com eles pagam meu salário e por isso não posso privar o filho deles de assistir a minha aula.

Nesse dia pensei em sair do colégio, mas a diretora e também dona conversou comigo e me tirou apenas da sala dele, me substituindo por outra colega que também teve problemas com o mesmo garoto. Pensa em trocar de profissão? Em trocar não, mas quero subir o “nível”, penso em ser professora universitária e para isso já estou “correndo” atrás do meu mestrado e mais na frente do meu Doutorado. Qual a maior alegria dessa profissão? Eu amo quando recebo cartinhas dizendo que sou a melhor professora ou quando no final do ano escolar recebo um abraço de agradecimento por tudo que ensinei. Você aconselharia outras pessoas a serem professores? Olha, se elas quisessem muito eu não as desestimularia, porém incentivar eu também não faço.

O que você diria para professores que estão passando por algum problema em relação à profissão? Eu diria que tudo passa, não importa o que seja. Escolhemos uma profissão nada fácil e muitas vezes só podemos contar com nós mesmo mas um dia seremos recompensados. RELATÓRIO DA ENTREVISTA Entrevistada: Camile Silva/ 25 anos. Formação: Licenciatura em Química/IFPE. Séries em que leciona: 8° ano do ensino fundamental ao 3° do ensino médio. A falta de professores nos colégios, por sua vez, faz com que outros professores tenham que substituí-los. Colocam substitutos que, muitas vezes, não tem a menor afinidade com a matéria a ser repassada, e disciplinas que nada tem haver com a área de sua formação, e Camile, mais uma vez, mesmo tão recente sua entrada no mercado de trabalho, também já passou por isso, ela conta na entrevista que já chegou a dar aula “até de geografia” quando sua formação na realidade é em química.

Apesar de Camile não ter a opção de escolher livremente com quais livros trabalhar, ela se mostra satisfeita com a escolha da coordenação da escola onde trabalha, porém fala dos colegas que não tiveram tanta sorte quanto ela e que, infelizmente, as aulas não estão tendo bons resultados com os livros escolhidos. O livro didático é um instrumento de trabalho do professor que se faz presente em todas as escolas e em todos os níveis, sejam elas públicas ou particulares. A escolha de um livro deveria ser feita por quem com ele vai trabalhar ou estudar, pois cada um tem um jeito pessoal de ensinar e aprender, porém sabemos que isso também se torna inviável, uma vez que uma escola possui muitas salas, com diversos alunos em cada uma, e cada aluno com suas particularidades.

A docência é uma profissão que demanda muito esforço, conhecimento, pesquisa, tempo e dedicação. O professor sabe que para atingir seu objetivo maior que é o de ensinar, ele tem um longo caminho, cheio de obstáculos, físicos e não físicos, que exigem dele não apenas o desenvolvimento cognitivo, mas também exigirão muito de suas habilidades socioemocionais. Ser professor é isso: apesar de todas as dificuldades, manter-se dedicado ao trabalho, ensinando a quem quer aprender, sem deixar de lado a esperança de que um dia essa realidade mude e seu trabalho seja tão reconhecido como quanto merece ser. REFERÊNCIAS: TENENTE, Luiza. Brasil é #1 no ranking da violência contra professores. br/numero-de-professores-com-transtornos-mentais-dobra-no-brasil-diz-pesquisa/>. Acesso em: 25 Jun.