Ensaio

Tipo de documento:Resenha

Área de estudo:História

Documento 1

Dentro desta concepção, a Europa se apresentaria como o ponto de partida da modernidade, sendo a colonização (uma missão) decorrente da ebulição desse novo modelo social e econômico. No entanto, a literatura acerca da constituição da modernidade questiona esse pensamento centralizado na ação europeia, pois “argumenta-se que o colonialismo foi a condição sine qua non de formação não apenas da Europa, mas da própria modernidade”. COSTA & GROSFOGUEL, 2016) Nesta perspectiva, é possível compreender que a formulação do que hoje chamamos de modernidade advém de intensas relações entre povos com fluxos multidirecionais (em escalas diferentes). Entretanto, a partir do século XVI o pensamento eurocentrista, imaginário dominante, legitimou a dominação e a exploração de colônias espalhadas por todo o mundo pelos impérios europeus.

Estes, autodenominados modernos e civilizados, encontraram nesse discurso a possibilidade de fundamentar a sua expansão comercial/militar além de estabelecer as bases de pensamento que autenticam, muitas vezes entre os próprios dominados, suas ações. Pelo contrário, o colonizado europeu deixou-se influenciar pela riqueza da pluralidade cultural de índios e negros. ” (ATAÍDE & GUIMARÃES, 2017) Entretanto, por mais que a conjuntura social mostre claramente a diversidade sobre a qual se formou a cultura em países colonizados. Na contemporaneidade, os resquícios do pensamento eurocêntrico ainda podem ser percebidos no comportamento do tecido social. Por exemplo, o racismo estrutural, a violência empregada contra a classe trabalhadora, o machismo social e institucional, entre outros fatores. Estes fatores, hoje questionados devido à processos cuja literatura ainda deve se debruçar com mais afinco e que somente com um distanciamento histórico poderá ser melhor compreendido, são essências para a compreensão da formação de nossa sociedade atual, suas desigualdades e suas formas de resistência: como a formação de um pensamento contra hegemônico como o do decolonialismo.

Neste contexto, podemos destacar os negros, em especial as mulheres negras. Dentro desse contexto, autores que fazem parte desses grupos “subalternos” colaboram com construção de um pensamento decolonial que conseguem construir através de sua empiria. Por exemplo, segundo Costa e Grosfoguel, as feministas negras argumentam que a epistemologia dominante, embora travestida de neutra e universal, é masculina e branca. Demonstrando, desse modo, que a visão de quem formula a análise da realidade influencia diretamente nesta. No Brasil, em decorrência dos projetos de ações afirmativas em curso nas universidades públicas do país desde o início desse milênio, depara-se com a possibilidade de incorporar a experiência negra e indígena não apenas na formulação de conhecimento, mas também na busca de soluções para os problemas que enfrentamos.

A. M. de A. P. V. GROSFOGUEL, R. Decolonialidade e perspectiva negra. Revista Sociedade e Estado. V. nº 1 Janeiro/Abril 2016.

27 R$ para obter acesso e baixar trabalho pronto

Apenas no StudyBank

Modelo original

Para download