Dualismo religioso Corpo e alma: o dualismo em Platão

Tipo de documento:Projeto de Pesquisa

Área de estudo:Filosofia

Documento 1

Desde a antiguidade (pré-socráticos), os pensadores foram elaborando suas teorias que influenciaram todo o pensamento ocidental. A partir de Platão, com sua proposta, que veremos a seguir, houve compreensões e direcionamentos distintos, na tentativa de se configurar uma teoria ou mesmo, uma doutrina, como no caso do cristianismo que incorporou seu pensamento e que hoje se faz presente tanto no catolicismo quanto no pentecostalismo. Um dos dilemas que custamos a admitir e aceitar é o da morte. Eu sempre me pergunto se, para os que acreditam em alguma forma de existência do “outro lado”, a morte não teria que ser esperada com certa euforia? Como o momento do reencontro da alma que retorna para o seu ponto de origem? Para os religiosos, de uma forma particular, esse deveria ser um momento sublime e não de medo, como bem testemunhou Sócrates antes de morrer.

Mas, não é o que ocorre, há um tabu, misturado com medo que se reflete em muitas situações do cotidiano e da vida do ser humano ainda hoje. A filosofia de Platão pode ser caracterizada na problemática do conhecimento, que se mostra na crença na existência de um mundo ideal, que contém ideias eternas, e de um mundo sensível, onde as coisas estão em constante transformação. A obra de Platão, desta forma: “caracteriza-se como a síntese de uma preocupação com a ciência (o conhecimento verdadeiro e legítimo), com a moral e a política. Envolve assim um reconhecimento da função pedagógica e política da questão do conhecimento. Sua conclusão é que o conhecimento (o saber) identifica-se com o Bem”.

MARCONDES, 2004, p. Conheces o homem e sabes como ele é”. Platão, pp. e 5) Sócrates, como Platão vai nos mostrar, entendeu que o filósofo, aquele que amou as coisas mais elevadas, deveria ficar feliz diante da morte, pois esta lhe levaria de volta ao mundo original, das ideias. E, foi assim que aceitou a sua morte, com muita naturalidade. Assim também, muitos mártires cristãos, vão ao encontro da morte para imitar o próprio mestre Jesus. Quando ele volta e conta aos demais, eles não acreditam nele e o matam. “Sócrates: E agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar exatamente essa alegoria ao que dissemos anteriormente. Devemos assimilar o mundo que apreendemos pela vista à estrada na prisão, a luz do fogo que ilumina a caverna à ação do Sol.

Quanto à subida, e à contemplação do que há no alto, considera que se trata da ascensão da alma até o lugar inteligível, e não te enganarás sobre minha esperança, já que desejas conhecê-la. Deus sabe se há alguma possibilidade de que ela seja fundada sobre a verdade. Passa então a se compor de duas partes: a) Alma superior (a alma intelectiva); b) Alma inferior e irracional (a alma do corpo). Esta, por sua vez, divide-se em duas partes: A alma irascível, impulsiva, sede de coragem, localizada no peito e; A alma concupiscível, centrada no ventre e sede do desejo intenso de bens ou gozos materiais, inclusive o apetite sexual. Percebe-se nesses conceitos, uma desvalorização do corpo, apesar de ser conhecido o quanto os gregos apreciavam os exercícios físicos e os esportes, além de cultuar a beleza do corpo.

Não por acaso, a Grécia foi o berço das Olímpiadas, durante as quais até as guerras cessavam e seus artistas esculpiam corpos perfeitos, simétricos e belos. No entanto, o aforismo “corpo são em mente sã” apenas confirma a superioridade do espírito: na posse de saúde perfeita, a alma se desprende dos sentidos para melhor se concentrar na contemplação das ideias. A título de exemplo, e como nos lembra Leonardo Boff, o Novo Testamento não afirma a imortalidade da alma, pensamento este defendido por Platão. O que é afirmado sobejamente nas Escrituras é a fé na ressurreição dos mortos. Já o platonismo afirma a imortalidade da alma e não reconhece a ressurreição, amplamente defendida no Novo Testamento. A mistura desses dois pensamentos (imortalidade da alma – platônica; ressurreição – cristã) deu origem à seguinte teologia: depois da morte do cristão a alma vê-se diante de Deus, goza de sua presença até o fim dos tempos quando será novamente reunida ao corpo ressuscitado.

“A doutrina da imortalidade da alma dos gregos foi completada com a outra bíblica da ressurreição dos mortos”. Conforme explica o teólogo José Comblin: “(. a teologia clássica, seja ela de inspiração platônica ou aristotélica, não conseguiu valorizar o corpo, nem uni-lo realmente à alma. A doutrina teológica considerou alma e corpo como duas quase substâncias associadas numa união nunca harmoniosa. O corpo ficou desprestigiado, ligado à matéria, ela própria desprestigiada também, e a alma com as suas atividades ficou prestigiada” (apud, ROSA, pp. e 19). Nesse período (séc. II), surgiram os Padres da Igreja contestando as heresias, dentre eles: “Justino Mártir, no Diálogo com Trifão, Ireneu, em seu Contra as Heresias, Tertuliano, na obra Contra Marcião e Clemente de Alexandria, em diversos trechos dos Estrômatos” (ROSA, 2010, pg.

Havia entre os primeiros Padres da Igreja, quem resistisse ao dualismo e insistisse numa visão bíblica da unidade básica do ser humano. Foi o caso de Justino Mártir (100d. C – 165d. C – 430d. C), no Ocidente. A outra tendência que ressaltava preferentemente os pontos de divergência e mantinha uma atitude, se não fechada (isto seria incompatível com o dinamismo missionário cristão), bastante reservada em relação ao mundo greco-romano, ficou mais apegada às afirmações bíblicas sobre a unidade básica do ser humano e recebeu uma influência dualista bem menos acentuada que a primeira” (ROSA, 2010, p. O cristianismo entra numa fase mais moralista onde autores defendiam um rompimento ou afastamento das ‘coisas do mundo’, casos como de Tertuliano e Ignácio de Antioquia que defendia o martírio e a penitência, como coroamento da vida cristã.

Há autores importantes naquele período, casos como Tertuliano(155d. Houve um determinado momento, em que se condenava o matrimônio, com base numa afirmação de São Paulo: “aqueles que se casarem terão preocupações mundanas”. Ou ainda de uma citação a Cristo quando disse que: “na ressurreição nem se casam nem se dão em casamento”. “Assim, a virgindade assumiu importância extrema a partir do segundo século”. ROSA, 2010, p. Novamente, retoma-se São Paulo que afirma: “aqueles que não se casavam poderiam se dedicar integralmente à obra do Senhor” e em outra passagem, citou as quatro filhas virgens do diácono Felipe (At 21,9). As consequências eram previsíveis: em relação ao sexo predominou durante muitos séculos uma atitude de medo, desconfiança e suspeita.

Os conhecimentos deficientes tanto na área biológica quanto na psicológica contribuíram também para a permanência destas atitudes. De fato, o sexo tem sido tradicionalmente colocado num contexto pouco esclarecido, ambíguo e penetrado de malícia. Criou-se em torno dele um ambiente pouco sadio, de clandestinidade, reticências, angústia e sentimentos de culpa” (ROSA, 2010, p. Mas, vamos passar para dois autores que trouxeram profundas reflexões, dentro de nossa discussão sobre o dualismo: Agostinho de Hipona (354-430) e Tomás de Aquino (1225-1274). DUSSEL, 1974, p. apud ROSA, p. Agostinho fez comentários aos livros do Antigo e Novo Testamentos, que podem se entendidos como ponto de partida da tradição exegética e hermenêutica ocidental. “Sua influência filosófica estendeu-se até o período moderno, o século XVII chegando a ser conhecido como o “século de Agostinho”.

MARCONDES, 2004, p. Há uma semelhança no ponto de partida com o diálogo Menon, de Platão, em que se discute o que é a virtude e se esta pode ser ensinada. Platão entendia que não se pode ensinar a virtude, ou ela vem com a natureza humana ou não. O filósofo tem que despertar a virtude adormecida no homem. E Agostinho, de sua parte, pergunta-se o que é ensinar e aprender (esse diálogo vai tornar-se cum clássico da pedagogia), e também, indaga sobre o papel da linguagem e da comunicação nesse processo. Onde reside então a possibilidade de aprender? “A possibilidade de conhecer supõe algo de prévio, que torna inteligível a própria linguagem. A cidade divina representa a aliança, enquanto que a terrena seriam os momentos da ruptura.

Esta cidade terena segundo o filósofo, confunde-se com a do demônio. Santo Agostinho com sua percepção e teoria, fez com que a igreja desse um salto de qualidade e se consolidasse na Idade Média. Foi possível, a cristianização da Europa ocidental com a com o esforço de conversão dos bárbaros que dificilmente seriam vencidos pelas armas. sua concepção de que a Igreja guarda na Terra as chaves da cidade de Deus foi uma das bases da doutrina da supremacia do poder espiritual sobre o temporal na Idade Média”. “A neo-escolástica esboçou algumas tentativas de superação do dualismo neoplatônico-agostiniano. Contudo, somente com Tomás de Aquino temos a primeira elaboração consistente visando à superação do dualismo espírito matéria.

Para ele o corpo é a síntese (sínolo) de alma e corpo. Não são, portanto, substâncias distintas e conflitantes. Ao contrário, alma e corpo constituem um todo único”. Não existe, pois, uma união acidental entre alma e corpo, tal como aparece em todas as correntes dualistas. Propriamente falando, não existem duas partes no homem, pois alma e corpo não podem ser consideradas duas substâncias completas (neste caso evidentemente a união só poderia ser acidental). Corpo e alma são, antes, dois princípios metafísicos dentro de uma unidade primordial do homem, de maneira que toda a atividade do homem é uma operatio totius hominis (ROSA, 2010, p. E, para dar prosseguimento às proposições sobre razão e fé, o teólogo desenvolve a teoria chamada de “cinco vias” da prova da existência de Deus, em oposição à prova ontológica proposta por santo Anselmo.

Do que tratam as ‘cinco vias’? Como se articulam nesse pensamento razão e fé? Como afirma Marcondes (p. Freud, em especial, traria uma grande contribuição nesse sentido. REFERÊNCIAS MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia. Dos pré-socráticos a Wittgeinstein. ª Edição – Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 2004 ROSA, Wanderley P.

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