DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR: REFLEXÃO E DESAFIO SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA

Tipo de documento:Artigo acadêmico

Área de estudo:Pedagogia

Documento 1

Nesse contexto, o presente artigo pretende traçar um breve histórico da educação no mundo e da evolucão do ensino no Brasil, ressaltanto as principais teorias que influenciam a pedagogia atual, embasando uma discussão sobre os rumos da educação superior e a responsabilidade do docente a fim de provocar uma reflexão e despertar o interese para pesquisas posteriores. Palavras-chave: Educação; Educação superior; docente; pedagogia. ABSTRACT In an increasingly globalized, digital and dynamic world, many changes have been happening all the time. These changes are reflected in all fields of society, including in the area of ​​education, which has generated numerous discussions about the direction of education, the objectives of higher education and the role of teachers in a more dynamic environment. In this context, the present article intends to trace a brief history of education in the world and the evolution of education in Brazil, highlighting the main theories that influence the current pedagogy, supporting a discussion about the directions of higher education and the responsibility of the teacher in order to Provoke a reflection and arouse interest for further research.

A história da educação nos mostra que nem sempre o ensino teve o mesmo objetivo. A educação já serviu muito a interesses de governantes e elites, a políticas públicas e intervenção militar. Sua trajetória histórica requer um intenso esforço de contextualização e reflexão e, através desse entendimento, é possível compreender melhor o cenário atual, considerando que traços presentes nas práticas educacionais de hoje herdaram traços de modelos educacionais do passado. Nesse sentido, em um mundo em crescentes transformações, a necessidade de soluções criativas e inovadoras reforça a imprescindibilidade de uma reflexão sobre o futuro da educação e da prática docente. Novas práticas tem sido utilizadas nesse sentido para elevar a qualidade de ensino e possibilitar o acesso de todos ao conhecimento.

História da Educação A história do homem é marcada pela curiosidade e pela necessidade do saber. Ao longo dos séculos, desde a era primitiva, o homem buscou formas de melhorar sua vida e o conhecimento gerado pelas descobertas foi sendo passado de geração em geração, passando por diversas evoluções até os dias atuais. Esse processo é o que chamamos de educação, inerente a todas as sociedades humanas e que tem contribuído para o avanço da ciência e do mundo. Nas sociedades primitivas os métodos de ensino eram informais, baseados na memória, pois as gerações mais velhas transmitiam o conhecimento através da comunicação e da convivência com as gerações mais novas. Esse mecanismo é chamado de endoculturação.

Em Athenas, uma cidade com uma organização democrática, de acordo com os preceitos da época, defendia um processo educativo como um meio para que as pessoas alcançassem o conhecimento do belo, do bem e do que é verdadeiro. Já na sociedade Romana, a educação se pautava na necessidade de um estudo individual tendo na figura do pai a centralização do exercício da educação, que exercia a máxima autoridade. Destacaram-se diversos pensadores na pedagogia romana, como Marco Fábio Quintiliano, Lúcio Eneu Sêneca, Marco Túlio e Marco Pórcio. Com o advento do cristianismo, os rumos da história da educação ocidental começam a mudar. Jesus foi o primeiro mestre, que possuía diversos seguidores além dos apóstolos.

Foi a partir desse período histórico que se desenvolve a educação pública estatal e se inicia a educação nacional, gratuita e obrigatória. Com a Revolução Industrial, o modelo de educação escolar centrado na figura do professor se expandiu. Nesse período, educar uma grande quantidade de alunos era fundamental para qualificação dos futuros operários que trabalhariam nas novas fábricas surgidas nas recém-inauguradas cidades. Porém, com o fortalecimento dos regimes democráticos houve o aumento da reinvindicação pelo acesso a escola e pelo direito à educação formadora de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres. A partir desse momento, em meados do século XIX, o modelo de educação de acesso restrito e hierarquizado na figura do professor, detentor de todo conhecimento começou a ser questionado por diversos educados, como Jonh Dewey, nos Estados Unidos, influenciador da chamada escola nova, e Maria Montessori, na Europa, que revolucionou a pedagogia pré-escolar, por exemplo.

Durante o período colonial houveram várias tentativas de se instituir uma universidade no país. De acordo com Olive (2005) e Favero (2006) nos conventos, os jesuítas tinham acesso ao conhecimento de nível superior em áreas como filosofia, teologia, gramática, porém nenhuma outra pessoa que não fossem eles tinham acesso a esse nível de conhecimento. O ensino superior no Brasil só foi implantado em 1808, com a vinda da família Real para o Brasil. Após a vinda da família Real para o Brasil, verificou-se uma preocupação em se desenvolver um modelo de ensino superior no Brasil, ainda restrito a uma pequena parcela da população então, nesse período, o rei D. João VI criou institutos de ensino superior e a partir de então nasce no país um modelo de instituto de natureza profissionalizante, destinado a atender os filhos da aristocracia que não podiam estudar na Europa em função do bloqueio pela esquadra napoleônica.

No ano de 1932, foi lançado o Manifesto dos pioneiros da educação, que levantou questões como o ensino gratuito a todos, igualdade de acesso ao ensino, buscando elaborar um planejamento do processo educativo para todo o pais. “Esse manifesto é muito importante na história da pedagogia brasileira porque representa a tomada de consciência da defasagem entre a educação e as exigências de desenvolvimento” (ARANHA, 1989, p. Entre os anos de 1940 e 1970 são criadas as universidades federais em quase todos os estados. Essa época foi marcada pela descentralização e regionalização do ensino superior. No ano de 1950, com o crescimento do setor industrial no país há a necessidade cada vez maior de profissionais qualificados e os cursos de nível técnico passaram a equivaler aos de nível secundário.

Recentemente, Fernandes (2003) destaca que a educação brasileira vem traçando novos rumos devido a implantação de programas e projetos que tem a política educacional voltada para inclusão e desenvolvimento social. A educação básica tem sido ampliada e as discussões acerca da qualidade do ensino público, assim como sobre os rumos da educação no país, têm sido aumentadas. No ensino superior, discussões acerca do direcionamento das faculdades e universidades também têm sido levantadas. Novas abordagens de ensino Por trás do trabalho desenvolvido por cada educador, em qualquer parte do mundo, estão encravados séculos de reflexões sobre a arte de educar. Na atualidade, depois de passado o apogeu da pedagogia tradicional, diversas novas abordagens têm sido colocadas em prática e mobilizado diversos outros educadores para novas maneiras de se trabalhar a pedagogia.

Compreendia o ser humano como um todo e era contrário ao estudo fragmentado. Suas ideias são fundamentadas em quatro elementos básicos: afetividade, movimento, inteligência e formação do eu como pessoa. Esses elementos interagem e se comunicam entre si todo o tempo. Para Wallon, a afetividade é a porta de entrada do conhecimento e a aprendizagem depende de como cada um faz as diferenciações com a realidade exterior. Edgar Morin (1921) Edgar Morin, antropólogo, sociólogo e filósofo francês, propõe a religação dos saberes com novas concepções sobre educação e conhecimento, focando no conceito de complexidade, de um ser humano complexo. A alfabetização deve acontecer através da compreensão social da escrita e a escola precisa adquirir o caráter de ambiente alfabetizador.

Jean Piaget (1896 – 1980) Jean Piaget foi biólogo, psicólogo e epistemólogo suíço, considerado um dos mais importantes pensadores do século XX. Não propõe um método de ensino, mas uma teoria do desenvolvimento cognitivo, bastante utilizada no meio educacional por causa da divisão que faz do desenvolvimento em quatro estágios de aprendizagem, desde o nascimento até o início da adolescência, quando a capacidade plena do raciocínio é atingida. Suas pesquisas influenciaram muito a pedagogia pois demonstraram que a simples transmissão de conhecimento, prática das escolas de modelo tradicional, é uma possibilidade limitada. Isto acontece porque, conforme Piaget, a criança adquire conhecimento através das próprias descobertas e de acordo com a sua capacidade de aprendizado. No ensino superior as discussões surgem a fim de provocar novas práticas para se aproveitar mais a experiência do mercado de trabalho que muitos alunos trazem para a sala de aula, assim como aproveitar conhecimentos prévios para construção de novos.

Surgem também discussões sobre o objetivo da educação superior, se para o mercado ou se para os interesses do estado. Nesse sentido, Paulo Freire (2001) afirma que a postura dos educadores deve ser consciente de seu papel, pois são intelectuais transformadores, formadores de opinião e, dessa forma, com a responsabilidade de estimular o pensamento crítico nos alunos, assumindo uma opção política de forma coerente com sua prática. Assim, conscientes dessa postura de formadores de opinião, os educadores devem ter o entendimento de que são mediadores e mobilizadores para alavancar mudanças sociais. Para tanto, deve-ser ter por base um viés filosófico educacional que considere os aspectos epistemológicos que abordam o conhecimento de forma interdisciplinar e que respeitam o tempo que cada aluno possui, conduzindo-o a uma compreensão não somente à leitura de palavras, mas, sobretudo à leitura da sua realidade e da sua sociedade.

Esse entendimento se relaciona com o que pensa Ranieri (2000), que considera que o ensino superior assume essa natureza pública em face dos benefícios que produz, e não devido ao fato de ser oferecido pelo estado. Assim, sua função pública se concretiza na disseminação e produção de conhecimento e na formação de pessoas qualificadas. Esse pensamento é coerente, porém levanta reflexões, pois o ensino privado, embora esteja a serviço público, não se consolida como público porque o acesso é restrito apenas quem tem condições de adquirir o serviço, colocando a educação como mais uma mercadoria produzida pela sociedade. No que diz respeito à política de ensino superior, a história brasileira sugere como base um sistema movido por interesses empresariais e com pouca abertura para a participação social.

Essa situação é percebida no contexto atual da crescente expansão das instituições de ensino privadas, lastreadas por diversos grupos econômicos, o que se mostra como uma barreira para que a participação social se efetive. Sobre a necessidade da tomada de consciência, o autor nos fala que: “Nova consciência começa a surgir: o homem, confrontado de todos os lados às incertezas, é levado em nova aventura. É preciso aprender a enfrentar a incerteza, já que vivemos em uma época de mudanças em que os valores são ambivalentes, em que tudo é ligado. É por isso que a educação do futuro deve se voltar para as incertezas ligadas ao conhecimento” (MORIN, 2002, p. Outro desafio do ensino superior atual é o de atender ao número de matrículas que crescem constantemente, sem sacrificar a qualidade inerente à educação.

A crescente demanda coloca algumas instituições em uma situação de trazer alunos a todo custo, diminuindo consideravelmente o valor das mensalidades, por exemplo, em detrimento da formação de seu quadro de professores, investimento em infraestrutura e modernizações tecnológicas. Uma administração ruim irá se refletir na qualidade do ensino, na percepção e motivação dos alunos, na qualificação dos professores, entre outros fatores. A questão da tecnologia da informação aplicada ao processo de ensino-aprendizagem também traz questões relevantes para esta discussão. Bunner (2000) nos fala que com respeito à educação superior nos Estados Unidos, no ano 2000 já havia mais de três mil instituições oferecendo cursos on-line, trinta e três dos estados americanos já possuíam pelo menos uma universidade virtual, mais de 50% dos cursos já utilizavam o e-mail como meio de comunicação e pelo menos um terço dos launos já recorriam à internet para distribuir materiais e recursos de apoio.

Alguns países em desenvolvimento, nesse mesmo ano, ainda estavam caminhando para essa direção. Atualmente esses números são maiores, mas os países menos desenvolvidos encontram-se ainda bastante ultrapassados se comparados aos países mais desenvolvidos. A formação docente também está em evidência quando discutimos esses desafios que estão presentes na educação, evidenciando a importância do seu papel no processo educativo, exigindo deste profissional, cada vez mais, competência, dedicação e motivação. É importante considerar que a qualificação do docente relaciona-se, também, com a valorização do profissional no tocando a salários, benefícios e condições de trabalho. Quanto mais satisfeito e quanto mais condições de atuar o docente possui, maior será seu interesse e disposição em aprimorar seus conhecimentos, adquirir melhor qualificação, a fim de promover um trabalho com mais qualidade aos alunos.

É claro que, muitos professores que hoje buscam formação e aperfeiçoamento, embora comprometidos com seu trabalho, encontram-se insatisfeitos diante da desvalorização do ensino no país, o que não significa que irão desempenhar um trabalho ruim. E nesse sentido, os motivos de insatisfação podem estar relacionados a diversos outros fatores como, por exemplo, a falta de segurança e escolas marcadas pela violência que afeta as cidades, salas de aula numerosas demais, alunos desmotivados ou desinteressados, indisciplina, dificuldades de relacionamento com colegas de profissão, falta de reconhecimento por parte de pais e alunos, má administração do ensino, sentimento de despreparo profissional, entre outros. Não se muda uma cultura educacional de forma rápida, mas com esforço, tempo e disposição. Contudo, De acordo com Freire (1996), é importante conceber, também, a complexidade do ato de ensinar, não como algo complicado ou difícil, mas como sendo complexo, interligando os campos multidimensionais, multifacetados, históricos, culturais, construtivos, sociais e éticos como uma ação social emancipatória.

Ao contrário do que historicamente foi concebido no campo educacional, não é só a questão de transmitir conhecimento, mas de criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção. CONCLUSÃO As transformações sociais, econômicas, políticas, hostóricas e culturais, ocorrídas mais evidentemente nas últimas décadas, tem influenciado a educação brasileira ao longo da sua trajetória. Durante todo esse período histórico, a educação no país sofreu com inúmeras reformas que desencadearam a necessidade de se repensar a docência em todos os seu níveis. Para o docente, lidar com essa dicotomia, inclusive em sala de aula, é desafiador, pois há a necessidade política de atender aos interesses da instituição ao mesmo tempo que há a necessidade de se cumprir sua função social de promover o conhecimento.

Mas mesmo diante dessas questões, que ainda não possuem uma resposta conclusiva, cabe aos docentes exercer seu papel na sociedade, especialmente na educação superior, de formação e desenvolvimento de novos profissionais para servir essa sociedade. Nesse sentido, bem colocada é a fala de Saviane (1986) quando nos diz que “se não há mais razão para trabalharmos em educação, animados de um entusiasmo ingênuo, também não há razão para nos paralisarmos num pessimismo igualmente ingênuo. ”(SAVIANI, 1986, p. É imprescindível a união de forças para alcançar novos rumos e estabelecer um novo panorama para a profissão de docente. É preciso estar aberto ao diálogo contínio, estar aberto à união com a sociedade, para que se possa, em conjunto, pensar e definir novos meios para se atingir a qualidade almejada.

Dessa forma, através da reflexão e ação docente mobilizada a buscar mudanças para o prática pedagógica de qualidade é possível conceber os primeiros passos para a proposição de melhorias para todos os envolvidos nesse processo. Por fim, destacamos a relevância do presente estudo em um momento de tantas mudanças e transformações. Assim, esse artigo buscou contribuir para o enriquecimento da literatura existente sobre o assunto, bem como servir de subsídio para os protagonistas envolvidos e novas pesquisas no futuro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARANHA, M. Coords. Educación superior latinoamericana y organismos internacionales: un análisis crítico. Cali: UNESCO, Boston Collage, Universidade de San Buenaventura, 2000. DEMO, Pedro.  Educação e Qualidade. Nova política de educação, 2003. FREIRE, P.

A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 2001. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. BITTAR, M. Educação jesuítica e crianças negras no Brasil colonial. Revista Brasileira Estudos Pedagógicos, Brasília, vol. n. p. MENDONÇA, A. W. P. C. A universidade no Brasil. A et al. História da educação no Brasil e a prática docente diante das novas tecnologias. IX Seminário nacional de estudos e pesquisas história sociedade e educação no Brasil. Universidade Federal de Paraíba, João Pessoa, anais eletrônicos, 2012. NÓVOA, A.  Educação: do senso comum à consciência filosófica. º ed. São Paulo: Cortez Editora, 1996. RANIERI, N. B. História da educação no Brasil.

° edição, Petrópolis: Vozes 2006. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA CHARLE, C. VERGER, J. História das universidades. Jun. Disponível em: <http://www. scielo. br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392000000200002>. MACHADO, I. L. Educação Montessori: de um homem novo para um mundo novo. São Paulo: Ed. Pioneira, 2003. ª ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. VERGARA, M. R. Ciência e modernidade no Brasil: a constituição de duas vertentes historiográficas da ciência no século XX.

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