CONSTELAÇÃO SISTÊMICA FAMILIAR: As diferentes possibilidades de atuação do psicólogo

br SÃO CAETANO DO SUL 2018 Resumo Este estudo teve como objetivo verificar as diferentes possibilidades de atuação do psicólogo por meio da abordagem da Constelação Sistêmica Familiar presentes na obra de Bert Hellinger. Para isso, realizou-se uma revisão da bibliografia disponível sobre o tema e observação de uma constelação, a fim de responder a seguinte pergunta norteadora: A Constelação Sistêmica Familiar como ferramenta, otimiza o trabalho do Psicólogo? O recorte temporal compreendeu os anos de 2013 a 2018. Os resultados demonstraram que a Constelação Sistêmica Familiar pode ser empregada em diferentes contextos pelo psicólogo. Apesar da sua contribuição recente na prática e na literatura brasileira, percebeu-se a validade da teoria como suporte pedagógico, jurídico, organizacional e na clínica.

Concluímos que a Teoria é uma ferramenta coerente e satisfatória na mediação de conflitos que se originam no contexto familiar, mas que repercutem nos diferentes fenômenos. de 27 de agosto de 1962 regulamenta a profissão do psicólogo no Brasil e dispõe sobre os cursos de graduação em Psicologia (Brasil, 1962). Segundo o Catálogo Brasileiro de Ocupações (CBO) do Ministério do Trabalho, o psicólogo é o profissional que está habilitado a atuar no campo da saúde, escolar, organizacional, jurídico e etc. Lidando com dificuldades ou transtornos psicológicos do indivíduo ou decorrentes das suas relações nos diferentes grupos ou contextos em que esteja inserido. Para isso, pode utilizar diferentes estratégias ou abordagens, com ética, desde que esteja devidamente habilitado para isso (Brasil, 2010).

O sentimento de família como conhecemos hoje só surgiu na literatura a partir do século XVIII e vem sofrendo diferentes transformações à medida que a sociedade e a cultura se modificam e se reorganizam de acordo com as demandas dos indivíduos. Desse modo, partimos do princípio que toda prática terapêutica deve obedecer a um rigor teórico e metodológico, independente de qual corrente psicológica se adote. Assim, faz-se importante verificar se e como a Teoria da Constelação Familiar é um recurso para o psicólogo na sua prática cotidiana. Ademais, a Constelação Sistêmica Familiar ainda é um campo de estudo recente no Brasil e há poucas produções científicas discutindo sua aplicação teórica na prática. Acredita-se que sistematizar seus pressupostos a partir da vivência do psicólogo, pode contribuir para que o método seja mais bem compreendido e aplicado por outros profissionais.

Revisão de Literatura   Constelação Sistêmica Familiar é uma abordagem fenomenológica psicoterapêutica desenvolvida por Bert Hellinger a partir de seus estudos e práticas clínicas. Hellinger (2007b) explica que o sistema familiar é regido por fenômenos inconscientes do indivíduo e do grupo, e que se governam por três Leis naturais: Do pertencimento, da ordem e do equilíbrio. Assim, o adoecimento advém do desrespeito a uma ou mais dessas leis. O pertencimento é uma necessidade básica do ser humano, o qual o indivíduo busca proteger a todo custo. Todos os membros, vivos ou mortos, fazem parte do sistema e influenciam e sofrem influência pela Lei do Pertencimento. A Lei do equilíbrio refere-se ao processo de dar e receber (afeto) dentro das relações familiares, do mais velho para o mais novo, respeitando essa ordem o sistema se mantém balanceado.

p. A consciência é outro constructo fundamental na Teoria das Constelações, pois ela atua como reguladora do equilíbrio do sistema, trazendo a auto percepção sobre a harmonia ou não do sujeito ao grupo, bem como sobre a capacidade de compreender se as suas ações colocam o pertencimento sob ameaça ou não. O envolvimento é a demanda de vínculo e compensação que pode ser observada no núcleo familiar. Nesse caso, quando o destino de um componente não é cumprido por ele, por ter sido excluído, outro membro assume por ele. A solução desse enredo se faria por meio da compensação da injustiça sofrida pelo excluído, promovendo a cura. No final, tudo depende do amor. Não o amor que imaginamos.

Somos levados pessoalmente por esta força, para outra dimensão. Se vocês se direcionarem neste sentido, ganharam outra grandeza. Uma grandeza humilde. Conhecendo os fundamentos da Teoria supracitada, pode-se passar para a análise da bibliografia pesquisada, onde será possível observar pontos convergentes ou divergentes que possam validar ou não a hipótese deste estudo. Antes disso, é importante explicar o caminho metodológico que a pesquisa traçou. Metodologia A respeito do delineamento metodológico, pode ser considerada como uma pesquisa de natureza qualitativa, que conforme Minayo (2001) se debruça sobre temas sociais, ou seja, das relações humanas, que não podem ser compreendidos quantitativamente ou em análises estatísticas. Assim, a pesquisa bibliográfica é um método que se fundamenta na revisão de estudos já elaborados, em especial em livros e artigos especializados e publicados em periódicos da área de estudo.

Sendo assim, a pesquisa fez um recorte temporal de 2013 a 2018 nos artigos pesquisados nos Periódicos Capes e Google Scholar. Resultados e Discussões 3. Constelação de Lorena Foram realizadas cinco constelações, porém este estudo apresentará um breve relato da observação do caso que optamos por denominar de “Constelação de Lorena”. Importante ressaltar que o nome é fictício, a fim de proteger o sigilo da participante. Antes de partir para a descrição da vivência observada pela pesquisadora com o grupo de Constelação Sistêmica Familiar, é importante esclarecer um pouco os aspectos dessa amostra. A pesquisadora adotou uma postura de observar apenas, sem se envolver diretamente no processo. A consteladora pediu que ela convidasse algumas pessoas para interpretarem seus pais e seu ex-marido. Perguntou se havia mais alguém que ela quisesse incluir.

Lorena passou a maior parte do tempo sem esboçar muita emoção no fenômeno que se desenrolava. Um conflito intenso apareceu na sua relação com o ex-marido. Contudo, foi na relação com o filho que a constelação, evidentemente, ganhou mais expressão. Nesse momento ocorre um movimento do pai de Artur e o mesmo foi cortado por Lorena. A consteladora chama atenção para o fato de Artur não querer se aproximar da mãe e ela não vê nisso um problema. Então a consteladora pergunta se ela já se sentiu deprimida. E Lorena concorda que já teve depressão na ocasião do seu divórcio, que ocorreu há cinco anos. A consteladora pede que a mãe de Lorena fique um pouco com Artur e ele diz que se sente seguro naquele lugar.

Braga, 2009. O estudo apresenta o caso de uma criança de nove anos, com queixas de dificuldades de aprendizagem. Após a constelação familiar sistêmica, a criança passou a aprender os conteúdos escolares, mostrando progressos significativos até o final do ano escolar. A constelação familiar sistêmica, de orientação fenomenológica, é vista aqui como intervenção determinante do progresso evolutivo da criança. Muitas dificuldades de aprendizagem podem ser vistas como emaranhamento sistêmico. Volpato e Silva, 2018. O Direito Sistêmico apresenta-se, portanto, como uma solução terapêutica de significativa importância para ambas as partes de um conflito, pois, além de contribuir na eliminação da burocracia, do desgaste entre as partes e redução da onerosidade judicial, trazem à tona alternativas para a convivência em paz no ambiente familiar e social.

O Direito Sistêmico traz vantagens tanto para o profissional do direito que consegue trabalhar de maneira mais pacífica, com menor pressão e estresse, quanto para as partes envolvidas no processo jurídico. Direito sistêmico e direitos humanos: A aplicação das constelações familiares para tratamento dos conflitos judiciais. Lacerda, 2017. Percebemos como essas forças (transgeracionais) atuam através do sistema familiar nos relacionamentos e como a desordem dessas forças (leis) refletem sob a forma de comportamentos de agressividade, de violência, baixa autoestima, inversão de valores, de sentimentos de exclusão, doenças, etc. possibilitou a significação de uma nova estrutura emocional e logo comportamental. Foi possível, por meio dessa técnica, identificar pontos de tensão psicológica ou emocional que condicionavam comportamentos, onde na maioria das vezes não se sabe a sua origem, provocadas por desordens na hierarquia familiar, sentimentos ou co-dependências e relacionamentos destrutivos ou comprometidos.

Uma interdisciplinaridade. Seleção de pessoal: A visão dos gestores. Chiquetti e da Cruz, 2016. Investigou-se, neste trabalho, o efeito do uso da técnica das Constelações Sistêmicas Familiares, nas audiências de conciliação da 6ª Vara da Família, no Fórum Miguel Seabra Fagundes, em Natal-RN. Também se observou de que maneira a intervenção da Constelação contribui para a emergência de conflitos subjacentes e, por meio da tomada de consciência dos mesmos, se tal fato favorece o empoderamento das partes envolvidas no litígio, oportunizando uma maior compreensão, a harmonia nos relacionamentos, o reconhecimento de papeis e a chegada a um consenso. As contribuições da teoria sistêmica de Bert Hellinger para a compreensão das relações humanas e resolução de conflitos.

Dias, 2014. No trabalho com constelações familiares, o terapeuta deve manter uma postura puramente fenomenológica. Isso significa que deve expor-se a um contexto obscuro, até que subitamente lhe venha à clareza. Quando, ao contrário, somente dispõe de um conceito e, a partir dele ou de uma associação, pretende encontrar a solução, jamais a encontra. Por meio de deduções, jamais achará a solução: ela precisa ser encontrada, de novo, para cada caso. Assim, cada solução é única e irrepetível. A Teoria proposta por Hellinger foi apontada em todos os estudos como uma estratégia que foca na conciliação ou homeostase das relações, no empoderamento dos indivíduos e no reconhecimento dos papéis dentro do sistema. Considerações Finais Este estudo teve como objetivo verificar as diferentes possibilidades de atuação do psicólogo por meio da abordagem da Constelação Sistêmica Familiar presentes na obra de Bert Hellinger.

Para isso, realizou-se uma revisão da bibliografia disponível e uma observação de uma constelação no contexto clínico. Os estudos de Francelino et al (2018), Braga (2009), Couto (2006) e Macêdo (2016) apontaram significativas transformações no processo educacional após a realização de encontros constelares. Maior entendimento das diferenças entre os grupos, solução de conflitos, redução da ansiedade, melhora no desempenho acadêmico, inclusão e pertença, dentre outros. História social da criança e da família. Tradução de D. Flaksman. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1978/2011, 280p. gov. br/ccivil_03/leis/1950-1969/l4119. htm (Acessado em 19 de novembro de 2018). Ministério do Trabalho e Emprego Classificação Brasileira de Ocupações: CBO – 2010 – 3. ed. org/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862009000200012&lng=pt&nrm=iso>.

acessos em 16 nov. CÉSPEDES, Adele Speck Rendón. A Constelação Familiar aplicada ao Direito Brasileiro a partir da Lei de Mediação. l. v. n. p. aug. Dissertação de mestrado em Antropología de Iberoamérica Facultad de Ciencias Sociales Departamento de Psicología y Antropología Social, 2016. DIAS MO. Um olhar sobre a família na perspectiva sistemica no processo de comunicação no sistema familiar. Gest Desenvolv [Internet] 2011 [citado 2013 Mar 16]. Disponível em: http://repositorio. São Paulo: Atlas, 2010, 288p. HELLINGER, Bert, HÖVEL, Gabriele Ten. Constelações Familiares – O Reconhecimento das Ordens do Amor, São Paulo: Cultrix, 2007ª, 160p. Ordens do Amor: um guia para o trabalho com constelações familiares, São Paulo: Cultrix, 2007b, 424p. Trecho dito por Bert Hellinger, durante Seminário Bert e Sophie Hellinger ao vivo, promovido pelo Instituto Hellinger Sciencia, em São Paulo-SP, no dia 07 de agosto de 2015.

S. Pesquisa social: Teoria, método e criatividade. ed. Petrópolis: VOZES, 2001. MINUCHIN, Salvador. Dissertação (Mestrado em Administração) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2012. SELI, M. B. e GOMES, I. C.