Como transformar a Assistência Médica através da Tecnologia da Informação

A Transformação em TI que a Assistência Médica precisa. Harvard Business Review, nov. dez. O artigo em pauta, útil e bem redigido, objetiva promover uma “reorientação de esforços” no debate sobre a aplicação da Tecnologia da Informação (TI) na área da Assistência Médica, pois enxerga o investimento nessas tecnologias como uma oportunidade de realizar uma transformação profunda no cenário atual do atendimento clínico. Os autores afirmam categoricamente que “nosso foco está em como as organizações que fornecem atendimento (médico) podem extrair muito mais de seus investimentos recentes ou planejados em sistemas de TI corporativos” (p. Equipes de Qualidade usaram dois sistemas, um de Registro Eletrônico de Saúde (RES) e outro (separado) para registrar os custos das atividades.

Finalmente, com base nas evidências colhidas e na experiência da equipe médica local, os fluxos de trabalho clínicos foram ajustados. Resultado: com mais de 60 serviços redesenhados a IH, afirma, é reconhecida como líder nacional em melhoria da qualidade e gerenciamento de custos. E aponta: “Nada disso teria sido possível sem seus sistemas de TI”. A solução é gastar mais com TI, principalmente sistemas de informação (SI)? Segundos os autores, centros de assistência e serviços médicos do governo daquele país gastaram cerca de US$ 37 bilhões em TI entre 2011 e 2017. Isso implica em (1) priorizar a melhoria da qualidade sobre corte de custos, (2) tornar a coleta de dados mais fácil e melhor, (3) transformar os dados coletados em informações úteis aos clínicos e (4) criar modelos operacionais e de negócios.

A “melhoria da qualidade”, segundo os autores, passa pelo envolvimento não apenas do pessoal de TI, mas principalmente de dois grupos-chave: os líderes executivos e os clínicos seniores. Citam como exemplo o caso do New York University (NYU) Langone Health. Uma das primeiras medidas do diretor novo foi unificar as bases de dados do hospital e da Escola de Medicina da NYU. Em seguida coletou os dados de atendimento e passou a compará-los a indicadores externos visando detectar uma possível necessidade de ajuste nos fluxos de trabalho. No citado NYU Langone Health a nova direção enfatizou o valor de ter uma única fonte de verdade para os serviços de internação, centros ambulatoriais e para a Escola de Medicina. Grupos que tentavam “proteger seu território e suas informações” foram forçados a trabalhar juntos, acabaram os conflitos relativos a quais fontes de dados eram precisas e chefes foram persuadidos a usar ferramentas como painéis de dados para avaliar o que estava (e o que não estava) funcionando em seus departamentos.

Resultado: conforme os benefícios da transparência foram aparecendo o ceticismo inicial dos líderes com o novo SI atenuou-se. A partir das informações úteis produzidas, continua o artigo, os líderes executivos precisam promover a “criação de novos modelos operacionais e de negócios” para gerar e captar valor. Para isso é fundamental investir em “indivíduos com a tarefa de gerenciar o sistema de TI ou analisar os dados contidos nele” (p. O texto deixa claro que a questão não é a escassez de recursos. Estes não faltam. Os dados apresentados não deixam dúvidas: os investimentos em TI na área da Assistência Médica só têm aumentado. O problema é que na maioria dos casos as receitas crescentes não significam o aumento da qualidade do serviço no mesmo patamar.

Ou seja, gasta-se muito, e mal. Robert S. Huckman é o Albert J. Weatherehead III Professor de Administração da Harvard Business School, onde é professor-presidente da HBS Health Care Initiative e coordenador do currículo obrigatório para o MBA. Anuraag Chigurupati trabalha com operações na Devoted Health, startup de planos de saúde. Foi diretor de políticas da Massachusetts Health Policy Commission e gerente de engajamento da McKinsey & Company.