Cardiopatia congênita: impactos e contribuições do psicólogo no contexto familiar

Tipo de documento:Artigo cientifíco

Área de estudo:Psicologia

Documento 1

A CARDIOPATIA CONGENITA 04 4. EFEITOS PSICOLÓGICOS 05 5. A INFLUÊNCIA DOS FATORES BIOPSICOSSOCIAIS EM CRIANÇAS COM CARDIOPATIA CONGÊNITA 06 6. CONTRIBUIÇÃO PSICOLÓGICA NO CONTEXTO FAMILIAR 08 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 10 8. INTRODUÇÃO Podemos entender por congênito como algo que se encontra presente desde o seu nascimento. Nos seres humanos considera uma característica congênita aquela que acompanha o indivíduo no decorrer de toda a sua vida, surgindo já na sua formação fetal e dando continuidade durante sua gestação. Com relação ao termo cardiopatia engloba todas as doenças acometidas pelo coração. Assim chegaremos a um dos tipos de cardiopatia, conhecida como “Cardiopatia Congênita”, onde se descreveria como sendo os defeitos cardíacos presentes desde o nascimento. Podem ser divididas em casos graves e menos graves.

Ao apresentar no nascimento da criança o quadro de anomalia cardíaca, os pais se defrontam com uma enorme sobrecarga física e psicológica, devido a necessidade de terem que se adaptar às necessidades especiais do filho. Diante do diagnóstico, passam por um período de choque, produzindo uma grande ansiedade por temerem que a criança morra (HOCKENBERRY & WILSON D, 2014). A realidade dentro da família de um ente com a classificação de cardiopatia gera um impacto significativo no relacionamento da criança com seus pais e toda a família. O coração é entendido como um órgão vital e essencial responsável pela vida, desta forma os distúrbios cardiovasculares configuram numa ameaça muito limitrofe da morte para eles, independente da sua gravidade (SMELTZER, BARE, HINKLE & CHEEVER , 2005).

A patologia agregada ao processo de hospitalização da criança, desencadeiam períodos de vulnerabilidade na família, que apresentam dificuldades em manter o equilíbrio, diante das exigências naturais de seus membros e, ainda, daquelas relacionadas ao cuidar da criança hospitalizada (PETTENGILL, RIBEIRO & BORBA, 2008). Desta forma, quando nasce um bebê com malformação congênita há uma discordância entre a imagem idealizada do bebê e a verdadeira aparência do bebê. A divulgação de uma cardiopatia instaura-se no seio familiar, desde o momento em que o diagnóstico é transmitido à família, e profundas alterações passam a ocorrer vindo a afetar não só o núcleo familiar, mas de certa forma todo o relacionamento de seus membros com outras pessoas. O período do diagnóstico é considerado como um momento catastrófico, de incertezas, de sentimentos de angústia diante da possibilidade de morte.

Diante da afirmativa acima, Valle (1994) ressalta que este é um momento de repulsa diante de uma revelação que pode projetar a família em intensos conflitos: fatores como acusações bilaterais entre os pais procurando um responsavel pela doença e busca de questionamentos para essa realidade, procurando atribuir uma causa à doença. Ao diagnóstico podem ainda estar associados elementos de fragilidade da família – problemas sociais, particularidades de relacionamento (frio, distante, exclusivo, fusional), desajustamentos, crises conjugais, entre outros. Desta maneira, observando todos os fatores envolvidos na cardiopatia congênita pode-se entender que seu surgimento envolve uma situação bastante estressante com implicações psicológicas bastante evidentes. EFEITOS PSICOLÓGICOS É eminente a literatura que interpela os efeitos psicológicos das cardiopatias congênitas e a crise familiar manifestada pelo nascimento de uma criança com tal doença, mas não muitos referem-se aos processos que os pais se apoiam para se adaptar a este momento de crise e determinar um vínculo afetivo.

Ilustra-se muito a adequação da criança à doença, resaltando-se o interesse da qualidade do vínculo entre a criança e sua mãe. Neste sentido, entende-se a criança e não a mãe (DAVIS e WALLBRIDGE, 1982). No entanto, a mãe torna-se muito importante nessa unidade inicial com seu bebê, uma vez que este está extremamente dependente dela e o que se nota é que o estado emocional da mãe não se evidencia, apesar de sua importância para a evolução do bebê (DAVIS e WALLBRIDGE, 1982). Em algumas condições, o trauma pode ser amenizado se puder ser compreendido ou tratado em suas primeiras etapas, impossibilitando que surja em um estado traumático. Contudo, este mesmo pode se desempenhar como um acidente traumático adicional, como é o caso de algum estado afetivo perturbador, como a ansiedade ou a depressão, ou um estado de contínua frustração e impotência psíquica (RANGELL, 1971).

Estas atribuições são necessárias para que o diagnóstico de cardiopatia no bebê venha apresentar-se como um trauma para muitas mães, que não conseguindo suportá-lo (principalmente por encontrarem-se fragilizadas emocionalmente e regredidas devido a situação de parto e preocupação materna primária), sentem-se desamparadas e impotentes, gerando pânico, ansiedade e depressão. A INFLUÊNCIA DOS FATORES BIOPSICOSSOCIAIS EM CRIANÇAS COM CARDIOPATIA CONGÊNITA O desenvolvimento infantil é a conclusão da junção de vários fatores, entre eles as características biológicas, psicológicas e sociais. As conquistas de novas habilidades associa-se à faixa etária da criança e às relações vividas com os outros indivíduos do seu meio social (GIRON, 2005). Na atualidade é a mais comum nos recém- nascidos vivos, que pode representar 1% na população brasileira (GIANOTTI, 1996).

Muitos teóricos do tema apresentam diferentes questões a cerca destes fatores, sendo que a maioria considera que o desenvolvimento na infância sofre interferencias de variações múltiplas, que perpassam a da natureza neurobiológica e abrangem fatores sociais e culturais que podem ser primordiais na alteração de respostas cerebrais nas várias fases do desenvolvimento infantil (MIRANDA & MUSZKAT, 2004). Nos últimos anos várias pesquisas foram realizadas com o propósito de explicar os aspectos que envolvem a vida da criança e do adolescente cardiopata congênito. Bertoletti, Marx, Hattge Jr. e Pellanda (2013) em uma análise mais sistemática sobre o tema menciona que a qualidade de vida da criança, do adolescente com cardiopatia congênita e de sua família, suportam um impacto considerável com as rotinas da doença, tratamento e hospitalizações.

É necessário então por parte do psicólogo o acolhimento ao paciente, pois acolher significa receber, atender, amparar, enfim dar abrigo e refúgio ao outro. Para se alcançar o proposto é essencial que terapeuta tenha desenvolvido sua capacidade de empatia, que significa compartilhar, experimentar os sentimentos de outra pessoa. “Compartilha-se da qualidade e não da intensidade dos sentimentos; do tipo, e não da quantidade. O principal objetivo de empatia é a obtenção de uma compreensão do paciente” (Greenson, 1982). É essencial então a criação de uma relação empática e de firmeza que possibilite psicólogo e paciente explorar juntos os múltiplos fatores que constituem a situação do momento. As alterações na rotina configuram-se não só como rupturas no convívio familiar e na interação com o ambiente, mas também como acréscimo de novas responsabilidades, especialmente para os pais.

Este trabalho possibilitou desvelar demandas que, no geral, ficariam implícitas. Assim, além das atividades terapeuticas terem um papel fundamental, também exerce uma função interventiva. Além da necessidade demonstrada pelos pais de desejarem saber mais sobre a doença, ficou evidente a importancia dos pais conhecerem o ambiente físico e psicológico vivenciado pelo filho cardiopata. É muito importante que eles conheçam todo o procedimento relacionado o tratamento, pois isso ajuda a compreender melhor a situação e reduz as fantasias sobre o que significa estar internado ou ser operado. S. S. RÉGIS, C. T. GOMES, R. Cardiopatia congênita no nordeste brasileiro: 10 anos consecutivos registrados no estado da Paraíba, Brasil. Revista Brasileira de Cardiologia, 27(1):509-15. Recuperado em 25 de outubro 2014, de http://zip. net/bdp30W- 2014 BERTOLETTI, J.

MARX, G. DAVIS, M. WALLBRIDGE, D.  Limite e espaço: uma introdução à obra de D. W. Winnicott. Investigacões em Psicanálise, Rio de Janeiro, Imago, 1982. GIANOTTI, A. Efeitos psicológicos das cardiopatias congênitas. São Paulo: Lemos. GIRON, A. Porto Alegre (RS): Artes Médicas; 1992. p. MARTINS, M. F. D. MUSZKA, M. Neuropsicologia do desenvolvimento. In V. M. Andrade, F. M. RIBEIRO, C. A. BORBA, R. I. W. Abordagem psicológica da criança cardiopata. In: Psicologia Cardiologia: encontros possíveis (pp. São Paulo: Casa do Psicólogo. RANGELL, L (1971) La metapsicologia del trauma psíquico in: FURST, SS; RANGELL, L. Brunner & Suddarth: tratado de enfermagem médico-cirúrgica. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. Capítulo 26, Histórico da função cardiovascular; p. VALLE, E.

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