Aspectos Ergonômicos Fisiológicos Os efeitos do calor no desempenho das atividades dos Bombeiros
Tipo de documento:Proposta de Pesquisa
Área de estudo:Segurança do trabalho
EFEITOS DO ESTRESSE TÉRMICO. EFEITOS FISIOLÓGICOS NOSBOMBEIROS. ESTUDOS DE ILINOIS. SISTEMAS DE ARREFECIMENTO INDIVIDUAL. COMPARAÇÃO E ANÁLISE DAS TÉCNICAS DE ARREFECIMENTO. Considerando que mais de 80% dos entrevistados que no decurso da execução do trabalho, apresentou redução considerável de resistência com aparente fadiga extrema e que mais de 70% experimentara algum grau de desidratação, é razoável concluir que existe uma necessidade vital pela adoção de medidas pertinentes que visem à prevenção de danos à saúde física e mental dos profissionais do segmento. Em assim sendo, e visando; sobretudo, estabelecer um procedimento padrão, sugere-se aqui a adoção de medidas de intervalos regulares com vistas à recuperação satisfatória do profissional no decorrer do combate ao incêndio, o que proporcionará uma considerável melhoria de desempenho na execução daquele trabalho.
Palavras-Chave: Bombeiro. EPI. Efeitos Fisiológicos. É legitimo afirmar de maneira inequívoca que os membros da corporação em questão, em razão da diversidade de suas missões, expõem-se sobremaneira à múltiplas situações de risco, senão vejamos: uma mudança rápida no cenário em função da combinação plural de fatores, tais como, clima, vento, temperatura, intensidade de luz, reação dos indivíduos envolvidos e, sobretudo, o eventual desempenho do emprego dos equipamentos. Todas essas combinações múltiplas de fatores exigem dos bombeiros a aplicação imediata das aprendizagens técnicas, além de aprimorada, notória e extrema dedicação. Nas atividades desempenhadas pelos bombeiros, constituem-se como os principais acessórios de proteção os seus denominados Equipamentos Pesados de Proteção Individual (EPI).
Trata-se de uma roupagem composta de duas peças confeccionadas principalmente em um mesclado de fibras aramidas com propriedade intrínseca anti-chamas. O traje em questão, conta ainda com luvas e botas especiais, sendo complementado com um acessório autônomo de proteção respiratória (EPR). O escopo do presente trabalho, portanto, diante do exposto, objetiva com base na metodologia obtida em revisões sistemáticas de artigos e entrevista pré-elaboradas, relacionar os efeitos fisiológicos apresentados pelos bombeiros em razão do uso dos equipamentos de proteção no decurso das ações de combate a incêndio. REVISAO DE LITERATURA 1. EFEITOS DO ESTRESSE TÉRMICO Estudos científicos relatam de forma ampla as condições térmicas ambientais com vistas a correlacionar seus efeitos ao desempenho das atividades físicas do homem.
Os fatores ambientais que contribuem para a condição favorável de conforto, assim como, para o estresse térmico, dividem-se em ( segundo Dut et. al. Os profissionais que se encontram em ambientes de trabalho sob a influencia do calor e radiação solar, quando examinados, constataram-se nos mesmos, alterações que variam desde indícios de visível fadiga ao surgimento de complicações psicológicas que podem levar ao esgotamento e prostração como reações orgânicas naturais provocadas por exposição prolongada a temperaturas elevadas (Astete et. al,1989). Níveis de menor gravidade também podem ser constatados, tais como, cansaço e sonolência que geram o cometimento de erros no serviço executado decorrentes da perda de concentração. Kroemer, et al, 2005). Tais reações ensejam situações de perigo iminente na medida em que podem culminar em acidentes e lesões inerentes à atividade, uma vez que o organismo humano não suporta variações térmicas internas acima de 4º C sem que ocorra queda das capacidades física e mental do individuo (Gallois, 2002).
Já quando se trata do contingente do Corpo de Bombeiros, o levantamento apontou que 45% das mortes por aquela causa ocorreram no decurso do cumprimento do trabalho (Kung et al, 2008 e ESFA, 202 apud Smith, 2008). Nos estudos baseados nas autópsias realizadas na cidade de Ribeirão Preto, SP, Brasil, na busca de identificar os casos de mortes causadas por parada cardíaca súbita, foram analisados de maneira retroativa aproximadamente 4500 relatórios elaborados entre os anos de 2006 e 2010 constatando-se que naquele período cerca de 20% dos óbitos decorreram daquela causa. O percentual resultante, portanto, é compatível com os estudos norte americano para a população em geral. No entanto, é lamentável que não haja disponibilidade de levantamentos similares de natureza fidedigna dirigidos especificamente ao Corpo de Bombeiros no Brasil, sabendo-se que apenas meras sondagens regressivas com base em atestados de óbito estão sendo realizados pelo Corpo Militar de Bombeiros do Estado do Espírito Santo, objetivando traçar um perfil de mortalidade entre os membros da corporação daquela região.
O ESTUDO DE ILINOIS Estudo dividido em duas fases e intitulado “Fatalidades e lesões em bombeiros: O papel do estresse térmico e o EPI” fora publicado em 2008 pela universidade de Ilinois nos Estados Unidos. Foram coletados dados fisiológicos pertinentes tais como, frequência cardíaca, temperatura corporal, oxigenação sanguínea, concentração de dióxido e monóxido de carbono. Embora pouca diferença tenha sido constatada entre os dois modelos de EPIs utilizados, as alterações fisiológicas registradas aparecem como resultado do fato das atividades de combate a incêndio terem sido desenvolvidas em ambientes com altas temperaturas. Os dados médios relativos a temperatura e frequência cardíaca são demonstrados na tabela abaixo onde pode ser verificado que não ocorreu variação significativa durante o uso de ambos os modelos de EPI, com exceção da temperatura constatada nos braços e pescoço em razão do menor isolamento térmico apresentado pelo projeto HERO.
Resposta fisiológica à atividade de combate à incêndio Pré-teste Pós-teste Temperatura do núcleo corporal (Cº) 37. Temperatura do pescoço (Cº) 33 38. • Recuperação ativa Pode ser a única opção viável em condições ambientais extremamente quentes, com vistas a reduzir as tensões térmica e cardiovascular pelo uso dos equipamentos de proteção individual e respiração por prolongado período de tempo. Deve ser aplicada nos períodos de repouso do profissional, com vistas ao aumento significativo da tolerância ao calor durante todo o tempo de trabalho. Selkirk et al. A recuperação ativa subdivide-se ainda em três métodos de arrefecimento: • por convecção forçada (uso de um ventilador); • pela da água e (imersão das mãos e antebraços), • pelo gelo (colete).
Fonte: Adaptado de Barr et al. Com maior dissipação do calor ocorrida nos primeiros 10 minutos da imersão, esse método mostrou-se bastante eficaz na redução da tensão provocada pela alta temperatura. A redução da temperatura cutânea simultânea a refrigeração do sangue na zona central do corpo reduz de forma significativa a intensidade da temperatura corporal. Ressalta-se que para o sucesso da aplicação desse método, é de fundamental importância que a manutenção do fluxo sanguíneo seja garantida, obtendo-se assim o resultado esperado. Entretanto, se a água vertida da torneira existente no local estiver a uma temperatura igual ou superior a 20ºC, a eficácia satisfatória desse método de arrefecimento vai depender se as mãos e antebraços do individuo estejam imersas no recipiente (Giesbrecht et al.
Barr et al. Na ocasião aquele contingente representava cerca de 30% do efetivo total da corporação militar do Corpo de Bombeiros do Estado do Espírito Santo. Não obstante, daquele total dos bombeiros que de fato exerciam exclusivamente à atividades voltadas para o atendimento à emergências, 341 se identificaram, o que representa mais de 60% do total do efetivo dos participantes. A tabela abaixo apresenta os dados gerais dos que participaram dessa pesquisa quantitativa. Perguntas Variável Frequência % Média Posto/Graduação Major 02 0. Capitão 06 1. anos 36 a 40 51 14. a 45 43 11. a 55 36 9. Tempo de Serviço no CBMES Até 5 anos 45 12. a 10 178 49. Cerca de 90% do efetivo é composto de soldados, cabos e sargentos que representam os níveis hierárquicos que compõem, via de regra, as equipes de atendimentos emergenciais, com 9,3 anos atuando exclusivamente nos atendimentos de emergências.
RESULTADOS E DEBATES Além dos tópicos relativos à identificação, a pesquisa era acompanhada ainda de 07 perguntas especificas relacionadas ao EPI utilizado, a fim de detectar os efeitos resultantes do seu uso, o tempo médio da atuação do bombeiro, bem como, se era do conhecimento deste, algum procedimento operacional com vistas a reduzir de maneira significativa os efeitos maléficos decorrentes do uso daquele equipamento. Considerando que as expectativas acerca do resultado do uso do Projeto Hero não foram satisfatoriamente atingidas, outra questão que fora levantada residiu no fato de com que periodicidade as pausas seriam aplicadas. Aproximadamente 80% dos participantes quando perguntados sobre o eventual revezamento nas operações de emergência, afirmaram de maneira categórica da extrema necessidade de substituição após 1 hora de atuação, evidenciando-se dessa forma, a indispensável programação de pausas que devem ocorrer no decorrer daquelas operações, com a finalidade da manutenção do ritmo de trabalho após a imprescindível recuperação do bombeiro.
Entretanto, ocorreram eventuais abordagens diferenciadas, uma vez que entre os entrevistados ocorreram divergências sobre o tempo com 40% defendendo que uma pausa após trinta minutos de atuação seria suficiente enquanto que 38% deram prioridade ao revezamento após uma hora de trabalho. Internação 71 (19. Red. Desenpenho. Fis. Perda de Atenção 79 (21. É sabido que tal procedimento por não possui sua aplicabilidade de caráter oficial no seio da corporação de Bombeiros do Estado do Espírito Santo, infere-se que a maioria dos entrevistados tenha sofrido influencia da parte dos gestores das emergências. Esse fato torna-se evidente quando se toma em separado somente as resposta fornecidas pelos oficiais que atuam na função de comando, considerando que de um total de 24 oficiais apenas 01 afirmou possuir conhecimento da existência de certo procedimento padrão.
Quanto à existência de estrutura logística voltada à manutenção das condições de trabalho dos bombeiros em ocorrências prolongadas, detectou-se um mesmo grau desconhecimento, revelando assim, haver no cerne da corporação um desencontro de informações nesse sentido a respeito da sua estrutura funcional. Deve-se ressaltar que a amostra pesquisada, compunha-se em sua totalidade de respostas fornecidas por sargentos, cabos e soldados que em essência, são os executores das ações envolvendo resgates e, em razão disso, como objetos da pesquisa, são os mais diretamente afetados pelos efeitos adversos decorrentes do uso imprescindível do EPI naquelas operações. PROPOSIÇÕES Em face da inexistência de um procedimento operacional padrão (POP), fica à cargo do gestor da corporação dos bombeiros militares nas operações de emergência, decidir sobre a prioridade e conveniência de se estabelecer ou não determinada área de recuperação.
A utilização dos equipamentos, no entanto, em razão do peso exercido sobre o corpo do profissional pode eventualmente alterar o centro da gravidade corporal causando acidentes que podem provocar lesões permanentes no sistema musculoesquelético. É mostrado ainda, que nos casos de incêndios de grandes proporções que possam ter duração de tempo superior a 02 horas de ação no combate, os eventuais revezamentos, ainda que de forma não preventivamente e sistematizada, podem ocorrer por pura iniciativa dos integrantes da equipe em deferência ao companheiro atuante já encontrar-se visivelmente em considerável grau de fadiga, fato que demandará mais tempo para sua recuperação em termos fisiológicos. Com vistas a elaborar um modelo padronizado, propõe-se então, a sistematização dos eventuais e regulares intervalos de recuperação, por meio de um modelo padronizado que vise contemplar o bombeiro com a plena e satisfatória condição do seu trabalho, o que vem garantir em ultima análise, a potencialização da segurança das operações realizadas.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASHRAE STANDARD 55-1992, Thermal environment conditions for human occupancy, 2003, ASTETE, M. W. Excessive Heat and Worker Safety–Universidade da Pensilvânia e NASA, 2004, COELHO, L. C. A. A gestão de situações críticas e os bombeiros. Disponível em:. Análise das condições de stress e conforto térmico sob baixas temperaturas em indústrias frigoríficas de Santa Catarina. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Disponível em:http://www. LIMA FILHO, E. C. A influência das variáveis ambientais e pessoais nas sensações térmicas dos trabalhadores fabris e as recomendações da bioclimatologia. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE CONFORTO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 2001, Campinas. Anais. XAVIER, A.
A. P. Conforto térmico e stress térmico. Florianópolis, SC: UFSC/LabEEE, 2002 LARSEN, Brianna et al. SANTOS, I. I. K. Aspectos ergonômicos relacionados à atividade de socorro público pré-hospitalar. São José: Universidade do Vale de Itajaí, 2008. Acesso em 15 dez. Temperaturas altas podem trazer riscos físicos aos trabalhadores. Disponível em:, >, Acesso em 27 set. Normas Regulamentadoras. Disponível em:.
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