As habilidades socio-emocionais e sua relação com a aprendizagem

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Pedagogia

Documento 1

No entanto, para Abed (2014), as instituições de ensino formais não estão acompanhando essas transformações pelas quais a sociedade tem passado, e sugere que há de se criar novos paradigmas que sustentem uma ação educativa que se adapte às novas exigências que a futura sociedade impõe. Para corroborar com isto, Gondim, Morais e Brantes (2014) relatam que as instituições têm como estratégia o ensino baseado no desenvolvimento cognitivo do aluno, isto é, um modelo pautado em alfabetizar e promover a capacidade de pensar e analisar situações para se chegar a uma rápida solução através de conhecimentos acumulados da história da civilização. No entanto, trata-se de um modelo defasado, uma vez que já não é possível delimitar os conhecimentos cognitivos ao papel da escola na sociedade atual.

Isto ocorre, pois, o aluno como ser social, é cercado por estímulos que contribuem para seu desequilíbrio emocional. Neste sentido, a função da escola e do professor não devem se limitar a transmissão de conhecimentos acumulados, visto que isto não prepara o aluno de forma integral para a vida e para o mercado de trabalho do século XXI. A autora relata que os resultados indicaram diferenças consideráveis na vida adulta dos participantes do projeto “Perry”, apresentando menores taxas de envolvimento em crimes, gravidez na adolescência, desemprego e abandono escolar. Embora não tenha influenciado o desempenho cognitivo mensurado em testes de QI, o projeto “Perry” foi especialmente bem-sucedido ao ensinar aos alunos a persistência, organização, controle das emoções e bons relacionamentos interpessoais (PONTES, 2013, apud ABED, 2014: 110).

Isto posto, é preciso considerar que os alunos, assim como os professores, são indivíduos com emoções, que estabelecem vínculos e que se relacionam socialmente, e neste sentido, desenvolver as habilidades socioemocionais permite que ocorra aquilo que (ABED, 1996, apud ABED 2014:8) chama de integrar as facetas do ser humano, ou seja, torná-lo inteiro, possibilitando que reintegre tudo que foi cindido pela modernidade da sociedade. Para Silva e Silva (2009), ser professor é ter que lidar com desafios, visto que, por inúmeras razões, as crianças e adolescentes chegam à escola com carências sociais e emocionais. Assim sendo, além de ter que lidar com essas adversidades e ensinar o aluno a adquirir competências para controlar suas próprias emoções, o professor, também como ser social, necessita de um preparo para gerenciar suas próprias emoções, e só assim poderá ser capaz de desenvolver e dar suporte às competências emocionais de seus alunos.

Objetivos específicos Descrever o que são Habilidades Sociais e sua importância para a educação. Identificar as principais dificuldades de aprendizagem no contexto educacional. Analisar os benefícios das Habilidades Socioemocionais na resolução das principais dificuldades de aprendizagem. METODOLOGIA Este trabalho caracteriza-se como uma pesquisa bibliográfica, de natureza exploratória, que teve princípio a partir da leitura de diferentes teóricos da área da Educação, objetivando compreender sobre a importância do desenvolvimento das habilidades socioemocionais e sua relação com a aprendizagem. De acordo com Lima e Mioto (2007), a pesquisa bibliográfica implica em um trabalho exploratório descritivo, que tem por objetivo a busca por soluções de um problema de um objeto de estudo e que, por isso, não deve ser uma pesquisa aleatória.

A confiabilidade tem por objetivo garantir ao leitor a origem dos dados, a validade do conteúdo, além de autoria reconhecida do autor em sua área de atuação. A acessibilidade, por sua vez, é a facilidade de localizar e obter as informações necessárias que contemplem todos os critérios acima citados. REVISÃO TEÓRICA 3. O que é aprendizagem A compreensão do desenvolvimento humano, o modo como as pessoas pensam, sentem e buscam soluções para novos desafios, pode ser analisado sob diversas perspectivas teórico-filosóficas, seja nas ciências biológicas, naturais, humanas ou sociais. Desta maneira, a concepção de aprendizagem não tem como fundamentação uma única teoria, o que justifica a dificuldade para estabelecer um consenso sobre o tema, dado que coexistem diversas teorias sobre a aprendizagem humana.

F. Skinner evidencia, como objeto de estudo, o comportamento humano, sobretudo os comportamentos observáveis. No entanto, embora seja erroneamente difundido, não ignora os comportamentos que não podem ser vistos, os quais são denominados de comportamentos encobertos, tais como: sonhos, pensamentos, sentimentos e cognições. Ainda segundo estes autores, um dos comportamentos estudados por Skinner é o comportamento operante, isto é, o comportamento que opera no ambiente, ou seja, aquele que produz consequências, consequências estas, que afetam o organismo e desenvolvem nossas habilidades. Neste sentido, o indivíduo não pode ser considerado passivo, pois encontra-se em constante interrelação com o meio em que vive, onde nada acontece sem uma causa a priori. De acordo com Piaget (1970), o indivíduo tem papel ativo no seu desenvolvimento cognitivo, posto que, para ele, conhecer um objeto significa agir sobre ele e transformá-lo.

Neste sentido, para que ocorra a aprendizagem, é fundamental que exista a interação entre sujeito e objeto, uma vez que o conhecimento se dá por uma construção constante através desta interação. Segundo Becker (2013), na abordagem piagetiana, a ação do aluno sobre o meio não pode ser feita de forma negligente, sendo necessário que o professor saiba conduzir a atividade para que haja um bom aproveitamento da tarefa, assim como saber relacioná-la às possibilidades de cada criança. Portanto, os alunos obtêm melhores rendimentos quando os conhecimentos que lhes são oferecidos correspondem às suas possibilidades. Na teoria piagetiana, as capacidades cognitivas são produtos das ações transformadoras do sujeito sobre o mundo e sobre si mesmo, e para que isto ocorra, existem dois processos que ocorrem mutuamente, a saber: assimilação e acomodação.

Neste sentido, é pela apropriação do ambiente externo, através das relações sociais que o indivíduo estabelece, que se desenvolve seu mundo interno. Porém, trata-se de um processo mútuo, posto que conforme o indivíduo atua no mundo e se relaciona socialmente, este mundo também se constrói em uma relação de transformações e trocas bilaterais. Para Vygotski (2013), o desenvolvimento acontece a partir de dois processos diferentes que se complementam, a saber: maturação e aprendizado. A maturação é o que proporciona determinadas capacidades e que torna possível a aprendizagem e para isso, a linguagem tem um papel fundamental, que se desenvolve em uma sequência: em primeiro lugar, existe a função indicativa, que é o pensamento sincrético, posteriormente, a função significativa, que é o pensamento por complexos, e por último, o pensamento formal, que compreende a criação de conceitos simbólicos.

Desta forma, o papel do professor é o de ajudar a desenvolver o pensamento formal, no entanto, deve-se levar em consideração que nem todas as crianças aprendem da mesma maneira. Somente uma sólida cultura geral libera o indivíduo dos estreitos limites da técnica; a cultura geral aproxima os homens, enquanto a cultura específica os afasta. Segundo Mahoney (2004), além do planejamento das atividades, é necessário considerar que a identidade do aluno é produto da configuração que se constrói entre os conjuntos afetivos, cognitivos e motores. Neste sentido, toda atividade proposta pelo professor deve incluir estes três conjuntos e todo planejamento deve levá-los em consideração. Desta maneira, uma proposta educacional fundamentada na teoria walloniana, tem como base a compreensão do ser humano em sua totalidade, não podendo a escola esquecer que a prática verdadeiramente pedagógica tem por objetivo o desenvolvimento do indivíduo e o fortalecimento do eu.

Seu propósito, portanto, deve ser o de levar o aluno a fortalecer sua autoestima e torná-lo propício ao desenvolvimento. Segundo os autores, cabe a escola e ao educador desenvolver em seus alunos o conceito de habilidades sociais, que se refere à capacidade de emitir comportamentos sociais adequados e articular pensamentos e sentimentos em diferentes situações interpessoais. Além disso, também faz parte da proposta o desenvolvimento de habilidades emocionais, que dizem respeito ao desenvolvimento de valores especialmente relacionados à empatia, controle da impulsividade e de sentimentos negativos como raiva e frustração, além de solução de problemas interpessoais, comportamento antissocial, habilidades de negociar interesses, expressar sentimentos positivos e capacidade de lidar com críticas. Neste sentido, pode-se presumir que esta abordagem de ensino seria útil não somente como recurso para potencializar o desenvolvimento das competências cognitivas, como também em um sentido preventivo, uma vez que garantindo a aquisição desse repertório às crianças e adolescentes, teremos adultos preparados para o exercício da cidadania.

Na atualidade, ainda são muitas as discussões na esfera acadêmica a respeito da identificação, mensuração e determinação das habilidades socioemocionais que deveriam ser desenvolvidas pela escola. Desta forma, pesquisadores da área da educação organizaram as habilidades socioemocionais em cinco grandes domínios denominados “Big Five”. Entretanto, algumas vezes esta aprendizagem foge às expectativas do professor, restringindo o aluno a uma aquisição de conhecimento limitada, deixando de alcançar os padrões de aprendizagem previstos para sua idade. Segundo Mazer, Bello e Bazon (2009), a dificuldade de aprendizagem é notada na entrada da criança na escola, sendo um período de grande importância para seu desenvolvimento, onde o indivíduo passa a realizar tarefas, se relacionar socialmente, bem como deve sair-se bem na escola e seguir regras.

Além disso, passa a ser avaliado por seus professores e pais sobre suas habilidades escolares e, com base nessas avaliações, desenvolve uma visão sobre si. Para corroborar com isto, Stevanato et. al (2003) relatam que como consequências das dificuldades de aprendizagem, a criança é envolvida por sentimentos de inferioridade, torna-se frustrada e perturbada emocionalmente, o que faz com que sua autoimagem seja anulada, especialmente se este sentimento já fora instalado em sua família. Desta maneira, assinala-se a importância de práticas pedagógicas, afim de potencializar o desenvolvimento das competências socioemocionais, visando a melhoria da Educação no Brasil. Os benefícios das habilidades socioemocionais na resolução das principais dificuldades de aprendizagem Nas últimas décadas, especialistas das áreas da educação, psicologia e economia, realizaram grandes estudos que revelaram que as habilidades socioemocionais são tão importantes quanto as habilidades cognitivas, e que seu desenvolvimento e manutenção são essenciais para obtenção de bons resultados no bem-estar coletivo, individual, na saúde, obtenção de renda, e educação.

As evidências sugerem que, uma vez que estas habilidades tenham sido desenvolvidas no início da infância via processo de escolarização, os resultados se refletirão até a vida adulta, visto que a educação é, sobretudo, promotora de oportunidades, capaz de propiciar o desenvolvimento de indivíduos capazes de realizar boas escolhas e com amplo potencial. Para corroborar com isto, A ênfase recai em aspectos socioemocionais que capacitam as pessoas para buscarem o que desejam, tomarem decisões, estabelecerem objetivos e persistirem no seu alcance mesmo em situações adversas, de modo a serem protagonistas do seu próprio desenvolvimento e de suas comunidades e países. IAS, 2014, p. Entre as facetas da Abertura a Novas Experiências, destaca-se a criatividade, com correlação moderada relacionadas a notas na escola, e elevada correlação com a qualidade de trabalhos de conclusão de curso na Universidade.

Conscienciosidade: de acordo com os autores acima citados, a conscienciosidade é o domínio mais associado ao sucesso da aprendizagem. Tem em seu grupo características relacionadas a perseverança e responsabilidade, que são atributos essenciais em atividades que envolvam obrigações a médio e longo prazos, tais como trabalho e estudos. Além disso, é o mais significativo dos atributos de personalidade, de modo que é comparável à inteligência. Extroversão: entre todos os domínios do Big Five, a extroversão é o constructo que apresenta menos resultados no âmbito educacional, pois nem sempre ter mais ou menos desta característica indica uma vantagem na aprendizagem escolar, visto que as associações de medidas deste constructo com os resultados educacionais e até mesmo do mercado de trabalho são, na maioria das pesquisas realizadas, estatisticamente bastante baixas ou nulas.

Os resultados podem ser verificados nos gráficos abaixo: Gráfico 1: Fonte: Instituto Ayrton Senna * Considera-se a diferença de desempenho de um aluno que estivesse com 25%, menor nível de qualquer atributo, e passasse para 75%, maior nível de qualquer atributo. Além dos cinco constructos, a pesquisa também avaliou o protagonismo, denominado Lócus de controle, que tem como objetivo avaliar como o indivíduo atribui acontecimentos vividos a condutas tomadas por ele ou por outra pessoa. Gráfico 2: Fonte: Instituto Ayrton Senna * Considera-se a diferença de desempenho de um aluno que estivesse com 25%, menor nível de qualquer atributo, e passasse para 75%, maior nível de qualquer atributo. Além dos cinco constructos, a pesquisa também avaliou o protagonismo, denominado Lócus de controle, que tem como objetivo avaliar como o indivíduo atribui acontecimentos vividos a condutas tomadas por ele ou por outra pessoa.

De acordo com os dados observados no gráfico 2, é possível observar que a Conscienciosidade é frequente entre as séries, em especial no desempenho de Matemática, sendo sempre o melhor entre os constructos não cognitivos. Por outro lado, quanto menos suas habilidades socioemocionais forem desenvolvidas, maiores as chances do aluno demonstrar comportamentos negativos, tais como: intolerância, violência, insensibilidade, desinteresse, indisciplina, desorganização, elevado número de faltas e até abandono escolar. O ato de aprender envolve habilidades sociais, pois o aprendizado ocorre em um ambiente naturalmente social, dado que é fruto da interação entre estudantes e professores. As emoções, por sua vez, também influenciam fortemente na aprendizagem, visto que um estudante ansioso, deprimido ou desmotivado, certamente terá dificuldades escolares. Embora alguns autores (Skinner, Wallon, Piaget e Vygotski) discordem entre si sobre os processos de aprendizagem, o que é natural, posto que cada autor tem uma visão a respeito do desenvolvimento humano, é imprescindível que haja mais envolvimento da sociedade, em especial da escola, no que diz respeito as causas que favorecem as dificuldades de aprendizagem.

Pois em uma sociedade em que a família está cada vez mais se transformando, observa-se que os pais não têm mais tempo para aprimorar as estruturas socioemocionais de seus filhos, de forma que este papel acaba sendo outorgado à escola. O Desenvolvimento Das Habilidades Sócio emocionais Como Caminho Para a Aprendizagem e o Sucesso Escolar de Alunos da Educação Básica – São Paulo abril de 2014. Disponível em: file:///C:/Users/TCC/Downloads/ap4_hab_socioemocionais_anita_abed. pdf. Acesso em: 18 abr. ABED, Anita Lilian Zuppo. Acesso em 19 abr. ALMEIDA, Laurinda Ramalho. Wallon e a Educação. In: Henri Wallon: Psicologia e educação. São Paulo: Loyola, 2005. BRASIL, Portal. Dificuldades de aprendizagem atingem cerca de 5% da população escolar. Disponível em: http://www. brasil. gov.

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Disponível em: http://www. scielo. br/pdf/%0D/pe/v8n1/v8n1a09. Tuim; PONCE, Rosiane de Fátima; ALMEIDA, Sandro Henrique Vieira de. As compreensões do humano para Skinner, Piaget, Vygotski e Wallon: pequena introdução às teorias e suas implicações na escola.  Psicol. educ.  São Paulo, n.

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