As concepções de infância para Norbert Elias e Philippe Ariès

Tipo de documento:Artigo cientifíco

Área de estudo:Pedagogia

Documento 1

Os objetivos específicos são identificar as concepções de infância desses teóricos e mostrar como essas concepções podem ser usadas na educação de crianças na contemporaneidade. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, fundamentada pelos próprios teóricos estudados, Elias (1994, 2009) e Ariés (2006). Palavras‐chave: Infância. Sociedade. Criança. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, fundamentada pelos teóricos Norbert Elias e Philippe Ariès, bem como de outros que abordam a infância. CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA Para se compreender uma criança, sempre existiram concepções diversificadas que reproduzem contradições sociais contemporâneas. No decorrer da Idade Média, até o Século XIII, a sociedade não se importava com as etapas da vida e as crianças constituíam-se como miniatura de adulto e sua educação acontecia somente com a convivência com suas famílias, elas aprendiam observando o que faziam os adultos, auxiliando-os nas tarefas cotidianas.

Em torno do século XIV, começaram a dar mais atenção às crianças, com alguns artistas passando a construir brinquedos direcionados ao desenvolvimento infantil, sendo esse um grande passo para se pensar na infância. Por meio da pictografia, as particularidades infantis começam a ser representadas. Nessa época, sob influência do catolicismo, reconhecendo que a criança tinha alma antes do corpo, vieram a preocupação com a higiene e a alimentação, surgindo as primeiras vacinas para evitar enfermidades e a preocupação com a saúde, surgindo a demanda de preservar a inocência da criança, separando-a do adulto. Segundo Ariès (2006), a ideia de inocência era comum e os costumes prestigiam o comportamento regulado por comportamentos sociais bons, orientados pela conduta e pudor com relação ao próprio corpo.

Esse foco relacionado ao social fez surgir a criação de linguagens próprias à infância, com divisões novas de leitura voltadas para crianças. É importante ressaltar que a infância não possui apenas o aspecto biológico, porém muito além dele há a influência cultural. O autor prossegue afirmando que a ideia de infância começou a desaparecer a partir do século XX, com adultos e crianças em um mesmo mundo compartilhado. Nos dias atuais, a pessoa é considerada criança até os doze anos de idade e conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a criança precisa ser respeitada e seu universo de representações deve ser considerado, uma vez que ele é participante das relações sociais, sendo parte de um processo histórico, social, cultural e psicológico.

A Infância para Norbert Elias Elias (1994) ressalta o processo civilizador na constituição do sujeito, considerando que ele é uma configuração da produção humana, sendo que sua formação em sociedade se civiliza e se molda aos valores de tudo que envolvem sua vida em sociedade. Há uma preocupação com o comportamento humano em geral, mas não havia a preocupação com a criança e sua educação na escola. Nota-se que o ser humano necessita ajustar as emoções para redefinir a autorregulação do comportamento, na vida social e na sustentação de um comportamento civilizado; sendo esse um processo de racionalização do ser humano como um dos principais valores para viver em sociedade. O marco importante para Elias (2009), é a civilidade associado à educação da infância, mas o autor não demonstra preocupação com a infância e sua educação, mas o processo civilizador não exclui isso, que ele chamou descoberta do sentimento de infância.

Essa mudança ocorre de modo geral, sem pensar ou planejar, mas existe uma organização implícita. O autor diz que a civilização não é razoável, não sendo nem racional, nem irracional, ela é colocada e se mantém em movimento pela própria dinâmica autônoma por meio de uma rede de relacionamentos, de mudanças específicas no modo como as pessoas se veem obrigadas a conviver com os outros e vão se modificando para não ficar fora da movimentação que é incessante. Desse modo, Elias (2009) mostra que havia situações complexas que exigiam o esforço de as pessoas se comportarem de modo correto dentro de alguns parâmetros que se tornam um autocontrole consciente do indivíduo e suas relações com as instituições sociais estabelecidas ao longo de sua formação.

Esse mecanismo tinha o objetivo de prevenir transgressões do comportamento, socialmente aceitável, através de medos apreendidos, por seguir cegamente o hábito. Os hábitos ruins eram mudados de modo violento, pela prisão, pena de morte, exílio, ou pelo medo do inferno. Essa representações eram abstratas e muitos morriam sem percorrer todas essas fases da vida. Por meio de relatos e textos dos séculos XII ao XVIII definiu-se cada fase, sendo que a primeira idade começa com o nascimento e vai até os sete anos, quando começa a infância (ARIÈS, 2006). A infância tem passado por uma evolução histórica que perpassam por uma pelas concepções que lhe são dadas pela sociedade, que são por relações políticas, culturais e econômicas em cada tempo.

Ariès (2006) pesquisou a iconografia desde a era medieval até a modernidade percebendo as representações da infância na Europa, em especial na França. Nesses estudos ele observou que a infância era um produto da vida moderna, resultado das mudanças na estrutura social. Para Ariès (2006) o adulto demorou a perceber a existência da criança ao longo da história, sendo seu conceito construído socialmente conforme suas vivências e experiências em culturas diferentes e contexto social, sendo considerado uma criação adulta estruturada durante o desenvolvimento da era moderna. Devido à preocupação com os valores, as brincadeiras começaram a ser observadas nos séculos XV e XVI. Para exemplificar essa preocupação Ariès (2006), faz uma análise histórica dessa época através de artes plásticas barrocas, renascentistas e iluministas.

Nessas obras, as crianças foram pintadas como adultas em miniatura. Bocas, olhos e indumentárias têm a mesma forma dos adultos, só os tamanhos são reduzidos, são uma miniatura de adulto. Paralelo entre a Concepção da Infância: Norbert Elias X Philippe Ariès Tanto Elias (1994), quanto Ariès (2006) tratam da entrada da criança na vida social associada à aprendizagem dos costumes considerados bons para racionalizar o sujeito, estes fazem parte da formação do ser humano. Para Ariès (2006), entre o século XIX e início do século XX a criança sofre clausura nos quais são separados dos adultos por idade, para uma educação de bons hábitos, que deem garantias de uma infância civilizada e inocente, vivendo em um ambiente privado, alheio ao público, como se estivesse em uma quarentena.

Conforme Ariès (2006) e Elias (1994), as crianças ainda não estão prontas quando nascem, nem com sentimentos padronizados. Ao longo da história a criança vem sendo vista como um indivíduo sem completude e precisa se desenvolver para chegar a uma boa interação social. Elias (1994) realiza um aprofundamento nas discussões realizadas por Ariès (2006) explicando que há uma transição da infância para a vida adulta em que há o processo civilizador, obrigatório para atingir uma vivência social esperada, com enfoque para a preservação dos “modos e costumes” bons referentes à infância. Ariès (2006) mostrou como a criança era menosprezada nos primórdios e também como ela passou a ser considerada importante a partir do século XIII. Elias (2009) evidenciou que todo adulto foi criança e que toda criança será um adulto, por isso as pessoas precisam aprender desde criança e ao longo de toda a sua vida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao estudar Norbert Elias e Philippe Ariès foi possível compreender que a trajetória da criança foi marcada pela discriminação, marginalização e exploração. A criança não era vista como um ser em desenvolvimento, com características e demandas específicas, era tratada como se fosse um adulto em miniatura. A pesquisa possibilitou responder ao questionamento apresentado inicialmente, uma vez que foram desenvolvidas as concepções de infância de cada um desses teóricos. Tradução de Dora Flaksman, 2. ed. Rio de Janeiro, 2006. ELIAS, N. O processo civilizador: Uma história dos costumes.

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