ANÁLISE DO FILME EDWARD MÃOS DE TESOURA

Tipo de documento:Revisão Textual

Área de estudo:Psicologia

Documento 1

Assim, o surrealismo mostra-se um incomparável revelador das reinvindicações latentes: da literatura submetida à urgência do desejo, esoterismo praticado sem transcendência, materialismo contestado pelo ‘acaso objetivo’, comunismo confrontado às exigências irredutíveis da subjetividade. É um peso de um meio século decisivo que, de uma guerra à outra, incide intensamente no pensamento cronológico de tal movimento. Para a presente pesquisa o ponto crucial está diante do surrealismo na construção do ser e da beleza líquida dos tempos. Onde por meio de uma análise do filme ‘Edward, Mãos de Tesoura (1990) de Tim Burton, busca-se apresentar o surrealismo como fonte de criação da concepção do belo interno partindo da premissa do diretor na desconstrução de uma beleza líquida, estereotipada, na qual se vive nos tempos modernos.

O diretor mostra-nos o seu infinito particular em ação, no universo que nos vem apresentando desde então. Desta forma, percebe-se que dentro dos aspectos visuais, Edward rompe com os padrões estéticos dos demais, tendo seu rosto marcado e extremamente pálido, além de suas mãos serem tesouras, seu cabelo desgrenhado, sua forma de se vestir com roupas escuras, de couro, com adereços que remetem à subcultura punk. Compreende-se nesse ponto que não se busca ajustar Edward (monstro) aos padrões da sociedade ao qual o mesmo está inserido, pelo contrário, se percebe uma dura crítica à padronização da vida, dos costumes e desejos sociais, destacando a maneira como Edward mantém certo distanciamento. O estudo desenvolvido segue as seguintes etapas: primeiramente será feita a análise crítica do Filme para preparação do Brieffing em relação aos conceitos teóricos.

Posteriormente, é trazido alguns pareceres em relação à biografia Tim Burton para a imersão nas ideias e pensamento do Diretor. E por fim, é feita a análise de pesquisas para o conhecimento de outras interpretações sob o filme em junção ao estudo sobre a liquidez em tempos modernos de Zygmunt Bauman para a comparação da beleza liquida com a ideia do Diretor. Entende-se por movimento cinematográfico, um momento específico de uma região ou país que, em condições (políticas, culturais, econômicas, sociais e até psicológicas) muito específicas, abrigou um cinema cujos autores trabalhavam em sincronia estética, de linguagem ou técnica. Ou, quando os filmes eram muito diferentes entre si, o movimento trabalhava por uma ‘causa’ dos próprios artistas, refletindo o sentimento que pairava na nação naquele momento.

BALLERINI, 2020, p. No período compreendido entre as guerras, a França acabou sendo o berço para movimentos como o impressionismo, o dadaísmo e o surrealismo. Onde os artistas estavam decididos em levar suas experimentações para o cinema de Hollywood que estava em expansão. GUINSBURG; LEIRNER, 2020). Em alguns contextos, a tecnologia ao invés de diminuir os esforços humanos e oportunizar a paz, trouxeram vários desempregos. Além disso, todo o progresso fez com que a civilização busca-se sempre a perfeição, o que em alguns momentos gerou o estopim para confrontos armados. GUINSBURG; LEIRNER, 2020). Vários artistas encontravam-se perplexos em relação ao rumo que as coisas estavam tomando. Proclamando a onipotência do desejo e a legitimidade de sua realização, defendendo a destruição total dos laços criados pela família, pela moral e pela religião, os surrealistas recaíam no irracionalismo.

GUINSBURG; LEIRNER, 2020, p. Posteriormente, por meio do manifesto surrealista em meados de 1923, sendo nesse momento o surrealismo definido como “um automatismo psíquico puro pelo qual se exprime o funcionamento real do pensamento [. na ausência de qualquer controle exercido pela razão, fora do âmbito de qualquer preocupação estética ou moral”. GUINSBURG; LEIRNER, 2020, p. Isso nos mostra que mesmo com as características de um “Monstro”, Edward apresenta os sentimentos naturais de um ser comum. Tim nos guia por esse universo de dualidade a partir do momento que é apresentado o mundo cotidiano do herói, onde a semiótica de cores parte do escuro, cinzento e por sua vez, morto, para um mundo onde as cores são vivas, as casas iguais e o cenário simples. Talvez seja essa a premissa do diretor em mostrar a simplicidade da vida cotidiana e como a ideia do simples esteja, friamente, relacionada ao estereótipo de beleza moderna.

Logo no começo, vemos Peg (Mãe de Kim) ao se encontrar com Edward, encontra a beleza do diferente, aceitando-o como filho e levando-o para sua casa. Inocentemente, Peg tenta configurar a estética de Edward para o que ela vê como Normal, passando maquiagem no mesmo, adequando-o ao padrão. Mais uma vez a beleza líquida, apresentada por Bauman, se vê presente, onde há a vontade promissora de uma sociedade estereotipada querendo excluir a diferença estética dos padrões de vida quando Edward é obrigado a fugir e tem-se como morto. É claríssima e evidente a vontade de Tim Burton por essa quebra de realidade. A neve representa esse amor e a vida de Edward. Fica explícito quando Kim, já idosa, conta a sua neta que sabe que ele está vivo, pois há neve.

Edward, por sua vez, prossegue os dias e anos vivendo suas lembranças de Kim, esculpindo-as no gelo. Pode-se mencionar que o diretor foi uma criança suburbana alienada, que adorava desenhos e filmes com monstros, sendo esta sua preferência retratada posteriormente por meio de seus desenhos. Tal gosto peculiar se transformou em um apreço por truques e pelo grotesco, como retratado no episódio em que cortou a cabeça de um de seus soldados de brinquedos, fazendo como nos filmes de terror que assistia no sábado à tarde. SILVA, 2018). Os filmes produzidos por ele são repletos de magia, fantasia e imaginação, onde seus personagens transitam entre o bizarro e o poético, como por exemplo, em Batman (1989), Batman – o retorno de 1992, A Fantástica Fábrica de Chocolate além do inesquecível Edward Mãos de Tesoura.

SILVA, 2018). Observa-se nesse ponto, que Burton sempre se identificou com as histórias de terror, onde o mesmo sempre em suas criações utilizava o enlaçamento entre a comédia e o horror. Quando sua carreira já estava decolando, o diretor lançou o filme Edward Mãos de Tesoura, que conta a história de um homem que possui tesoura ao invés de mãos. SILVA, 2018). Edward é uma das imagens dos jardins de pesadelos do diretor. Não sendo original da cultura norte americano dos monstros, mas sim do caderno de desenhos do jovem Burton. BAUMAN, 2001, p. As características dos fluidos por meio da utilização de uma linguagem simples, que seria os líquidos, diferentemente dos sólidos acabam por não manter sua forma com muita facilidade.

Os fluidos não fixam o espaço muito menos prendem o tempo. Enquanto os sólidos por sua vez, acabam por neutralizar o impacto, diminuindo a sua significação em relação ao tempo (resistindo efetivamente ao seu fluxo). BAUMAN, 2001). NASCIMENTO, 2020, p. Líquido-Moderna é uma sociedade em que as condições sob as quais agem seus membros mudam num tempo mais curto do que aquele necessário para a consolidação, em hábitos e rotinas, das formas de agir. A liquidez da vida e da sociedade se alimentam e se revigoram mutuamente. A vida líquida, assim como a sociedade líquido-moderna, não podem manter a forma ou permanecer muito tempo. BAUMAN, 2009, p. Então, que coisa melhor que o próprio corpo do indivíduo para ser o lugar de encenação do eu? Sendo assim, o sendo estético pode ser visto como uma parte do subjetivo e uma parte do objetivo, sendo, sobretudo cultural e coletivo.

BAUMAN; LEONCINI, 2018). O fenômeno estético da moda ganhou um maior destaque na era moderna, porém a moda é algo atropopoiético, uma vez que, faz parte do ser humano que constrói conscientemente o seu ser humano. Logo, desde os primeiros homens, observa-se que o homem nunca deixou seu corpo tal como é sempre houve a preocupação em realizar intervenções levando em consideração a cultura dominante em cada período. BAUMAN; LEONCINI, 2018). CONCLUSÃO A mudança também se dá na ampliação do que é considerado relevante na apreciação da beleza. No século XVI, a ênfase recaída sobre a parte de cima do corpo, a delicadeza da tez, a intensidade dos olhos, a regularidade dos traços. Surgiram, então, o empoamento do rosto, os espartilhos e os regimes episódicos contra a obesidade, salientando sempre o rosto, os ombros, o busto, para os quais a parte inferior do corpo serve apenas de pedestal.

É inegável a influência da mídia hoje, particularmente das mídias sociais, na formação da subjetividade da população. Os modelos, de valor, beleza, felicidade, são introjetados desde a mais tenra infância e passam a ser modelos aspiracionais. Logo, os corpos são moldados e significados através da cultura, estando em um processo de constante transformação. Assim, o corpo se modificada à medida que as necessidades e desejos mudam. Fatores como: tempo, doença, mudança de hábitos alimentares, novas formas de prazer, intervenções médicas e tecnológicas oportunizam tais mudanças. Por meio da cultura de massa percebe-se uma constante busca em relação a gloficação e enaltecimento do ‘eu’, sendo denominada de cultura do narcisismo que possui como escopo o autocentramento e a valorização do indivíduo com o próprio eu.

Nesse quesito são somente valorizadas as características exteriores, onde o olhar do outro, ganha destaque e as redes sociais é a ponte do meio de comunicação para a glorificação do ‘eu’. AUMONT, Jacques; BERGALA, Alain; MARIE, Michel; VERNET, Marc. A estética do filme. Papirus Editora, Campinas – SP. BALLERINI, Franthiesco. História do Cinema Mundial. Análise Poética sob O Surrealismo na construção do ser. CORTEZ, Anna Emília; MUDADO, Gabriela; NORBIM, Oswaldo; PAULA, Marina de; SÁ, Soraia Casal de. O estranho mundo de Tim Burton. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte - MG, 2006. GUINSBURG, J. Integrative literature review: a research method to incorporate evidence in health care and nursing. Texto e Contexto - Enfermagem, Florianópolis, vol. n. p. out-dez. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC-SP.

Disponível em: https://tede. pucsp. br/bitstream/ handle/21148/2/Filipi%20C%C3%A9sar%20Rodrigues%20Cardoso%20da%20Silva. pdf.

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