Agronegócio e agricultura familiar em Goiás

Com o desenvolvimento do agronegócio, que representa 28% do PIB interno, o governo observou a necessidade de estabelecer políticas públicas destinadas à agricultura familiar como um modo de fornecer o mecanismo necessário para incrementar sua capacidade produtiva. O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) é uma política pública de apoio ao desenvolvimento rural, tendo como foco estimular o desenvolvimento do setor primário, especialmente da agricultura familiar, através de financiamentos de recursos destinados a estruturas de produção. Com base nisso, o programa em questão busca subsidiar a sustentabilidade da produção agropecuária, ou seja, não apenas incrementar a capacidade produtiva dessas famílias, mas buscar também maior qualidade de vida e estabilidade socioeconômica. A falta de recursos e baixa tecnificação de parte das propriedades familiares, muitas vezes, acarreta na dependência dessas famílias quanto a políticas públicas que possam servir de base para a sua realidade.

Sem alternativa e organização para com a sua realidade, essas famílias veem o trabalho urbano como uma salvação, contribuindo significativamente para os índices de êxodo rural e desfalque na produção agrícola. A queda desta modalidade em 2005 é explicada por QUEIROZ (2015), que relaciona o comportamento da baixa com dois fatores: a elevada variação anual dos contratos financiados e com a incapacidade da competitividade da agricultura familiar dentro do mercado. GRÁFICO 3: Evolução do número de contratos da modalidade Custeio Agropecuário do PRONAF no estado de Goiás entre 1999 e 2012. Fonte: Adaptado pelo autor a partir da base de dados do PRONAF. Enquanto isso, ao realizar uma análise deste fator na modalidade de Investimento (gráfico 4) no período entre 1999 e 2012, observamos algumas irregularidades na quantidade de contratos contemplados com o programa, especialmente na primeira década analisada, compreendida entre 1999 e 2009.

GRÁFICO 4: Evolução do número de contratos da modalidade de Investimento Agropecuário do PRONAF no estado de Goiás entre 1999 e 2012. Fonte: Adaptado pelo autor a partir da base de dados do PRONAF. GRÁFICO 8: Dados da evolução do valor de contratos da modalidade de Investimento Agrícola do período de 1999 até 2012. Fonte: Adaptado pelo autor a partir da base de dados do PRONAF. Na modalidade de Custeio e Investimento Pecuário o período de investimentos analisado no presente trabalho, compreendido entre 1999 e 2012, segue um padrão aparentemente regular. Para os financiamentos de custeio, ao cruzarmos os dados do número contratos (tabela 9) e de valor financiado (tabela 10) anualmente, observamos que, apesar do rápido aumento no número desses contratos entre 2002 e 2007, o seu valor continuou crescendo de forma constante, e não proporcional.

É notório o desenvolvimento constante do agronegócio nas últimas décadas e, em paralelo, vemos uma agricultura familiar em crescimento, porém cada vez mais organizada e que, através do crédito rural, encontra uma forma de desenvolver suas atividades com mais eficiência e tecnologia. Mesmo que com avanços neste segmento, temos conhecimento das diferenças sociais entre aqueles que se estabeleceram com sucesso no mercado agropecuário e aqueles a quem estas políticas não alcançam. A distribuição de financiamento, neste caso, pode não ser a saída mais eficiente. Antes da tecnologia e investimento, estas propriedades precisam de direcionamento técnico e apoio na base de sua produção para saber aonde destinar seus recursos. Após a construção de uma base sólida, o PRONAF é sim uma política eficiente para o desenvolvimento agropecuário brasileiro.

gov. br/sitemda/secretaria/saf-creditorural/base-de-dados-do-cr%C3%A9dito-pronaf> Acesso em: (INSERIR) CALAÇA, M. A EXPANSÃO DO AGRONEGÓCIO EM GOIÁS E A SUBORDINAÇÃO DO CAMPESINATO. VII Congresso Brasileiro de Geógrafos. ISBN: 978-85-98539-04-1. L. S. O AGRONEGÓCIO NO CERRADO DO SUDESTE GOIANO: UMA LEITURA SOBRE CAMPO ALEGRE DE GOIÁS, CATALÃO E IPAMERI. Soc. Nat. F. LUNAS, D. A. L. FRIAS, O. Interlações, v. n. pg 31-42.