ABORDAGEM TERAPÊUTICA EM CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL - ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS CAPS-ad: UMA REVISÃO NA LITERATURA

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Enfermagem

Documento 1

Faz pouco tempo que a dependência química é considerada uma doença, havendo ainda muito preconceito com os usuários. No CAPS-ad esses usuários devem se sentir acolhidos e os profissionais devem entender a história de vida do paciente como um todo, afim de escolher a melhor estratégia terapêutica. A terapia ocorre com medicamentos, oficinas, grupos de apoio e de forma individual também. É de extrema importância que haja o acolhimento dos familiares, onde eles são orientados sobre a doença e a melhor maneira de agir, também participam de grupos com outros familiares, dividindo as angustias e experiências, com a participação familiar, o tratamento torna-se mais eficaz. O tratamento para a dependência química, devido a sua complexidade, é um grande desafio para pacientes, familiares e também para os profissionais envolvidos, necessitando de constante estudo e aprendizagem.

Contudo, muitos são os desafios para o profissional na escolha das melhores abordagens de tratamento, visto a complexidade da dependência química. No presente trabalho está sendo feita uma revisão das estratégias terapêuticas utilizadas nesses centros, a fim de refletir quanto a eficácia para esse grupo de pacientes, assim como o amparo, aconselhamento e educação de seus familiares. DESENVOLVIMENTO A dependência química só foi considerada uma doença a partir da segunda metade do século passado. O conceito de dependência deixou de ser enfocado como um desvio de caráter, ou apenas como um conjunto de sintomas, para ganhar contornos de transtorno mental com características específicas (VARGAS et al. O consumo de substâncias psicoativas causam prejuízos que são considerados uma das principais condições crônicas, ocasionando grave problema de saúde pública, ao considerar a alta prevalência e morbimortalidade.

Os principais motivos para internação no CAPS-ad III é pelo consumo de crack, cocaína, tabaco e maconha, respectivamente (BOSKA et al. SOUZA; KANTORSKI, 2009). Tanto para os dependentes químicos como para os alcoólatras, além do CAPS-ad, existem diferentes modalidades terapêuticas que podem contribuir durante o seu tratamento, como, por exemplo, os Grupos de Alcoólicos Anônimos (AA), Grupos de Narcóticos Anônimos (NA), Fazendas Terapêuticas, entre outras. Essas modalidades de atenção à saúde visam à recuperação do dependente, à redução de danos e sua reinserção social o mais rápido possível (JAHN et al. Tem-se o costume de falar que para o cuidado funcionar, ‘o usuário precisa desejar o tratamento’, porém deve-se considerar que a não aderência faz parte da doença ou da personalidade do afetado, com isso o serviço deve ser conformado de uma maneira que já quando se entra pela porta o indivíduo já está em tratamento.

Porém, sabe-se que mesmo o consumo dessas substâncias começando cedo, principalmente na adolescência, a maioria dos usuários procuram por ajuda, para libertar-se da dependência química, apenas quando adulto. Em um estudo em um CAPS-ad no sul do país, mostrou que a média de idade dos usuários era de 41 anos e eram 91% do sexo masculino (DE OLIVEIRA et al. Nos adolescentes até 19 anos um levantamento de dados de 2008 a 2012 de atendimento de todos os CAPS AD II e AD III do país, a principal causa de atendimento foram os transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de múltiplas substâncias psicoativas seguido pelo uso de cocaína, canabinoides, álcool e demais substâncias psicoativas, respectivamente (CONCEIÇÃO et al. Na atenção especializada a adolescentes e jovens usuários de substâncias psicoativas, considerando as demandas características desse grupo, deve ser priorizada a equipe multidisciplinar, com planos terapêuticos de atendimento e intervenção que fortaleçam os vínculos e ampliem o diálogo, através de estratégias inovadoras de inclusão e relato de experiências de ex-usuários (SILVA, Carolina Carvalho et al.

Os profissionais envolvidos nos cuidados dos dependentes químicos devem ser criativos quanto à utilização de mecanismos de apoio e reflexão de novas possibilidades que estimulem o fortalecimento do serviço e da efetividade no tratamento. Essa estratégia é imprescindível para usuários que não reconhecem no CAPS um dispositivo de cuidado, que possuem vínculos frágeis com o serviço e têm dificuldades de acessá-lo e para os profissionais faz com que pense além da doença e crie projetos de vida a partir do contato com a realidade dos usuários de crack, da relação com sua família, de seu cotidiano, de seus afetos e desafetos (SILVA, Aline Basso da et al. Quando não se consegue a abstinência a equipe do CAPS-ad utiliza a abordagem da redução de danos, onde são implantadas diferentes intervenções para minimizar danos e agravos associados ao consumo de drogas (SANTOS et al.

Uma das possibilidades de tratamento é trabalhar, junto a usuários e familiares, os fatores de proteção para o uso e dependência de substâncias psicoativas. Ao mesmo tempo deve-se buscar a minimização da influência dos fatores de risco para tal consumo e a diminuição do estigma e preconceito relativos ao uso de substâncias psicoativas, mediante atividades de cunho preventivo e educativo, através da lógica de redução de danos. Um exemplo é o fornecimento de agulhas e seringas para usuários de drogar injetáveis, a fim de evitar a transmissão de HIV (DELBON; DA ROS; FERREIRA, 2008). A Política Nacional de Saúde Mental defende a co-responsabilidade familiar na reabilitação psicossocial dos usuários dos serviços de saúde mental, porém, muitas vezes, é notável a não participação da família nesse processo, tornando-o mais difícil (LIMA et al.

Os familiares devem participar tanto em entrevistas individuais, como em grupos de apoio para orientação e acolhimento do paciente, pois a família é importante no auxílio às mudanças de comportamento e desenvolvimento de um estilo de vida mais saudável. Além disso, deve-se observar se a família tem dificuldade no manejo do paciente, pois isso pode prejudicar o decorrer do tratamento (MONTEIRO et al. Também deve ser considerado que uso de substâncias psicoativas, muitas vezes, consiste numa alternativa encontrada pelo indivíduo para lidar com o estresse gerado pelo ambiente familiar. Tal estresse na família pode ser consequência de disfunções na expressão de afeto e no estabelecimento de limites, por isso a importância da proximidade com a família, a fim de conhecimento das fragilidades familiares e verificar a necessidade de intervenção da equipe com outros membros da família (SOUZA; KANTORSKI, 2009).

Essas pessoas devem começar a conhecer outros prazeres, elas estão acostumadas com o prazer imediatista da droga, mas quando começarem a cuidar de si mesmo e tiverem os pequenos avanços, vão sentir mais motivação para dar continuidade ao tratamento. Assim o acolhimento e a responsabilização do usuário pelo próprio tratamento devem caminhar de forma sincrônica, favorecendo a autonomia e a participação efetiva do usuário, de forma a evitar que os vínculos entre os profissionais e os usuários tenham um caráter tutelar. Deve-se incentivar que os usuários se responsabilizem por suas atitudes, levando-os à reflexão sobre as suas escolhas na vida e no tratamento. A recuperação não está unicamente ligada à abstinência total, mas sim, à conquista de sua autonomia.

A abstinência não pode ser o único objetivo a ser alcançado. É necessário que os CAPS-ad sejam vistos pelas políticas publicas com a importância que possui, onde seja realizado o investimento em educação para os profissionais, estrutura física, medicamentos e oficinas de qualidade para os atendidos. Também é importante a conscientização da população em reconhecer o dependente químico como uma pessoa que possui uma doença, a fim de diminuir o preconceito. Quanto mais acolhido o paciente se sente, mais fácil dele aderir a algum tratamento. REFERÊNCIAS ALVAREZ, Simone Quadros et al. Grupo de apoio/suporte como estratégia de cuidado: importância para familiares de usuários de drogas. Disponível em: <http://www. scielo. br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232013001000021&lng=pt&tlng=pt>.

Acesso em: 29 abr. BOSKA, Gabriella de Andrade et al. Night beds in psychosocial attention care centers for alcohol and drugs: analysis and characterization. Revista Brasileira de Enfermagem, v. n. suppl 5, p. Disponível em: <https://dre. pt/application/file/67508032>. CONCEIÇÃO, Déborah Santos et al. Atendimentos de crianças e adolescentes com transtornos por uso de substâncias psicoativas nos Centros de Atenção Psicossocial no Brasil, 2008-2012*. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. pt/motricidade/article/view/12945>. Acesso em: 28 abr. COSTA DE OLIVEIRA, Gustavo et al. Características do trabalho e estratégias de cuidado em saúde mental com o usuário de crack. Enfermería Global, v. n. mar. DE VARGAS, Divane; DUARTE, Fernando Augusto Bicudo. Enfermeiros dos centros de atenção psicossocial em álcool e drogas (caps ad): A formação e a busca pelo conhecimento específico da área.

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