ABERTURA RELIGIOSA PARA AS MULHERES DENTRO DAS IGREJAS NEOPENTECOSTAIS

Tipo de documento:Artigo acadêmico

Área de estudo:Sociologia

Documento 1

Dentre nossos referenciais, empregamos autores como Bourdieu, Pierrot, Scott, Mariano e Capra. Doravante essa coleta de informações fundamentada nos autores supracitados, logramos os subsídios necessários e pertinentes para a construção deste artigo e, como resultado, teremos êxito em divulgar uma reflexão acerca das mulheres nas igrejas (neo)pentecostais. Palavras-chave: Gênero. Mulher. Religião. Religious Feminism. Neo) Pentecostalism. INTRODUÇÃO Sabe-se que a ordenação feminina é proibida pelo Vaticano nas igrejas católicas, mas, concomitantemente, é reconhecida a importância da mulher na Igreja. Divergindo do catolicismo, as igrejas evangélicas possibilitam cada vez mais espaço e voz para o desempenho feminino, viabilizando a inserção da mulher em diversas funções e posições no templo religioso. Mediante a leitura fundamentalista da bíblia, a mulher tem seu papel negado na sociedade, sendo interpretada como submissa ao homem.

Neste seguimento, utilizamos de autores que conceituam termos aqui empregados, como Joan Scott (1990), Louise Tilly (1994) e Joana Maria Pedro (2005) sobre o “gênero”; Pierre Bordieu (2012 ) acerca da “Dominação Masculina”; Heleieth Saffioti (2011) definindo o “Sistema Patriarcalista”; e Manuel Castells (2018) e Stuart Hall (2005) sobre a “Identidade”. Ademais, tratando-se de nosso foco principal, inserimos as concepções de Ricardo Mariano, Miriã Capra, Linda Woodhead, Celso Gabatz e dentre outros. Estas fontes documentais são disponibilizadas em determinados endereços eletrônicos e bibliotecas. UMA ABORDAGEM SOBRE O GÊNERO A palavra “gênero” advém do latim genus, sendo traduzida como “tipo”, “nascimento” ou “família”. A historiadora e teórica feminista Joan Scott (1990) comenta que, na contemporaneidade, o termo “gênero” é tomado como sinônimo de “mulheres” por alguns pesquisadores. Desse modo, emprega-se o termo visando associar as mulheres aos homens, onde “[.

o mundo das mulheres faz parte do mundo dos homens, que ele é criado nesse e por esse mundo masculino” (SCOTT, 1990, p. Evidencia-se, então, que o estudo acerca das mulheres deve necessariamente estar inserido no contexto dos homens, correlacionado às relações de poder, onde as mulheres se tornam dependentes dos homens por meio do patriarcalismo, o qual define o homem como superior à mulher. Regressando à construção social dos conceitos de homem e de mulher, a diferença entre eles é fundamentada nas diferenças notáveis entre os sexos. Então essas diferenças foram sendo constituídas culturalmente no íntimo das sociedades, embora estabelecidas de variadas formas de uma sociedade para outra. uma categoria social imposta sobre um corpo sexuado”, o qual “[. oferece um meio de distinguir a prática sexual dos papéis atribuídos às mulheres e aos homens”.

A autora explicita, mais adiante, definindo o gênero em duas conjecturas, sendo “[. um elemento constitutivo de relações sociais baseadas nasdiferenças percebidas entre os sexos [. ” e “[. Doravante uma análise desses órgãos íntimos, o indivíduo passa a caracterizar-se como fêmea ou como macho, conforme supracitado. O gênero, diferentemente do sexo biológico, denota condições psicológicas, sociais e culturais pelas quais o indivíduo se configura como feminino ou masculino. Dessa forma, evidencia-se que a quantidade de feminilidade e de masculinidade encontrada no indivíduo identifica seu gênero sexual. Em síntese, o que caracteriza o gênero de um indivíduo é o seu grau de masculinidade ou de feminilidade, resultando em sua identidade de gênero, isto é, o “sentir-se homem” e o “sentir-se mulher”.

O gênero é tido como mais importante que as características anatômicas, tendo em vista que o sexo biológico é algo invisível socialmente, enquanto a identidade de gênero se torna visível, com as linguagens e a vestimenta empregada. Tratar todos os homens e mulheres de forma justa no trabalho – respeitar e apoiar os direitos humanos e a não-discriminação. Garantir a saúde, a segurança e o bem-estar de todos os trabalhadores e as trabalhadoras. Promover a educação, a formação e o desenvolvimento profissional das mulheres. Implementar o desenvolvimento empresarial e as práticas da cadeia de suprimentos e de marketing que empoderem as mulheres. Promover a igualdade através de iniciativas e defesa comunitária. Consoante a historiografia, a divisão sexual do trabalho era contemplada pela capacidade de reprodução das mulheres, que se mantinham restritas ao ambiente e ao trabalho doméstico, focando suas atividades nos cuidados com a casa e com os seus provenientes.

O ato de “cuidar” se perpetuou como uma função relativa às mulheres da época, que, devido às suas capacidades reprodutoras, possibilitaram a reprodução da subordinação aos homens, sendo estes cognominados como patriarcas. Instalou-se, assim, o sistema patriarcalista, estabelecendo as desigualdades presentes nas relações de gênero, dentro de um sistema de dominação influente ainda na contemporaneidade. A doutora em Ciências da Religião, Carolina Teles Lemos (2013, p. explana que “a supremacia masculina ditada pelos valores do patriarcado atribuiu um maior valor às atividades masculinas em detrimento das atividades femininas”, ademais, complementa que foram estabelecidos “[. Destarte, a mulher se evidencia como uma fonte de prazer ao homem, sendo, novamente, um sujeito subordinado ao patriarca. Agora nos remontando já à era moderna, a partir da Revolução Industrial, as mulheres de classe baixa passaram a ser inseridas no contexto fabril, entretanto não abdicam das obrigações domésticas, sendo submetidas a uma jornada de trabalho dupla, isto é, desempenham as suas funções em fábricas além daquelas exercidas no âmbito familiar, conforme citado no parágrafo anterior.

O desenvolvimento das indústrias, de meados do século XVIII em diante, resultou nos conflitos sociais enfocados nas relações de gêneros, tendo em vista que se estabeleceram, nesse período, as desigualdades trabalhistas. Desse modo, a mão de obra feminina foi incorporada à masculina. Esse fator provocou a insatisfação dos homens, que alegavam que as mulheres ocupavam seus postos de trabalho, mas, ao mesmo tempo, elas padeciam com as desigualdades salariais. Cabe alertar nosso foco no presente estudo não propende abordar especificamente os movimentos feministas ao longo da história, por isso expusemos sucintamente apenas alguns aspectos, com isso visando esclarecer as relações entre os gêneros e a luta contra o patriarcado. Evidencia-se então, que durante muito tempo as mulheres foram submetidas ao Patriarcalismo, isto é, a um sistema social onde os homens se estabelecem como detentores do poder primário, sendo a autoridade máxima nas relações sociais, ou conforme define a Socióloga Heleieth I.

B. Saffioti (2011, p. um “[. Silêncio das mulheres na igreja ou no templo; maior ainda na sinagoga ou na mesquita, onde elas não podem nem ao menos penetrar na hora das orações. Silêncio até mesmo na vida privada. PERROT, 2005, p. Outra determinante nessa condição feminina e ressaltada por Perrot é a teologia, por meio da qual as mulheres são limitadas a determinadas condutas. De acordo com Lemos (2013, p. a religião emana como uma extensão do doméstico – até então restrito a mulher – e, desse modo, tornou-se “[. a esfera da mulher por excelência”. Corrobora-se assim, que as instituições religiosas se concebem como o único espaço em que a figura feminina seria possibilitada de se empoderar em meio ao patriarcalismo, tendo em vista que a religião [.

surgiu como a guardiã da vida privada e dos valores da família, e ensinou as virtudes "femininas" do amor, da graça, da suavidade, da compaixão e outras que sustentam a vida familiar. Igrejas e capelas particularmente ofereceram um espaço social que de outra forma não seria disponível às mulheres. processo de construção de significado com base em um atributo cultural ou, ainda, um conjunto de atributos culturais inter-relacionados, o(s) qual(ais) prevalece(m) sobre outras fontes de significado” Esses “atores sociais” se caracterizam como as mulheres religiosas, que apresentam uma nova identidade, originada e construída mediante ao papel social exercido pelo homem. De acordo com as considerações do sociólogo Stuart Hall (2005, p. pontua-se que o indivíduo não necessariamente é concebido com uma identidade, mas que a forma e a transforma “no interior da representação”.

Segue-se que a nação não é apenas uma entidade política, mas algo que produz sentidos — um sistema de representação cultural. As pessoas não são apenas cidadãos/ãs legais de uma nação; elas participam da idéia de nação tal como representada em sua cultura nacional. expõe, é definido que o homem deve “[. ocupar posições sociais determinadas, isto é, ter filhos legítimos, ser heterossexual, ser provedor da casa”. No entanto, aludindo às posições sociais, verifica-se que as mulheres contemporâneas, assim como as supracitadas religiosas, procuram alcançar seu prestígio social, sobretudo, dentro das igrejas, ocupando espaços antes negados a elas e concedidos apenas ao gênero masculino. A fala religiosa, consoante Ecco (2008, p. proporciona “[. acreditam que Deus, por intermédio do Espírito Santo e em nome de Cristo, continua a agir hoje da mesma forma que o cristianismo primitivo, curando enfermos, expulsando demônios, distribuindo bênçãos e dons espirituais, realizando milagres, dialogando com seus servos,concedendo infinitas amostras concretas de Seu supremo poder e inigualável bondade (MARIANO, 1999, p.

No Brasil, as igrejas pentecostais dividiram-se em três ondas, sendo a primeira onda, o pentecostalismo clássico, marcado pela fundação em 1910 por Luigi Francescon, da pioneira igreja pentecostal do país, denominada de Igreja Congregação Cristã do Brasil e, posteriormente, em 1911, fundou-se a Igreja Assembleia de Deus, como segunda vertente. Com o decurso do tempo, as pentecostais expandiram-se mediante seus adeptos, os quais compreendiam as classes sociais mais baixas devido ao seu fácil acesso e a descrença em outras religiões. Mariano (1999, p. complementa evidenciando a mudança em seu perfil social, pois “embora continuem a abrigar sobretudo as camadas pobres e pouco escolarizadas, também contam com os setores de classe média, profissionais liberais e empresários”. Essa onda fundamenta-se na cura divina e nos milagres e, “difundiram-na por meio do rádio [.

do evangelismo itinerante em tendas de lona, de concentrações em praças públicas, ginásios de esportes, estádios de futebol, teatros e cinemas”. MARIANO, 1999, p. A terceira onda, denominada de neopentecostalismo, origina-se por volta de 1970, consolidando-se em meados de 80 e início de 90. Fundamentando-se na Teologia da Prosperidade, tendo em vista que valorizam os bens materiais, a primeira igreja surgiu em 1977, denominada de Igreja Universal do Reino de Deus, em 1980, instaura-se a Igreja Renascer em Cristo e, posteriormente, a Igreja Internacional da Graça de Deus, a Comunidade da Graça, a Igreja Videira, a Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra, a Igreja Renascer, a Bola de Neve Church e dentre outras, “[. De acordo com Mariano (1999), essa vertente possibilita aos seus adeptos a liberdade de escolha e de viver em sociedade, além de romper com os padrões tradicionais e as severas regras.

Nesse segmento, faz-se importante ressaltar que as mulheres obtiveram um ganho positivo com as neopentecostais, ponderando a redefinição das funções femininas e masculinas. A doutora em Sociologia, Maria das Dores Campos Machado (1996) expõe que o neopentecostalismo redefine as relações de gênero possibilitando a emancipação feminina no contexto religioso. Desse modo, verifica-se a expansão das pastoras nessa vertente, solidificando as lideranças femininas. De acordo com Capra: Agora, com as pastoras à frente de muitas igrejas, movimento é reverso, são elas que trazem os maridos e filhos para os cultos, apontando para um declínio do patriarcado na sociedade atual que se adapta à nova realidade que é a ascensão feminina, mesmo que ainda a hierarquia masculina permanece predominante em sua maioria. O Pentecostalismo aproveita esses princípios e muda conforme a necessidade do momento.

MORAES, 2010, p. Mediante essas considerações, salienta-se que na contemporaneidade a Assembleia de Deus reconhece o ministério feminino e, além disso, possibilita a liderança feminina na administração das igrejas, bem como, viabiliza a vocação para todos os setores, como no louvor, na pregação, no ensino bíblico, no aconselhamento e no discipulado. Ademais, as mulheres da Assembleia realizam encontros e eventos, os quais objetivam o evangelismo, zelando sempre pelo próximo de acordo com os princípios bíblicos. Em síntese, o papel da mulher no (neo)pentecostalismo incide em exercer a incumbência dada por Cristo, ou seja, “pregar o evangelho a toda criatura”. Ao passo em que ocorre uma abertura religiosa para as mulheres, as mesmas adquirem uma nova identidade, a qual busca romper com o patriarcalismo e instaurar a autonomia feminina.

Essas transformações na religião são frutos de uma mudança social e comportamental que atingem toda a sociedade, assim como a Assembleia de Deus e a terceira onda do pentecostalismo, isto é, o neopentecostalismo, o qual possui um caráter inovador. Assim, verificamos as definições de gênero mediante as concepções de autores que aludem a essa temática, bem como o desenvolvimento das suas relações ao longo da história, onde se evidenciou a subordinação da mulher ao homem, ponderando o sistema patriarcalista e a dominação masculina, ainda fortemente presente em nossa sociedade. Desse modo, vimos que a Assembleia de Deus, bem como o neopentecostalismo abre espaço para que as mulheres se “igualem” aos homens, possibilitando a ela, não se restringir apenas ao contexto doméstico, mas assumir lideranças que outras vertentes religiosas não permitem.

Tendo em vista a superioridade no número de mulheres nas igrejas, faz-se necessário que outros segmentos promovam a igualdade entre os gêneros, dissolvendo as doutrinações tradicionais que colocam o feminino em segundo plano. BOURDIEU, Pierre. A Dominação Masculina. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012. CAPRA, Miriã Joyce de Souza Sales. Ministério Feminino na Assembléia de Deus: uma análise introdutória de suas possibilidades, limitações e perspectivas. Juiz de Fora: Notas e Letras, 2005. CASTELLS. Manuel. O Poder da Identidade. O Cálice e a Espada: nossa história, nosso futuro. Rio de Janeiro: Imago editora, 2001. FERREIRA, Aurélio B. de Holanda. Mini Aurélio: o dicionário da língua portuguesa. dez. Idiossincrasias Religiosas Contemporâneas: Qual o lugar das mulheres nas Igrejas Neopentecostais? Revista Pistis Prax.

Teol. Pastor. Curitiba, v. Disponível em: https://agenciadenoticias. ibge. gov. br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/14244-asi-censo-2010-numero-de-catolicos-cai-e-aumenta-o-de-evangelicos-espiritas-e-sem-religiao. Acesso em 07 abr. MARIANO, Ricardo. Neopentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil. São Paulo: Edições Loyola, 1999. MORAES, Gerson Leite de. Neopentecostalismo - um Conceito-Obstáculo na Compreensão do Subcampo Religioso Pentecostal Brasileiro. Traduzindo o Debate: o uso da categoria gênero na pesquisa histórica. São Paulo: História, p. PERROT, Michelle. As Mulheres ou os Silêncios da História. Bauru, SP: Editora da USC/ Universidade Sagrado Coração, 2005. Disponível em: https://tede. ufam. edu. br/bitstream/tede/6015/2/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20-%20Makson%20Castelo. pdf. p. jan. jun. Disponível em: https://periodicos. fclar.

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