A terapia cognitiva comportamental no tratamento de pacientes esquizofrênicos

Tipo de documento:Artigo acadêmico

Área de estudo:Psicologia

Documento 1

RESUMO A esquizofrenia é reconhecida como uma doença psicopatológica grave e de causas como explicações variadas, de forma que, no entendimento psiquiátrico o transtorno faz parte de um espectro que se relaciona com uma variedade de outros transtornos psicóticos, e que no geral apresenta sintomas de difícil tratamento como, por exemplo, delírios e alucinações. Desse modo, uma das linhas terapêuticas com maior reconhecimento no tratamento da esquizofrenia é a Terapia Cognitivo-comportamental TCC, sobretudo, por ser um modelo que trabalha de forma pragmática, focada na resolução de problemas e colaborativa, o que faz com que os pacientes de caráter refratários, sejam mais flexíveis para adesão do tratamento. Nesse sentido, o escopo deste estudo buscou identificar as principais contribuições da TCC na conjuntura de tratamento de pacientes do espectro de esquizofrenia, assim sendo necessário apresentar considerações gerais acerca do transtorno, além de refletir sobre a perspectiva da TCC na compreensão do transtorno, visualizando aspectos do modelo cognitivo do transtorno e especificidades da construção e manutenção de sintomas como alucinações e delírios.

Nesse sentido, por meio de uma pesquisa de revisão bibliográfica recente foi possível, identificar elementos específicos que contribuem para a afirmativa da TCC como modelo terapêutico eficaz no tratamento da TCC. PALAVRAS-CHAVE: Esquizofrenia. São cada vez mais crescentes os estudos que apontam as evidências da TCC, nas mais variadas condições de psicopatologia. Desse modo, é essencial promover identificação e revisão dos estudos mais recentes, a fim de apontar e discutir tais dados, como maneira de fomentar no meio acadêmico e científico maior percepção acerca das estratégias terapêuticas mais eficazes para cada transtorno, sobretudo, quando consideramos condições psicopatológicas de complexo diagnóstico e tratamento, como é o transtorno de esquizofrenia. Portanto, este estudo utilizou-se do modelo de revisão bibliográfica, caracterizando-se pelo viés exploratório e qualitativo, na busca de artigos publicados entre os anos de 2010 a 2020.

De acordo com Gil (2008) esse método científico possibilita identificar e analisar artigos de uma determinada área da ciência, visto que esse tipo de pesquisa nos permite ter uma visão mais ampliada do tema, confrontar ideias ou concordância existentes entre os autores. Assim, estabeleceram-se como critérios de inclusão trabalhos científicos publicados no intervalo dos últimos 10 anos; artigos publicados em revistas científicas, disponíveis na íntegra e para acesso público com download gratuito em língua portuguesa. De acordo com Dalgalarrondo (2008) a esquizofrenia é a manifestação mais importante nos estudos das psicoses, sobretudo, pela frequência em que ocorre e as considerações clínicas que apresenta. No contexto das alucinações o tipo de primeira ordem que se apresenta, são as do tipo alucinação auditiva, provocando profunda desordem na percepção do sujeito do “eu” e do mundo.

Os primórdios da verificação dos sintomas do transtorno de esquizofrenia, já podem ser vistos em relatos na medicina grega antiga. Contudo, apenas no século XIX a condição começou a ser tratada como doença, a partir de estudos sobre níveis cognitivos da demência propostos por Emil Kraepelin, e mais tarde os estudos de Eugen Bleuler sobre a ordem do pensamento, emoção e comportamento no contexto da condição de comprometimento da saúde por sintomas de delírios, sendo assim o primeiro na literatura a alcunhar o termo esquizofrenia (SADOCK; SADOCK e RUIZ, 2017). Segundo Sadock; Sadock e Ruiz (2017) hipóteses como, por exemplo, causas de herança genéticas, fatores bioquímicos no excesso de (dopamina, serotonina) redução de (norepinefrina, GABA), e alteração de (neuropeptídios, glutamato, acetilcolina e nicotina); complicações gestacionais e do parto, exposição ao vírus influenza durante várias epidemias da doença, inanição materna durante a gravidez e incompatibilidade do fator Rhesus se relacionam com a condição do espectro de esquizofrenia.

Nessa perspectiva, o modelo cognitivo do transtorno da esquizofrenia é apontado por Gomes et al (2019) através do desencadeamento de alucinações, pensamentos, emoções, comportamentos delírios e alteração de humor conforme indicado na figura 1: Figura 1 – Modelo cognitivo da de transtorno de esquizofrenia Fonte: Gomes et al (2019, p. Nesse viés, o modelo cognitivo proposto pela TCC para compreensão dos delírios no espectro da esquizofrenia compreende aspectos de estresse, gatilhos emocionais que ativam a vulnerabilidade cognitiva, conforme demonstrado na figura 2. Figura 2 – Modelo Cognitivo da formação do delírio proposto por Aaron T. Beck + Fonte: Beck et al (2010, p. As principais distorções cognitivas apontadas por Beck et al (2010) no contexto da esquizofrenia são a catastrofização que ocorre devido a ansiedade na formação e manutenção dos pensamentos delirantes; a hipergeneralização, o pensamento dicotômico e a abstração seletiva ocorre em geral pela alta carga emocional em situações cotidianas; e o pensamento categórico refletido pela imagem rígida acerca das percepções.

Nesse sentido, os autores salientam uma dinâmica de encontros terapêuticos na linha da TCC para pacientes esquizofrênicos, que podem se delinear de duas formas: sessões breves com uma média de 20 minutos, cerca de duas ou três vezes durante a semana; ou sessão única semanal de 45 a 50 minutos. No que tange a pratica clínica da TCC voltada especificamente para tratamento de pacientes do espectro de esquizofrenia, conforme cita Barreto (2015), são usadas técnicas essencialmente parecidas com as mesmas que se trabalham no tratamento de depressão e ansiedade. Assim, o delineamento das sessões deve abordar initerruptamente em princípio a aliança terapêutica, promover a psicoeducação a respeito do transtorno e da TCC; instigar para adesão da associação do tratamento farmacoterápico; em seguida o confronto para identificação e modificação do delírio, a fim de promover outras explicações para o sintoma, verificar e tratar os sintomas da alucinação apresentando modelo explicativo racionalizado das alucinações no intuito de reduzir os seus impactos (WRIGHT et al, 2018).

De forma complementar, Soares (2019) aponta outros recursos viáveis na terapêutica com pacientes esquizofrênicos. Assim, a autora cita o uso das técnicas de reforço das estratégias de enfrentamento, na eficiência do controle dos sintomas psicóticos, e a técnica de mindfulness na promoção da concentração e no foco da aceitação das emoções, minimizando angústias e aflições. Dessa maneira, Lobo e Silva et al (2020) salientam que a estrutura terapêutica da TCC apresenta contribuições significativas, sobretudo, nos sintoma negativos por prover uma terapêutica que além de trabalhar com as dimensões cognitivas e emocionais subjetivas ao sujeito, também se propõe em reabilitação psicossocial e maior integração com o sistema familiar. A esquizofrenia é uma doença que compromete diversas áreas da vida do sujeito, sobretudo, em seu contexto familiar.

Nesse sentido, Mota; Silva e Lopes (2017) ressaltam que as intervenções terapêuticas familiares na prática da TCC vem sido demonstrada em estudos com os níveis de eficácia em até 60% na redução de recaída dos sintomas, sendo uma media de 30% já verificado dentro do primeiro ano de tratamento. CONCLUSÃO O propósito deste estudo buscou apresentar as considerações gerais e mais recentes na literatura acadêmica acerca das principais contribuições e efetividade da proposta terapêutica da Terapia Cognitivo-comportamental no tratamento de espectro de esquizofrenia. De modo que, foi possível identificar que o caráter de alta refratariedade na conjuntura do transtorno dificulta a adesão ao processo terapêutico, todavia, o caráter extremamente colaborativo que a TCC utiliza como método, associado a sua compreensão de associação psicofarmacológica é apontado como fator crucial para adesão dessa categoria de pacientes, e assim produzindo resultados mais efetivos na aceitação do tratamento e consequentemente na redução dos sintomas.

ASSIS, Jorge C; VILLARES, Cecília C. e BRESSAN, Rodrigo A. Conversando sobre a esquizofrenia. Estigma – como as pessoas se sentem. São Paulo: Segmento Farma, 2008. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. ed. Porto Alegre, Artmed, 2008. GOMES, Ana Flávia S. R. n. MOTA, Girlene S; SILVA, Maria J; e LOPES, Andressa P. Esquizofrenia e terapia cognitivo-comportamental: um estudo de revisão narrativa. Ciências biológicas e de Saúde UNIT. v. VIEIRA, Joana. Reabilitação cognitiva na esquizofrenia. Psilogos, v. n. WANDERLEY, Dierley L. WRIGHT, Jesse H. et al. Aprendendo a Terapia Cognitivo-comportamental: um guia ilustrado. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018.

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