A SOCIOLOGIA NO CINEMA

Tipo de documento:Redação

Área de estudo:Sociologia

Documento 1

Em suma, creem se encontrarem em suas vidas normais. Este ambiente programado permite que dois sujeitos, aderentes do mesmo serviço, possam entrar em contato, com vistas a iniciarem um relacionamento baseado em afinidades elencadas a partir das informações fornecidas pelos participantes. A história da trama ocorre entre dois personagens, Frank e Amy. Os eventos escolhidos para construir a discussão deste trabalho dizem respeito ao primeiro encontro entre o casal e a sucessão de desencontros fomentadas pelo aplicativo para ambos, que não puderam estar juntos e se viram obrigados a viverem relações com outros parceiros. Dito isso, ao se pensar em Bauman, um conceito essencial emerge como disparador: a premissa da modernidade líquida. Em outras palavras, está sendo dito que a incerteza do mundo fragiliza a maneira como seres humanos se relacionam, a medida em que os mesmos são determinados por racionalidades que valorizam a celeridade como premissa, com o maior ganho possível de prazer.

É possível possuir um aparelho eletrônico e descartá-lo com poucos meses de uso, pois outro mais avançado chegou às prateleiras das lojas; a lacuna se encontra quando a mesma lógica se aplica a pessoas, à guisa do novo modus operandis; diz-se lacuna pela evidente, para não dizer óbvia, diferença que existe entre um ser humano e um objeto inanimado. É possível construir vínculos com diferentes maquinários, adornos, instrumentos, materiais e tecnologias. Ainda assim, é algo questionável, em decorrência da intensa frustração ocasionada pela necessidade de acompanhar a moda do momento. No entanto, sujeitos nutrem-se a partir de encontros, troca de afetos e ajustes de hábitos. Tal analogia conecta-se diametralmente com a noção de vivermos numa sociedade que tem como regra a liquidez, a qual de algum modo devemos seguir (BAUMAN, 2013).

Troca-se apenas a sociedade pelo aplicativo, o mundo real pelo virtual. No entanto, encontra-se um impasse: o ser humano, por natureza, é relacional. Se analisado a partir do viés psicológico, sabe-se que a constituição do sujeito se dá a partir do outro, que empresta ao ser recém-formado parte da sua identidade, para que o mesmo seja inscrito no mundo; até o momento em que o próprio consiga sua autonomia pessoal. No entanto, haverá de sempre buscar por aquilo que permitiu sua existência simbólica na vida: outras pessoas. O que torna essa possibilidade de viver o sofrimento algo anormal, contudo? A constância de fragilidades nos vínculos leva Frank, especialmente, a buscar por formas de compreender a situação que enfrenta. O personagem questiona o sistema o qual está imerso.

Posicionamentos mais contundentes contra as regras do aplicativo não são bem vistas, sendo inclusive passíveis de punição (GRANOVETTER, 1973). A presença de laços fortes tão pouco favorece a manutenção das imposições sociais, à medida em que este vínculo permite maior troca de informações, não necessariamente úteis à manutenção do status quo (COLLEMAN, 1988). Tal análise fecha a discussão com Bauman à medida em que o mesmo dedica parte de seu esforço a compreender a relação dos processos de liquefação na vida humana com o exercício do poder. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Zahar, 2004. BAUMAN, Zygmunt. Mal-estar na pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997. Vigilância líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2013.

COLEMAN, J. S. Social capital in the creation of human capital.

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