A Origem - Análise funcional do personagem Cobb

Tipo de documento:Análise

Área de estudo:Psicologia

Documento 1

Outros dois paradoxos do sonho que podem ser considerados racionalmente, e que não escapam ao roteiro, são a relatividade do tempo (cinco minutos podem ser 50 anos nas camadas profundas), e a eterna questão: o que é a realidade e o que é sonho? A construção labiríntica do mundo onírico, com o objetivo de levar o sonhador a camadas cada vez mais profundas, é outra bela metáfora trazida pelo filme. Entendendo o sonho como uma proteção do ato de dormir, é possível ver nas cenas a profundidade deste mergulho. Situações que acontecem com os sonhadores na ficção (como quando uma van está despencando da estrada), são vivenciadas na profundidade do sonho dos personagens, que sentem as quedas como parte da narrativa onírica. O filme se passa em cenários surpreendentes, que demonstram o quanto o mundo em que vivemos é, de certa forma, surreal, em sua profusão de culturas e paisagens.

Na trama, Leonardo Di Caprio representa Don Cobb, que é um ladrão especializado em se infiltrar no subconsciente das vítimas para extrair segredos de seu interesse. Para possibilitar mudanças desejáveis na vida do sujeito em análise, muitas vezes é necessário que o terapeuta ajude a elaborar novas significações e cenários possíveis de transpor. É a partir de indícios comportamentais que o analista funcional passa a reconhecer o trabalho a ser feito, na linha de Matos (1999): “Fazer uma análise funcional é identificar a função, ou seja, o valor de sobrevivência de um determinado comportamento”. Essa perspectiva analítica se atém ao conjunto de causas que incidem sobre determinado comportamento, sem se apegar à busca de uma motivação única. Assim, voltando ao personagem de Di Caprio, temos a culpa como expressão central de seu desajuste.

Há um desejo de retomar a vida passada (em direção aos filhos que lhe foram tirados por conta de uma acusação de homicídio - da esposa). Quantas vezes o fim do amor é, também, percebido como esse despertar abrupto para um dos amantes que prefere viver aquele sonho compartilhado, literalmente? Assim como as muitas camadas de sonho sugeridas no enredo, com mudanças espetaculares de cenários, o filme oferece, o tempo todo, novas possibilidades de compreensão. Se metaforizarmos as relações de consultório terapêutico, perceberemos como o processo também se dá, simultaneamente, em várias camadas. E que cabe ao terapeuta promover percursos que, eficientemente, levem o analisando a uma resolução de suas questões principais. No filme, se verá que tais resoluções são apenas aparentes.

Seguindo-se os passos sugeridos por Matos (1999) para a aplicação da análise funcional considerando o paciente Cobb, veremos que o comportamento de interesse a ser trabalhado é a culpa. A trama termina sinalizando que o trabalho do terapeuta está só começando. Referência: Matos, Maria Amélia. Análise funcional do comportamento, 1999. Revista Estudos de Psicologia. Campinas, 1999.

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