A OPRESSÃO DOS PADRÕES DA BELEZA FEMININA

Tipo de documento:Revisão Textual

Área de estudo:Administração

Documento 1

Depois desse movimento analisamos a dialética da transformação de consciência que acontece com essas meninas, as conseqüências dessa exclusão e o impacto que essa opressão tem sobre a qualidade de vida e sociabilidade que essas alunas apresentam ao longo da vida escolar. Palavras chaves: Mídia; Opressão da beleza; Pertencimento; INTRODUÇÃO A aparência é o que dita na contemporaneidade o nosso lugar de pertencimento na sociedade. O corpo é visto como símbolo e ocupa lugar de destaque nas construções sociais importantes. Segundo Nietzsche (1992) a aparência funciona como uma representação da essência, sendo aquela mutável, palpável, contrapondo a essência que seria algo imutável, intrínseco e que não pode ser aprendido ou modificado através das experiências.

A partir desses conceitos de Nietzsche e da observação participante em sala de aula, muitos questionamentos foram surgindo acerca da opressão que o mundo das aparências nos impõe. Nesse sentido Nietzsche nos traz seus conceitos de essência e aparência, viabilizando o entendimento dessa carga de consciência de “quem sou eu?”, “alteridade” e “mutabilidade” das identidades. Segundo Le Breton (2010) o corpo é uma construção sociocultural exposta diretamente a diversas formas de poder que determinam padrões de beleza nas sociedades contemporâneas. O corpo se torna um espaço onde tanto os discursos quanto as intervenções sociais tem a intenção de estabelecer padrões de beleza para o mesmo. As representações do corpo e os saberes que as alcançam são tributários de um Estado social, de uma visão de mundo, de uma definição de pessoa.

O corpo é uma construção simbólica, não uma realidade em si. Em outras palavras, a ideia de “ter uma identidade” não vai ocorrer às pessoas enquanto o “pertencimento” continuar sendo seu destino, uma condição sem alternativa. Só começarão a ter essa ideia na forma de uma tarefa a ser realizada, e realizada vezes e vezes sem conta, e não de uma só tacada. BAUMAN, 2011, p. A partir de Bauman (2011) as identidades estão em constante trânsito, transformandose a todo tempo, esse fenômeno se fortalece pela centralidade que o homem assume como portador de cultura, inteligência e ligações com outros indivíduos. Um exemplo para esta sentença são as relações sociais entre alunos de grupos familiares e sociais totalmente distintos que convivem num mesmo ambiente escolar, onde as opiniões mais adequadas à contemporaneidade são sobrepostas e influenciam as transformações nas identidades coletivas.

METODOLOGIA A abordagem da pesquisa foi qualitativa, pautada na observação participante na turma de 5º ano da Escola Municipal Casimiro de Abreu, buscando a elucidação dos diversos questionamentos suscitados nesses estudos. A observação foi feita diariamente durante três meses em sala de aula, em atividades rotineiras, e outras atividades dirigidas que exaltavam os assuntos relacionados a padrões de beleza e identidade. Buscaram-se ainda intervenções nas reflexões e debates acerca das relações de “pertencimento” e papel da aparência na nossa sociedade contemporânea. RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS Após esses três meses de contato diário com a turma, muitos questionamentos e reflexões quanto à opressão dos padrões de beleza entre adolescentes no ambiente escolar foram suscitados, em especial nas relações sociais das meninas de idade entre 9 e 14 anos, analisadas nessa turma em questão.

Trabalho nessa escola há três anos, e sempre notei o quanto a aparência era importante nas construções sociais e na formação de grupos. O grupo das “meninas populares” possui prestígio diante da escola. São as representantes de turma, as que apresentam sempre as peças de teatro e participam das atividades importantes da escola. Possuem uma excelente auto-estima e fazem questão de enaltecer a sua importância na escola em detrimento as demais meninas. Fazem a todo tempo uma exclusão daquelas que não compõem os arquétipos de beleza priorizados. Por sua vez, as meninas do grupo excluído, possuem baixa auto-estima, procuram esconder-se, e passam por problemas sérios de bullying. Foram mostradas aos alunos diversas imagens de pessoas de belezas distintas.

Os alunos forma instigados a dizer quais daquelas pessoas eram realmente bonitas e quais não. Foi unanimidade na turma que as pessoas bonitas eram aqueles que representavam o padrão: Pessoas de pele clara, cabelos lisos, corpos esculturais, padrões estes muita vezes associados aos europeus. As negras, cabelos crespos, com corpos normais e distintos eram motivo de piada dentre os alunos enquanto as fotos eram mostradas, e comparavam com os colegas de classe. Foi um choque perceber como essa idéia de beleza está tão intrínseca na nossa sociedade e como afeta diretamente os nossos alunos. Essa problemática afeta principalmente as meninas, influenciando na construção da “identidade”, na auto-estima e na aceitação de si mesma. Percebemos ainda, como a mídia possui um papel crítico na afirmação desses critérios de beleza massacrando todos aqueles que não se inserem.

Principalmente a internet através das fotos intituladas “selfies” que reforçam esses padrões. O corpo tornou-se mais importante que todos os demais elementos da identidade de um indivíduo. Nesse mundo globalizado, onde as aparências tornam-se mais importantes que qualquer outra coisa, as pessoas se tornam reféns de representações para serem aceitas. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2007. RAGO, M. Cultura do narcisismo, política e cuidado de si. In: SOARES, C. L.

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