A Luxúria nos Contos de Fada

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Design de moda

Documento 1

Luxúria e luxo, então, se referem ao que está deslocado, é excesso, é desregramento, embora o primeiro termo se relacione ao sexual, estritamente, enquanto o termo luxo, mais comum no universo da moda, abarca ostentação, extravagância. Tema de nossa coleção, A Luxúria nos Contos de Fada se detém a um vasto campo simbólico que povoa o imaginário social há séculos e que aciona, com o prazer de ouvir belas, fantásticas e misteriosas narrativas, o território do inconsciente, já explorado por Bettelheim (2008). Com uma profusão de histórias envolvendo príncipes e princesas encantadas, rainhas más, camponesas de rara beleza que conquistam os palácios, os contos de fada, à primeira vista, têm o luxo como uma característica evidente nas vestimentas de seus personagens e na ostentação de palácios, carruagens e reinos maravilhosos.

Já para entender onde reside a luxúria é preciso um olhar um pouco mais atento. Tidos na atualidade como historinhas para ninar as crianças, os contos de fadas, em sua origem, eram narrativas orais de circulação entre adultos, surgidos e repassados nos momentos em que esses populares podiam se reunir ao redor do fogo para se divertir. Pensar a moda na contemporaneidade é ter presente questões sociais que caracterizam nossa época. Enquanto a Modernidade, pautada pelo desenvolvimento industrial, colocou as sociedades urbanas em um tempo cada vez mais acelerado, essa segunda etapa do desenvolvimento, considerada por Hall (2006) como a pós-modernidade, tem presente elementos contraditórios: de um lado, a tecnologia, a despersonificação pautada pelas sociedades globalizadas, que atentam contra traços identitários regionais; de outro, justamente como resposta a essas tensões, surge um desejo de desaceleração, de diálogo com as coletividades, onde a produção artesanal, e os produtos locais são valorizados, como assinala Maffesoli (2003, p.

Para o sociólogo, estamos na passagem de um tempo monocromático, linear, seguro – o do projeto – a um tempo policromático, trágico por essência, presenteísta e que escapa ao utilitarismo burguês. Em síntese, a celebração de uma temporalidade “dionisíaca”. Entendemos que essa nova temporalidade, a da fruição do instante eterno, teorizada pelo sociólogo, condiz com nossa temática para essa coleção, uma vez que a temporalidade presente nos contos de fadas, seja no ato de narrar, seja no de ouvir tantas e tantas vezes as mesmas encantadoras histórias, é também essencialmente desacelerada. Para a autora, o desenvolvimento de um produto de moda pode ser dividido em quatro fases: planejamento, geração e avaliação de alternativas e, por fim, produção.

ETAPAS INTELECTUAIS 3. Briefing O briefing é etapa fundamental no processo criativo de uma coleção. Segundo Almeida (2014, s/p. “é como um diagnóstico. Nosso olhar se volta mais especificamente para o tema da luxúria nessa narrativa, que se pode encontrar nas primeiras versões dessa aventura, tida como história infantil só posteriormente. A partir desse tema, desenvolvemos peças de verão que dialogam com elementos táteis e que representam a sedução própria do termo luxúria. Já na cor central que aparece no título da narrativa - o vermelho - se tem uma paleta condutora de tons que remetem à sensualidade, paixão e desejo carnal. Pesquisas Na fase do planejamento de coleção, um destaque é a Pesquisa. Treptow (2007) afirma que a busca por informações precisa estar centrada na análise de comportamento do indivíduo, na pesquisa de mercado visando o acompanhamento da concorrência, na pesquisa de tendências e a sua busca pelos temas de inspiração, na pesquisa tecnológica e o seu acompanhamento de lançamento de novas tecnologias, na pesquisa de vocações regionais e a obtenção de materiais, técnicas e alternativas locais e, finalmente, na pesquisa de tema de coleção que, a partir da escolha do tema de inspiração, reúne informações que possam ser utilizadas de forma criativa no desenvolvimento de coleção.

Microtendências A partir de uma pesquisa de microtendências para outono/inverno encontramos algumas inspirações, entre elas, as peles fake, utilizadas como detalhes e acessórios que se pode remover ou aplicar com facilidade aos looks. Esse elemento toma por inspiração um dos contos mais tradicionais relatados pelos irmãos Grimm (2014), O chapeuzinho vermelho, em cuja história o lobo-mau se traveste de vovó para enganar a menina. Nesse caso, a pele do lobo é que se torna um recurso postiço, dialogando com um dos propósitos da Moda que não é apenas o de vestir de forma utilitária, mas o de possibilitar que se assuma os mais diversos personagens de estilo. A paleta de cores ficou em vermelho, verdes (da floresta), cinza (pele do lobo), preto e branco (que são indispensáveis em qualquer coleção).

Os looks são femininos, com bastante marcação na cintura e shape justo, sempre evidenciando as curvas, em diálogo com a temática da luxúria. o conto maravilhoso tem um papel afirmativo ao acionar imagens de superação de desafios cotidianos e de eufemização dos pesadelos impressos na tradição dos mitos: "O conto maravilhoso, que ainda hoje é o primeiro conselheiro das crianças porque foi outrora o primeiro da humanidade, continua a viver secretamente na narrativa". Já parte do imaginário social pela quantidade de vezes em que foi narrada, a história da menina que recebe da mãe uma capa de veludo vermelho e tem a missão de ir visitar a avó, desviando dos perigos da floresta, tem implicações relacionadas à sexualidade já apontadas por Bettelheim (2008).

A própria figura da "capa de veludo vermelho" comunica, pela textura e pela cor, aspectos sensuais. A garota será, de certa forma, seduzida pelo lobo, o que denota os perigos dessa primeira liberdade de, ainda jovem, enfrentar o mundo desconhecido, no caso, a floresta. Para Bettelheim (2008, p. O controle dos corpos, como já assinalava Foucault (1987), é uma forma de controle social. Mais do que nunca se evidencia no debate contemporâneo, com a ascensão do conservadorismo, o embate entre a afirmação da liberdade dos corpos e o conservadorismo retrógrado. O corpo humano entra numa maquinaria de poder que o esquadrinha, o desarticula e o recompõe. Uma “anatomia política”, que é também igualmente uma “mecânica do poder”, está nascendo; ela define como se pode ter domínio sobre o corpo dos outros, não simplesmente para que façam o que se quer, mas para que operem como se quer, com as técnicas, segundo a rapidez e a eficácia que se determina.

A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos “dóceis”. Acesso em 3 de maio de 2019. AQUINO, Tomás de. Sobre o ensino (De Magistro) & Os sete pecados capitais. São Paulo: Martins Fontes, 2001. BENJAMIN, Walter. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. FERREIRA, Virgínia. “O feminismo na pós-modernidade”. Revista Crítica de Ciências Sociais. Tradução de Débora Chaves, Fernanda Abreu e Ivo Korytowski. Rio de Janeiro: Sextante, 2013. FONTINHA, R. Novo dicionário etimológico da língua portuguesa. Porto (Portugal): Editorial Domingos Barreira, s/d. Trad. Tomaz Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro. ITALIANO, Isabel Cristina [et al. org). Pesquisas em design, gestão e tecnologia de Têxtil e Moda: 2º semestre de 2014. institutocpfl. org. br/evento/cafe-filosofico-cpfl-a-castidade-impossivel-a-luxuria-maldita-com-luiz-felipe-ponde/.

Acesso em 4 de maio de 2019. PONTES, Maria Helena. “Projetando moda: diretrizes para a concepção de produtos”. In PIRES, Dorotéia Baduy [et al]. Design de moda: olhares diversos. Barueri; Perdizes: Estação das Letras e Cores, 2010. TREPTOW, Dóris.

95 R$ para obter acesso e baixar trabalho pronto

Apenas no StudyBank

Modelo original

Para download