A importância da psicologia positiva na administração do luto nas atividades do CBMMA

Tipo de documento:Monografia

Área de estudo:Psicologia

Documento 1

– São Luís, 2019. f. Monografia (Graduação em Curso de Formação de Oficiais) - Universidade Estadual do Maranhão, São Luís, 2019. Orientadora: Profa. Psicologia Positiva. Dr. Flávio Henrique R. Moraes Doutor em Fitopatologia – Virologia Universidade Estadual do Maranhão ____________________________ Prof. Me. Francisco Nóbrega dos Santos Mestre em Fitotecnia Universidade Estadual do Maranhão Primeiramente dedico este trabalho a Deus pelo sustento nas horas difíceis e a minha família pelo suporte amoroso e por compreenderem a necessária ausência. Poucos conhecem a Psicologia Positiva, bem como as fases do luto. Este estudo concluiu sobre a importância de se atuar de forma preventiva, ainda nas escolas de formação, para que os atributos e virtudes pessoais possam ser desenvolvidos, para obtenção do funcionamento ótimo dos profissionais.

Bombeiros sofrem diariamente com a perda de colegas e vítimas socorridas com vida ou não. Essas condições são adversas, estressantes e causam importante sofrimento psicológico. Atuar preventivamente é ensinar e desenvolver características já preexistentes e outras, como autoestima, otimismo, autorregulação e gratidão. Firefighters suffer daily from the loss of colleagues and victims rescued alive or not. These conditions are adverse, stressful and cause significant psychological distress. To act preventively is to teach and develop preexisting and other characteristics, such as self-esteem, optimism, self-regulation and gratitude. Key words: Positive Psychology. Mourning. Amostra 35 5. Instrumentos de Coleta e Análise dos Dados 36 5. Procedimento Éticos e Limitações 36 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO 38 6. Aspectos Gerais da Corporação 38 6. Psicologia Positiva no CBMMA 47 6. Nas palavras do historiador, havia uma razão para que a sociedade evitasse falar sobre a morte, em última análise, acreditava-se que agindo assim estariam afastando: “a perturbação e a emoção excessivamente fortes, insuportáveis, causadas pela fealdade da agonia e pela simples presença da morte em plena vida feliz, pois, a partir de então, admite-se que a vida é sempre feliz, ou deve sempre aparentá-lo”.

Logo, esse estado de negação de algo tão real e concreto, estaria no bojo ilusório que deveria servir para sustentar a aparência de felicidade. A primeira publicação brasileira sobre tanatologia, estudo sobre a morte, aconteceu na década de 1980, após a realização de um Seminário que deu origem ao livro “A morte e os mortos na sociedade brasileira”. Esta obra foi o marco original para que novas empreitadas sobre o tema pudessem acontecer. O curso “A arte de morrer: Visões plurais”, criado em 2007, foi o pioneiro da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.  Kovacs (2008) relembra que o luto pode ser afetado pelo tipo de morte, já que acidentes, suicídios e aquelas cujo sofrimento foram mais desgastantes, podem gerar culpa e sentimentos ambivalentes.

Além disso, a sensação de ausência de uma rede de apoio, sofrimento mental e o tipo de relação com o falecido, são questões complicadoras. Nesses casos, a perda vem acompanhada de um sentimento de solidão e desamparo. Kübler-Ross (1969) ao tratar sobre os aspectos atinentes à morte e o morrer, especialmente sobre as reações dos indivíduos a esses fenômenos, questiona sobre as consequências, em dada sociedade, de gerar uma certa atitude evitativa frente ao tema da morte. Outras questões já se faziam atuais há 50 anos, como se o estudo da medicina seria capaz de desenvolver habilidades mais humanas em seus profissionais e se ela passaria a se preocupar na redução do sofrimento, em detrimento da longevidade. Esta abordagem teve como evento fundante formalizado, o discurso de um dos seus criadores, Martin Seligman, em 1998, para a posse presidencial da American Psychological Association.

A PsP tem apresentado avanços científicos relativos ao bem-estar e às competências humanas. Apesar dos preceitos positivos já se fazerem presentes desde sempre na sociedade, a constituição de um corpo teórico e prático voltado para os aspectos positivos do desenvolvimento e as potencialidades dos sujeitos, tem se mostrado importante dado ao caráter científico agregado à Teoria. Neste sentido, a PsP trouxe importante foco sobre os fenômenos humanos, que, assim como os sofrimentos emocionais, mereciam a devida atenção, a saber: felicidade, esperança, satisfação, otimismo, alegria, resiliência, dentre outros (LINLEY et al. Considerando os pressupostos da PsP que serão melhor destrinchados nos capítulos subsequentes e a problemática do luto, este estudo, então, pretendeu lançar um olhar diferenciado sobre a saúde mental de cadetes bombeiros do Curso de Formação de Oficiais – CFO da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA e da Academia de Bombeiro Militar Josué Montello - ABMJM.

OBJETIVOS 2. Geral Analisar, a partir de uma amostra com cadetes bombeiros, a importância da psicologia positiva como fator de prevenção na administração do luto presente nas atividades do bombeiro militar do Estado do Maranhão. Específicos • Avaliar as condições psicológicas da tropa a fim de descobrir, a partir da sua autopercepção sobre fatores de risco e protetores da sua saúde mental; • Analisar a questão do luto na prática do bombeiro militar; • Discutir a aplicação da Psicologia Positiva na elaboração do luto; • Apresentar estratégias de manejo do luto, a partir da Psicologia Positiva, que possam servir como porta de entrada para a psicologia positiva na Instituição. JUSTIFICATIVA Diversas pesquisas têm apontado para a preocupação com a saúde mental do profissional bombeiro militar, no Brasil (MONTEIRO et al.

AMATO et al. Considerando que o homem passa um terço da sua vida em atividades laborais, nas últimas décadas, os estudos sobre o trabalho têm apresentado resultados quanto as organizações e as dinâmicas do trabalho. Isso possibilitou implementar mudanças importantes nas condições do trabalho e ergonomia. Reconheceu-se, por exemplo, que algumas doenças são condições intrínsecas a determinadas profissões, passando-se a promover estratégias de prevenção de acidentes e saúde ocupacional de um modo geral. Em especial, na década de 1980 surgiram os primeiros estudos sobre estresse laboral e Burnout. A literatura aponta que a inserção da PsP nos estudos sobre o trabalho se deu no início dos anos 2000. Na visão desses autores, essas duas tradições de estudo refletem visões filosóficas distintas sobre felicidade: enquanto a primeira (hedonismo) adota uma visão de bem-estar como prazer ou felicidade, a segunda (eudemonismo) apoia-se na noção de que bem-estar consiste no pleno funcionamento das potencialidades de uma pessoa, ou seja, em sua capacidade de pensar, usar o raciocínio e o bom senso (SIQUEIRA e PADOVAM, 2008, p.

Segundo Paranhos e Werlang (2015), a Psicologia Positiva tem sido importante para enfrentamento de situações de crise ou desastres, experiências que, invariavelmente, envolvem a presença de profissionais bombeiros. Neste sentido, a Teoria da Crise, mesmo sem um corpo teórico bem definido dentro da Psicologia das Emergências, se interessa não só pelas vítimas, mas por aqueles que prestam serviço durante esses eventos. Essa prática tem como objetivo auxiliar o intervencionista a realizar uma elaboração psicológica e social, de forma que, os prejuízos à saúde física e psíquica possam ser minimizados. Isso se faz importante, pois considera-se que diante de situações de catástrofe, o envolvido entra em crise devido ao abalo em sua estrutura emocional. Para isso, revisitou-se, inicialmente, a história e evolução do Corpo de Bombeiros Militar – CBM, desde o que se sabe sobre seu ponto original, passando por sua implantação no Brasil, e por fim, as características da Brigada do Estado do Maranhão.

Origem do Corpo de Bombeiro Militar A origem e evolução dos Corpos de Bombeiros ao longo dos tempos se relacionam a quase toda atividade humana aplicada a atender suas necessidades. Exemplo disso é o fogo, que apesar de fundamental à vida humana, impõe grande risco aos homens, desde os costumes nômades. Naquela época, eles fugiam das chamas, diferente do que precisou ocorrer após o seu estabelecimento fixo em um território e a formação das primeiras cidades. Nestes casos, foi preciso empreender estratégias para combatê-las, já que ameaçavam não só as pessoas, como as propriedades. Assim, percebe-se que a construção da profissão bombeiro surgiu como forma de atender às necessidades de um contexto econômico e social em franco desenvolvimento: A profissão Bombeiro surge com a revolução industrial, que trouxe consigo o desenvolvimento tecnológico, e consequentemente a ampliação do risco de incêndios e acidentes.

Embora a profissão de Bombeiro tenha se originado exclusivamente na área do combate e extinção de incêndios, foi ao longo do tempo, assumindo a função de salvamentos (aquático, aéreo e terrestre), prestação de socorro de urgência e mais recentemente a prevenção de acidentes (CAMPOS, 1999, p. A primeira corporação apontada nos registros históricos, surgiu no século XVIII, em Paris, com uma guarnição de 70 guarda-bombas. Eles tinham uniformes, remuneração e seguiam as normas de disciplina militar. Na sequência, esse modelo se espalhou pelas grandes cidades do mundo. O Corpo de Bombeiro, como organização, ainda que provisório na Corte, no entanto, só veio a ser criado em 2 julho de 1856, após decreto nº 755 do Império (GOIÁS, 2016).

No estado do Maranhão, a instituição do Corpo de Bombeiros Militar - CMBMA ocorreu no ano de 1903. A referida organização teve sua fundação prevista a partir da Lei nº 294, de 16 de abril de 1901, mas a efetivação só se deu dois anos depois, através do Vice-Governador Alexandre Colares Moreira Júnior, com a criação da Seção de Bombeiros. O primeiro comandante foi o Oficial do Corpo de Infantaria do Estado, Alferes Aníbal de Moraes Souto. Em sua composição, a Seção contava com Comandante, um 1º Sargento, dois 2º Sargentos, um Furriel, 02 Cabos e 30 soldados. A Lei nº 10. dispõe sobre a Organização Básica do CBMMA e estabelece como suas competências: I - desenvolver a política Estadual de Proteção de Defesa Civil, nas ações de proteção da incolumidade e do socorro das pessoas em caso de infortúnio ou de calamidade; II - prestar socorro nos casos de inundações, alagamentos, deslizamentos, desabamentos e/ou catástrofes, sempre que houver ameaça de destruição de haveres, vítimas ou pessoas em iminente perigo de vida; III - exercer atividades de polícia administrativa para os serviços de Segurança Contra Incêndio e Pânico e de Salvamento, podendo, por meio de estudos, vistorias, análises, planejamento, fiscalização e controle de edificações, embargar, interditar obras, serviços, habitações e locais de diversões públicas que não oferecerem condições de segurança e de funcionamento; IV - controlar e fiscalizar a formação de guarda-vidas em meio aquático; V - realizar serviços de busca e salvamento de pessoas, animais, bens e haveres; VI - realizar prevenção no meio aquático e serviço de guarda-vidas; VII - realizar serviços de atendimento e transporte pré-hospitalar em vias e logradouros públicos; VIII - proceder à perícia de incêndios, bem como o controle de edificações e seus projetos, visando à observância de requisitos técnicos contra incêndio e outros riscos, prevenindo e extinguindo incêndios urbanos e florestais; IX - desenvolver pesquisas científicas em seu campo de atuação funcional e ações educativas de prevenção de incêndios, socorros de urgência, pânico coletivo e proteção ao meio ambiente, bem como ações de proteção e promoção do bem-estar da coletividade e dos direitos, garantias e liberdades do cidadão, estimulando o respeito à cidadania, por meio de ações de natureza preventiva e educacional ou por meio de convênios; X - celebrar e manter intercâmbio sobre os assuntos de interesse de suas atribuições com órgãos congêneres de outras unidades da Federação ou Países, além de exercer outras atividades necessárias ao cumprimento de sua competência por meio de convênios.

MARANHÃO, 2015, art. Finalmente, para o recorte que interessa ao presente estudo é preciso considerar a Diretoria de Ensino e Pesquisa, bem como a Academia de Bombeiro Militar, que planejam, orientam, controlam, coordenam, fiscalizam e executam as atividades de formação dos cadetes, futuros oficiais do CBMMA. O curso de graduação, com bacharelado em segurança pública e do trabalho, é oferecido pela Universidade Estadual do Maranhão - UEMA e pela Academia Josué Montello - ABMJM. Sofrimento Psíquico nos Bombeiros Militares: O Luto Complicado O presente tópico tem o objetivo de discutir aspectos relacionados ao sofrimento psíquico vivenciado pelos agentes bombeiros, em especial suas articulações com o processo de luto, sendo ele complicado ou não. Neste sentido, Alves (2018) apresentou alguns indicadores sobre desastres naturais ou de origem humana, os quais apontaram que na década de 2005 a 2015, 23 milhões de pessoas no mundo ficaram desabrigadas, 700 mil morreram e quase 1,5 milhões de feridos.

Esses dados alertam para a necessidade de estratégias que possam minimizar tais ocorrências. Entre os afetados, além das vítimas e familiares, há os profissionais de segurança, saúde e resgate que atuam diretamente nesses episódios. Será sobre esses últimos, especialmente bombeiros formados ou em formação, que esse tópico se debruçará. Aparentemente, a pessoa manifesta um estado afetivo como se estivesse em choque ou entorpecido pela notícia. Com efeito, a reação comumente apresentada é articulada pela expressão “não, não pode ser comigo”. Trata-se de um mecanismo defensivo temporário, mas necessário. No segundo momento, a raiva é a emoção mais comum e nova questão se impõe: “por que eu?” A raiva pode surgir racional ou irracionalmente e precisa ser reconhecida, através de uma atitude sem medo e de aproximação.

No caso de profissionais que lidam com a perda, o medo da morte pode fazer emergir sentimentos temerosos e de esquiva. Essa síndrome causa prejuízos no funcionamento psicossocial e pode se tornar incapacitante. Importante dizer que no contexto profissional é preciso fazer um destaque aos profissionais das emergências, socorristas e ambulâncias e bombeiros de busca e salvamento. Antoniazzi, Dell’Agio e Bandeira (1998) explicam que o coping é uma das estratégias usadas como forma de superarem condições de vida adversas e de grande estresse. Ele tem sido associado a um mecanismo de defesa em indivíduos estáveis emocionalmente. Os estudos mais contemporâneos sobre essa abordagem a relacionam a alguns traços de personalidade, como otimismo, autoestima e autorregularão. Os Aspectos Positivos e as Instituições Militares Este tópico tem por objetivo relatar algumas considerações apontadas por diferentes estudos sobre a Psicologia Positiva e as Forças Armadas ou as organizações do trabalho de um modo geral.

Porém, antes mesmo de apresentar os conceitos ou aplicações dessa abordagem dentro do contexto militar, foi preciso fazer uma retomada aos primórdios da Psicologia, de um modo geral, nas Instituições Militares. No Brasil, o estudo de maior relevância deu origem ao livro “Psicologia Militar” de Emílio Mira y Lopez, em 1949. A obra destacava as características adotadas pelo Exército Brasileiro sobre seleção de pessoal e treinamento. Este estudo é primordial sobre as avaliações psicométricas realizadas no país. No Brasil, o baixo quantitativo de estudos não revisionais, indica que essa teoria ainda é pouco utilizada para intervenção nos problemas cotidianos. Sobretudo, evidenciou-se o ponto fulcral da PsP como sendo o bem-estar, que pode ser compreendido a partir de teorias Bottom up (fatores ambientais) ou Top-down (características intrínsecas).

Passareli e Silva (2007) analisaram os principais estudos empíricos sobre o bem-estar subjetivo, tanto na literatura nacional, quanto internacional. Uma pesquisa relacionou felicidade à traços de personalidade, percebendo correção positiva com extroversão e negativa com neuroticismo, em amostra de estudantes. Outro estudo similar, porém em uma população maior da Noruega, identificou que os níveis de satisfação com a vida e os afetos positivos e negativos são dimensões da felicidade.  Lima e Neves (2017) explanam que as demandas atuais requerem que as Forças Armadas se reestruturem para capacitar seus profissionais para as exigências do mundo moderno. Neste sentido, os autores apontam a necessidade de desenvolver habilidades diversas, em que o militar esteja flexível e preparado para situações novas. As singularidades da carreira militar, além de uma vida sempre exposta ao risco, implicam no uso de recursos e forças que superem as vulnerabilidades.

Sobre as características da profissão, segue o que se espera do militar: Dele se requer que esteja sempre pronto para cumprir a missão, para combater e lutar sem esmorecimento. Não é um trabalhador comum, não tem direitos trabalhistas e atua sob sacrifícios pessoais e familiares. Finalmente, este tópico não buscou esgotar as fontes de informação sobre as ponderações entre Psicologia Positiva e a Psicologia Militar. Cabe, contudo, ressaltar que a PsP ainda é incipiente dentro dos contextos militares, especialmente no Brasil. Isso se reflete nos poucos estudos encontrados a respeito. Neste sentido, esses dados reforçam o caminho que este estudo vem pretendendo seguir, com a abertura de uma possibilidade nos currículos de formação para os atributos e emoções positivas como prática de capacitação para a sujeitos mais resilientes no cotidiano laboral dos bombeiros.

METODOLOGIA O presente capítulo destina-se a apresentar os aspectos metodológicos empregados neste estudo. Portanto, o primeiro ano era composto por 31 alunos, o segundo, 26 e os concluintes, ao todo, 29 cadetes. Instrumentos de Coleta e Análise dos Dados A fim de coletar informações sobre dados gerais dos cadetes, suas percepções sobre o luto, sofrimento psíquico e conhecimentos de Psicologia Positiva, elaborou-se um questionário virtual, através da ferramenta Google Formulário. Acredita-se que os resultados da pesquisa permitirão um melhor conhecimento sobre os benefícios da psicologia positiva no manejo de sofrimento emocional em bombeiros, especialmente no enfrentamento do luto. Todos os dados recolhidos permanecerão confidenciais. Será garantido o sigilo de sua identificação, sendo assim, em nenhum momento seu nome será divulgado. Seu papel como tal permitiu a obtenção da visão de conjunto do objeto de estudo e a operacionalização da pesquisa, contou com o auxílio de documentos e observação da vida cotidiana.

Todos os procedimentos éticos relativos à pesquisa com seres humanos, conforme determinado pelo Conselho Nacional de Saúde e Conselho Federal de Psicologia, foram seguidos. Aos militares, foi dada atenção especial no tocante aos aspectos éticos, visto que o fato de ser militar pode influir na sua opção de participar ou não. Não houve a presença de autoridades militares (oficiais) no momento da aplicação do questionário. Cumpre ressaltar que este estudo é pioneiro no CBMMA ao associar os aspectos positivos da condição humana ao enfrentamento do sofrimento psíquico, especialmente sobre a elaboração do luto. A carga horária total é de 4470 horas, incluindo 240 horas optativas e 90 horas de estágio curricular supervisionado. Os concluintes egressam como 2º Tenente e podem chegar até a patente de capitão.

o Projeto Pedagógico – PP do CFO/BM justifica a concepção de colaborador que orienta os fundamentos acadêmicos do curso: [. contempla o desenvolvimento da dimensão humanística na formação do profissional bombeiro militar, pois se avança na perspectiva de não conceber mais o ser humano somente como mão de obra, recurso humano ou capital humano. Existe um consenso entre os estudiosos que o ser humano é o sujeito primeiro do fenômeno organizacional e por isso o diferencial de qualidade na comparação do desempenho interinstitucional. Gráfico 3 - Divisão conforme gênero Fonte: dados da pesquisa Ainda visando responder às questões gerais sobre a corporação, ao serem questionados sobre a autopercepção quanto ao preparo psicológico para exercer as atividades próprias da atividade como bombeiro e lidar com todas as situações a serem apresentadas no decorrer da sua carreira, os cadetes responderam que se sentem parcialmente preparados.

Interessante a observação realizada por Thadeu, Ferreira e Faiad (2012) a respeito da avaliação psicológica realizada em processos seletivos para as áreas da segurança pública, incluindo bombeiros militares. A avaliação psicológica, nesse tipo de concurso, deve ser uma etapa prevista no edital e regulada pela legislação, especificando o perfil psicológico desejado e o método aplicado. É preciso considerar uma crítica a esta divulgação prévia, que pode influencia o candidato, muitas vezes a apresentar um perfil tendencioso, conforme o desejado pelo cargo. Esse problema poderia ser ainda mais complexo diante da divulgação prévia dos testes aplicados, incorrendo em maior desejabilidade por parte do candidato. Lopes (2012) em estudo com 505 bombeiros do interior de Minas Gerais, verificou a percepção de suporte social – resiliência - e sua importância no contexto do trabalho, especialmente sobre os casos de síndrome de burnout.

A análise correlacional identificou que quanto maior a sensação de suporte social no trabalho, maior a resiliência. Porém, este estudo encontrou naquele contexto um baixo indicador de suporte institucional, o que evidenciou a necessidade de melhoria nesses aspectos para a aplicação de estratégias preventivas. A resiliência é um conceito central dentro da Psicologia Positiva. Seligman (2011) afirma que estar apto psicologicamente é ser resiliente. Os fatores de risco apontados foram a idade, eventos estressantes relacionados ao trabalho, como alta exigência e traumas na prática Gráfico 6 - Probabilidade de desenvolvimento de sofrimento mental Fonte: dados da pesquisa Brito et al (2017) explicam que é preciso considerar o trabalho prescrito e o real dentro das Corporações de Bombeiros, levando em conta que se trata de Instituições Totais, como formuladas por Goffman (1987).

Elas se caracterizam pelo regime hierárquico e que possuem dentro de si todos os recursos minimamente necessários para seu pleno funcionamento. O rigor de horários e das normas, além do controle exercido pela autoridade superior marcam a dinâmica laboral. Muitos estudos dentro dessa linha teórica têm compreendido que essas condições de trabalho, a saber a sobrecarga, pressão, extensas jornadas e equipe desfalcada, podem afetar a saúde dos profissionais. Quanto a relevância da prevenção ao sofrimento psíquico decorrente do trabalho do profissional bombeiro, 97,5% dos questionados responderam que consideram de suma importância dar atenção a esses aspectos da saúde do trabalhador. Este estudo, visa romper com essa lógica, já que se ancora na ideia de se introduzir, dentro do Curso de Formação, um conceito de prevenção do sofrimento psíquico a partir do treino da resiliência ou da elaboração de características positivas que façam vista ao bem-estar dos cadetes.

Gráfico 8 - Já fez ou faz psicoterapia Fonte: dados da pesquisa A Psicoterapia Positiva foi testada em jovens adultos deprimidos a partir de um programa com seis exercícios, desenvolvidos ao longo de seis semanas. Os resultados indicaram supressão quase total dos sintomas, sem recaídas durante o controle de 12 meses. Essa abordagem se caracteriza por um conjunto de técnicas, mas sem desconsiderar pressupostos elementares da psicoterapia como a empatia, acolhimento e vínculo. Inicialmente avalia-se os indicadores de bem-estar e sintomatológicos para depressão. Os menores indicadores da escala mostraram estados de raiva, divertidos e infelizes. Gráfico 9 - Estados afetivos atuais Fonte: dados da pesquisa Seligman (2011) reflete sobre o ensino do bem-estar nas escolas. Mais do que uma possibilidade, o autor fala da necessidade. Os jovens têm alta prevalência nos casos de transtornos de humor e suicídio.

Vale ressaltar que o bem-estar está diretamente ligado a um bom ambiente, independente do contexto de vida do sujeito. Em síntese, este tópico discutiu alguns pontos relevantes já integrando os aspectos do sofrimento psíquico, o luto e as primeiras elaborações sobre as possibilidades e recursos apresentadas pela Psicologia Positiva. Na próxima categoria de análise, que contemplou três questões sobre o nível de conhecimento dos cadetes sobre a PsP, será discutido ainda outros pressupostos que se considerou importante para a definição de um conhecimento de base para estratégias de manejo e prevenção de saúde mental no CBMMA. Psicologia Positiva no CBMMA Os participantes foram questionados sobre seu conhecimento acerca da abordagem Positiva da saúde psicológica. A maioria desconhece os pressupostos preconizados por Martin Seligman e seus dissidentes.

Araújo (2013) esclarece que tem crescido os estudos que visam compreender o papel das emoções positivas na vida humana. A maioria dos cadetes, mesmo desconhecendo os pressupostos da PsP acreditam que o uso das suas potencialidades pode melhorar no seu desempenho profissional. Seligman (2009) pontua algumas questões que podem orientar a presente discussão sobre a relevância dos atributos positivos como fatores de melhor desenvolvimento pessoal: Por que a evolução nos dotou de sentimentos positivos? Quais são as funções e consequências dessas emoções, além de nos fazer sentir bem? Quem tem emoções positivas em abundância e quem não tem? O que permite e o que impede essas emoções? Como integrar mais emoção positiva e estável à vida? (SELIGMAN, 2009, p.

O autor esclarece que a Psicologia negligenciou o estudo sobre a felicidade em detrimento das psicopatologias. O segredo da felicidade autêntica é uma virtude que foi alcançada mediante o exercício e não através de experiências fugazes. Outro indicador importante que tem se revelado nos estudos sobre a PsP é a utilização da bondade espontânea, pois este recurso promove uma gratificação e obriga o indivíduo a utilizar suas forças pessoais e gera emoção positiva. Contudo, esses profissionais fazem o processo inverso ao se lançarem em prédios em chamas, desastres naturais ou acidentes a fim de resgatar a vida de terceiros. Impõem-se assim risco à sua própria. Essa dinâmica é estressante, principalmente se considerar a morte ou cenas trágicas.

Vale ressaltar que após essa vivência, em sua maioria, retornam aos seus quartéis sem o menor suporte psicológico. Dessa forma, lançam mão da naturalização dos fatos, uma estratégia comum adotada por profissionais que lidam com situações traumáticas. Aí é triste de ver, daí dá aquela sensação [. será que eu fiz alguma coisa errada? O que eu poderia ter feito de melhor? [. ENT 16) (NUNES e FONTANA, 2012, p. Igualmente, Natividade (2007) esclarece que os bombeiros assistem diariamente situações trágicas envolvendo a morte, em sua maioria. Os entrevistados pela autora relataram que desenvolveram maior valorização com a própria vida, os detalhes, uma visão mais otimista sobre o futuro e de autopreservação. Ele foi internado na psiquiatria para observação, já que apresentava um quadro quase catatônico.

No segundo atendimento, o profissional relatou seu trauma diante da perda e impossibilidade de salvar a vida do colega. A sobrecarga de trabalho e a perda do parceiro geraram uma dor insuportável e rompeu suas defesas psíquicas. O medo da própria morte o fez desejar pela saída do quartel e pelo abandono da carreira, que já superava os 10 anos. Após os atendimentos e seu desejo de retornar ao trabalho em outro quartel, o paciente relatou: Já não me sinto mais tão triste e me sinto mais forte e com muita vontade de voltar ao trabalho. Assim, em condições adversas, indivíduos que conseguem se adaptar e apresentar uma maturação satisfatória, são considerados resilientes. Neste diapasão, notou-se que como estratégia de coping (enfrentamento), essas pessoas apresentaram uma postura interna confiante, além do apoio social da família ou comunidade.

Outros estudos indicaram que o fator gênero masculino como maior predisposição à vulnerabilidade. Há, contudo, um consenso contemporâneo de que a combinação de dois ou três fatores estressante e componentes biológicos e ambientais, integrados correspondem a maior exposição ao risco. Igualmente, Juliano e Yunes (2014) explanam sobre a construção de uma rede de apoio social como mecanismo de proteção e promoção de resiliência. Este estudo ainda que timidamente, buscou entender o processo formacional dos cadetes da ABMJM e suas percepções quanto ao suporte institucional, bem como suas preocupações quanto ao futuro, quando estarão lidando diariamente com eventos estressantes, adversos e de sofrimento. Espera-se que esta pesquisa estimule outros estudos na área, principalmente para desenvolver novas formas de ensino sobre os fatores positivos e virtudes para o desempenho ótimo da tropa.

Ressalta-se a carência de estudos nas áreas de Psicologia Positiva e manejo do luto, bem como sobre o cuidado com a formação psicoemocional de cadetes bombeiros. REFERÊNCIAS ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR JOSUÉ MONTELLO. ABMJM. Editora Summus: 2018. AMATO, T. PAVIN, T. MARTINS, L. RONZANI, T. Natal), Natal, v.  n.  p. Dec.   Available from <http://www.  Psicol. estud. Maringá, v.  n.  p. ARIÊS, Philippe. História da morte no Ocidente: da Idade Média aos nossos dias / Philippe Ariés; tradução Priscila Viana de Siqueira. Ed. especial]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: <http://www. planalto. gov. br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.  n.  p.  jan.   Disponível em <http://pepsic. bvsalud. Mudanças – Psicologia da Saúde, 20 (1-2), Jan-Dez 2012, 31-40p.

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  Available from <http://www. Todos os dados recolhidos permanecerão confidenciais. Será garantido o sigilo de sua identificação, sendo assim, em nenhum momento seu nome será divulgado. Aceito ( ) Não aceito Identificação da turma: primeiro ano, segundo ano, terceiro ano. Turma:___________________ Identificação de gênero: masculino, feminino. Masculino ( ) Feminino ( ) 1) Você se acha psicologicamente preparado para exercer suas atividades como bombeiro e lidar com todas as situações a serem apresentadas no decorrer da sua carreira? ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente 2) Você se considera amparado psicologicamente pela instituição em que está inserido? ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente 3) Você acha que existe a possibilidade de desenvolver algum sintoma ou transtorno psicológico durante o exercício de suas atividades? ( ) Sim ( ) Não ( ) Pouco provável 4) Você acha que a prevenção psicológica acerca das mais diversas situações vividas pelo bombeiro militar têm relevância? ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente 5) Você já fez ou faz psicoterapia? ( ) Sim ( ) Não 6) Nesse momento, como você avalia seu estado afetivo? (escolha no máximo dois itens) ( ) Feliz ( ) Satisfeito ( ) Frustrado ( ) Raivoso ( ) Divertido ( ) Preocupado ( ) Infeliz ( ) Alegre 7) Você conhece a psicologia positiva? ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente 8) Você acha que os aspectos positivos das emoções e comportamentos individuais geram algum tipo de melhora na execução das suas atividades? ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente 9) Você acha que o exercício mental acerca das suas potencialidades e características positivas podem auxiliá-lo na cura de algum trauma anterior/posterior à alguma atividade exercida pelo bombeiro? ( ) Sim ( ) Não ( ) Pouco provável 10) Você se acha preparado psicologicamente para conviver com a possível perda de uma vítima durante alguma atividade exercida em serviço? ( ) Sim ( ) Não ( ) Muito pouco ( ) Parcialmente 11) Você se acha preparado psicologicamente para conviver com a possível perda de um companheiro (bombeiro) durante alguma atividade exercida em serviço? ( ) Sim ( ) Não ( ) Muito pouco ( ) Parcialmente 12) Você sabe reconhecer as fases do luto? ( ) Sim ( ) Não 13) Em caso de perda de alguma vítima ou companheiro durante alguma atividade exercida em serviço, qual sentimento seria mais provável de identificar em você?? ( ) Negação ( ) Raiva ( ) Barganha ( ) Depressão ( ) Aceitação ( ) Nenhum dos anteriores 14) Você acredita que a exploração dos aspectos positivos individuais acerca de emoções e comportamentos poderiam trazer algum benefício na lida com a possibilidade da perda de uma vítima ou companheiro? ( ) Sim ( ) Não ( ) Pouco provável 15) Você acredita que os pensamentos negativos acerca da questão da perda de vítimas ou de um companheiro, podem ser substituídos por aspectos positivos do comportamento e das emoções individuais? ( ) Sim ( ) Não ( ) Pouco provável.

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