A Filosofia da Natureza como base para uma ética ambiental

Tipo de documento:Projeto

Área de estudo:Filosofia

Documento 1

Em muitos lugares a água é um produto raro. Os solos estão esgotando sua capacidade de produção. As florestas são devastadas sem a menor preocupação com as consequências futuras. Há uma urgência na mudança de mentalidade na relação homem-planeta, homem-natureza, em busca de uma convivência de respeito à vida. Mudança esta que envolve uma ruptura com os sistemas mecanicistas ou tecnocrata que foram criados pelo homem e estão se voltando contra ele próprio. A ordem da natureza e a forma da inteligência, o filósofo vai tratar do ‘elã vital’, priorizando a questão fundamental que é a relação entre o problema da vida e o do conhecimento. Bergson distingue a ordem da inteligência e a intuição. Se todo ser animado nos remete à criação, podemos entender que a natureza clama por uma valorização ou conversão ética da cultura e da liberdade colocando o homem como “cuidador” do planeta, nas palavras do papa Francisco, e não de seu mero explorador, como sugere uma filosofia e teologia mais conservadoras e tradicionais.

DOS FILÓSOFOS GREGOS AO CARTESIANISMO A princípio, Bergson, em sua formulação, faz uma negação às formas de determinismo e também da ‘coisificação’ do homem. A pesquisa filosófica, sobretudo a partir de René Descartes, assume um viés científico ou cientificista. É a questão da ordem-desordem que Bergson aborda em seu livro. Na Idade Média há uma continuidade a essa formulação animista: “. para os medievais, todas as criaturas vivas têm alma e mais do que isto, nelas não é a alma que está dentro do corpo, mas o corpo que está dentro da alma que permeia todas as suas partes (SHELDRAKE, 1995, apud, SANTOS PINTO, 2010, p 3). A própria alma é entendida como responsável pelo crescimento e desenvolvimento do embrião, de modo que o organismo possa assumir a forma característica da espécie à qual pertence.

Descartes vai desconstruir a visão de Aristóteles – a forma substancial – e propor em seu lugar uma concepção “puramente mecânica do universo”. Assim como a exploração da natureza pelo homem provendo o seu ‘bem estar’ no presente, mas descuidando das consequências futuras. Estavam lançadas as pontes para o futuro e, especialmente, dois aspectos da filosofia cartesiana marcam o pensamento na modernidade: o antropocentrismo e o caráter pragmático-utilitarista que o conhecimento adquire. Em síntese, o homem é visto como centro do mundo, o sujeito em oposição ao objeto, à natureza. O homem, então instrumentalizado por métodos científicos, pode avançar pelos mistérios da natureza e, assim, tornar-se senhor e possuidor da natureza, esta agora é um recurso, um meio para se atingir um fim.

Toma vulto a separação/oposição homem-natureza. Bergson distingue a ordem da inteligência e a intuição. O filósofo entende que há uma ordem geométrica, inerente à matéria que é da indução e da dedução. Nossa ação, segundo Bergson, apoia-se nessa ordem e nossa inteligência se reconhece nela. “Mas, há também uma ordem vital. A segunda é análoga a uma ordem deliberada, enquanto a primeira a uma ordem automática. E onde se situa a inteligência nesta visão de Bergson? Ela estaria aprisionada ao hábito de ação junto à matéria, o que a impossibilita de compreender a realidade da vida. Seria uma compreensão superficial e exterior. Diferentemente do instinto que, “tem com o movimento uma relação íntima e direta”.

O que Bergson pretende dizer com isso? Por conseguinte. o homem só consegue ter consciência daquilo que caracterizamos ser próprio da ordem vital, do movimento de evolução criadora que é a vida, quando une o potencial de simpatia à vida do instinto como potencial de consciência da inteligência. Bergon avança em sua reflexão sobre a evolução para chegar ao sentido especial e dizer que o homem é o "termo" é "objetivo" da evolução. A vida, havíamos dito, transcende a finalidade tanto quanto as outras categorias. É essencialmente uma corrente lançada através da matéria, que extrai desta aquilo que pode. Não houve, portanto, propriamente falando, projeto nem plano. Por outro lado, e por demais evidente que o resto da natureza não foi remetido ao homem: lutamos agora como as outras espécies, lutávamos outrora contra as outras espécies.

Farias conclui, afirmando que há uma dicotomia cultura-natureza viciada que não consegue dar respostas aos problemas hoje colocados. A cultura para o autor, será o lugar da ‘criação e renovação da natureza’: “Parece ousado e arriscado, mas nunca foi sem risco a expansão do impulso criador da vida. Quando nos acomodamos em nossos hábitos, culturalizados ou naturalizados, abandonamos a zona de perigo, produzimos e reproduzimos um estilo de vida conservador (e conservacionista)” (FARIAS, 2015, p. E, finaliza apontando para uma ética ambiental, de inspiração bergsoniana, “não como afirmação inconsequente da cultura e da civilização devoradoras da natureza, mas uma retomada do impulso criador no núcleo mesmo da existência cultural, uma conversão ética da cultura” (FARIAS, 2015, p. No fundo da proposição está a valorização da liberdade e da responsabilidade através de uma confiança não cega na indeterminação do futuro.

REFERÊNCIAS BERGSON, Henri. A Evolução Criadora. Tradução: Bento Prado Neto – São Paulo. Martins Fontes, 2005 (Coleção tópicos) FARIAS André B. de. REHBEIN, Moisés o. Ensaios sobre o meio (ambiente): os significados de natureza por olhares geográficos, em Revista Geografar www. ser. ufpr. br/geografar Curitiba, v. uol. com. br/biografias/henri-bergson. htm.

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