A ETIMOLOGIA DAS PALAVRAS E SEUS SIGNIFICADOS NO DECORRER DO TEMPO: UM ESTUDO DO NEOLOGISMO EM GRANDE SERTÃO: VEREDAS

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Pedagogia

Documento 1

Dra. Dieli Vesaro Palma Aprovado em: __/__/__ BANCA EXAMINADORA ____________________________________ Dra. Dieli Vesaro Palma – PUC-SP ____________________________________ ____________________________________ RESUMO Este trabalho focaliza neologismo selecionados do livro "Grande Sertão Veredas", de João Guimarães Rosa. As palavras mudam o significado seja pelo passar do tempo, seja pela criação de escritores. O objetivo geral é refletir sobre a mudança de significado a partir do estudo etimológico de neologismos criados por Guimarães Rosa. The words change the meaning either through time or by the creation of writers. The general objective is to reflect on the change of meaning from the etymological study of neologisms created by Guimarães Rosa. The specific objectives are to analyze the changes in meaning and concept of words from etymology; Show how the writer creates neologisms; Identify based on the analysis made, the differences the meanings, explaining whether they are semantic neologisms, taking into account the historical context of the book "Great Sertão Veredas" and the neologism created.

This study is justified because in addition to the creation of words, there is in the novel a historical context that raised reflections on unquestionable themes, such as the feminine condition and sexual orientation. The great circulation of these reflections showed some aspects and details that became the topic of discussion and analysis. Como Guimarães Rosa Cria Neologismo 17 4 ESTUDO ETIMOLÓGICO DE ALGUMAS PALAVRAS DE "GRANDE SERTÃO VEREDAS" 19 4. Apresentação e Análise dos Dados 19 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 32 REFERÊNCIAS 34 1 INTRODUÇÃO Esta pesquisa é um estudo léxico-semântico de neologismo retirados do livro "Grande Sertão: Veredas", do autor João Guimarães Rosa. A pergunta que problematiza esta pesquisa é: Sabe-se, atualmente, pelos estudos da língua, que o significado de algumas palavras muda conforme o tempo e perde o seu significado etimológico.

Como esse fenômeno ocorre em Grande Sertão: Veredas? O objetivo geral é refletir sobre a mudança de significado de palavras selecionadas em Grande Sertão: Veredas, com base em um estudo etimológico de neologismos criados por Guimarães Rosa. Os objetivos específicos são: analisar as mudanças de significado e o novo conceito das palavras com base em sua etimologia; mostrar como o escritor cria neologismos; identificar, com base na análise feita, as diferenças de significados, explicitando se são neologismos semânticos, levando em consideração o contexto histórico do livro "Grande Sertão Veredas" e o neologismo criado. Contexto histórico de “Grande Sertão Veredas” que faz um breve histórico do contexto brasileiro da época em que a obra foi escrita.

Estudo etimológico de algumas palavras de "grande sertão veredas" que faz uma análise da etimologia de 23 neologismos criados por Guimarães Rosa. Considerações finais que conclui o trabalho escrito, ressaltando a importância da pesquisa realizada. CONTEXTO HISTÓRICO DE “GRANDE SERTÃO VEREDAS” Grande sertão: Veredas (GSV) põe, à mostra, uma parte da história do Brasil por meio da narração de Riobaldo, sendo ele um narrador personagem, em uma narrativa impregnada do simbólico e do místico. Ele deixa transparecer os processos constitutivos que definem a feição moderna da sociedade brasileira. De acordo com Rocha (2013, p. Além de situar o tempo da narração por meio de um fato histórico, Riobaldo usa esse dado para refletir sobre o modo como o tempo muda o valor das coisas.

Ele compara as guerras e as batalhas ao jogo de baralho que, assim como as opiniões, a todo o momento pode ser revertido. Passado esse tempo de disputas, as pessoas seguiam adiante em seus caminhos, não sendo mais importante esse cenário. Rosa (1965, p. Sobre essa questão, assim se manifesta Rosenfield (2006, p. nos bandos de jagunços, Riobaldo surge como o único para quem o mundo feminino tem um interesse intrínseco – um segredo e uma atração maravilhosa que conferem à mulher uma dignidade marcante e independente dos interesses jagunços. Contudo, há a necessidade de uma leitura apurada para perceber na obra como as mulheres contribuem para melhorar os homens que são representados por Riobaldo que segue seus caminhos e, assim, ele foi conduzido à ascensão social e espiritual.

Nesse sentido, é importante destacar que ele estava com uma mulher sempre a seu lado: Diadorim cuja sexualidade só foi revelada no final do romance. No decorrer da narrativa, essa personagem mostrava ambiguidade, perturbava e confundia Riobaldo. Músicas românticas como “Dorinha, meu amor” se tornaram impraticáveis nas conversas no cotidiano principalmente nesse período em que os centros urbanos estavam cada vez mais crescente. Na década de 30 do século XX, a sociedade era caracterizada pelo acúmulo de bens e de intelectualização, aumentando o consumismo, sendo a mulher a maior consumidora de produtos para atender sua família, ainda assim, ela dependia economicamente do homem. Elas pensavam no bem-estar do marido e dos filhos, passando a folhear revistas à procura de produtos. Nessa época, a mulher era estereotipada como mãe, a rainha do lar e seu universo era dar segurança à família e servir o marido (ARAÚJO, 2002).

No entanto, a música Julieta retrata uma mulher infiel e dependente financeiramente do homem e ele por sua vez é fraco, pois paga as dívidas e não percebe ou não quer ver a infidelidade por parte dela. Guimarães Rosa dominava se tornou cônsul-adjunto em1938 na cidade de Hamburgo, após ter prestado concurso para o Itamarati. já era cônsul-adjunto, na Alemanha. Como o Brasil rompeu aliança com a Alemanha, devido à Segunda Guerra Mundial, ele foi preso em Baden-Baden, em 1942, juntamente com outros brasileiros. Ao ser libertado no final do ano, foi secretário da Embaixada Brasileira em Bogotá. Morou em Paris de 1946 a 1951, onde sua carreira diplomática ficou consolidada. Por isso, sente-se “como se fosse diferente pessoa. ” O discurso do narrador na narrativa funciona como se fosse a memória dele como narrador-protagonista da história, em um dialogismo com o leitor, uma vez que ele fala diretamente para o leitor, usando até travessão inicial para mostrar o início das falas.

Sua fala veicula lembranças perdidas no tempo e que vão sendo encontradas em sua memória, fazendo com que ele narre em um ir e vir entre o presente e o passado, quando a situação que vai contar demanda esse movimento no tempo, perfazendo um movimento pendular que estabelece relações de causa no tempo subvertido, mas que organiza o ordenamento narrativo. Nesse sentido, Rocha (2013, p. afirma que [. O processo de criação passa por uma sequência de procedimentos que configuram a produção textual, que se concretiza na enunciação linguística. É dessa forma que o gênero ganha seu formato estético e autonomia, passando a ser um objeto cultural. No entender de Garbuglio (1972, p. existe uma linha propriamente narrativa, onde se situam os fatos narrados com a clara finalidade exemplar, para servir de modelo às especulações do narrador e do interlocutor/leitor, ouvintes passivos do contador de histórias que desfila pachorrentamente suas experiências, mas muito desconfiado das coisas e das palavras que as reproduzem O modo como o Riobaldo narra, funciona como uma forma de sustentação dos fatos narrados que se submetem ao crivo de uma análise que pode ser vista como uma maneira dele compreender a realidade e a condição humana no mundo, em uma vivência e experiência; dúvida e especulação.

O escritor João Guimarães Rosa, ao escrever Grande Sertão: Veredas, foi criterioso para encontrar caminhos permitidos pela língua portuguesa, para criar neologismos próprios para dar o sentido exato daquilo que queria expressar e que as palavras existentes não conseguiam dar o sentido que queria expressar. Definição de Etimologia e de Neologismo A etimologia pode ser definida como estudo da origem e da evolução das palavras ou a disciplina que trata da descrição de uma palavra em diferentes estados de língua anteriores, até o estado em que ela se encontra. Pode ser também a etimologia a parte da gramática que mostra a história ou origem dos vocábulos e da explicação do significado de palavras através por meio de análise das partes que as compõem.

Em outras palavras, é o estudo composicional dos vocábulos e das regras de sua evolução ao longo do tempo (FERREIRA, 1989). É importante mostrar a etimologia da palavra etimologia: Etimologia (do grego antigo ἐτυµολογία, composto de ἔτυµον e -λογία “-logia”) parte da gramática que trata da história ou origem das palavras e da explicação do significado de palavras através da análise dos elementos que as constituem. Em outras palavras, é o estudo da composição dos vocábulos e das regras de sua evolução histórica (KOUTANTOS, 2011, p. Nos trechos a seguir há neologismos que foram extraídos de Martins (2001): [. os soldados abotoaram o filho da mãe dele. Abotoar = matar (p. Sua pele até, com reflexos de açafrão (p. Se encontrava cavaleiros, sabia deles se alonjar = long(e) + ar Que é o mel branco, damice de mulher, he Supira? = afetação, feminilidade forçada (p.

Para Coutinho (1991), existem duas técnicas comuns usadas por Guimarães Rosa, mudar o “significante” e criar um neologismo, associando o “significante” a outros, para que ele funcione como se fosse uma repetição de temas. Garcia (2015) considera Guimarães Rosa um clássico da língua, um escritor-inventor de ponta, de poder linguístico imenso. No entanto, dava a impressão de que ele estava inventando ou ressuscitando palavras que estavam em desuso, mas o que ele fazia era recuperar um léxico muito rico e tradicional da língua portuguesa, que as pessoas desconheciam. O próximo capítulo apresenta e analisa algumas palavras criadas na obra Grande Sertão: Veredas, identificando o neologismo, por meio do uso do dicionário referente ao léxico da língua portuguesa, bem como do livro “O léxico de Guimarães Rosa de autoria de Nilce Sant’anna Martins, que faz um estudo etimológico das palavras em questão.

ESTUDO ETIMOLÓGICO DE ALGUMAS PALAVRAS DE "GRANDE SERTÃO VEREDAS" 4. Do latim bruma. ae. origem da palavra alva). Do latim alba. ae (MICHAELIS, online). A coruja é uma ave silenciosa e símbolo do curso de Letras, sendo considerada uma ave inteligente. Grande Sertão: Veredas Corujante: semelhante à coruja ". ou a mãe-da-lua, de voo não ouvido, corujante. ROSA, p. O neologismo se forma-se lexicalmente com sufixo nominal –nte, de origem latina, que indica agente. Espevito Dicionário Etimologia (origem da palavra espevitar). Desconhecida. Espevitar: cortar, aparar o morrão de uma vela ou de uma candeia. Despertar, avivar: espevitar a memória (FERREIRA, 1989). fig. Faro: O olfato dos cães. Olfato em geral. Cheiro particular de alguns animais. Figurado] Perspicácia, discernimento; intuição, instinto. O mesmo que farejar FERREIRA, 1989).

e uns indicavam por gestos que Zé Bebelo estava gira da ideia. ROSA, p. A palavra gira é uma derivação por redução do verbo girar, com uma mudança de sentido, portanto resultou em um neologismo semântico. Hajante Dicionário Etimologia (origem da palavra hajar). Do verbo haver, proveniente de sua forma conjugada haja (MICHAELIS, online). O arraial ilustrado com arcos e cordas de bandeirolas (ROSA, p. A palavra derivada de ilustrar mudou sua semântica, pois tinha o sentido de dar um efeito visual ao texto e foi usado no texto de GSV com o significado de decorar o ambiente. Por essa razão, trata-se de um neologismo semântico. Jagunçama Dicionário Etimologia (origem da palavra jagunço). Não tem origem definida. Grande Sertão: Veredas Como ladrão, de repente, de surpresa (MARTINS, 2001).

Ah, as coisas influentes da vida chegam assim sorrateiras, ladroalmente (ROSA, p. O escritor formou um adjetivo com a palavra ladrão mais o sufixo formador de advérbio de modo -mente, dando um significado de um trecho da Bíblia em que Jesus fala por parábola: “[. a morte vem como um ladrão”. Sendo assim, houve a formação de um neologismo semântico. Nãozão Dicionário Etimologia (origem da palavra não). Advérbio de negação do latim non 'id' (MICHAELIS, online). Não: sentido de negação, contrário de sim (FERREIRA, 1989). Não faça o que pode lhe prejudicar. Grande Sertão: Veredas Aumentativo dando ênfase à negação (MARTINS, 2001). Grande Sertão: Veredas Estimando (MARTINS, 2001). Orçando longe volta, João Concliz levou seus homens muito adiante de lá (ROSA, p.

A palavra não sofreu mudança, não sendo, portanto, um neologismo, no entanto não se percebe seu uso na língua portuguesa do cotidiano. O que faz inferir que ela pode ser usada no sertão, indicando que o autor quer mostrar a sua existência. Para o leitor, essa pode ser uma palavra nova para inventário linguístico. A formação lexical pespingue, caracteriza se caracteriza pelo uso de afixos improdutivos corresponde a ação de cair gotejando ou de cair pingando, sem problema de compreensão, entretanto é um neologismo, no caso em questão, por causa da derivação sufixal. O sufixo -oso enfatiza intensifica os pingos do orvalho nas folhas que podem ser as ovalhosas. É um neologismo com a carga de pode funcionar como intensificador semântico.

Quadrar Dicionário Etimologia (origem da palavra quadrar). Do latim quadro, as, āvi, ātum, āre 'esquadrar' (MICHAELIS, online). Retrato: fotografia; imagem que reproduz algo ou alguém (FERREIRA, 1989). Vi seu retrato na parede. Grande Sertão: Veredas Retratal: como um retrato, digno de ser retratado (MARTINS, 2001). Medeiro Vaz, retratal, barbaça, com grande chapeú rebuçado (ROSA, p. O neologismo foi formado da palavra retrato com o acréscimo do sufixo -al. Grande Sertão: Veredas Sim-se: sem saber se diria sim ou não, ou ainda se concordaria ou não (MARTINS, 2001). Eu parava sempre naquela meia-incerteza, sem saber se ela sim-se (ROSA, p. O autor formou uma palavra composta para indicar uma ação reflexiva de dizer sim, transformando o advérbio em verbo reflexivo. Por essa razão, é um neologismo semântico.

Talmente Dicionário Etimologia (origem da palavra tal). Umbigada Dicionário Etimologia (origem da palavra umbigo). Do latim lat.  umbilīcus,i 'id'(MICHAELIS, online). Umbigo: cicatriz arredondada na linha média do abdome, que assinala o orifício por onde, no feto, passa o cordão umbilical (FERREIRA, 1989). Ela curou o umbigo do filho. Deu a venta (ROSA, p. Esse trecho descreve a morte de Medeiros e é uma palavra que muda o sentido e não sofre modificações em sua estrutura linguística, sendo um neologismo semântico. Xamenxame Dicionário Etimologia (origem da palavra enxame). Do latim examen (MICHAELIS, online). Enxame:  grupo de abelhas que formam comunidade ou colmeia com uma rainha, centenas de zangões e milhares de operárias (FERREIRA, 1989). Houve grande záfama na cidade por causa do evento artístico.

Grande Sertão: Veredas Zafamar (MARTINS, 2001). Saiba o senhor uma coisa, a que ele, para os fins, executou na hora da confusão da saída, no zafamar (ROSA, p. O verbo zafamar é derivado do substantivo záfama, sendo um neologismo apesar de manter o sentido, mas é uma palavra desconhecida pela maioria dos brasileiros, assim o leitor pode recebê-la como um neologismo semântico porque vai passar a saber o seu significado no contexto onde ela foi usada. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo desenvolvido abordou o neologismo de algumas palavras do livro “Grande Sertão: Veredas”, atentando que as palavras podem variar o sentido com o tempo ou pela criação do escritor. Essa reflexão pode ser percebida nas músicas brasileiras dessas décadas direcionadas à mulher. Esse trabalho foi muito importante para o crescimento desta pesquisadora, trazendo reflexões valiosas para os estudos linguísticos em obras literárias, bem como para situações estruturais da língua.

Além disso, pesquisas sobre esse assunto pode promover o interesse de outros pesquisadores sobre aspectos não abordados neste trabalho e vir a contribuir sobre o foco estudado ou provocar outros olhares sobre o objeto de estudo apresentado. REFERÊNCIAS AGUIAR, F. Grande sertão em linha reta. São Paulo: Ática, 1990. ARAÚJO, Antonio Máspoli. Um olhar sobre a ética e cidadania. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzi, 2002. AZEREDO, José Carlos de. O problema do conteúdo, do material e da forma na criação literária. In: BAKHTIN, M. Questões de literatura e de estética. A teoria do romance. Tradução Aurora Fornoni Bernardini et al. Fontes, 1999. Coleção tópicos). CÂMARA JÚNIOR, M. Dicionário de biologia e gramática: referente à língua portuguesa.

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G. Rosa e outros ensaios rosianos. Rio de Janeiro: Topbooks, 2006. SPERBER, Suzi Frankl. Guimarães Rosa: signo e sentimento.

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