A ESCRAVIDÃO E OS PRECEITOS RETRATADOS NA OBRA A ESCRAVA

Tipo de documento:Projeto

Área de estudo:Literatura

Documento 1

A obra tem com principal personagem, Isaura. Contando um romance que iniciou-se no Estado do Rio de Janeiro, Brasil em 1857, primeiros anos do reinado de D. Pedro II e que ocorreu numa fazenda em Campos de Goitacazes. Apresenta personagens marcantes, dentre elas, Isaura, uma escrava branca, belíssima, cabelos longos, dócil, pura, bondosa, inteligente e gentil, que sabia ler e escrever, falava os idiomas italiano e francês, além de tocar piano. Uma figura que parecia saber a trajetória de sua vida do início ao término, sempre suportando as humilhações desferidas pelo seu patrão com conformismo e entendimento. O poder imperial estabelece a Lei de Terras de 1850. Sendo um fruto de seu tempo, essa lei assinalou o predomínio dos grandes proprietários de terra no cenário político do século XIX.

Essa lei surge num momento de intensas transformações sociais e políticas do Império. Naquele mesmo ano, duas semanas antes da aprovação da Lei de Terras, o governo imperial criminalizou o tráfico negreiro no Brasil por meio da aprovação da Lei Euzébio de Queiroz, esta do então, duas leis diretamente ligadas, em que o fim da importação de escravos seria substituído por ações que incentivavam a utilização da mão de obra assalariada dos imigrantes europeus. Isaura é escrava, dentro de um sistema escravocrata naturalmente aceito pela sociedade; é submetida a uma educação refinada, na casa grande, como devem ser todas as filhas de senhores de escravos, fazendeiros ricos e poderosos; recebe, então, o rótulo da mulher branca. Obediente e confirmada com sua situação de escrava, suportava o seu destino, mas, não cedendo as satisfações e desejos de Leôncio, afirmando que ele, como proprietário, era senhor de seu corpo, mas não de seu coração: "1 A obra de Bernardo Guimarães, pretende mostrar como a personagem feminina aparece escravizada de duas formas distintas; uma forma biológica, porém determinada por um regime partidário escravista e outra forma, de caráter social, determinada pelos padrões institucionalizados da sociedade patriarcal.

Ela não busca, no decorrer do romance, se livrar das correntes que a prendem a uma estrutura alienante. Busca, sim, se libertar da condição biológica que a faz escrava, ainda sob o jugo de Leôncio, pois só deste deseja se livrar. No entanto, a única forma legal de libertar Isaura de Leôncio é arrebatando-lhe os bens em dívida, o que faz Álvaro e, desta forma, Isaura passa de propriedade de Leôncio para “possessão” de Álvaro, evidentemente, há o elemento romance na obra, representado pelo amor entre Isaura e Álvaro, mas também, a importante conveniência dessa transação ao final do romance. Isaura continua passiva e os eventos lhe acontecem de maneira favorável a que se veja livre dos desmandos e crueldades de Leôncio, porém, uma vez alforriada, permanece atada aos laços que a unem a Álvaro e a toda uma estrutura familiar patriarcal que vai constituir com o casamento.

Estes, por sua vez, dormiam no chão duro na senzala e eram vigiados para que não houvessem fugas. A alimentação era pobre e insuficiente, e os escravos precisavam complementá-la com os alimentos obtidos de uma pequena lavoura que cultivavam aos domingos. Alguns que trabalhavam na casa-grande, residência do senhor de escravos, eram mais bem tratados, mais bem alimentados e mais bem-vestidos em relação aos escravos que trabalhavam na lavoura ou no engenho. Existiam também escravos que trabalhavam nas cidades em ofícios dos mais variados tipos. A violência que sofriam os escravos tinha o objetivo de que eles tivessem temor de seus senhores e impedir que fugas e revoltas acontecessem. O autor representava suas personagens femininas escravizadas (Isaura e Rosa) na visão de um homem branco e pertencente à elite social de sua época e em plena a campanha abolicionista.

Notavelmente em A Escrava Isaura (1875), Bernardo Guimarães apresenta uma escrava mestiça, da qual deixa evidente a derme branca e a recatada educação, que, a revelia desses atributos, vivia injustiçada por estar submetida à “bárbara e vergonhosa instituição” 5Isaura é a típica heroína romântica, caracterizada como meiga, bondosa, linda, fiel e sofredora e descrita como um ideal de perfeição, características que são reforçadas pelo fato de ter passado por um processo de branqueamento, em que aceitava sua condição como escrava e que esse seria seu dever, obedecer, mesmo que não lhe agradasse, pois para ela, não havia nada a fazer, apenas contentar-se com a vida que lhe fora predestinada. Em A Escrava Isaura, Bernardo Guimarães, talvez implicitamente, acabava por mostrar que a escravidão é injusta apenas para entes tão excepcionais como Isaura, que por ser branca, bela e culta não mereceria a condição de cativa.

Mas para os escravos negros, feios e iletrados, a escravidão lhes caía bem. Tirando Isaura, nenhum dos outros escravos, como Rosa, André ou tia Joaquina são redimidos, não mereciam a liberdade, parece dizer o autor.

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