A EFETIVIDADE DO COOPERATIVISMO AGROPECUÁRIO PARA O DESENVOLVIMENTO DO AGRONEGÓCIO

Tipo de documento:TCC

Área de estudo:Engenharias

Documento 1

A manutenção do agronegócio cooperativo prescinde de estratégias que coincidem com as exigências atuais do mercado, a exemplo do planejamento estratégico e da avaliação de desempenho. Além disso, prescinde também de incentivos governamentais. Palavras-chaves: Cooperativismo Agropecuário; Agronegócio; Desenvolvimento Econômico e Social. INTRODUÇÃO O cenário produtivo está de modo tendencial comprometido com as transformações que emanam da esfera global; estando a economia cada vez mais globalizada, as barreiras informacionais são solapadas, os mecanismos de restrição nacionalistas são derrubados, e surge a necessidade de substituir as modalidades de gestão obsoletas por aquelas que, de fato compreendem o atual estágio de desenvolvimento das forças produtivas. A abertura dos mercados para a livre circulação de produtos e de capitais iniciou-se a partir da gestão do governo Fernando Collor de Melo, muitas organizações fecharam suas portas em virtude da ausência de procedimentos capazes de adequar a dinâmica produtiva as novas mudanças.

A ascensão do agronegócio coincide com o crescimento da participação das cooperativas no desenvolvimento da economia brasileira. Desta forma, com a introdução de incentivos governamentais, o período em questão representou o auge do cooperativismo agropecuário no país, com a introdução de novas tecnologias, investimento em infraestrutura e modernização das atividades. Realidade que demonstra claramente, que para que seja alavancado o crescimento do setor, políticas públicas governamentais são indispensáveis. Durante o crescimento do cooperativismo agropecuário, o agronegócio expandiu suas atividades, atingindo o mercado internacional e alcançando expressividade na participação do Produto Interno Bruto. É importante ressaltar que após o auge dessa dinâmica, a partir da década de 1980, com a recessão econômica e a redução dos incentivos governamentais para o setor, as cooperativas agropecuárias entram em declínio, apresentando retomada de crescimento a partir dos anos 1990, mais especificamente, em 1998, quando o governo retoma a concessão de subsídios para o cooperativismo agropecuário.

No entanto, entendemos que em uma dinâmica capitalista altamente competitiva, em que os mercados encontram-se cada vez mais envolvidos no processo de globalização econômica, o cooperativismo pode ser apresentado como elemento fundamental tanto para a produção, quanto para a concessão de créditos. O modelo cooperativista, portanto, atua como um intermediário entre o Liberalismo (corrente política cuja ideologia está baseada na defesa das liberdades individuais) e o Socialismo (corrente política e econômica que defende o livre associativismo e a propriedade coletiva dos meios de produção), pois ocorre a divisão dos lucros e a preservação da liberdade individual (MENEGÁRIO, 2000). De acordo com a Organização das Cooperativas do Brasil, as cooperativas consistem em associações autônomas de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida (NEVES &CONEJERO, 2007).

Os principais princípios do cooperativismo são: filiação livre e de forma voluntária; atuação econômica de todos os membros; independência; cooperação; gestão baseada na democracia; formação e acesso à informação; e interesse à comunidade (NEVES &CONEJERO, 2007). Entre as principais funções do cooperativismo, podemos destacar o aspecto econômico, considerando a geração de riquezas através de movimentos coletivos, e o aspecto social, principal responsável por promover o desenvolvimento e a sustentabilidade aos agentes envolvidos e à região onde estão inseridos (LAGO; SILVA, 2012). Podemos explicitar que as cooperativas agropecuárias formam o ramo mais forte do cooperativismo brasileiro. O crescimento dessas cooperativas apresenta relação com o crescimento do agronegócio na participação dos mercados estrangeiros. A ascensão das Cooperativas coincidiu com os anos em que o Agronegócio mais acessou o mercado externo e atingiu números recordes na produção, desde quando a “onda agroindustrial” tomou forças na década de 90.

A cadeia agropecuária empregou novas tecnologias no processo produtivo e dobrou suas exportações, tanto de proteína vegetal quanto animal, com destaque para a soja, milho e carne de frango (PERES, 2016, p. A próxima discussão compreende a relação entre o cooperativismo e o crescimento do agronegócio, explicitando as conquistas obtidas pelo cooperativismo agropecuário ao longo dos anos e os riscos à estabilidade do setor. Com a criação de cooperativas, os riscos que ameaçam a sobrevivência do produtor no mercado são reduzidos. As cooperativas agropecuárias garantem ao produtor menor risco em sua atividade e maior valor agregado para os seus produtos que, isoladamente, seria presa fácil desses mercados oligopolizados (BIALOSKORSKI NETO, 1994). No entanto, as cooperativas devem estar atentas às transformações que emanam do processo de inovação dos mercados, adequando em suas dinâmicas, as técnicas organizacionais de planejamento estratégico e avaliação de desempenho.

Dentre as novas estratégias adotadas pelo cooperativismo agropecuário, Rodrigues (1997) delineia a busca pela eficiência, a redução de custos e preços, o fomento à qualidade e à produtividade, a incorporação de novas tecnologias, a profissionalização, etc. A adoção dessas estratégias viabiliza a interconexão da cooperativa agropecuária com o mercado externo, comercializando produtos naturais e industriais. Esta realidade, conforme elucida Belik e Paulillo (2001), culminou na busca de alternativas de obtenção de crédito por parte das cooperativas agropecuárias, como a busca de recursos provenientes do mercado financeiro. Dentre essas alternativas destacam-se o financiamento via títulos privados, certificados de mercadorias negociadas em bolsa de mercadorias, e a troca de produtos por insumos, nessa operação há a venda de fertilizantes, sementes, herbicidas, contra o equivalente em produtos agrícolas, que seriem entregues futuramente pelo cooperado, chamados de “soja verde”.

BELIK; PAULO, 2001). A escassez de incentivos governamentais para o desenvolvimento do cooperativismo acaba por promover sérios riscos para a sobrevivência e o crescimento do setor. Os mecanismos de recuperação do crescimento cooperativo com base em empréstimos para o produtor rural, que não consegue obter recursos do mercado financeiro ameaça a estabilidade financeira das cooperativas se considerarmos a ocorrência de inadimplência por parte dos produtores. Assim, podemos dizer que uma nova fase de ascensão para o cooperativismo começa somente no inicio dos anos 2000, mais precisamente a partir de 2003/04, devido aos recursos de investimentos para o setor. A expansão das exportações agrícolas foi um outro fator que favoreceu as cooperativas, a partir de 2003/2004, passando de aproximadamente US$ 1 bilhão, para US$ 4,4 bilhões em 2010.

Entre 1990 e 2002 foram exportados pelas cooperativas cerca de US$ 10,8 bilhões, e entre 2003 e 2011 as exportações somaram US$ 29,9 bilhões3. Exceto a pequena queda em 2009, desde 2003 as exportações do cooperativismo agropecuário são crescentes (MEDEIROS; PADILHA, 2014, p. Vale ressaltar que o agronegócio, no Brasil, é responsável pela geração de mais de 18 milhões de empregos, o que corresponde a 30% da população economicamente ativa do país. Com a agroindústria, intensificam a valorização desses produtos. DESAFIOS À EXPANSÃO DO AGRONEGÓCIO COOPERATIVO Para Gimenes e Gimenes (2007), o grande desafio para a expansão do setor é encontrar o equilíbrio entre os interesses econômico, social e político dos cooperados. De acordo com Antonialli (2000), o interesse econômico apresenta relação com o crescimento mútuo do patrimônio líquido do cooperado e da cooperativa; o social está relacionado aos serviços que os associados e suas respectivas famílias recebem da cooperativa e, o político, que leva as disputas internas pelo poder, como também à representatividade da cooperativa e de seus associados perante a comunidade.

A má administração desses conflitos pode ocasionar a falência da cooperativa. Para sobreviver em meio a uma conjuntura econômica crescentemente competitiva, o maior objetivo das cooperativas deve estar voltado para o alcance do mercado externo, produzindo o que o mercado demanda. A impossibilidade de sair do negócio sem perdas, diferente das empresas não-cooperativas, também cria condição de pouca atratividade para o cooperado investir em empresas dentro da estrutura da cooperativa. Finalmente, os elevados custos de negociação, que caracterizam o processo de tomada de decisões nas cooperativas, geram situação menos competitivas para esse tipo de corporação. Pequenas e grandes cooperativas tendem a reorganizar suas estruturas de modo a lidar com tais desafios. A completa separação entre propriedade e controle é demandada pela crescente presença de profissionais contratados no mercado, com experiência em gerenciamento de corporações não cooperativas (ZYLBERSZTAJN, 1994, p.

O Brasil exporta uma série de produtos provenientes do agronegócio, dinâmica cada vez mais associada à agroindústria. O planejamento estratégico precisa contar com a colaboração e apoio dos envolvidos para que não se torne um procedimento presente apenas no papel e distanciado da prática. Precisa ser colocado em prática o quanto antes, precisa ser monitorado, avaliado e adaptado às circunstâncias internas e externas à organização, uma vez que a visão de futuro não pode ser deixada em segundo plano. Tudo que for realizado no planejamento para a empresa deve decorrer de decisões presentes e que irão surtir efeito no futuro. É uma atividade que analisa a organização como um todo, verifica quais são suas oportunidades e ameaças, por meio de estudos sobre seus pontos fortes e fracos, buscando criar métodos corretos a serem seguidos pela organização, a fim de executar a missão da empresa e fazer com que a empresa siga na direção do que ela pretende ser (KIELB; VANDRESEN, 2008).

A dinâmica produtiva protagoniza constantemente estágios de transformações, que envolvem mudanças no cenário organizacional, no âmbito da produção, na diversificação dos ramos da economia. Ao mesmo tempo, o financiamento externo coloca-se como estratégia indispensável para a sobrevivência das cooperativas no mercado. Na Constituição brasileira está expresso o apoio ao sistema cooperativo agropecuário e a outras formas de associativismo (BRASIL, 1988). Sendo esta conquista constitucional, sem dúvidas, de grande relevância. Contudo, a depender da política econômica adotada pelos atores governamentais, o estímulo e incentivo à expansão do setor tende a sofrer oscilações. Para Cruz Filho (1995), várias cadeias são extremamente competitivas no mercado internacional e muitas poderão sê-lo com pequenos ajustes e baixos investimentos.

A. Optimizing Profitability in Turbulent Environments: A Formula for Strategic Sucess. Long Range Planning, v. n. p. BELIK, Walter. PAULILLO, Luiz Fernando. Mudanças no Financiamento da Produção Agrícola Brasileira. São Paulo, 2001. BERTELLI, L. Dissertação (Mestrado em Economia Aplicada). Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba. BRASIL. Senado Federal. Constituição Federal de 1988. CANÇADO, A. C. Autogestão em Cooperativas populares: Os desafios da prática. Salvador: IES, 2007. CHIAVENATO, Idalberto. JAGER, W. As cooperativas brasileiras sob o enfoque da moderna teoria da cooperação. Tradução de Helmut Egewarth. Brasília: Organização das Cooperativas Brasileiras, 1992. KIELB, Adinan Francisco; VANDRESEN, José Carlos. C. Capital social. In: PINHO, D. B. Organizadora) Bases operacionais do cooperativismo – manual de cooperativismo. C. MOSLEY, D. C. PIETRI JUNIOR, H. P.

A. Cenário Econômico da produção de Alimentos, Fibras e Bioenergia. In: GEPAI – Grupos de Estudos e Pesquisas Agroindustriais. Gestão Agroindustrial, 3ª ed, vol 1. – São Paulo: Atlas, 2007. Novos rumos do cooperativismo. In: XI Congresso Brasileiro de Cooperativismo. Brasília, p. novembro de 1997. SCHRADER, L.

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