A BNCC E O NOVO ENSINO MEDIO: REALIDADE OU UTOPIA?

Tipo de documento:Artigo acadêmico

Área de estudo:Pedagogia

Documento 1

Para isso, foi analisado artigos científicos e documentos oficiais em sites oficiais e endereços eletrônicos de revistas científicas. Foi possível observar que a nova reforma do ensino médio foi aprovada sem que tivesse havido uma ampla discussão sobre o teor de suas mudanças. Isso gerou, e ainda gera, grandes debates acerca de alguns temas, tais como: a priorização de algumas disciplinas escolares em detrimento de outras, a inexistência de infraestrutura física das escolas para atendimento da modalidade de ensino integral, a iminente possibilidade de atuação de professores no ensino técnico sem o devido reconhecimento legal da profissão, a diminuição da carga horária obrigatória ao longo dos anos, entre outros. Infere-se que, a partir do que foi discutido ao longo deste trabalho, que qualquer reforma educacional, deve servir primeiramente ao seu público, que neste caso são os alunos.

Porém, percebe-se que as reformas implantadas possuem um viés neoliberalista, que se aproveitando da crise e da precarização da educação, ampliou ainda mais os seus tentáculos no sentido de transformar o ensino e o ambiente escolar em um espaço para a formação de mão de obra qualificada para atender as constantes mudanças que ocorrem no mercado, culminando em uma acentuada ampliação das diferenças entre ricos e pobres. As mudanças propostas pela lei que regulamentou a nova BNCC e a estrutura do novo ensino médio passaram a ser tema de discussão entre diversos pesquisadores, na intenção de compreender quais os principais impactos desta reforma para o futuro do ensino público. Trata-se de um tema que ainda deve ser tratado e discutido por meio de trabalhos e artigos científicos.

Daí a necessidade de trabalhos que discutam de forma clara e objetiva os problemas que envolvem a nova reforma do ensino médio, bem como as orientações propostas pela BNCC. Diante de tantas discussões e problemas a serem analisados, este artigo tem como objetivo compreender quais os impactos das mudanças que ocorrem na BNCC e na nova reforma do ensino médio para o ensino e para os principais atores da educação, destacando os alunos e professores. Desenvolvimento O desenvolvimento deste trabalho está organizado em três tópicos. Para isso, o poder público deve garantir que as demandas e aspirações presentes e futuras sejam garantidas em seu pleno teor. Para isso, a proposta da BNCC pretende criar categorias envolvendo as competências básicas que os alunos deverão adquirir com o tempo Relacionadas a cada uma dessas competências, são descritas habilidades a ser desenvolvidas ao longo da etapa, além de habilidades específicas de Língua Portuguesa – componente obrigatório durante os três anos do Ensino Médio, da mesma maneira que Matemática (LDB, Art.

A, § 3º). Todas as habilidades da BNCC foram definidas tomando-se como referência o limite de 1. horas do total da carga horária da etapa (LDB, Art. Este misto de opções pode ajudar os alunos a descobrir possíveis aptidões profissionais. É possível afirmar que o modelo de educação em período integral já é desenvolvido por outros países, tais como; EUA, Japão, Finlândia e Irlanda. Porém, ainda não é possível afirmar que este modelo seja o ideal para o caso brasileiro. Embora o aumento da carga horária de ensino médio seja considerado um avanço na educação, é importante destacar que se não acompanhada de políticas de permanência do aluno em sala, valorização do professor e investimentos em infraestrutura escolar, o modelo de educação integral poderá estar fadado ao fracasso.

A nova reforma foi aprovada sem que tivesse havido uma ampla discussão sobre as mudanças que estariam para ser implementadas. Um dos pontos de bastante discussão quanto as escolhas dos conhecimentos que serão estudados é que as escolas poderão não oferecer todas as condições para que os alunos façam as suas próprias escolhas, principalmente as escolas públicas. Caso este cenário se concretize, os alunos passaram a não ter escolha e a fazer aquilo que o sistema irá escolher para ele. Um dos problemas que pode inviabilizar em parte a implementação da reforma do ensino médio foi a aprovação da PEC 55, chamada de PEC dos gastos públicos, implementada pela emenda constitucional Nª 95 de 15/12/2016. A aprovação desta emenda constitucional permitiu ao poder público federal a redução de investimentos em várias áreas do governo, incluindo a área de educação.

Com esta redução, aprofundada pelos efeitos da baixa atividade econômica pela qual passa o país, haverá uma maior dificuldade em investir na valorização dos professores e na melhoria da infraestrutura escolar. Além da infraestrutura para atender os alunos, as escolas precisam fornecer a infraestrutura básica para a atuação dos professores e dos funcionários, tais como: banheiros adequados e adaptados para o banho, salas de estudo, biblioteca, espaços para treino, espaços para descanso, salas com computadores e acesso à internet, entre outros. Diante das mudanças que ocorrem com o aumento da carga horária escolar, se torna necessário remodelar e/ou repensar o modelo atual de sala de aula. Também seria necessário repensar a quantidade de alunos nas salas de aula, para que o professor possa dar a atenção adequada e individualizada para os alunos.

Todos estes problemas demonstram a falta de preparo estrutural do sistema educacional brasileiro para a implementação de reformas profundas neste momento. As deficiências do ensino médio tornam a sua universalização e a educação de qualidade ainda uma questão utópica no país. Para pesquisadores nas áreas de ciências humanas e sociais a análise de conteúdo é caracterizada como uma metodologia amplamente utilizada, pois envolve um método de análise qualitativo dos fatos. Neste sentido, A análise de conteúdo, instrumento de análise interpretativa, é uma das técnicas de pesquisa mais antigas - os primórdios de sua utilização remontam a 1787 nos Estados Unidos, e sua emergência como método de estudo aconteceu nas décadas de 20 e 30 do século passado com o desenvolvimento das Ciências Sociais, quando a ciência clássica entrava em crise.

Como se sabe, a atitude interpretativa faz parte do ser humano que deseja atingir o conhecimento (OLIVEIRA; ENS; ANDRADE, 2003 p. Devido a sua ampla abrangência e importância teórico/metodológica nas ciências humanas como um todo, a análise de conteúdo tem se destacado como uma das técnicas mais utilizadas em estudos que procuram apresentar ideias e conceitos a partir de trabalhos científicos. Destaca-se que a abordagem qualitativa utilizada neste trabalho, se baseia na realidade para fins de compreender uma situação única (RAUEN, 2002) e quantitativa, pois procura buscar conhecimentos por meio do raciocínio de causa e efeito, hipóteses e questões importantes para o entendimento dos conceitos abordados (CRESSWELL, 2007). A flexibilização das relações de trabalho, juntamente com as restrições impostas pela PEC 95/2017 que institui o teto de gastos do poder público, significa um grande problema para a valorização da carreira do professor, que estará vulnerável ao congelamento de salário, perdas salarias e até ao aprofundamento da precarização do trabalho.

De acordo com Militão (2019) estudos elaborados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) indicam que os professores com nível de formação superior ganham em média 39% a menos que profissionais de outras áreas com formação superior. Esta situação é pior quando se fala em professores que atuam no ensino infantil, fundamental e médio. Para exemplificar a desvalorização profissional, com foco na questão salarial, é possível visualizar na figura 1 a média salarial dos professores que atuam na rede básica de ensino no Brasil. Figura 1 – Média salarial dos professores no Brasil em 2019 considerando uma carga horária de 40 horas semanais. De acordo com a Lei N°13. de 16 de fevereiro de 2017 a única menção oficial sobre a escolha dos itinerários pelos alunos acontece no parágrafo 12 do artigo 36, onde: § 12.

 As escolas deverão orientar os alunos no processo de escolha das áreas de conhecimento ou de atuação profissional previstas no caput. ” (NR) (BRASIL, 2017). O artigo citado logo acima causa a impressão de que a escolha de um ou mais itinerários poderá ser definida pelo estudante. Um dos assuntos mais debatidos é a noção de competências que de acordo com Silva (2018) é capaz de produzir mudanças na organização curricular do ensino médio, tendo como objetivo a superação dos limites da excessiva disciplinarização e baseado no acúmulo de informações. Uma das principais críticas ao conceito de competências é que, ao limitar o ensino ao acumulo de informações, os jovens não irão aprender o exercício da reflexão com a devida profundidade que a formação cultura exige nos dias atuais.

E neste caso, estarão susceptíveis às constantes mudanças que ocorrem no mercado, pois a formação que terão não será suficiente para construir uma visão crítica do que acontece no mundo. Neste sentido […] os PCN configuraram uma importante via de acesso do setor empresarial às políticas públicas educacionais, baseando-se nos valores do projeto capitalista contemporâneo de sociabilidade e favorecendo a possibilidade de intervenção direta das empresas no currículo, na seleção de materiais e na gestão dos recursos das escolas públicas brasileiras (BRANCO, 2018 p. Diante disto, o PCN e a BNCC deixam claros que os novos fundamentos pedagógicos do ensino médio devem estar apoiados na perspectiva de um ensino que priorize o desenvolvimento de “competências e habilidades”.

Em relação a inclusão de conteúdos técnicos, a principal crítica se refere a diminuição de conteúdos formativos para a grande maioria dos alunos, o que implica em reduzir o ensino de conteúdos primordiais para aqueles que desejam ingressar no ensino superior por meio de universidades públicas. Neste sentido, o tempo para a formação comum dos estudantes poderá ser reduzido para até 42,8 % até 2022. Isso significa uma enorme supressão de importantes conteúdos em detrimento de conteúdos técnicos voltados para a inserção rápida dos alunos no mercado de trabalho. De acordo com Ferreira (2018 p. para agravar ainda mais essa tendência as mudanças no ensino médio preveem a possibilidade de cumprimento de até 40% de todo o currículo escolar do Ensino Médio no formato EaD (Educação a Distância).

Houve uma tomada de decisão em relação a mudanças estruturais, que não passaram pelo crivo de uma discussão aprofundada com a sociedade em geral e principalmente com aqueles que foram diretamente afetados, os alunos e professores. Neste sentido, ainda há uma necessidade de problematização desta reforma para que se busque os seus reais efeitos e as possíveis soluções dos possíveis problemas decorridos de sua implementação. – Considerações finais Não é novidade de que o ensino médio no Brasil não apresentou, nos últimos anos, os resultados esperados para que seja caracterizada como um ensino de excelência. Há diversos motivos e razões para este problema que até hoje é tratado de superficial pelos políticos e governantes, por meio da ausência e falta de priorização em relação as políticas públicas educacionais.

Atualmente há altas taxas de evasão escolar, notas baixas, violência e desobediência na escola. Uma visão crítica sobre a implantação da Base Nacional Comum Curricular em consonância com a reforma do Ensino Médio. Debates em Educação, Maceió, v. n. p. ago. BRASIL. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 95 de 15/12/2016. Altera o ato das disposições constitucionais transitórias, para instituir o novo regime discal, e dá outras providências. Disponível em: https://legis. senado. htm. Acesso em: 23 jul. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Disponível em: http://www. planalto. gov. br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13005. htm. Disponível em: http://www. cnte. org. br. Acesso em: 12 jul. br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142018000200025&lng=en&nrm=iso>.

access on 26 Julho 2020. org/10. MARQUES, Elias P; PELICIONI, Maria C F; PEREIRA, Isabel M T B. bvsalud. org/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0104-12822007000300003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 28 jul. MILITÃO, Eduardo. f. OLIVEIRA, Eliana; ENS, Romilda Teodora; ANDRADE, Daniela B. S. Freire; MUSSIS, Carlo Ralph de. Análise de conteúdo e pesquisa na área da educação. Roteiros de investigação cientifica. Tubarão, SC: Unisul, 2002. SILVA, Monica Ribeiro da. A BNCC da reforma do ensino médio: o resgate de um empoeirado discurso. Educ. n. p. jul. set. Disponível em: https://periodicos.

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