Protagonismo de reexistência da juventude periférica

Tipo de documento:Revisão Textual

Área de estudo:Administração

Documento 1

A metodologia utilizada para esta pesquisa foi a revisão bibliográfica, a partir das reflexões de produções acadêmicas sobre o tema de forma crítica, com o objetivo de fornecer novos prismas sobre o tema. O Rap funcionou e ainda figura como um dos maiores veículos de conscientização e protesto da juventude negra e periférica no país, que se expressa e se organiza através do gênero musical. Por isso, pode ser entendido como um instrumento político potente para valorização e desenvolvimento social da juventude periférica. Palavras-chave: Rap. Protagonismo. Protagonism. Resistance. São Paulo. Peripheral youth. INTRODUÇÃO As experiências vividas pelas juventudes periféricas no Brasil revelam um histórico de desigualdades e violências. Do ponto de vista metodológico, essa pesquisa tem como corpus analítico as produções já realizadas acerca do tema, a partir da metodologia de revisão bibliográfica, como conceituado por Gil (1987), e utiliza artigos, dissertações e livros que refletem sobre o tema.

Além do resultado gerado nessa parte da busca, utiliza referências lidas anteriormente, que discutem conceitos importantes para esta pesquisa e outras que tratam especificamente do RAP como caráter político. Para fins de organização, os resultados e a discussão deste artigo estão divididos em dois subtítulos. O primeiro situa as noções conceituais necessárias para o entendimento do tema, a partir dos conceitos de juventude, reflexão sobre juventude e periferia, a violência do Estado na vitimização da juventude negra e pobre nas favelas. O segundo foca na discussão específica do tema da pesquisa, a partir de uma revisão crítica da literatura adequada, que forneceu contribuições significativas para o entendimento dos mecanismos de resistência da juventude negra e periférica.

As discussões conceituais desta pesquisa são resultado de leituras anteriores e de uma bibliografia já consolidada sobre o tema, no que tange ao campo da raça, racismo e violência de Estado no Brasil. Essas lentes, que fornecem importantes contribuições para a compreensão do tema específico da pesquisa, não fazem parte das unidades de análise utilizadas de forma estruturante. As plataformas utilizadas para esta pesquisa foram: scielo e a biblioteca digital brasileira de teses e dissertações. Estão inclusos nesta pesquisa apenas os textos escritos em língua portuguesa, resultante de pesquisas nacionais. O recorte temporal foi definido pela natureza e surgimento do tema no Brasil, no final da década de 80. RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste estudo bibliográfico, foram revisadas sete referências, entre artigos, teses e dissertações.

Essas referências foram resultados da pesquisa de seleção na plataforma scielo e na biblioteca digital brasileira de teses e dissertações. Os critérios para a inclusão na pesquisa são: discutir rap e a relação com a juventude na região de São Paulo, em língua portuguesa, a partir da década de 80. O subtítulo primeiro é composto por reflexões acerca das definições conceituais de juventude, violência de Estado, raça, racismo e periferias. Este subtítulo fornece as compreensões necessárias para o tema que está disposto no segundo subtítulo, que é o objeto desta pesquisa. Inúmeros dados têm demonstrado que esses jovens se encontram em situação de maior vulnerabilidade à violência [. LOPES et al. p.

Essa questão se torna ainda mais problemática diante da solução que o Estado encontrou, historicamente, para explicar o contexto de violência que a juventude periférica vivencia. A produção discursiva sobre as favelas procura justificar o comportamento violento do Estado sob a égide do discurso ontológico de ser mau. Sobre este tema, há muitas contribuições. De forma mais ampla, os dados do Atlas da Violência (2019) e do Mapa da Violência (2015) revelam o perfil predominante das vítimas de homicídios no Brasil: jovens homens negros, entre 14 e 29 anos, especialmente nos centros urbanos. Alves destaca que esse fenômeno é parte de uma engrenagem ainda mais sofisticada de irrelevância social dos negros, especialmente dos jovens: Apesar de perturbadores, os números de assassinatos de negros nas favelas pela polícia são “apenas” um aspecto da reiteração mundana da descartabilidade do corpo negro na sociedade brasileira.

Corpos negros explorados no emprego doméstico, enjaulados nas prisões, segregados e mortos nas periferias brasileiras são expressões do estado racial e da relação antitética entre negritude e nação brasileira. ALVES, 2016, p. O RAP E A JUVENTUDE PRETA E POBRE: UMA REVISÃO O Hip Hop surge nos Estados Unidos, na década de 60 do século passado. Aparece como resultado de crises econômicas significativas, das relações raciais conflitantes no país e da despossessão social da juventude negra, naquele mundo cindido em dois, que encontra nos movimentos políticoartísticos a possibilidade de enunciar os seus protestos. As comunidades negras enfrentavam nos Estados Unidos um cenário de pobreza extrema, diante do avanço das práticas neoliberais e da especulação imobiliária do setor financeiro (SPOSITO, 1993).

Os guetos norte-americanos, sobretudo no Bronx, viveram uma temporada de incêndios criminosos, na década de 70, a mando dos empresários que planejavam construir empreendimentos imobiliários bilionários na região. Essa política de higienização social travestida de reforma urbana contribuiu demasiadamente para a consolidação do Hip Hop nas comunidades como forma de protesto, aponta Loureiro: Nesse processo, os recursos públicos foram direcionados à criação de infraestrutura para negócios. Puderam então elaborar a crítica à democracia racial, nos seus próprios termos. SCANDIUCCI, 2006, p. É necessário destacar o contexto social no qual o Rap se difundiu no Brasil. Em âmbito nacional, havia a queda lenta da ditadura militar, no começo da década de 80, assim como o acirramento das lutas populares, das lutas das identidades – raciais, de gênero, de sexualidade – e movimentos diversos para reconhecimento de direitos humanos básicos.

Assim, o bojo do movimento cultural do hip hop e a difusão do RAP encontraram solo fértil para se desenvolver, é o que destacam Fernandes, Martins e Oliveira em sua pesquisa que relaciona juventude, rap e educação: Como estratégia de luta pela afirmação de sua identidade e cultura, os jovens afro-americanos recorreram às artes do hiphop como arma para denunciar as ações discriminatórias e para demarcar seus territórios nos bairros de Nova York. Podemos considerar que, apesar da internacionalização do Rap como fenômeno mundial, as narrativas discursivas da juventude negra e periférica ganha contornos singulares em cada contexto. No caso brasileiro, o racismo é uma questão de ordem silenciosa, pois se traveste de brincadeira de mau gosto (MUNANGA, 1999). Além disso, a questão racial no Brasil possui contradições próprias à trajetória histórica desta sociedade, que criou uma cortina de fumaça a partir da ideia de que se vive, no país, em uma democracia racial (GUIMARÃES, 2009).

Apesar disto, o movimento paulistano do rap na década de 90 mostrava justamente o contrário: viver neste país sendo jovem negro e periférico é uma experiência com mil crises. A presença dos jovens do rap no centro de São Paulo abalou profundamente a noção do direito ao espaço e ao lazer, como mostra Sousa: Deste momento em diante a presença cênica, porém, demasiadamente incômoda dos jovens periféricos torna-se, cada vez, mais notada nos grandes centros urbanos do país; 11 seja pelas praticas delituosas e potencialmente perigosas de seus atos, que leva determinados meios de comunicações a tratá-los como “super-star do Notícias Populares”; seja pela determinação que eles agora professam em abandonar as zonas cinzentas de suas quebradas para, num mesmo movimento, ocupar os espaços iluminados da cidade.

Mais que isso, a juventude periférica no rap se movimenta para que a periferia seja respeitada, assumindo a identidade de periférico e fazendo frente às desigualdades vividas, através da identidade como reafirmação de orgulho, mas também de luta política: As situações desumanas que constatam na periferia não a tornam um local a ser repudiado. Ao contrário, a identificação com os espaços marginalizados surge no rap como contra-face ao estado de abandono. O sentimento de pertença é enfatizado em diferentes momentos. SILVA, 2007, p. O rap surgiu como forma de enfrentamento ao sistema que violentava a juventude periférica e os territórios periféricos. Sob outro ponto de vista, a atitude dos hip hoppers faz nascer novas almas para o corpo periférico da Grande São Paulo.

SCANDIUCCI, 2006, p. Em linhas gerais, as narrativas do rap focam nas questões raciais, nas construções das masculinidades, nas contradições do capitalismo, na violência do Estado e em temas relacionados, principalmente, com a denúncia de não possuírem poder. Essa compreensão é o fio condutor para avaliar o impacto positivo que esse movimento teve na subjetividade, na construção das identidades e na vida da juventude periférica. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os impactos do rap na vida de jovens paulistanos possuem diversos contornos. A. Inimigo público – a imaginação branca, o terror racial e a construção da masculinidade negra em “Cidade de Deus”. In: Antinegritude: o impossível sujeito negro na formação social brasileira / Organizado por Osmundo Pinho, João H. Costa Vargas.

– Cruz das Almas: EDUFRB; Belo Horizonte: Fino Traço, 2016, p. São Paulo, 2002. p. FANON, F. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008. Disponível em: <http://www. scielo. br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S002038742016000200183&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 09 jun. São Paulo: Editora 34, 2009. IPEA. Atlas da violência 2019. Brasília, DF. LÉON, O. p. Nov. Disponível em: <http://www. scielo. br/scielo. Available from <http://www. scielo. br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S010412902008000300008&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 28 mai. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999. QUEIROZ, André Sanchez. Cultura e política no Hip Hop na cidade de São Paulo: redes, sociabilidades e territórios. f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) - Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2019.

p. jun. SILVA, J. C. G. br/handle/REPOSIP/280592>. Acesso em: 10 jun 2020. SOUZA, A. S. Letramentos de Reexistência: culturas e identidades no movimento hip-hop. scielo. br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S010320701993000100161&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 10 jun. WAISELFISZ, J.

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