ESPIRITUALIDADE E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM uma possibilidade na cura

Tipo de documento:Revisão Textual

Área de estudo:Enfermagem

Documento 1

Palavras- Chave: Espiritualidade. Assistência de Enfermagem. Cura. INTRODUÇÃO Historicamente, consta-se que o trabalho em saúde sempre esteve de certa forma associado às práticas religiosas, mesmo com os avanços da modernidade como a revolução industrial e o surgimento da medicina científica. Verifica-se que inúmeros estudos ainda reconhecem a evidência de dimensões religiosas, pois é inegável a sua presença em todas as camadas sociais como parte importante da compreensão do processo de adoecimento e cura (IBÁNEZ & MASIGLIA, 2000 apud VASCONCELOS 2009). Das três religiões mais populares e monoteístas no planeta, o Judaísmo é a mais antiga tem origem a onde hoje é chamada de Oriente Médio. Ao longo dos anos os seus fiéis foram fortalecendo sua identidade voltada à espiritualidade a ponto de haver grupos praticamente impenetráveis, como o Judeu ultra ortodoxo.

Hoje no século XXI, praticamente existem Judeus espalhado por toda a terra, principalmente no ocidente em especial no Brasil (SOUSA, 2013). O judaísmo no Brasil apresenta-se uma clara distinção entre a orientação messiânica e ortodoxa de uma vertente predominante em São Paulo, que prima pela diferenciação e separação do grupo e a maioria dos judeus brasileiros, como no caso dos do Pará, que privilegiam a formação de identidades complexas, que valorizam mais prontamente elementos próprios das culturas locais em que estão inseridos (SOUSA, 2013). O islamismo por haver algumas semelhanças nas em suas escrituras sagradas com o judaísmo são consideradas religiões irmãs, porém, inimigas. A vinculação entre o cristianismo e a população brasileira tem raízes históricas profundas.

Trazido pelos Jesuítas, o catolicismo a partir da aculturação dos povos nativos, e fixação dos portugueses no Brasil, pode-se dizer que este contexto histórico foi o pano fundo, para que o Brasil hoje tenha sua maioria populacional de Cristãos (SOUSA, 2013). Os protestantes chegam um pouco mais tarde no Brasil, porém o crescimento desta vertente cristã foi muito grande, a ponto de hoje o número de católicos continuam maior, mas existe uma progressão em que os protestantes venham a passar o número de fiéis católicos na média dos próximos anos (SOUSA, 2013). Logo após a fixação dos protestantes reformados, mais tarde vem os praticantes do seguimento protestante pentecostal, expandido seu modelo de cultos a partir do Norte do país para o Sul.

O choque entre os elementos tradicionais trazidos do pentecostalismo americano com a realidade do campo religioso brasileiro produz por vezes elementos sincréticos. É uma religião marcada pelo sincretismo do jeito brasileiro de crer junto com os jeitos africanos de crer (CONSORTE, 2006). Durante anos muitos adeptos da umbanda se diziam também católicos, assim como também o candomblé. Prandi (2006), diz que atualmente não há necessidade de estar introduzidas dentro de suas missas. O catolicismo embora seja poderoso, cada vez mais, vem perdendo força no Brasil, isso facilitou a separação de alguns fieis de religiões de origem africanas. Desde da formação da religião católica no império romano, já nasceu com mistura de crenças da religião politeísta romana e algumas crenças cristãs, logo a introdução de pessoas com culturas afro, colocou o seu tempero no catolicismo e foi aceito naturalmente.

Segundo Boff (2006), Espiritualidade tem a ver com o fato de quando o ser humano faz uma alta reflexão que os leva a mergulhar em seu interior, ação essa que os capacita a experimentar a realidade como um todo. Geralmente no momento de doença o paciente quando não tem a experiência de exercitar a fé, se sente muito desmotivado diante das adversidades, porém quando o paciente tem o exercício da fé, o paciente busca força que brota dele mesmo baseado na realidade geral, que essa reflexão os leva. A espiritualidade também se faz presente no mundo do cuidado terapêutico na UTI. O homem pela sua essência é considerado um transcendente, sua dimensão espiritual interage como força impulsionadora e motivadora.

A espiritualidade é reconhecida no ser humano como essência do ser. Geralmente quem exercita a fé e sua espiritualidade e se encontra em um estágio avançado de confiança e esperança, não tem medo da morte, pois, confia verdadeiramente que a morte ainda não é fim. Uma das grandes perguntas que ecoa na filosofia e também nos corações de muitas pessoas, é sobre o sentido da vida. O ser humano que conserva sua religiosidade, sua espiritualidade acaba pensado de maneira mais profunda o seu pensamento sobre o verdadeiro sentido da vida (BOFF, 2006). Benko e Silva (1996), mostram que a espiritualidade no homem não se relaciona apenas a momentos específicos de sua vida, por exemplo, o momento de morrer, mas interfere e envolve um posicionamento e uma reflexão pessoal sobre o próprio significado da vida.

Dentro desse pensamento pessoal, a sua espiritualidade é capaz de fechar lacunas de perguntas como, de onde vim? Para onde vou? e sobre o sentido da vida, brechas de perguntas como; será se a vida neste mundo é apenas nascer, crescer e morrer? São preenchidas. A espiritualidade leva o paciente ao seu alto conhecimento, levando a descobrir coisas antes nunca percebidas, tal como, identificar aquilo que os leva as suas fraquezas, bem, como aquilo que os leva a os fortalecer em sua fé (BOFF, 2006). Boff (2006) comenta que, num envolvimento com o outro, precisamos entender a necessidade do reconhecimento e da aceitação de nós mesmos como pessoas distintas e termos a capacidade de perceber os outros como únicos, o que requer conhecimento, introspecção, autodisciplina, franqueza e liberdade para nos revelarmos como seres humanos dotados de emoções e sentimentos.

É preciso o paciente aceitar como um ser único no mundo, para evitar comparações com outras pessoas. Cada indivíduo deve se aceitar como diferente um do outro, podendo ter autonomia para construir sua história de luta, e nesse quesito a espiritualidade equilibrada pode ajudar o sujeito na racionalização do seu alto conhecimento (BOFF, 2006). A espiritualidade tem sido descrita, de modo geral, através de elementos conceituais mais comuns, sendo estes: ‘sentido’, que estaria relacionado a um significado ontológico para vida, advindo através das mais diversas experiências; ‘valores’, composto por crenças e padrões culturalmente aceitos, estimados através de comportamentos comuns para determinados povos, e cada pessoa representante de um grupo, tem a sua peculiaridade na sua espiritualidade, por isso, é preciso ter cuidado com generalização voltadas a espiritualidade do paciente, é preciso nesse aspecto também haver atendimento individualizado (SILVA, 2008).

A base teórico/filosófica do Cuidado Transpessoal visa proporcionar aos enfermeiros e profissionais da saúde, de um modo geral, ferramentas intelectivas e de sensibilidade para que se estabeleça um envolvimento espiritual e, quando este ocorre, existe a ressignificação daquilo que é material para o verdadeiro sentido das interações humanas, que é o ser espiritual (SILVA, 2008). O mundo da espiritualidade ajuda o paciente a valorizar aquilo que é considerado imaterial. A espiritualidade trabalha no desprendimento dos bens materiais, para valorizar aquilo que com base nas convicções dos pacientes, tem um peso eterno (SPOTO, 2005). Uma vez que a espiritualidade na saúde tem se apresentado mais nas convicções das pessoas que expressas nas relações humanas propriamente ditas e este fato tende a influenciar negativamente as relações de cuidado, Isto é, quando o paciente se fecha em sua dita espiritualidade e não facilita a comunicação com os profissionais da Saúde (SPOTO, 2005).

Espiritualidade na Saúde No século XXI a saúde começa a considerar com mais atenção a espiritualidade do paciente, pois até mesmo o conceito de saúde atualmente nega o que durante anos foi definida como ausência de doença, agora passa a considera sobre tudo o bem estar físico, psicológico, social e espiritual do paciente (ARRIEIRA, 2009). Logo tudo que o paciente vem a pensar sobre qualquer assunto, a sua espiritualidade é o marco central a onde tudo que este vir a refletir e a observar os faz sobre a ótica da espiritualidade (CORTEZ, 2009). Ainda considerando-se a compreensão do ser humano como um ser integral e a dimensão espiritual como componente da vida humana sabe-se que tal dimensão influencia na forma de pensar, agir e, por consequência, no modo de cuidar ou cuidar-se.

Observa-se que a dimensão espiritual do enfermeiro é também indissociável da construção pessoal profissional de cuidar (CORTEZ, 2009). Muitos, atualmente não gostam de pensar ou refletir assuntos sobre a morte, nem tampouco pensar sobre sua morte. Este elemento estar incluído na vida humana, e aqueles que cultivam a sua espiritualidade, tem maior facilidade de refletir sobre os elementos do pré e pós morte (SOUZA, BOEMER, 2005). As pessoas espirituais têm uma relação mais profunda com elementos invisíveis onde precisa-se da fé para sustentar-se (SÁ, 2009). Nesse contexto, a espiritualidade é um tema que vem chamando a atenção dos profissionais da saúde no que se refere ao cuidado humano, pelo fato de os estudos terem demonstrado que este pode ser um caminho para melhorar a qualidade de vida das pessoas, assim como para estimular maior rapidez no processo de aceitação e enfrentamento das doenças (SÁ, 2009).

O processo de trabalho dos profissionais de saúde tem como finalidade a ação terapêutica de saúde e, como objeto, o indivíduo ou grupos doentes, sadios ou expostos a risco que necessitam de medidas curativas ou paliativas, de preservação da saúde ou de prevenção de doenças. Como instrumental de trabalho, têm-se os instrumentos e as condutas que representam o nível técnico do conhecimento, que é o saber em saúde e cujo produto final é a própria prestação da assistência de saúde, a qual é produzida no mesmo momento em que é consumida (PIRES, 2008). Além disso, evidencia-se a necessidade de que o grupo de multiprofissionais atue de modo interdisciplinar, para atender às diferentes condições de saúde da pessoa que vivencia a sua finitude.

A espiritualidade é uma parte complexa e multidimensional da experiência humana, pois se realiza no baseamento e na busca inerente de cada pessoa do significado e do propósito definidos de vida, encontrada em todas as culturas. Já a religiosidade é a prática de uma religião específica (JUNIOR ET AL, 2018). Diante disso a espiritualidade se baseia na compreensão dessas dimensões e percebe-se um aumento do reconhecimento das mesmas na assistência de enfermagem, pois fornecem subsídios para esclarecer questões de difícil entendimento na totalidade do ser humano. No artigo intitulado “Construção de Uma Escala de Avaliação da Espiritualidade em Contextos de Saúde” de C Pinto, JL Pais-Ribeiro (2008) ressalta a dimensão espiritual como uma dimensão importante da existência do ser humano, desde os primórdios da humanidade.

E traz que sua relevância nos contextos de saúde está relacionada com a preocupação crescente em compreender o Homem na sua totalidade. Pois quando o físico revelam sintomas de enfermidade o espírito está a refletir sobre as suas necessidades espirituais de modo mais abrangente. Diante do exposto e em conformidade com o material analisado até aqui optou-se por possíveis reconhecimentos por parte das crenças e sua necessidade aos cuidados de enfermagem, pois o conhecimento científico e as habilidades técnica são características imprescindíveis para o rigoroso controle das funções vitais no cuidar de pessoas doentes(C PINTO, JL PAIS-RIBEIRO, 2008; SIMÕES et al. JUNIOR et al. Sendo dessa forma de fundamental importância a tarefa de se trabalhar a espiritualidade no ambiente hospitalar obtendo maior qualidade no cuidado com essas pessoas.

Além do acompanhamento e atualização dos avanços terapêuticos e tecnológicos a fé é de sumo complemento necessário para assim obter uma assistência de qualidade, atendendo as necessidades de pessoas enfermas (ALMEIDA, 2010). O enfermeiro (a) é mais do que uma auxiliar técnico ou responsável pela medicação a ser realizada no paciente enfermo, ele (a) é um cuidador, um ouvinte, um vibrador, um amigo e confidente de um (SAAD; MASIERO E BATTISTELLA, 2011). Silva et al (2018) cita em seu artigo um exemplo sobre o saber do enfermeiro nas ações espirituais nos cuidados de enfermagem e menciona Florence Nightingale a mulher que lançou as bases da escola de enfermagem secular pela primeira vez na história e abraçou o papel da espiritualidade na profissão de enfermagem.

Porém, o ponto a ser observado é que nem todos os enfermeiros têm um senso inato de espiritualidade e compaixão. Guimarães e Avezum (2009) pontua a importância da avaliação de cura espiritual e o quanto é prudente coloca-los nos planos da formação em enfermagem. Pois como foi citado por Silva et al (2018) outro desafio que enfrenta este problema é quando se percebe as preocupações dos enfermeiros sobre sua compreensão da religião e da espiritualidade como ponto necessário no cuidar. Na visão d autor a enfermagem precisa incluir aspectos de integração e regulação social, bem como recursos psicológicos. Muitos desses trabalhos sugerem que religiosidade e espiritualidade podem ter um impacto significativo sobre a saúde física. Isso se faz tanto como recurso de prevenção em pessoas saudáveis quanto de coping por pessoas enfermas, resultados estes citados por Moreira-Almeida (2008).

Almeida (2010) constata em sua pesquisa alguns conhecimentos por parte de enfermeiros que já incluem essa prática espiritual no cuidado com seus pacientes. Segundo o autor na perspectiva de alguns enfermeiros volume e a qualidade das evidências atualmente disponíveis têm levado a um crescente reconhecimento que espiritualidade se constitui em uma dimensão importante da vida das pessoas em todo o mundo, bem como a constatação de que as práticas e crenças religiosas dos pacientes influenciam o cuidado e a evolução dos problemas de saúde. A abordagem espiritual tem sido um auxilio significante já que em fases difíceis os indivíduos tendem a aproximar-se dos valores e crenças para alívio de grandes dores ou perdas, ou enfrentamento de situações não esperadas.

Nesta perspectiva Fornazari; Ferreira (2010) considera-se de extrema relevância a pesquisa sobre a espiritualidade e seus impactos na reabilitação a saúde de pacientes hospitalizados, como forma de alicerçar ao cuidado de enfermagem essa dimensão espiritual. Fornazari; Ferreira (2010) ambas realizaram um estudo investigativo com o enfrentamento religioso em 10 pacientes oncológicos de uma instituição especializada, com idades entre 25 e 55 anos. A coleta de dados deu-se por meio de entrevistas. Os resultados foram analisados considerando o conteúdo do relato verbal das participantes. Essa autora assegura que incentivar a implementação de aprendizagem e experiência espiritual no decorrer da formação acadêmica promove a competência do estudante para realizar a função de curar com amor. As pesquisadoras relataram que quando os enfermeiros da UBS e da UTI foram questionados sobre a relação da religião com a saúde e doença, os mesmos descreveram que ambas estão embasadas em conceitos que envolvem a promoção e educação em saúde, pois por meio do cuidado espiritual para com a equipe ou clientes, nota-se uma liderança responsável e ética, visando constante aprimoramento individual e da equipe, estabelecimento de confiança mútua e, consequentemente, maior qualidade na assistência (SIMÕES et al.

O enfermeiro como profissional que atua no cuidado deve compreender que existe uma dimensão espiritual. A preparação do enfermeiro durante a graduação, para realizar o cuidado espiritual, é fundamental tanto de forma individual como coletiva, pois esta dimensão pode ajudar o outro que se encontra fragilizado e o amparo por meio das suas crenças e tradições culturais pode minimizar a dor, sofrimento e melhorar o bem-estar. Das atitudes realizadas quando se depara com desafios da vida, a fé diz respeito à capacidade de imaginar, de formular novas perguntas para construção de novos sentidos para cura geral do corpo e da alma (VASCONCELOS, 2011). Diante do exposto, fica claro que uma das ações para efetivar e ampliar a implementação da espiritualidade no atendimento é incrementar a oferta de cursos de formação em sintonia com a proposta do Sistema Único de Saúde brasileiro (GEWEHR et al.

  4 CONSIDERAÇÕES FINAIS No contexto atual assiste-se a uma interessante busca investigativa sobre as conexões entre o corpo e a mente, o que de algum modo espelha a mudança de paradigma nos cuidados de saúde em que as necessidades espirituais são parte integrante das necessidades físicas e psicológicas. O presente trabalho teve como temática discutida “Espiritualidade e assistência de enfermagem: contribuições e impactos para reabilitação à saúde”. Desencadeando como objetivo principal a compreensão e as contribuições da espiritualidade nos cuidados de enfermagem do paciente hospitalizado e da atenção básica, pois tal pesquisa pode esclarecer e proporcionar uma maior ênfase para o estudo e prática espiritual no ambiente hospitalar. A pesquisa evidenciou formas mais robusta e consistente para o cenário de prevenção e também de tratamentos de pacientes enfermos.

Sendo assim a pesquisa deixa índices para novas pesquisas e estudos a serem publicados. REFERÊNCIAS A BÍBLIA. Jesus lava os pés aos discípulos. Tradução de João Ferreira Almeida. Rio de Janeiro: King Cross Publicações, 2008. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. n. Disponível em www. fen. ufg. n. jan. BOFF L. Espiritualidade: um caminho de transformação. Rio de Janeiro: Sextante, 2006 BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção á Saúde. – Brasília: Editora do Ministério da saúde, 2012. BOFF, L. Espiritualidade: um caminho de transformação. Rio de Janeiro: Sextante. bvsalud. org/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932004000300011&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 12 mar. CONSORTE, Josildeth. LIMA, R. A. G. Luto da equipe: revelações dos profissionais de enfermagem sobre o cuidado à criança/adolescente no processo de morte e morrer.

Rev Latino-am Enfermagem, v. Espiritismo e fé. São Paulo: Quadrante, 1990. MACIEIRA, R. C. O Sentido da Vida na Experiência de Morte: Uma visão Transpessoal em Psico-Oncologia. OGUISSO, Taka. Trajetória Histórica e Legal da Enfermagem. São Paulo: Manole, 2002. RIOS, Izabel Cristina. Humanization: the essence of technical and ethical action in health. J. P. Comunicação tem remédio: a comunicação nas relações interpessoais em Saúde. São Paulo - SP: Loyola; 2008.

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