ROSA, Mario. “O cientista”. In.: VILLARI, Rosario (org.). O homem barroco. Lisboa: Editorial Presença, 1995, PP. 229-250

Tipo de documento:Projeto de Pesquisa

Área de estudo:Religião

Documento 1

VILLARI, Rosario (org. O homem barroco. Lisboa: Editorial Presença, 1995, PP. Capítulo X - O Cientista 1. Ciência e cientistas A ciência como nós a conhecemos nasceu na Europa e da lá se espalhou pelo mundo. Já no século XVII verifica-se uma revolução científica, porém o termo “cientista” ainda não era utilizado. Com ele, nasce uma forma nova de investigação do saber “[. que levará lentamente a identificar a atividade da pesquisa científica como uma profissão propriamente dita” (p. Posteriormente, foram identificadas dois termos, frutos do processo de institucionalização e profissionalização. O primeiro termo se designa as instituições criadas pela ciência (laboratórios, sociedades científicas, academias, etc. Partindo dessa nova visão da historia da ciência, em que se procura não identificar as origens do objeto de estudo, mais sim em seu estágio maduro.

Variedade das personagens Aqui, Rossi se propõe a listar e falar sobre aqueles que foram os principais homens da ciência no século XVII, foram eles: F. Bacon, J. Kepler, R. Fludd, R. Viveu miseravelmente ganhando algum dinheiro com horóscopo. Galileu era professor de matemática em Pisa e em Pádua, tornou-se primeiro matemático e filósofo do grão duque da Toscana. Ajoelhado perante os cardeais da congregação, nega suas teses copernicanas (consideradas hereges pela igreja). Descartes escreve sua obra em forma autobiográfica, em sonhos visualiza as bases de uma nova ciência, porém, quando descobre o que aconteceu com Galileu, resolve ocultar suas teses. Termina sua vida como preceptor de Cristina da Suécia. Walker, etc. que comprovam o “[…] peso relevante que a tradição mágico-hermética exerceu sobre muitos dos expoentes da revolução científica” (p.

Várias evidências são destacadas pelo autor para provar sua tese de que os homens da ciência do século XVII acreditavam numa força sobrenatural/espiritual que movia o mundo. Cita Copérnico evocando Hermes Trismegisto para defender a imobilidade do Sol no centro da Terra, ou quando William Gilbert “[…] que identificara sua doutrina do magnetismo terrestre com a tese mágica da animação universal, invocara Hermes e Zoroastro” (p. Gilbert não se utilizou da matemática ou da mecânica de Galileu para elaborar sua tese, para ele, o ímã teria uma alma (superior a do homem) que exerce atração por uma força espiritual. São vários os exemplos citados pelo autor para demonstrar a mentalidade ainda enraizada numa concepção mística da natureza.

Esses autores citados, especialmente Newton e Bacon tinham total convicção que os homens místicos do passado já haviam desvendado segredos da natureza ditos por Deus. “O grande livro da natureza já tinha sido decifrado” (p. O autor fecha o subtítulo realçando a metáfora usada no início deste, onde ele compara a hibridade da ciência com a magia com “[…] uma tapeçaria cujos fios se sobrepõem e se cruzam […]” (p. “A grande tradição da magia natural do Renascimento deu aos modernos uma ideia de uma importância fundamental, ou seja, que o saber que tem por objeto a natureza não é apenas contemplação nem é apenas teoria. Os saberes práticos são considerados por Bacon, garantia da verdade. Kepler concebe o universo como um relógio “[…] onde todos os movimentos dependem de uma simples força material” (p.

Assim como Kepler, Hobbes e Descartes também comparam o funcionamento do corpo humano ao de um relógio. Boyle também faz uma analogia entre o universo e a máquina, em que ambos funcionam segundo duas leis universais dos corpos: matéria e movimento. Para Gassendi, “[…] devemos investigar as coisas naturais como investigamos as coisas de que nós próprios somos os autores” (p. A igualdade das inteligências Nesse subtítulo, o autor expõe a visão ocultista e vedada dos praticantes da magia, onde nela estariam todos os segredos do universo e que por isso estaria inacessível aos homens, exceto aqueles poucos “escolhidos”. Segundo Rossi, a florescente ciência do século XVII seria aliada de um entusiasmo pela universalização do saber. Escolas, livros que poderiam ser lidos tanto por mulheres, quanto por crianças, são um exemplo desse empenho para que todos pudessem ter acesso ao saber científico.

O autor destaca três ideias centrais nessa nova imagem do saber: 1. Qualquer ser humano pode ter acesso à ciência e a verdade; 2. “A ideia da igualdade das inteligências torna-se parte integrante e constitutiva da imagem moderna da ciência” (p. No final do subtítulo o autor fala que esse desejo de universalizar o saber muda conforme avança o tempo, e já no século XX ele mais parece com aquela tradição hermética onde o saber deve ser inalcançável pelos homens comuns.

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