Resenha crítica de “(O que) pode a curadoria inventar?” - Gabriel Menotti Gonring

Tipo de documento:Projeto de Pesquisa

Área de estudo:Outro

Documento 1

“Seria a curadoria uma forma de linguagem tão apta a produzir valor e sentido quanto outras modalidades de criação? Ou não passaria ela de um conjunto de procedimentos organizacionais neutros, responsável por estabelecer as bases para a circulação da arte e negociar sua existência em diferentes contextos?” É esse dilema, apresentado no periódico curatorial Manifesta Journal, que Gabriel Gonring utiliza como premissa para desenvolver sobre os diversos aspectos das práticas curatoriais, no intuito de entender o que nos leva a pressupor uma possível linguagem curatorial, assim como a sua futura consolidação, destrinchando desde os principais expoentes dessa profissão à sua contextualização com as mídias recentes, nos permitindo refletir sobre a autonomia simbólica do curador. O dilema, que especula se a curadoria possui uma veia criativa que a assemelhe à classe artística, de início, é refutado pelo autor ao declarar que se trata de um “impasse falso”, definindo que a curadoria é mais um “conjunto de práticas por meio das quais a obra se realiza publicamente”.

Para fundamentar esse pensamento, precisamos admitir duas figuras transformadoras do campo de ação da curadoria, Pontus Hultén, que ampliou o conjunto de formas e linguagens acolhidas, ao incluir outras formas de manifestação cultural durante exposições de arte, e Harald Szeemann, que expandiu o número de operações e espaços disponíveis para o curador, ao ser um dos pioneiros a atuar como curador independente. Ambos são responsáveis por transformar a curadoria em uma prática multidisciplinar. A atuação de Szeemann, em especial, nos remete a um ponto importante no que se refere à autonomia criativa da profissão, Gonring ressalta a questão levantada por Boris Groys (2007) de como os encargos do curador independente se equiparam ao do artista contemporâneo. Sem que fosse requerida pelo curador, parece aflorar em ressonância às novas práticas e teorias estéticas exploradas pelos artistas, possivelmente, de início, incitada por Duchamp até atingir seu ápice na década de 1960.

Para uma compreensão mais acurada, o autor introduz uma outra perspectiva da problemática curatorial na atualidade, que é a projeção obtida pela função do curador em outras áreas, não mais apenas em museus e galerias. Gonring menciona a crescente procura por estudo na área e a mudança de grande parte dos programas de formação do curador para um formato mais dinâmico, ao reunir participantes de todo o mundo em minicursos ou residências conjuntas, um modelo que se adéqua perfeitamente à atuação itinerante do curador contemporâneo. Em paralelo à difusão da profissão, parece ocorrer uma popularização do termo “curador” para além do campo da arte, ao ponto de se poder usar “curadoria” para denominar as mais diversas atividades, como a seleção de produtos para uma loja de rua.

Conforme evidenciado por um artigo do New York Times, isso ocorre pelo desejo de distinção – um modo inocente de agregar capital cultural a várias formas de comércio (WILLIAMS, 2009). Assim, o autor demonstra como as mídias digitais formam um intercâmbio entre artista, curador e audiência. Porém, ainda que a profissão de curador comece a se definir, ganhando fundações com cursos e afins, os exercícios empregados parecem se disseminar ao ponto de se tornarem banais. Considerações finais Enfim, Gonring nos incita a imaginar a obra de arte como uma rede, envolvendo outros atores, objetos e processos e persistindo em constante desenvolvimento através desse circuito. As práticas curatoriais realizam a mediação dessas interações, auxiliando no entendimento do que se distancia do processo de criação.

De modo perspicaz, o autor desenha uma relação entre a proliferação da curadoria, arte contemporânea e mídias digitais. BONOMI, B. B. The Art of Curation. Huffington post, 27 out. Disponível em: <http://goo. Cautionary tales: critical curating. Nova York: Apexart, 2007, p. OBRIST, H. U. A brief history of curating. Cautionary tales. Nova York: Apexart, 2007. STANISZEWSKI, M. A. The power of display: A History of Exhibition Installations at the Museum of Modern Art.

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