A PERCEPÇÃO SOBRE A INJUSTIÇA SOCIAL NA LINGUAGEM DE GRACILIANO RAMOS, GUIMARÃES ROSA E CLARICE LISPECTOR.

Tipo de documento:Revisão bibliografica

Área de estudo:Literatura

Documento 1

Essa pode surgir de situações que estão longe do controle do homem, como catástrofes naturais, entretanto, tal sentimento surge, normalmente, da ação humana. A problemática está quando a sociedade aceita a injustiça como algo natural, aprende a viver com ela, suprimindo a voz do injustiçado. Nesse cenário, a Literatura como arte de revelar e dar voz aos que não conseguem falar pode transportar o leitor ao contato com as mazelas da sociedade. Os textos literários podem representar várias circunstâncias humanas, fazer críticas a determinadas condições sociais, como a pobreza, as desigualdades, as maldades. Por meio da leitura dos textos literários, podemos refletir sobre as características de uma época, conhecer a cultura de uma sociedade, a história de um país pode ser revelada.

 É destacar que a reflexão de Luís Padilha sobre a desigualdade, a qual é expressa por meio de prosa com as outras duas personagens, provém da reflexão de outros pensadores, é fruto de suas leituras, tal como a própria personagem assevera. Notamos que Luís Padilha é capaz de questionar a sua realidade, em certo ponto, porque é instruído até certo ponto. Ou seja, a possibilidade de instrução formal, dentro da contextualização do cenário sertanejo, em dada época, não é de acesso integral ao povo do sertão. A injustiça em relação à desigualdade de acessibilidade ao conhecimento é um tema que transita pelo texto da obra A hora da Estrela de Clarice Lispector.  Se Luís Padilha consegue refletir sobre sua realidade por meio da percepção de outras vozes, uma vez que pode experimentar novos conhecimentos pela leitura, Macabéa, protagonista da referida obra de Clarice Lispector, ressalta que a impossibilidade de percepção sobre a real realidade, por parte do homem do sertão, provém da concentração em preocupações maiores.

A apropriação da terra ocorre por meio da violência, da brutalidade: “E de repente aqueles homens podiam ser montã. vinham se desentocando e formando, do brenhal, enchiam os caminhos todos, tomavam conta das cidades” (ROSA, 2001). Essa questão da presença de opostos no sertão gerada pela presença de donos de algo e os não donos de algo, a qual gera injustiça social, divisão de classes sociais, continua a transitar pela linguagem em Guimarães Rosa. Em Grande sertão: veredas, a personagem de Riobaldo destaca para a necessidade de delimitar uma distância entre esses opostos. Como regulamento de sobrevivência no sertão, o certo é manter um determinado afastamento do que não é seu de propriedade: “Parar o bom longe do ruim, o são longe do doente, o vivo longe do morto, o frio longe do quente, o rico longe do pobre” (ROSA, 2001).

Riobaldo fala da divisão de classes sociais. Macabéa tem consciência dessa impossibilidade de uma alternância de lugares de forma materializada, ou por iniciativa própria, desse “eu acomodado” em se colocar no lugar do outro. Porém, diretamente, ela se dirige a esse outro, que está em oposição a sua classe social, proferindo que ao contar sua história de vida, sobre a vida do sertão, ela se torna o instrumento que possibilita a troca: “Faço aqui o papel de vossa válvula de escape e da vida massacrante da média burguesia. Bem sei que é assustador sair de si mesmo, mas tudo o que é novo assusta” (LISPECTOR, 1998). Pode assustar porque é no processo de leitura que o burguês pode se colocar no lugar da realidade sofrida do sertanejo, reconhecendo a injustiça social em que nordestino vive.

Os textos versam sobre o regionalismo, mas vão além. Cada pensamento, situação e visão das personagens interagem com assuntos que estão escondidos atrás das palavras. O sentimento de injustiça à realidade do sertanejo. Seja esse proveniente do ato de brutalidade, da falta de oportunidade, da opressão, da condição difícil da região. Como Macabéa ressalta: “Ela era subterrânea e nunca tinha tido floração. Rev. Bras. de Lit. Niterói. v. S. Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 2004, p. LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela.

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