Multiculturalismo - histórico e teorias com ênfase em Will Kymlicka

Tipo de documento:Redação

Área de estudo:Medicina

Documento 1

Após a imigração em grande escala para sociedades imigrantes, como os Estados Unidos e o Canadá, e a descolonização das potências coloniais europeias, como Grã-Bretanha, França, Espanha e Portugal, houve um considerável reassentamento de grupos que levaram consigo suas culturas, perspectivas morais e aspirações políticas. Assim como esse movimento populacional foi incentivado, por exemplo, com grande parte da imigração para a Grã-Bretanha desde o final da década de 1940 até o final da década de 1960, ou como resultado dos processos de descolonização que deixaram os imigrantes instalados como indesejáveis em estados pós-coloniais emergentes – muitos indianos e asiáticos das ex-colônias britânicas, a denominada assimilação cultural não ocorreu de maneira tão direta como com os migrantes econômicos.

No caso dos segundos, em geral, é aceito livremente os encargos da integração cultural. Como consequência, começaram a ser debatidas questões sobre a equidade e a justiça quanto à assimilação ou a integração desses novos grupos, inquietações que estabeleceram as bases do multiculturalismo. Como as condições econômicas que incentivaram a migração laboral mudaram, muitas comunidades de imigrantes começaram a se tornar o foco de ressentimento e hostilidade, surgindo manifestações racistas. Uma série de teóricos políticos tomou a advocacia comunitária da “tese social” – a visão de que a identidade individual é uma construção social derivada de sociedades particulares e sua história – e aplicou-a as questões tradicionais de justiça social e de igualdade política.

O filósofo canadense Will Kymlicka encabeçou um grupo de pensadores que tentou combinar a “tese social” do comunitarismo com um compromisso liberal 1 Rawls é a maior referência sobre o “liberalismo igualitário”, a partir de seu livro “Uma Teoria da Justiça”, no qual ele postula que uma sociedade democrática justa deve conciliar a liberdade com a igualdade, ou seja, está comprometida com a garantia de direitos básicos iguais a todos sem distinção de raça, etnia, sexo ou religião e com a distribuição equitativa dos recursos sociais escassos como renda, riqueza, oportunidades educacionais e ocupacionais para todos os seus cidadãos. igualitário para compensar os indivíduos por desvantagens sociais. A tese de Kymlicka parte da premissa de que os Estados Nação são “nações em construção” (CAMPOS; FERES JÚNIOR, 2014, p.

e Tais Estados adotaram a ideia de um liberalismo etnicamente neutro como parte do processo de consolidação nacional, mas que redundou no silenciamento e na marginalização de minorias étnicas (Kymlicka, 2001, p. Assim sendo, direitos para grupos diferenciados que protejam minorias culturais podem ser vistos não só como consistentes com valores liberais, mas efetivamente como seus promotores (Kymlicka, 1995, p. apud CAMPOS; FERES JÚNIOR, 2014, p. Paralelamente ao desenvolvimento de teorias especificamente multiculturalistas, houve várias críticas ao multiculturalismo, talvez a mais substancial seja de Brian Barry em Culture and Equality. Os teóricos liberais, como Barry, não rejeitam as reivindicações de grupos, mas argumentam que estes são melhores acomodados dentro de uma teoria liberal de direitos sociais e políticos. Esses direitos fornecem a esfera do controle pessoal dentro da qual os indivíduos podem prosseguir seus fins religiosos e culturais sem interferência dos outros (VITA, 2002).

Phillips e Squires se sentem mais à vontade com o debate da teoria política normativa que cresceu em torno das reivindicações de acomodação multicultural, pois veem paralelos entre a crítica multicultural do discurso liberal dos direitos e a justiça social com a crítica feminista do paradigma distributivo do igualitarismo liberal. Elas concatenam alguns ideais dos multiculturalistas sobre o domínio de algumas culturas sobre outras, expressando principalmente duras críticas à cultura dominante do patriarcado e à defesa do tradicionalismo em alguns grupos e comunidades culturais e religiosas que, muitas vezes, oprimem as mulheres. À luz de todas essas vertentes de argumentos distintas, talvez seja mais apropriado descrever o multiculturalismo como um debate e não como uma teoria. Na teoria e sociologia social a cultura e a identidade se tornam uma das várias categorias para analisar os fenômenos sociais, pois se tornam formas de caracterizar um objeto de pesquisa ao invés de uma posição teórica distinta que gera suas próprias questões e problemas.

Bibliografia utilizada CAMPOS, L. KYMLICKA, Will. Ciudadanía multicultural: una teoría liberal de los derechos de las minorias. Traducción de Carme Castells Auleda. Barcelona: Paidós, 1996. VITA, Á.

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