Harry Potter e a história que conquistou o mundo

Era um livro próprio para pré-adolescentes na casa dos 11 aos 13 anos e a linguagem utilizada por J. K. Rowlling foi muito bem adaptada a esse público. Isso, de certo leva ao segundo motivo: a autora soube adequar cada edição à idade suposta dos leitores fieis. Assim, a identificação do leitor jovem com os mesmos dilemas de Harry eram um retrato verossímil da difícil fase que é a adolescência. Quem não percebeu que a poção Felix Felicis - que Harry mentiu ao dar ao amigo Rony - apenas motivou o jovem a ter mais auto-estima? Como a poção polissuco não representaria nosso desejo inconsciente de nos tornarmos o outro a quem desejamos? Mais do que entretenimento também, vê-se uma narrativa que nos instiga a questionar o que é crescer saudavelmente num mundo de dificuldades constantes.

Harry, órfão, vê nos amigos mais próximos e seus familiares uma chance própria de conseguir o seio familiar que nunca teve, e quem leu se comove com as constantes marcas de afeto que os Weasley como um todo têm e demonstram por nosso protagonista a todo momento. De fato, em certas partes, a sra. Wesley até chega considerar que eles deveriam adotar Harry de vez e isso só não acontece por conta da proteção que a cada dos Dursley oferecia. Interligado ao conceito de família citado acima, temos o outro lado da moeda e que exerce enorme impacto psicológico em seus leitores: a vida sempre continua no universo de Harry Potter. Num contexto histórico cultural em que não se via abertura para a retomada das fábulas e contos infantis, J.

K. Rowlling proporciona, numa roupagem moderna, o mesmo poder de fascínio, ternura, aventura, medo e suspense que os contos do século XIX e antes conseguiam fazer. E isso é muito importante, haja vista que era uma geração dependente da imagem e do som, mas que se cativou pelo poder da narrativa impressa e tal efeito fascinante perdura , no imaginário humano, até muito tempo depois do fim da série.