Análise comparativa de culicídeos em ambiente de floresta e ambiente urbano adjacente e associação com doenças endêmicas no município de Belém, Pará,

Tipo de documento:Produção de Conteúdo

Área de estudo:Religião

Documento 1

A grande quantidade de ovos e larvas encontrados nos criadouros artificiais de culicídeos indica que esses insetos estão bem adaptados ao ambiente antropogênico (LOPES, 1997). A crescente incidência de doenças endêmicas têm aumentado os esforços para controle dos agentes transmissores, através de eliminação dos criadouros artificiais e constante aplicação de inseticidas para eliminar os imaturos e adultos (LIMA et al. Porém, pouco tem sido evidenciado a contribuição de criadouros naturais na densidade populacional de culicídeos em áreas urbanas. Os criadouros naturais podem ser axilas de plantas (FORATTINI, 2002), ocos de árvores (SILVA; LOZOVEI, 1999), entrenós de bambus (LOZOVEI, 1998) e diversos outros pequenos ambientes. Esses podem estar presentes em áreas urbanas ou em localidades próximas, contribuindo com a existência de culicídeos nas áreas habitadas.

Sabe-se, por exemplo, que as bromélias podem armazenar água entre as folhas imbricadas (PERYASSÚ, 1908). No município de Vitória, ES, larvas de culicídeos foram encontradas em bromélias, em quatro das cinco áreas pesquisadas, sendo encontradas larvas de A. aegypti em Alcantarea extensa (L. B. Sm. Os culicídeos são conhecidos no Brasil como carapanã, muriçoca e pernilongo, e compreendem um grupo importante para a saúde pública em nosso país na medida em que algumas de suas espécies são vetores de diversas doenças preocupantes. Alguns aspectos contribuem para o rápido crescimento populacional de insetos vetores de endemias como, por exemplo, elevada taxa de fecundidade e fertilidade dos mosquitos e alta capacidade adaptativa dos mesmos. É importante considerar que os movimentos migratórios fornecem condições ideais para o desenvolvimento do mosquito, bem como para a circulação de vírus.

REZENDE, 2011; MEDEIROS-SOUSA et al. SANTOS, 2008) Muitos países têm recebido pessoas através de fluxos migratórios intensos e isso tem resultado em uma concentração populacional muito grande. As situações precárias favorecem a dispersão de mosquitos transmissores de doenças virais como a dengue e a febre amarela e as mais recentemente conhecidas, chikungunya e zika vírus. O principal vetor dessas doenças é um mosquito que facilmente se adaptou ao ambiente urbano, denominado Aedes aegypti, sabe-se, porém que o Aedes albopictus é também agente transmissor de doenças virais na Ásia e que tem se adaptado às condições climáticas fornecidas pelo Brasil. Estes dois insetos têm conseguido explorar ambientes antrópicos com condições adequadas à sobrevivência e reprodução. REZENDE, 2011; SCANDAR, 2007) A circulação do vírus depende muito da organização do meio urbano, dos movimentos migratórios e ainda da maneira como vive a sociedade e os reflexos dessa vivência para o meio ambiente.

Sua propagação se dá de forma rápida, haja vista que o período de infecção pelo vírus é de aproximadamente oito dias, o que promove maior disseminação tanto dessas doenças como do mosquito vetor em países estrangeiros. As doenças são transmitidas pela fêmea, pois a mesma precisa das proteínas presentes no sangue, necessárias para o desenvolvimento dos ovos, o que é essencial para sua perpetuação (VARELLA & JARDIM, 2009; DOMINGOS, 2005) Ao retirar o sangue, a fêmea transmite o vírus e aplica um anestésico, evitando a dor da picada. Ela costuma atacar as extremidades do corpo como os pés, tornozelo e pernas, haja vista que voa muito próximo do solo. VARELLA & JARDIM, 2009; SUCEN, 2002) A fêmea pode apresentar vários períodos de postura de seus ovos, podendo colocar entre 150 e 250 unidades por vez, depositando nestes uma proteína viscosa própria para segurá-los na superfície do local de postura.

Essa proteína faz com que seus ovos sejam capazes de sobreviver vários meses até o próximo período chuvoso. VARELLA & JARDIM, 2009; PEDROSA, 2013). SUCEN, 2002) Destas, a fase de maior resistência é a aquática, na qual o ovo pode resistir à dessecação por longos períodos de tempo. Após isso, o mesmo dá lugar à larva e essa fase dura em média de 05 a 10 dias. A fase pupal permanece por 02 dias, momento em que não se alimenta, apenas respira. A fase adulta deve continuar entre 30 e 45 dias, nessa fase tanto macho como fêmea se alimentam de néctares de plantas, somente a fêmea é hemofílica por conta da maturação de seus ovos (ALMEIDA, 2005; SUCEN, 2002). Ambiente de floresta e ambiente urbano adjacente Atualmente, com o advento de patógenos pouco conhecidos pela sociedade e até mesmo pela ciência, é difícil encontrar respostas adequadas para sanar os problemas causados na saúde pública, tanto brasileira quanto internacional (DOMINGOS, 2005; MEDEIROS-SOUSA et al.

Os Aedíneos além de criadouros manufaturados pelo homem, também podem se desenvolver em ocos de bambus, tanques de bromélias, em buracos de rochas e ainda, em buracos de árvores. Na África, por exemplo, ainda podem-se encontrar criadouros naturais e ainda, no Velho Mundo algumas espécies podem ser localizadas distantes dos aglomerados urbanos. No que diz respeito ao Brasil, a espécie é encontrada onde há maior concentração populacional e raramente em ambientes semissilvestres (PEDROSA, 2013; NATAL, 2002). A maior parte das doenças causadas por arbovírus encontradas no Brasil estão presentes na região amazônica, dentre as quais 36 de 200 são causadoras de doenças ao ser humano. Em termos de saúde pública, 5 estão entre as mais importantes, pois são veiculadoras de epidemias, sendo elas Dengue, Mayaro, Oropouche, Rocio e Febre amarela, sendo a dengue e a oropouche associadas a epidemias em áreas urbanas, as outras ocorrem especialmente em mio rural (RIBEIRO, 2014).

A postura dos ovos é feita preferencialmente nos períodos matutino ou vespertino, principalmente em criadouros artificiais, com pequena reserva de água. O Programa de Vigilância e Controle dos Vetores de Dengue e Febre Amarela definiu alguns estabelecimentos como pontos estratégicos para a postura dos ovos do mosquito Aedes aegypti, os quais tendem a favorecer sua infestação e disseminação, devido à alta disponibilidade de potenciais criadouros, dentre os locais estão borracharias, ferrovelhos, aeroportos e cemitérios (TAUIL, 2002 apud HONÓRIO, 2009; RIBEIRO, 2014). É importante realçar que a transmissão desses vírus ocorre essencialmente em espaço urbano, onde podem ser encontrados todos os fatores fundamentais para sua ocorrência, ou seja, o homem, o vetor, o vírus; além das condições econômico-culturais favoráveis à transmissibilidade (HONÓRIO, 2009).

Dentre os indicadores ambientais e sociais para a expansão do inseto tem-se o clima, densidade demográfica, alterações ambientais resultantes de atividades humanas e baixa cobertura vegetal. A densidade populacional do Aedes aegypti esta diretamente ligada às variações climáticas, como a ocorrência de chuvas e as variáveis de temperatura e umidade (HONÓRIO, 2009). Coleta de dados Para comparar ocorrência de culicídeos entre o ambiente arborizado com mata e o ambiente adjacente (áreas de habitação urbana), serão instaladas larvitrampas (pneu seccionado) no solo e na copa das árvores (10 metros de altura), em número igual para comparar os dois ambientes (Tabela 1). Figura 1 – Esquema de uma estação de coleta de culicídeos em área com mata e urbana adjacente. As armadilhas serão preenchidas com água e inspecionadas a cada 15 dias, onde será recolhido o conteúdo das mesmas.

Em laboratório, as larvas recolhidas serão colocadas em gaiolas para a emergência dos adultos e posteriormente será realizada a identificação dos espécimes obtidos. Nas estações de coleta serão realizadas análises observacionais registrando-se os criadouros naturais (plantas) presentes no ambiente de mata. O levantamento populacional e as características dos ambientes (área de mata e área urbana) serão comparados com os índices prediais das estações de coleta, obtidos junto a SESMA, a fim de avaliar a situação de infestação dos locais e permitir correlações com a existência de criadouros naturais (ex. bromélias). A flutuação populacional dos culicídeos será comparada com os parâmetros climáticos de temperatura, umidade relativa do ar e precipitação pluvial.

A correlação entre os dados climáticos e as espécies mais frequentes coletadas será avaliada através de teste não paramétrico. Desenho experimental Figura 2 – Esquema experimental. Além disso, que esta pesquisa forneça resultados a serem utilizados pelo poder publico como uma ferramenta de gestão que permita avaliar os locais onde ações devem ser imediatas, subsidiando a elaboração de políticas públicas de combate ao Aedes aegypti. Os resultados desta pesquisa serão publicados em revistas e periódicos científicos como forma de contribuir com o conhecimento sobre culicídeos em áreas com presença de fragmentos de mata e área urbana adjacente. VIABILIDADE E INOVAÇÃO DO PROJETO Este projeto se torna viável dentro do prazo estabelecido no cronograma de pesquisa e inovador por ter o objetivo de ser desenvolvido na Amazônia, onde o objetivo é verificar se ambientes de floresta possuem ou são disseminadores naturais de culicídeos para as áreas urbanas adjacentes, sendo importante para a região Amazônica já que é comum a presença de fragmentos de florestas nos centros urbanos.

Além disso, são poucos os trabalhos realizados comparando esses tipos de cenários. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, E. Principais mosquitos de importância sanitária no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 1994. p. DOMINGOS, M. F. A. Indicadores da Distribuição Espacial e Temporal de Aedes (Stegomyia) aegypti (Linnaeus, 1762) (Diptera:Culicidade) Associados às Variáveis Climáticas, Ambientais e Transmissão de Dengue. Tese). Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, 2009. Disponível em: http://www. ioc. fiocruz. br/dengue/textos/oportunista. html. Ecologia de mosquitos (Diptera: Culicidae) em criadouros naturais e artificiais de área rural do Norte do Estado do Paraná, Brasil. V. Coleta de larvas em recipientes artificiais instalados em mata ciliar. Revista de Saúde Pública, v. n. Dissertação). Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Natal, RN, 2008. MEDEIROS-SOUSA, A. R. p. jul. dez. PEDROSA, M. C. R. et al. Aspectos ecológicos de culicídeos imaturos em larvitrampas de floresta e ambiente antrópico adjacente no Municipio de Linhares, Espírito Santo, Brasil. Epidemiol. Serv. SANTOS, M. A. V. M. Aedes aegypti: estudos populacionais e estratégias integradas para controle vetorial em municípios da região metropolitana do Recife, no período de 2001 a 2007. LOZOVEI, A. L.  Ocorrência de Haemagogus (Conopostegus) leucocelaenus (Dyar & Shannon) eToxorhynchites (Lynchiella) theobaldi (Dyar & Knab) em ocos de árvore em capão de mata, Curitiba, Paraná, Brasil.  Rev. Bras. Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo. Diretoria de Combate a Vetores – DCV. Guia Básico de Dengue - Para órgãos públicos e privados, comércio, pequenas e grandes empresas.

ABRIL, 2002. TAUIL, P. REZENDE, H. R. BEVILACQUA, L. C. FALQUETO A. JARDIM, C. Dengue e Febre Amarela. Coleção Doutor Drauzio Varella – Guia Prático de Saúde e Bem-estar. Gold Ed, 2009. WERMELINGER, E. p.

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