VERTICALIZAÇÃO DAS TELAS
A partir da abordagem histórica que mostra o conflito pela padronização de uma única proporção de tela, o artigo busca uma correlação entre o cinema de projeção e os conteúdos verticais produzidos por celulares smartphones. Conclui-se que este novo formato verticalizado não se trata de uma técnica amadora, mas inovadora que ganhou força e surgiu em acordo com a demanda do consumo da sociedade. Palavras chave: verticalização das telas; tecnologia; sociedade; produção cinematográfica. ABSTRACT: The present article aims to raise questions about an issue not discussed, however, present in the daily life in which we live: the verticalization of the screens. To this end, the research will be based on a qualitative exploratory study, reviewing bibliographies of historians, sociologists, anthropologists and film experts to understand the social impact of widely used technologies and the demand for audiovisual production.
Para eles, a indústria cultural, da diversão, da homogeneidade é sustentada apenas pelo público, assim como o cinema produzido é basicamente uma indústria, seguindo fórmulas e linhas de montagem visando agradar o público, e, principalmente o lucro. A temática faz-se necessária devido à constante mudança de paradigmas que presenciamos com a alta velocidade e fluidez de transformações na tecnologia que afetam sistematicamente toda organização social. A verticalização de telas, por exemplo, acarreta mudanças nos aparatos multimídia, nas redes sociais, no consumismo e também na arte com produções cinematográficas. Se antes considerada um formato amador, hoje, a verticalização de conteúdos multimídia além de proporcionar experiências sensoriais distintas, é vista como uma técnica inovadora rompendo com os Standards padronizados pela indústria audiovisual há décadas.
Para tanto, nestes últimos anos, festivais de cinema voltados especificamente para conteúdos verticais são realizados anualmente. Para Harvey, o fordismo também não surge como mero sistema de produção mas “um modo de vida total. Produção em massa significava padronização do produto e consumo de massa, o que implicava toda uma nova estética e mercadificação da cultura”. HARVEY, 2012, p. Na história da historiografia o cinema e a tecnologia digital por muitos anos foram negados como fonte documental legítima para uma análise histórica. Apenas a partir de 1970, com a consolidação da Escola dos Annales, houve uma reformulação no conceito de fontes historiográficas e ocorre um reconhecimento do cinema e outras mídias como fonte de compreensão da sociedade, seus costumes e sua mentalidade (BURKE, 1997).
p. Já Gumbrecht afirma que a pós modernidade nada mais é que uma superação da Alta Modernidade, que ocorrera no início do século, uma conseqüência da inovação do “tempo histórico”. “Essa pós-modernidade problematiza a subjetividade e o campo hermenêutico, o tempo histórico e mesmo, de um certo ângulo, a crise da representação. Uma razão – relativamente complexa – que contesta a compreensão de nosso presente como tão somente outra modernidade que se segue à Alta Modernidade provém da experiência de que, como tentarei provar, o lado não destrutivo do Alto Modernismo, em vez de ser superado pela Pós Modernidade (como uma lógica de inovação nos faria supor), retorna na verdade como uma parte da Pós-modernidade.
GUMBRECHT, 1998, p. Nesta célebre metáfora, o cão de guarda seria a consciência e a atenção conscientes, entretidas com o conteúdo midiático (capítulo de novela, telejornal, entrevistas, seriados, futebol. enquanto não se questiona sobre o fato de que todos estes produtos são parte de uma mesma “atividade” para a audiência, isto é, sentar e assistir TV. BRAGA, 2012,p. Para McLuhan, outra interpretação importante consiste no aforismo do celular: “O usuário é o conteúdo”. “O usuário é o conteúdo” se considerarmos que cada membro/a da “audiência” de um meio incorpora o que lê, vê e/ou ouve de acordo com seu conhecimento de fundo, de acordo com suas próprias categorias e sistemas de valores, e faz do “conteúdo” algo que sirva e se relacione com suas próprias necessidades e capacidades.
Uma completa, corrige e retoma a outra. Com as diversas funcionalidades desenvolvidas especificamente para o celular, hoje é possível encontrar as pessoas em qualquer lugar, não apenas em casa na era dos telefones fixos. O e-mail, ferramentas de pesquisa, aplicativos de comunicação, redes sociais e outras grandes empresas produtoras de conteúdo como o Snapchat, Youtube, Facebook, Periscope, etc, estão à palma de nossas mãos a qualquer momento. Em acordo com as previsões de Postan (1990), influenciado por McLuhan, o americano elaborou reflexões sobre tecnologia e cultura, motivado pelas transformações da globalização e popularidade da internet em ambientes digitais. Há diversas estruturas distintas dentro da própria internet, a qual suas funções são adaptadas de outros meios já existentes que no entanto, tornaram-se obsoletos.
Menotti (2017) afirma que no final do século 19 o formato vertical fora experimentado antes dos Standards horizontais serem definidos pela indústria audiovisual. Para o cineasta Sergei Eisenstein, por exemplo, a tela padrões representavam apenas os “limites dentro dos quais revolvem imaginação dos reformadores de tela. ” Em vez de padronização, Eisenstein prefere ter mais oportunidades para o que ele considerou a “composição viril, ativa, vertical” há muito ignorada. Durante um discurso dada em uma reunião técnica da Academia em 1930, Eisenstein defendeu que, em vez de fazer diferentes formas de espetáculos mais semelhantes a um outro, “é nossa tarefa buscar a mais estrita diferenciação na adaptação e manuseá-los de acordo com as especificidades orgânicas típicas de cada um. Segundo ele, definir exclusivamente um padrão horizontal para a imagem cinematográfica destinada a excluir “50% da composição e possibilidades” da projeção de filmes.
A quantidade de propagandas e cartazes eletrônicos que vemos diariamente em vitrines, redes de fast-food, aeroportos, etc, denotam o quanto isso não está restrito somente a internet. Criamos os blocos de anúncios para atender à crescente demanda por contar histórias de maneira vertical, o que permite que as pessoas consumam vídeos da mesma forma que armazenam o dispositivo naturalmente. As marcas sabem disso e começaram a criar mais recursos de vídeo verticais. Mais editores estão reconhecendo isso - e têm a oportunidade de repensar seu pacote de anúncios digitais para o usuário móvel. TILLINGHAST, C. Em fevereiro de 2013, o artista Aram Bartholl2 também organizou um festival de exibições cinematográficas em formato vertical em Berlim. Utilizando uma projeção 9:16 de exibição o festival contou com uma compilação de vídeos amadores neste formato, sendo um significado incentivo a este tipo de formato.
No projeto brasileiro ATRAVES3, um grupo de cineastas, artistas hospedam e validam todo tipo de conteúdo artístico, inclusive reforça a questão da verticalidade da mídia. Entendem que a tela horizontal (4:3 - 1,33) sempre fora o padrão das narrativas ficcionais desde os primórdios do cinema até a década de 50 pela TV e também nos monitores de computador. Com a expansão do alcance da TV o cinema encontrou duas novas proporções: a janela européia 5:3 (1,66) e a americana 13:7 (1,85). Mas perdemos para o vídeo de "Pork and beans", do Weezer. Nos bastidores, ficamos sabendo que a razão de termos perdido foi porque o trabalho deles era mais verticalizado, com a ação no centro do quadro, e não o padrão tradicional de cinema.
Eles já pensaram na exibição para telefones celulares - explica Rodrigo Teixeira, produtor de efeitos visuais que trabalha há dez anos em Hollywood. Há gente fazendo videoclipes assim. Há gente fazendo filmes pornôs assim. O GLOBO, 2011) Para PARIKKA (2012) esta não obviedade no formato está relacionada a movimentos tecnológicos que mostram uma diversidade imensa de aspect ratios. Além disso, evidencia que a popularidade dessa configuração de tela não ocorre progressivamente, mas num ritmo de reorganização e experimentações contínuas, havendo experimentos em comerciais, vídeos de plataformas como Youtube e Vimeo e até mesmo o cinema tradicional e digital. Lipovetsky (2009) por exemplo, afirma que o cinema digital nada mais é que mais uma forma de apreciar conteúdos, não “A nova” maneira de consumir o cinema tradicional ou analógico.
As novas tecnologias já começam a disputar essa liderança: a Internet se torna uma plataforma de difusão do cinema: o download e, agora, o telefone celular são na China e em Hong Kong, os meios correntemente utilizados para ver filme. A sucessão precipitada dessas altas tecnologias criou, paralelamente, um novo universo de consumo do cinema. A era das telas flexíveis de Eisenstein está bem e verdadeiramente sobre nós; Ele simplesmente não foi convertido em um modelo de negócio. Ainda. Assim, o cinema vertical é provavelmente aqui para o longo prazo — bem, até que a holografia elimina completamente o quadro. Vertical Film Festival site, 2019) Outro aspecto relevante que interliga-se com o tema, é o desenvolvimento de aplicativos que tem o seu layout totalmente pensado para ser utilizado na vertical.
A popularização de vídeos nesse formato se deu, em boa parte, por conta de aplicativos como Snapchat e Instagram, que com a inclusão da função stories acabou por dominar boa parte desse mercado – especialmente entre o público mais jovem. O cinema e demais produções audiovisuais mostram que palavras, ações e estados de espírito não andam em sincronia e luzes e sons proporcionam emoções diretas e sensíveis. CONCLUSÃO: A modernidade trouxe consigo inúmeras formas de repensar o mundo globalizado, conectado e fluido em suas comunicações. Hoje, com o advento dos smartphones nota-se uma crescente demanda do conceito de verticalização nas produções cinematográficas, ou Mobile First, sendo utilizado tanto para a arte quanto para campanhas publicitárias.
Fato é, que muitas marcas e segmentos multimídia aderiram a este novo standard de produção audiovisual. Direcionando projetos especificamente para versão mobile esta é uma realidade que só tende a aumentar devido ao uso massivo de smartphones. REFERÊNCIAS ADORNO, Theodor W. e HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. BAUMAN, Zygmunt. A Revolução Francesa da Historiografia. Editora UNESP, São Paulo, 1997. BRAGA, A. McLuhan entre conceitos e aforismos, 2012. CHRISTOFOLI, E. História General del Cine volumen X. Madrid: Ediciones Cátedra LIPOVETSKY, Gilles e SERROY, Jean. A tela global: mídias culturais e cinema na era hipermoderna. Porto Alegre: Sulina, 2009 MENOTTI, G. Discursos em torno dos vídeos verticais: a arqueologia de uma proporção “errada” de tela. Unesp, 2014. TARKOVSKI, Andrei.
Esculpir o tempo. São Paulo, Ed. Martins Fontes. Martin’s Press, 1997.
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