SAÚDE DO TRABALHADOR: FATORES QUE GERAM AFASTAMENTO DO TRABALHO

O contexto de transtorno mental como fator de afastamento do trabalho será ponto de discussão, sobretudo, na perspectiva dos transtornos de ansiedade, depressão, alcoolismo e síndrome de burnout, que por sua vez, se caracterizam como as principais doenças mentais associadas ao contexto do ambiente de trabalho e adoecimento do trabalhador, apontadas pelo Organização Internacional do Trabalho (2014). As considerações discursivas aqui apresentadas levará em consideração um entendimento antropofágico do homem em meio à sociedade brasileira, visto que a cultura, sem duvidas é fator de significância para construção subjetiva de um sujeito, para seu entendimento acerca do ser em sociedade e não obstante, para sua construção de significado e relevância do trabalho. Portanto, espera-se que por meio deste projeto seja possível apresentar base epistemológica suficiente, para conceber hipóteses de discussão relevante, acerca do homem e sua relação com o trabalho, assim como os fatores de saúde e doença que implicam e interagem na constituição desta relação.

Justificativa Pesquisa recente, realizada pela Organização das Nações Unidas (2019) aponta que no mundo existem 7,7 bilhões de pessoas, No Brasil, são 209 milhões de habitantes, desses, estima-se que 105 milhões compõe a força de trabalho (REDE BRASIL ATUAL, 2019). Portanto, mais da metade da população. Para Gil (2008), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos, no qual é elaborada através de matérias documentais que se fundamenta das contribuições de diversos autores sobre determinado assunto. A fim de, subsidiar material de pesquisa que possibilite reflexão sobre a inter-relação entre as mesmas, será utilizado o método de pesquisa de revisão bibliográfica, que se abastecerá com livros de autores referenciados em cada campo de estudo, legislação e conceitos de transtornos mentais apresentados no Manual Diagnóstico e estatístico de Transtornos Mentais – DSM5, e Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10.

A interlocução da fundamentação será discutida a partir de artigos acadêmicos, teses de mestrado e doutorado redigidos na língua portuguesa ou traduzidos entre os anos de 2015 até dias atuais, e que apontem aspectos reflexivos e descritivos dos assuntos acima citados. O Encadeamento da pesquisa contará com a identificação e seleção do material pertinente á interlocução da problemática proposta, o segundo momento se dará através da leitura e fragmentação do material selecionado, por seguinte será realizada ordenação do conteúdo por meio de fichamentos para que seja possível análise reflexiva e elaboração articulada das considerações finais. REFERENCIAL TEÓRICO 3. Essa reflexão nos leva a perceber que, a sociedade atual, sobretudo, dentro das organizações, vivencia uma luta contínua pela sobrevivência nos aspectos: financeiro, emocional, poder e de status e isso é um estopim para adoecimento mental.

Nesse sentido, Dejours (2004) destaca que num curto espaço de tempo, as pessoas podem vivenciar situações paradoxais como, por exemplo, ser premiado por determinada ação, projeto ou desempenho e ser demitido ou punido por essa mesma organização; ser promovido pelo ótimo desempenho, mas ser afastado/desligado por não ter atendido as expectativas do novo cargo. Assim, para acompanhar as exigências de ser um homem flexível e facilmente adaptável às novas circunstâncias, o indivíduo contemporâneo não pode se apegar às tradições. A cada momento deve mostrar uma nova versão do seu ser, tão rapidamente quanto os softwares se apresentam. TONELLI; LACOMBE e CALDAS, 2002). Entretanto, para Dal Rosso (2008) a transição da materialidade para a imaterialidade é acompanhada por consequências de amplas implicações.

O trabalho acoplado pelas mais variadas tecnologias de informação e comunicação TICs, sucedem freneticamente um após os outros no mercado, tendendo a romper com o limiar da fronteira entre tempos de trabalho para o tempo de não trabalho assim, afetando a vida individual e coletiva. De modo que, falar acerca da intensidade do trabalho parte da perspectiva de quem trabalha, isto é, do trabalhador. Posto que, é dele, que se exige maior desempenho seja físico, intelectual, psíquico, ou a combinação desses três elementos. Ainda segundo o autor supracitado, a intensidade é, portanto, mais que um esforço físico, pois envolve todas as capacidades do trabalhador, sejam as de seu corpo, a acuidade de sua mente, a efetividade despendida ou os saberes adquiridos através do tempo ou transmitidos pelo processo de socialização.

A sensação de estar acabado é também conhecido como Síndrome de Burnout ou síndrome do esgotamento profissional que ocorre com o desgaste físico e mental. Os sintomas mais comuns são exaustão emocional, despersonalização e redução do envolvimento pessoal no trabalho (SILVA et al, 2015). Dejours (2004) relata que o sofrimento gerado pelo trabalho se dá a partir do modelo de gestão e produção, na qual os indivíduos são forçados a cumprir metas difíceis com prescrições precárias, fazendo-os se sentirem incompetentes pela não realização. Assim, a alternativa para evitar esse sofrimento é o replanejamento do trabalho através da negociação, argumentação com gestores acerca do processo de trabalho com metas e prescrições erradas. Desta forma, entende-se que a imposição do trabalho prescrito em discordância com o trabalho real são os responsáveis pelos fracassos e consequentemente, pelo sofrimento dos funcionários.

E a doença além de impactar o sujeito que vivência, provoca aos cofres públicos da economia mundial, uma média de 1 trilhão de dólares em perda de produtividade. OMS, 2017). Segundo dados da previdência social brasileira, em 2017 foram concedidos 43. benefícios de auxilio doença, para afastamento sob o código F32 da CID10, caracterizado como episódios depressivos. No ranking geral de afastamento do trabalho por doença, a depressão se coloca na categoria 10º, entretanto, no quadro de doenças mentais de afastamento do trabalho, ela se coloca na primeira colocação. p. Conforme mencionado anteriormente, o Transtorno de Ansiedade está em 2º lugar no ranking de causa afastamento do trabalho causado por doenças mentais. No Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais DSM-5, o Transtorno de Ansiedade associa-se com uma gama de outras doenças mentais, tais como: Fobia social e transtorno do pânico, e que todas tem em comum o medo e a perturbação excessiva sobre o futuro (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014).

Alcoolismo crônico e trabalho Constante na Classificação de Transtornos mentais e do comportamento CID-10, sob a sigla F10, o conceito de alcoolismo se configura da seguinte forma: Alcoolismo refere-se a um modo crônico e continuado de usar bebidas alcoólicas, caracterizado pelo descontrole periódico da ingestão ou por um padrão de consumo de álcool com episódios frequentes de intoxicação e preocupação com o álcool e o seu uso, apesar das consequências adversas desse comportamento para a vida e a saúde do usuário. MINISTÉRIO DA SAÚDE E ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE, 2001. Considerando que esta é uma doença de grande incitação de vergonha, devido a exposição que a própria doença gera, e a relação com a falta de conscientização da sociedade, para o alcoolismo como condição de doença, então todas as práticas de prevenção e medidas de intervenção devem ser tomadas por parte das empresas com sensibilidade, cuidado, discrição e sobretudo, respeito.

Síndrome de Burnout Decreto nº. que regulamenta a previdência social, em seu art. Alínea XII caracteriza transtorno mental e do comportamento relacionado ao trabalho, com a sensação de estar acabado com a síndrome de burn-out e a “síndrome do esgotamento profissional”. BRASIL, 1999). Traduzido para o português, tem-se burn (queima) e out (para fora), ou seja, perda de fogo ou perda de energia. Também conhecida como neurose da excelência, onde o indivíduo trabalha energicamente, buscando ser reconhecido e atingir sucesso, no entanto, quando a recompensa não vem, instalam-se atitudes negativas com relação ao trabalho apresentando irritabilidade, tremores, insônia e inquietação (VIEIRA; SILVA, 2013). Nos outros transtornos mentais aqui apresentados, e em sua relação com o trabalho, fatores pessoais também foram apontados como importantes para compor o diagnóstico.

Contudo, na síndrome de burnout os fatores em geral apontam para relações exclusivamente relacionadas ao trabalho, se sobrepondo na maioria das vezes as condições de fatores pessoais. Nesse sentido, “os fatores predisponentes mais importantes são: papel conflitante, perda de controle, ou autonomia e ausência de suporte social” (MINISTÉRIO DA SAÚDE E ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA, 2001. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-5. ed. Porto Alegre: ARTMED, 2014. BAUMAN, Zygmunt. Vida Líquida. Aprova o Regulamento da Previdência Social, e dá outras providências. Presidência da República, Brasília DF, 1999. Disponível em: http://www. planalto. gov. Mais trabalho! a intensificação do labor na sociedade contemporânea. São Paulo: Boitempo Editorial, 2008, 208p. DEJOURS, Christophe. Subjetividade, trabalho e ação. Revista Produção, v.

M. R. Diagnóstico e nexo com o trabalho. In: GLINA, D. M. Socied. v. n. MINISTÉRIO DA SAUDE E ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE no Brasil. Doenças relacionadas ao trabalho. Disponível em: https://nacoesunidas. org/oms-empresas-devem-promover-saude-mental-de-funcionarios-no-ambiente-trabalho/. Acesso 05 Abr. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação de Transtornos Mentais e do Comportamento da CID-10. Acesso em 05 Abr. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. População mundial deve chegar a 9,7 bilhões de pessoas em 2050, diz relatório da ONU. In: Portal ONUBR [onlline], 2019. Disponível em: https://nacoesunidas. Disponível em: https://www. redebrasilatual. com. br/trabalho/2019/09/ibge-sem-carteira-assinada-informalidade/. Acesso em: 06 de Abr. et al. Síndrome de Burnout em enfermeiros assistencialistas. Persp. Online: biol e saúde, Campos dos Goytacazes (RJ), v. n. Monografia (Graduação em Administração), Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2014.

TONELLI, M. J. LACOMBE, B. M. VIEIRA, L. T. J; SILVA, V. K. A.