Proposta de revitalização de áreas degradadas : Estudo de caso do Igarapé do Mindú
Tipo de documento:TCC
Área de estudo:Gestão ambiental
Lócus de estudo 1 3. OBJETIVOS 6 3. Objetivos específicos 6 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 7 4. Histórico socioambiental do processo de degradação do Igarapé do Mindu 7 4. Transposição de Solo 21 4. Práticas Mecânicas 22 4. Cercamento e Isolamento das Áreas de Recuperação 22 4. Subsolagem 23 4. Terraceamento 23 4. Utilização de Materiais Mortos 33 5. Restauração de Canais com Troncos e Pedras 33 5. Utilização de Espigões 34 5. Utilização de Diques 35 5. Utilização de Peças Pré- Moldadas em Concreto 35 5. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 2. Lócus de estudo A área de estudo escolhida para o desenvolvimento do trabalho compreende o Igarapé do Mindu no trecho denominado alto curso do Mindu localizado no Parque das Nascentes delimitando o bairro Jorge Teixeira e fazendo fronteira com os bairros Cidade de Deus e Tancredo Neves. O percurso teve início na saída da administração do Parque das Nascentes sob as coordenadas geográficas -3.
e -59. em direção à jusante da nascente 3 localizada sob as coordenadas -3. e -59. e apresenta maior estado de degradação pelo fato de se encontrar numa área denominada “zona vermelha” onde não há o fechamento do perímetro,deixando o local submetido à invasões para a prática de todo tipo de ações antrópicas, resultando em acúmulo de resíduos, desmatamento, assoreamento e poluição, (Figura 9). Figura 8- Nascente 1 Fonte: A Autora 2019 Figura 9- Perímetro Aberto e Lixo Acumulado Fonte: A Autora 2019 O perímetro de estudo abrangeu uma área de __________. Figura 10- Delimitação do Lócus de Estudo Fonte: A autora, 2019 O igarapé do Mindu está inserido na sub-bacia do São Raimundo a qual tem como principais integrantes o igarapé dos Franceses e o igarapé do Bindá, delimitando 16 bairros, estendendo-se pelas zonas norte, leste, oeste e centro-oeste da cidade até desaguar no Rio Negro.
De acordo com o RIMA/PROSAMIM o Igarapé do Mindu é o principal tributário da bacia do São Raimundo e possui o maior curso d’água em termos de extensão (aproximadamente 22 km). Outro estudo realizado pelo RIMA/PROSAMIM afirma que apenas o igarapé do Mindu e do Bindá estão sobre proteção ambiental, os demais igarapés sofreram intervenções ao longo das áreas de preservação permanente e já não preservam mais suas nascentes e matas ciliares naturais tornando-se ecossistemas dependentes das condições climáticas que interferem diretamente no volume de água dos igarapés e também na função de recarga das águas subterrâneas. As zonas de recarga dos aquíferos que abastecem as nascentes, bem como as áreas de infiltração ao longo das margens tornam-se insuficientes para cumprir suas funções de regular a capacidade volumétrica dos igarapés, contribuindo dessa forma para a ocorrência de enchentes.
A combinação dos atributos naturais com as ações antrópicas transformou o igarapé em um potencial poluidor e detentor de áreas de risco geotécnico, possuindo durante as estações de cheia dos rios, diversos trechos em área de risco propícias a erosão e vulneráveis a eventos hidrológicos extremos como enchentes, inundações e deslizamentos, fatos corroborados pela Defesa Civil-AM e pelo Serviço Geológico Nacional (CPRM). De acordo com o IBGE (2010) a população residente nas áreas de entorno do igarapé é composta por 727. pessoas, equivalente a 40% do total de 1. Jorge Teixeira Jorge Teixeira 210 22. Tancredo Neves Tancredo Neves 273 9. Fonte: Secretaria de Infraestrutura, 2009; IBGE, 2010; Machado,2012 De acordo com o Censo Demográfico (2010) realizado pelo IBGE a população do bairro Jorge Teixeira em 2010 era de 112.
habitantes por perímetro de 1557,15 há com estimativa de aumento para 2016 de 131. habitantes, já o bairro São José Operário apresentou uma população de 66. Meio físico Quanto às condições climáticas a área de estudo apresenta clima Equatorial Quente e Úmido, quase sem inverno com predominância de chuvas o ano inteiro e (precipitação superior a 60 mm), insolação anual em torno de 1. h e total anual de evaporação de 817, 5 mm. As estações do ano são definidas entre os períodos chuvosos que ocorrem entre novembro e maio e os períodos secos que ocorrem entre junho e outubro. A temperatura média anual é de 26,70ºC e amplitude térmica média de 8,1ºC, (RIMA-PROSAMIM, p. O calor típico da região cessa com a entrada de frentes frias pelo quadrante sul, como a Massa Polar Atlântica (MPA), nos meses de maio a julho (Molion, 1988; Aguiar, 2001 apud RIMA; PROSAMIM, 2012), até o mês de agosto.
A diversidade de espécies da fauna é vasta. Ao longo da bacia é possível encontrar aves (psitaciformes e passeriformes), anfíbios (sapos, rãs), répteis (lagartos, serpentes e crocodilianos), mamíferos (quirópteros, pequenos roedores, primatas) e peixes. Porém, esses espécimes são os que melhor se adaptam sem dificuldades as alterações do meio ambiente e/ ou indivíduos que restam confinados nos poucos fragmentos florestais existentes, sob-risco constante de extinção ou alterações genéticas pelo cruzamento frequente entre indivíduos de mesma descendência e ainda as espécies que integram a fauna local e se destacam por seu endemismo, (RIMA-PROSAMIM, p. OBJETIVOS O presente projeto tem como objetivo principal identificar os principais fatores de degradação das nascentes do trecho alto curso do Parque das Nascentes do Mindu, bem como propor medidas de revitalização de modo que atendam as expectativas socioambientais e possam contribuir para a melhora significativa dos corpos d’água.
Objetivos específicos • Verificar os aspectos socioambientais em torno do igarapé mediante a ocupação irregular e uso do solo; • Verificar e diagnosticar quais são as medidas de revitalização vigentes no entorno das nascentes; • Propor melhorias que demandem menor custo benefício e maior praticidade em relação ao uso. Segundo o Relatório de Impacto Ambiental-RIMA/Prosamim (2012), a cidade de Manaus é caracterizada por extensas redes hidrográficas. Cada uma das sub-bacias apresentam características peculiares e foram alvos de uma forma de ocupação diversificada, resultando em problemas socioambientais distintos, porém, todos associados ao desmatamento e a poluição hídrica. A bacia de São Raimundo foi uma das primeiras a ser objeto das ações humanas a qual foram erguidos os mais importantes edifícios públicos, assim como os primeiros bairros comerciais.
A degradação das áreas urbanas de Manaus está diretamente vinculada à dinâmica socioeconômica que caracteriza os bairros urbanos. A Tabela 1 apresenta o exacerbado crescimento demográfico superior a 100%, considerado acima da média entre a maioria das cidades brasileiras, nos períodos de 1900 a 1940 e 1970 a 1980. Não obstante, a beleza e o cenário turístico que caracterizavam o lugar, com destaque para as Cachoeiras do igarapé Tarumã (Cachoeira Alta) e do Tarumazinho, despertaram o interesse do setor imobiliário, pioneiro ao possibilitar o desfrute e convívio com a natureza em ambientes exclusivos, em condomínios de campo, implantados preferencialmente na área de influência direta destes cursos d’água. A urbanização facilitou o acesso aos recursos da biota local, que foi severamente depredada. O mesmo ocorreu com as margens de mananciais hídricos superficiais, resultado da multiplicação de marinas e estabelecimentos de lazer as suas margens, acompanhados da instalação de estaleiros especializados na construção de embarcações de alto padrão e oficinas mecânicas náuticas, (RIMA/PROSAMIM, p.
A ocupação das drenagens naturais se proliferou em Manaus sem a devida providência por parte dos sucessivos governos, mesmo quando assumiu proporções incontroláveis. Como consequência, multiplicaram-se os lixões a céu aberto as margens e leitos dos córregos, potencializando a proliferação de vetores de doenças infectocontagiosas, obstruindo os canais de escoamento das águas superficiais e aumentando a ocorrência de enchentes por ocasião das chuvas intensas. Restaurar significa: “Restituir um ecossistema ou população silvestre degradada o mais próximo possível da sua condição original”. A palavra “revitalizar” deve ser empregada no sentido de dar novo vigor a áreas degradadas, pois o sentido da palavra cujo significado é “reviver” não se aplica a sua acepção literal, pois, é impossível reviver algo e sim recuperar ou restaurar, (ZELLHUBER; SIQUEIRA, 2016).
A degradação de áreas ambientais pode ser entendida como: “O conjunto de processos resultantes de danos no meio ambiente, pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades, tais como, a qualidade ou capacidade produtiva dos recursos ambientais” (art. º) (BRASIL, 1989). Recuperar áreas degradadas (RAD) consiste no emprego de ações mediadas em conjunto por especialistas de diferentes áreas do conhecimento, visando restabelecer as condições de equilíbrio e sustentabilidade, presentes nos ambientes naturais (DIAS & GRIFFITH, 1998 apud COSTA, 2011). O marco histórico inicia-se em 2007 quando o Departamento de Revitalização de Bacias Hidrográficas (DRB) lança edital de atividades em conjunto com os Departamentos de Ambiente Urbano e de Recursos Hídricos, o DRB compõe a Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano (SRHU) do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Seus objetivos são (BRASIL, 2010): “Recuperar, preservar e conservar as bacias hidrográficas, por meio de ações que promovam o uso sustentável dos recursos naturais, a melhoria das condições socioambientais, a melhoria da disponibilidade de água em quantidade e qualidade para os diversos usos”. Nesse contexto, aplicam-se os projetos de parques fluviais em implantação pelo Brasil. Atualmente, existem programas e editais com recursos financeiros para a revitalização de rios e córregos, mas ainda as diretrizes técnicas e princípios básicos de cunho ecológico são insuficientes. Contudo, sabe-se que tais diretrizes e princípios dependem exclusivamente de políticas públicas, embora os projetos sejam aprovados pelo MMA, o manual usado para a formulação e execução de alguns projetos vem do Ministério das Cidades (BRASIL, 2009), evidenciando o fato de que os rios que cortam o meio urbano são vistos como um patrimônio urbano, e não como um ecossistema a ser preservado, pois é muito mais fácil aprovar um projeto para um parque fluvial que envolva ações de caráter socioeconômicas e de requalificação urbana do entorno, do que um projeto almejando apenas recuperar o caráter natural do corpo hídrico.
Dessa forma o retorno da biodiversidade se dá quando se adota uma morfologia mais natural por meio do estabelecimento da mata ciliar, da arborização ou da vegetação, a remoção de espécies exóticas e a reintrodução de espécies nativas extintas no local, entre outras, bem como a criação de parques fluviais em áreas de várzea para fins socioambiental, mediante uma politização correta de ocupação do entorno desses ambientes e recuperação da qualidade dos recursos hídricos (AGNELLI, 2014 apud TEIXEIRA, 2016). Tipos de Práticas, Técnicas e Medidas de Recuperação 4. Práticas Edáficas São técnicas de conservação que alteram o sistema de cultivo do solo, modificando a profundidade, a textura e declividade, considerando todos esses elementos, a infiltração de água tende a ser bem maior, pois, a estrutura do solo será mantida e é capaz de reter um maior volume de água e subsequentemente diminuir as perdas por escoamento superficial, são exemplos dessa prática o cultivo do solo de acordo com a capacidade de uso da terra; o controle do fogo; a adubação verde, química e orgânica; calagem etc.
Prática Vegetativa/Vegetacional Nas concepções de Castro e Gomes (2001 apud CODEVASF, 2016), a recuperação de nascentes é possível com o emprego de técnicas vegetativas e mecânicas de conservação de solo e água. As práticas vegetativas e/ou vegetacionais fazem uso da cobertura da vegetação que evitam o escoamento superficial do solo, esse efeito protege e regula o fluxo de água evitando que as partículas do solo sejam carregadas, o acúmulo de água decompõe as raízes, esse processo forma pequenos canais por onde a água infiltra, a retenção por fim melhora a estrutura do solo pelo maior tempo que a água permanece infiltrada. apud CODEVASF, 2016). O emprego da metodologia tem como princípios gerais fazer com que a nova vegetação retenha a água das chuvas, isso irá reduzir o impacto das gotas sobre o solo, que por sua vez funcionará como uma barreira ao carreamento de sedimentos aumentando a capacidade de infiltração do solo, assim, contribuindo para o abastecimento dos lençóis e o fortalecimento da vazão das nascentes.
Figura 16- Plantio com Espécies Nativas Fonte: CODEVASF, 2016 4. Ecologia da Paisagem A técnica é composta por metodologias que analisamos elementos da paisagem e seus respectivos padrões espaciais, processos ecológicos e atividades antrópicas, medidos em gradientes de escalas de tempo e espaço. Uma combinação entre as categorias geográficas de representação do espaço e ecológicas de funcionalidades do ecossistema (METZGER, 2001; TURNER, 2001apud FILHO et al. Transposição de Solo A técnica é usada para recuperar solos degradados ou quase inexistentes podendo ser empregada de maneira a devolver à área degradada uma composição de serapilheira, (Figura 17). O processo inicia-se pela formação do próprio solo interagindo com a biota que compreende sementes e microrganismos cujos processos metabólicos e de decomposição alteram as condições do solo e da estrutura da comunidade, facilitando o estabelecimento de outras espécies na sucessão ecológica, o processo é usado na recomposição de ambientes ciliares em substituição às tradicionais técnicas de plantio direto de árvores de médio e grande porte, mais comuns em projetos de renaturalização de rios e tem apresentado popularidade em termos de recuperação das estruturas do solo, sucessão de novas espécies vegetais e forte apelo político e socioambiental, (COSTA, pg.
O processo conta com o auxílio de espécies fixadoras de nitrogênio, como as leguminosas, são introduzidas nas primeiras fases da sucessão, quando há carência de carbono e nitrogênio, outras espécies como as cianobactérias, fungos e liquens são importantes na sucessão primária de solos rochosos, atuam no intemperismo e na formação do solo orgânico, responsável pelo desenvolvimento de vegetais superiores, até espécies arbóreas de grande porte. Nem sempre a sucessão ecológica é suficiente para a recomposição das áreas ciliares dada a pobreza do solo resultante que não possibilita o desenvolvimento de uma comunidade diversa, (COSTA, 2011). Figura 17- Transposição de Solo em 3 Momentos Fonte: REIS & HMELJEVSKI, 2009; COSTA, 2011 4. Bacias de Captação da água da chuva- Barraginhas As barraginhas (Figura 21) são bacias ou tanques escavados mecanicamente no solo, em formato semicircular, espalhadas em pontos estratégicos da área de drenagem ou áreas de recarga e que, através da redução da velocidade de escoamento, promovem a sedimentação dos sólidos suspensos nas águas pluviais, são excelentes meios de retenção e reservatórios do escoamento das águas.
Quando chove essas bacias se enchem com as enxurradas, evitando que a água escorra rapidamente e provoque erosões, armazenando-a durante curto período e promovendo uma infiltração lenta, a água fica retida e penetra no solo, abastecendo o lençol freático e as nascentes subsequentes, prolongando a umidade do solo por um período que ultrapassa a estação chuvosa. Contudo, para um melhor aproveitamento da técnica e obtenção de melhores resultados, as barraginhas podem ser construídas nas extremidades dos terraços, ou ainda associadas a estradas ecológicas, como componente de sua adequação ambiental, (CODEVASF, p. Figura 21- Barraginhas Fonte: CODEVASF, 2016 4. Adequação Ambiental de Estradas Compreende-se por adequação ambiental as práticas para fins de recuperação, manutenção e conservação das estradas de terra que têm interferência direta sobre o escoamento superficial e a ocorrência de processos erosivos em áreas de recarga de nascentes e em áreas destinadas para agricultura.
A reconstrução das curvas e meandros do rio propicia o desenvolvimento de nichos locais, onde sedimentos diferenciados depositam-se ao longo do canal, criando ambientes diversificados que passam a ser habitados, com o passar do tempo, por diferentes espécies da flora e fauna locais. Após a reconfiguração estrutural do relevo do rio, o processo de recolonização instala-se e pode ser lento ou acelerado, dependendo do quanto for implantado de forma ativa ou passiva. Abordagem Morfométrica A tecnologia permite identificar as áreas mais propicias que sofrem alterações ao longo dos anos, podendo resultar em enchentes, neste contexto é importante enfatizar a compreensão da dinâmica da paisagem por meio de uma análise integrada dos componentes hídricos pertencentes a uma bacia hidrográfica específica, mensurando a importância do diagnóstico ambiental (SAMPAIO et al.
As bacias hidrográficas podem ser entendidas como unidades que possuem vários elementos quantitativos que proporcionam a correlação dos fatores naturais com as ações antrópicas. Os parâmetros como a amplitude altimétrica, o índice de circularidade, fator forma e o coeficiente de compacidade devem ser aplicados para se obter um maior detalhamento da bacia hidrográfica (ALCÂNTARA; AMORIM, 2005 apud BATISTA et. contudo a tecnologia é fundamental para o conhecimento das fragilidades e potenciais produtivos da área de estudo, como também para caracterizar a área de escoamento superficial da bacia e delimitação da zona ripária (MOREIRA; RODRIGUES, 2010 apud BATISTA et al. Natural Chanel Design Segundo (ROSGEN, 2006 apud COSTA, 2011) a metodologia é composta por 8 objetivos: 1. Planejar os objetivos para a restauração em conjunto com os processos físicos, biológicos e/ou químicos; 2.
Coletar informações regionais e localizadas para caracterização geomorfológica, hidrológica e hidráulica da área de estudo; 3. Avaliar o nível do rio/bacia para diagnosticar o potencial e estado atual, bem como a natureza, magnitude, direção, duração e consequências das mudanças. O processo de reconstrução da estrutura física do corpo hídrico visa à estabilização de taludes e a contenção das águas dentro do canal, visto que o modelo é citado como referência entre os projetos atuais de revitalização de rios e córregos no meio urbano, envolvendo a criação de parques fluviais nas áreas de várzea pós-estabilização, entretanto em termos de investimento e praticidade o modelo é dispendioso, o uso de obras pesadas de engenharia acarreta a necessidade de constante manutenção, e subsequentemente a remoção ou interrupção dos processos de evolução natural, (COSTA, p.
A Importância das Obras de Engenharia nos Processos de Revitalização dos Recursos Hídricos As obras Fluviais de Engenharia Civil ainda que em sua maioria optem por metodologias tradicionais apresentam grandes contribuições para o desenvolvimento dos processos de revitalização/recuperação dos recursos hídricos, atualmente vem crescendo a demanda por obras e/ou tecnologias que procuram atender as necessidades sócio-econômico-ambientais dos projetos. Segundo Silva e Pires (2007) compreende-se por obras fluviais: “As técnicas de engenharia, aplicada direta ou indiretamente sob o curso de água, de modo a resultar em obras que viabilizam o uso sustentável destes cursos de água atendendo as necessidades técnicas, públicas e socioambientais”. Existem diferentes categorias de obras fluviais cada uma exige dentro de sua especificidade conhecimento teórico e habilidade por parte do engenheiro para fazer a escolha correta do tipo de obra bem como colocar em prática seus conhecimentos teóricos.
Basicamente existem quatro categorias de obras fluviais, de acordo com Van Raalten (1981) apud Camargo Junior (2000) apud Silva e Pires (2007) sendo elas: Tabela 5- Categorias de Obras Fluviais Obras Simples Obras de fixação do leito e proteção de estruturas Obras de regularização de vazão Obras de canalização Demolição e retirada de obstáculos (desenrocamento); Concretagem; Enrocamento; Atirantamento; Aplicação de gabiões e espigões; Construção de barragens; Transposições para embarcações. Porém, após a segunda guerra mundial, com o crescimento do maquinário para a agricultura e o desenvolvimento de novas técnicas estruturais para estabilização de margens e controle de erosão, as práticas de bioengenharia foram inutilizadas. Devido ao seu caráter sustentável e menos impactante para os ecossistemas, as medidas hoje ganham novos âmbitos no cenário de revitalização fluvial mundial, sendo crescente a demanda por sua aquisição, (SILVA, PIRES, p.
Nas concepções de Rosgen (1998 apud COSTA, 2011) os engenheiros que trabalham com restauração de rios e córregos precisam ser capazes de “ler o rio” e optar por projetos que mediam ações específicas compatíveis com o canal natural estável. Atualmente essa visão ainda está em andamento, uma vez que a maioria dos projetos são coordenados por engenheiros e/ou arquitetos que tem responsabilidade sobre as partes estrutural e paisagista, recebendo assessoria de profissionais ligados à ecologia para um aspecto secundário da restauração. Há princípio os projetos de recuperação de canais priorizavam metodologias com fins de facilitar a passagem de embarcações. Nas árvores podem ser colocadas mudas de plantas para acelerar o desenvolvimento, todo o revestimento formado apresenta baixo custo e bom desempenho na contenção da erosão, (SILVA, PIRES, p.
Figura 25- Uso de Árvores para Controle da Erosão Fonte: SILVA; PIRES, 2007 5. Restauração de Canais com Troncos e Pedras Esse tipo de restauração é uma técnica bastante requisitada. Os troncos são dispostos um sobre o outro formando arranjos preenchidos com pedra, terra, galhos e gravetos a estrutura em si proporciona estabilidade às margens e criam correntes que mantém o sedimento em suspensão facilitando o seu transporte ao longo do curso d’água. A parte do tronco onde estão localizadas as raízes ficam direcionadas para o leito, criando o efeito rootwads, onde as raízes juntamente com as pedras direcionam o fluxo e formam os meandros. Podem ser colocadas em locais onde as condições climáticas variam, pois são bem resistentes e causam pouco impacto ambiental.
A estrutura “A-Jakes” promove estabilidade no talude, por apresentam como atributos, resistência a esforços mecânicos oriundos do transporte e colocação, resistência a esforços mecânicos transmitidos pelo maciço terroso e ou rochoso (Figura 29). Figura 29- Proteção indireta- uso de “A- Jack” Fonte: SANTANA, (2006), SILVA; PIRES, 2007 5. Utilização de Geomanta Os materiais geossintéticos são uma nova família de sintéticos empregados nas técnicas de geotecnia. Os principais tipos são: geotêxteis; geogrelhas, geomalhas; geomembranas; geomantas; geocompostos; geocélulas e outros geossintéticos (Silva, 2004 apud SILVA; PIRES, 2007). Para evitar que as paredes sofram rupturas, intensificando os problemas do curso d’água. A função do gabião é reduzir a velocidade da água, devido à sua rugosidade, com isso há uma redução no escoamento que implica na retenção de resíduos e lixo, porque as pedras também retém material orgânico de esgotos e lixos, favorecendo a proliferação de espécies nocivas ao ser humano, retirando o habitat de peixes e outros animais aquáticos que lá antes viviam.
Contudo fica evidente que o uso de gabião em projeto de recuperação, deve ser feito de forma consciente, segundo as condições locais, e, sempre que possível, com a incorporação de medidas vegetativas, (SILVA; PIRES, p. Figura 32- Seção Transversal do Gabião com Revestimento Vegetal Fonte: SILVA, 2004, SILVA; PIRES, 2007 6. Utilização de Enrocamento Os enrocamentos ou rip-raps servem para revestir taludes com arranjos de pedras ou blocos artificiais (Figura, 33). Delimitação do Lócus de Estudo A delimitação do Lócus de Estudo foi feito com o auxílio do Google Earth por meio de fotos tiradas in situ as quais serviram de modelo para criar o mapa via satélite por meio do aplicativo. O perímetro de estudo teve início na saída da administração do Parque das Nascentes, em direção à jusante das nascentes 3, 2 e 1, as quais ao longo do curso foram observados e registrados por meio de fotos todos os eventos socioambientais em torno das nascentes.
Coleta de dados A coleta de dados para o diagnóstico socioambiental da área de entorno do Parque das Nascentes foi feita por meio de revisão bibliográfica dos últimos dez anos de publicação através de pesquisa documental com base em documentos e artigos científicos disponíveis em sites, revistas e periódicos na internet e também por meio de pesquisa in situ mediante registro de fotos. A pesquisa bibliográfica e a pesquisa in situ subsidiaram cada um dos objetivos propostos para o estudo e embasaram a fundamentação teórica, e posteriormente serão apresentadas no capítulo Resultados e Discussão. A coleta de dados para o diagnóstico dos modelos de revitalização em vigência no Parque das Nascentes foi feita a partir de entrevista com a gestora e técnico do Centro de Vigilância e Monitoramento do Parque das Nascentes do Mindu, criado sob Decreto Municipal n° 8351 de 17 de março de 2006, a qual foi de extrema importância para subsidiar o diagnóstico das medidas de revitalização em uso no Parque, pois a seleção dos atores que contribuíram para o universo da investigação é primordial e interfere na qualidade das informações a partir das quais foram construídas a compreensão do tema em questão.
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